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A Câmara aprovou o projeto de reforma trabalhista. Trata-se do Projeto Lei n°

6787/16 que entre outras medidas versa sobre convenção coletiva e acordo coletