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2 DIREITOS ADQUIRIDOS PELAS MULHERES NO ATUAL ORDENAMENTO

2.1 Direitos que discriminam a mulher na atual sociedade

A grande discussão que procede atualmente é se os direitos adquiridos pelas mulheres de fato estão protegendo-as ou se hoje, servem para discriminá-las, desfavorecendo-as, portanto.Segundo Bossa, algumas normas devem ser alteradas.

Alguns preceitos contidos no Capítulo III, Seção I, da CLT, necessitam ser reformulados, uma vez que determinados dispositivos são de caráter protecionista/discriminatórios. O excesso de protecionismo estatal tem provocado restrições ao trabalho da mulher, importando na redução do mercado de trabalho. (BOSSA, 1998, p.11).

Claramente a autora citada a cima luta contra a discriminação da mulher. Sua obra basicamente traz essa opinião de forma veemente. Ela como pode-se notar entende que a mulher é igual ao homem, portanto não necessita desse protecionismo exacerbado.Magano (1992), tratando dos direitos do trabalho da mulher, trata em sua obra o seguinte posicionamento:

A concepção protecionista, aqui sumariamente exposta, encontra-se presentemente em crise. Não há mais unanimidade de vistas a respeito da decantada fragilidade da mulher, prevalecendo antes a opinião de serem poucas as profissões, se é que realmente existem, em que as condições de trabalho sejam mais insalubres às mulheres do que aos homens. Sublinha-se, por outro lado, que o trabalho noturno apresenta as mesmas inconveniências tanto para o homem como para a mulher. Adiciona-se que a vedação à mulher de certas atividades importa, afinal, para ela, em discriminação negativa. Conclui-se que as normas protecionistas só se justificam em relação à gravidez e à maternidade, devendo as demais serem abolidas, sobretudo quando engendrarem a possibilidade de discriminação. (MAGANO, 1992, p.101).

Tendo em vista que a norma deve se adequar a sociedade e vice-e-versa na atual conjuntura social não podemos mais admitir tais discriminações. Lucas Vettorazzo e Bruno Villas Bôas em um texto publicado no jornal eletrônico “folha uol”

noticiam, “No intervalo de um ano, 1,4 milhão de mulheres passaram a exercer a função de chefe de suas famílias no país”.Bossa (1998) abrilhanta sua obra com uma colocação que vem a calhar quando se trata dessa discriminação narrada.

O protecionismo, adotado pela CLT, tem prejudicado sensivelmente as possibilidades profissionais da mulher, sendo que o próprio desenvolvimento econômico não pode mais prescindir da mão-de-obra feminina. Em alguns países, como a Suécia e a Dinamarca, há uma inclinação em eliminar totalmente as restrições protetivas, até mesmo com relação à maternidade. A proibição da prorrogação da jornada de trabalho da mulher já não é legítima para o alcance da plena igualdade de direitos do homem e da mulher. (BOSSA, 1998, p.15).

A autora supracitada demonstra de forma clara que algumas normas devem ser revistas, pois de fato atrapalham a mulher. Ainda, continua com a linha de raciocínio

A inserção de mão-de-obra feminina em atividades produtivas requer determinadas medidas, ou seja, que as oportunidades de trabalho para o homem e para a mulher sejam equiparadas, bem como à nível de profissionalização. Ao tratarmos da igualdade entre homem e mulher, devemos analisar em termos de dignidade e valor, como seres humanos, e nos ater ao que se estabelece como normas de proteção ao trabalho da mulher e ao que se visualiza em termos atuais, como parâmetros discriminatórios. (BOSSA, 1998, p.16).

Percebe-se que a pensadora defende uma ideia de igualdade fria, dizendo sim que homens e mulheres são iguais, e merecem a mesma forma de tratamento.

Para compreender melhor esse raciocínio, Bossa ainda complementa dizendo

A melhor forma de ampliar o mercado de trabalho da mulher é fazer uma nova revisão de toda a legislação protetora do trabalho da mulher, sendo que as medidas protecionistas sejam aplicadas à todos os trabalhadores, sejam eles homens ou mulheres. (BOSSA, 1998, p.17).

A melhor opção segundo Bossa seria revisar e reformular toda a legislação protetiva ao direito do trabalho, tanto feminino quanto masculino e tornar ambos sexos iguais em forma de tratamento jurídico, excetuando obviamente o que de fato é diferente, como a gravidez, por exemplo.

O tema é deveras estudado e defendido por autores diversos. Bruna Scarabelot Viegas Schifino (2015) em seu artigo sobre o tema defende que:

Com o passar do tempo concluiu-se que a proteção ao trabalho da mulher só se justificaria quando se tratasse de fundamentos biológicos, como a limitação física e questões ligadas à maternidade (gravidez, parto, amamentação, etc.), ou sociais, no sentido de se proteger a família compatibilizando a vida profissional e familiar da empregada. (SCHIFINO, 2015).

A autora supracitada defende a linha de teoria de Sonia Bossa. Essa forma de pensar das autoras mencionadas não deixa de seguir a teoria do princípio da igualdade, onde a mulher deva ser tratada da mesma forma como o homem assim o é, sendo distinta no trato apenas nas coisas a que se diferencia dos indivíduos do sexo masculino.

Shifino defende a proteção ao trabalho da mulher quando tal direito incide sobre por exemplo, limitações físicas e questões ligadas a maternidade, tais como gravidez, parto, amamentação entre outras, ou até mesmo sociais, quando a mulher deve ter apoio do empregador para conseguir conciliar a vida profissional e a vida familiar. Dá seguimento a ideia expressada frisando que os direitos que deviam proteger, discriminam.

Com relação a não discriminação entre os gêneros tem-se que apenas a previsão na legislação não é suficiente. Pois apesar de estar estabelecido no texto da Carta Magna a igualdade entre homens e mulheres não há de fato, ainda, tal igualdade. Isso ocorre devido a distância existente entre o fato e o direito, e é essa realidade que a sociedade deve buscar modificar.

(SCHIFINO, 2015).

Pelo entendimento da autora então, a previsão na legislação sobre a não discriminação com relação ao sexo do indivíduo não é suficiente. Na sociedade de fato, não existe tal igualdade, devido a distância que há entre o fato e o direito. A autora ainda incentiva a busca pela modificação dessa situação.

De fato, no decorrer do estudo uma mudança se mostra profundamente necessária para pacificar o ordenamento jurídico referente ao assunto aqui proposto.

3 DECISÕES SOBRE A PROCEDÊNCIA DO ARTIGO 384 DA CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO

Toda a discussão acerca do tema proposto pelo presente estudo voltou à tona em meados do ano de 2012 com a notícia que o Plenário Virtual do Supremo repercussão geral do tema tratado no Recurso Extraordinário (RE) 658312, no qual uma rede de supermercados de Santa Catarina questiona a constitucionalidade de direito trabalhista assegurado somente às mulheres pelo artigo 384 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – um período de descanso de 15 minutos antes do início de trabalho extraordinário, em caso de prorrogação da jornada de trabalho. O empregador sustenta que o benefício afronta a isonomia entre homens e mulheres prevista na Constituição de 1988 (no Recurso de Revista 1.540/2005-046-12-00.5).(BRASIL, 2012).

Segundo o entendimento da Segunda Turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) essa matéria já era pacífica, não exigindo mais discussão. O que era aceito é que a matéria não feria a Constituição já que por se tratar de uma norma da Consolidação das Leis Trabalhista e, portanto, datada de 1943 automaticamente foi recepcionada Pela Constituição Federal, esta, de 1988. Por isso a empresa recorreu ao Supremo Tribunal Federal, tentando demonstrar uma inconstitucionalidade que por ora assim não é entendida como tal.

Ainda a notícia virtual ante citada demonstra a teoria usada pela empresa.

Esta sustentava em seu Recurso que o direito trabalhista deveria ser estudado e compreendido sob a ótica do princípio da isonomia tendo em vista não ser possível a diferenciação apenas pelo fator do sexo do trabalhador.

A empresa cita em seu favor o artigo 5°, inciso I da Constituição Federal, “ homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição”. Também fez referência ao artigo 7°, inciso XXX, (que proíbe a diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo).

O recurso citado, de número 658312 teve seu provimento negado por maioria dos votos no Plenário do Supremo Tribunal Federal. O Relator do Recurso Julgado foi o Senhor Ministro Dias Toffoli que após uma breve recordação das outras tantas Constituições que ajudaram a formar o país, brilhantemente elucidou:

Nem a inserção de cláusula geral de igualdade em todas as nossas Constituições nem a inserção de cláusula específica de igualdade de gênero na Carta de 1934 impediram, como é de todos sabido, a plena igualdade entre os sexos no mundo dos fatos. (BRASIL, 2014).

O que o senhor Ministro tentou explicar foi que até mesmo a Constituição Federal se utilizou de critérios para um tratamento ligeiramente diferenciado. Ainda, em seu voto cita por exemplo que a mulher historicamente sofreu exclusão no mercado de trabalho fazendo com que o Estado ficasse com a obrigação de criar políticas públicas, sendo estas administrativas ou até mesmo legislativas que a protegessem de tal situação social.

Citou no relatório a diferenciação física e ou biológica entre a mulher e o homem e também o fator social da mulher sofrer um acúmulo de atividades somando-se ao trabalho os afazeres domésticos, declaração esta que causou certo desconforto podendo ser considerada como machista ou preconceituosa. Na sociedade atual não se pode mais fazer associação de que apenas a mulher deve cuidar do lar e ser a responsável pelos afazeres domésticos. Novamente se retoma o princípio da isonomia em seu voto.

Assim é que a própria Constituição da República, tendo em mira o estabelecimento de uma igualdade material, em detrimento de uma igualdade meramente formal, estabeleceu algumas diferenças entre os sexos. Logo, com o objetivo precisamente de concretizar o princípio

albergado no inciso I do art. 5º da CF, devem-se tratar desigualmente homens e mulheres, na medida das suas desigualdades. (BRASIL, 2014).

Volta-se a tratar do princípio de isonomia. Segundo o Ministro Relator, portanto há sim de haver um tratamento desigual na medida das desigualdades apresentadas em relação ao homem X mulher.

O Senhor Ministro finaliza seu voto de forma clara e taxativa.

Ante o exposto, voto pelo não provimento do recurso extraordinário e pela fixação das teses jurídicas de que o art. 384 da CLT foi recepcionado pela Constituição Federal de 1988 e que a norma se aplica a todas as mulheres trabalhadoras. (BRASIL, 2014).

Como já dito, de forma clara e taxativa se deu o voto. Não foi provido o recurso extraordinário e pelo entendimento do Senhor Ministro, o artigo 384 da Consolidação das Leis do Trabalho foi sim recepcionado pela Constituição Federal de 1988 e essa norma se aplica a todas as mulheres trabalhadoras.

Porém a decisão do Supremo Tribunal Federal foi anulada.

Por unanimidade, o Plenário do Supremo Tribunal Federal conferiu efeitos infringentes (modificativos) aos embargos de declaração opostos no Recurso Extraordinário (RE) 658312, com repercussão geral reconhecida, para decretar a nulidade do julgamento ocorrido na data de 27 de novembro de 2014. advogado que não mais fazia parte de sua representação legal. A empresa ainda diz ter ficado sabendo do resultado apenas pela imprensa.

Ao acolher os embargos, o relator do RE, ministro Dias Toffoli, constatou que a pauta divulgando a data do julgamento era nula, pois foi publicada, equivocadamente, sem os nomes dos novos representantes da empresa. O julgamento será incluído em pauta em data a ser determinada pela Presidência do Tribunal. Assim assentou:

“Acolho o embargo com efeitos modificativos para, em razão do equívoco apontado, anular o acórdão proferido pelo Tribunal Pleno neste extraordinário determinando, ainda, sua inclusão em pauta para futuro julgamento com a devida notificação e intimação das partes integrantes que atuem no feito”.(GOMES s.d)

A pauta que divulgava a data do julgamento tinha caráter nulo, tendo em vista em tentativa de uniformizar a jurisprudência acerca do tema.

A Uniformização de Jurisprudência é um incidente processual que visa a manter a unidade de jurisprudência interna de um tribunal, evitando a desarmonia nos julgamentos proferidos pelas diversas Turmas que o compõem. Com isso, o Tribunal é provocado a se pronunciar sobre um tema jurídico controvertido entre as Turmas. Exatamente com esse objetivo, recentemente, o desembargador 1º Vice Presidente do TRT/MG, José Murilo de Morais, determinou o processamento do “Incidente de Uniformização de Jurisprudência Trabalhista”, sobre seguinte questão: “A não observância do intervalo previsto no art. 384 da CLT constitui mera infração administrativa ou gera direito ao pagamento de 15 minutos extras diários”? (GRANADEIRO, 2015).

O objetivo era uniformizar as decisões que tratavam do artigo 384 da Consolidação das Leis do Trabalho. A dúvida que pairava era se o descumprimento da norma acarretaria em uma mera infração administrativa ou se essa geraria direito ao pagamento de quinze minutos de horas extras diários.

A questão discutiu-se e obtendo a maioria dos votos, decidiu-se pela edição da Súmula da Jurisprudência Uniforme, retratando o posicionamento majoritário no Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais.

Tendo em vista que a análise da matéria dependia apenas da verificação da opção interpretativa predominante, já considerada madura, a posição majoritária no Pleno foi no sentido de acertar todos os aspectos controvertidos que a rodeiam. Assim, decidiu-se apreciar a questão da extensão do intervalo do art. 384 da CLT também para os homens.

(GRANADEIRO, 2015).

A tentativa, portanto, do Tribunal Regional do Trabalho seria de acertar todos os pontos controversos da norma para que esta ficasse clara e precisa. Como o artigo 384 é de fato de complexo entendimento por não estar conseguindo acompanhar a evolução sócio cultural, ainda havia a chance de a norma ser estendida aos homens.

A tentativa de estender a norma não foi adiante já que a Desembargadora Mônica Sette Lopes esclareceu um ponto importante e lógico em respeito ao teor do artigo e sua colocação no ordenamento jurídico.

A desembargadora Mônica Sette Lopes, que atuou como relatora no incidente processual, lembrou que o artigo 384 da CLT prevê a concessão de intervalo de quinze minutos antes do início da jornada extraordinária e está inserido no Capítulo III da CLT, que trata da proteção do trabalho da mulher. Assim, a norma celetista cria uma proteção diferenciada direcionada à mulher, tendo em vista a sua maior fragilidade física. O motivo seria a necessidade de se propiciar à mulher um descanso para que refizesse as forças antes de iniciar a prestação de horas extras.

Conforme ressaltou a julgadora, a distinção estabelecida na regra trabalhista é justificada e não há como estendê-la ao homem. “Não há uma circunstância que, no tempo, o tenha igualado à mulher naquilo que são os pressupostos tomados originariamente pelo dispositivo para a exigência da paralisação das atividades”, destacou.

Em seu voto, ela fez questão de registrar que o artigo 384/CLT não é inconstitucional (conforme, inclusive, já se posicionou o Supremo Tribunal Federal, no Recurso Extraordinário (RE) n. 658312), pois a lei pode estabelecer distinções ao tratar de realidades diversas. Mas, mesmo assim, de acordo com a desembargadora, seria interessante que se discutisse, na esfera legislativa, a conveniência de manutenção dessa proteção especial ao trabalho da mulher, porque ela se encontra claramente fora do contexto e das demandas do tempo. “A higidez física da mulher não se distingue da masculina e o dispositivo cria um custo para o trabalho feminino que não protetivo inegavelmente exclusivamente à mulher, não podendo esse, segundo entendimento da Desembargadora ser um direito também dos homens.

Também fez questão de salientar que o referido artigo não é inconstitucional, conforme a decisão do Supremo Tribunal Federal que por ora fora anulada, e ainda, demonstrou sua percepção de que o artigo 384 está fora do contexto atual de sociedade, discriminando a mulher como já destacado no decorrer do estudo.

Foi com esse teor a discussão que gerou a edição da Súmula de Jurisprudência Uniforme de número 39 com a redação assim proposta:

“TRABALHO DA MULHER. INTERVALO DE 15 MINUTOS. ART. 384 DA CLT. RECEPÇÃO PELA CR/88 COMO DIREITO FUNDAMENTAL À HIGIENE, SAÚDE E SEGURANÇA. DESCUMPRIMENTO. HORA EXTRA.

O art. 384 da CLT, cuja destinatária é exclusivamente a mulher, foi recepcionado pela CR/88 como autêntico direito fundamental à higiene, saúde e segurança, consoante decisão do Supremo Tribunal Federal,

pelo que, está descartada a hipótese de cometimento de mera penalidade administrativa, seu descumprimento total ou parcial pelo empregador gera o direito ao pagamento de 15 minutos extras diários.” conforme havia sido proposto pela relatora.(GRANADEIRO, 2015).

Esclareceu-se então que o artigo 384 da Consolidação das Leis do Trabalho de fato foi recepcionado pela Constituição Brasileira de 1988 e é exclusivo direito da mulher. Descartou-se a hipótese de ocorrer apenas cometimento de mera penalidade administrativa quando o direito for deturpado. Ocorrerá, conforme a súmula editada o direito ao pagamento de quinze minutos extras diários.

Em novembro de 2016 voltou-se a discussão do caso em questão pelo Supremo Tribunal Federal, STF. O julgamento foi suspenso em razão de pedido de vista do ministro Gilmar Mendes. O Ministro Dias Toffoli reiterou sua decisão e modo de pensar. A Presidente do STF, Ministra Cármen Lúcia, demonstrou concordar com Dias Toffoli com a seguinte declaração:

Segundo a ministra, a simples referência às conquistas das mulheres no mercado de trabalho – como mulheres pilotando aviões ou ocupando altos cargos, apontadas nas sustentações orais dos amici curiae durante a sessão – já demonstra a existência de discriminação. “Ninguém fala que tinha um homem sentado aqui na Presidência do STF desde 1828”, afirmou.

“Há sim discriminação, mesmo em casos como os nossos, de juízas que conseguimos chegar a posições de igualdade. Há sim discriminação contra nós, mulheres, em todas as profissões, e é o fato de continuar a ter discriminação contra a mulher que nos faz precisar, ainda, de determinadas ações positivas”. (BRASIL, 2016).

Segundo a Ministra a proteção ainda é sim importante pois em seu entendimento a mulher sofre muitos preconceitos, mesmo nos dias atuais, em qualquer profissão e de forma geral.

3.1 Preconceito e discriminação além do ordenamento jurídico

É sabido que no Brasil o preconceito é sim muito relevante, em várias situações e comprovado por alguns fatores tais como a diferenciação salarial que ocorre entre homens e mulheres.

Embora a diferença salarial entre homens e mulheres tenha diminuído 12,1 pontos percentuais entre 1990 e 2014, as mulheres recebem, em média, apenas 83,9 unidades monetárias por 100 unidades monetárias recebidas pelos homens, de acordo com a CEPAL. Se a remuneração recebida por

ambos os sexos por anos de estudo são comparadas, observa-se que elas podem ganhar até 25,6% menos do que seus colegas do sexo masculino em condições semelhantes, disse que o instituto regional. (O GLOBO, 2016).

Embora sabe-se da previsão legal na norma Constitucional dizendo que não deverá haver diferença salarial entre trabalhadores que executem a mesma função apenas por conta do sexo, segundo as pesquisas mencionadas é visível a percepção que o fato ocorre. A mulher segundo o estudo chega a receber 25,6 % a menos que o homem, executando a mesma função em condição semelhante. A pesquisa ante citada foi realizada pela Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe. (CEPAL).

Conforme pesquisas quanto maior for o grau de estudo maior é a diferença salarial.

A diferença salarial mais alta ocorre na população mais instruída (treze anos ou mais de estudo). Houve uma diminuição na diferença de 9,3 pontos percentuais entre 1990 e 2014. Os homens deste grupo ainda ganham 25,6 por cento mais do que as mulheres. Segundo a CEPAL, a inclusão das mulheres em áreas como ciência e tecnologia, indústrias, como telecomunicações e grandes empresas, pode estar contribuindo positivamente, embora ainda não gere a plena igualdade. (O GLOBO, 2016).

A diferença mais alta ainda ocorre com a população que possui mais estudo.

Houve sim uma diminuição na diferença, porém a diferença ainda é exorbitante tendo em vista que nem deveria existir. Há o crescimento da inclusão das mulheres em determinadas áreas e isso contribui positivamente, porém não gera uma plena igualdade que pelo visto, estamos longe de alcançarmos.

Alícia Bárcena (2016), Secretária Executiva da Comissão Econômica das Nações Unidas para a América Latina e o Caribe comenta o assunto.

(Receber o mesmo salário que os homens em condições de igualdade é um direito das mulheres. É um requisito inevitável para que alcancem a autonomia econômica e para avançar na igualdade de gêneros - disse a Secretária Executiva da CEPAL, Alicia Bárcena, no contexto do Dia Internacional da Mulher, cujo tema este ano é “Por um Planeta 50-50 em 2030: Demos um passo para a igualdade de gênero. - Nada sobre nós sem nós- enfatiza Bárcena. (O GLOBO, 2016).

Bárcenaelucida o direito das mulheres de perceber o mesmo salário dos homens. Trata tal direito como sendo inevitável para que as mulheres alcancem autonomia econômica e avancem na igualdade de gêneros.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) faz estudos acerca do tema da mulher e o trabalho, evidenciando fatos importantes para a pesquisa aqui apresentada.

Em 2011, as mulheres eram maioria na população de 10 anos ou mais de

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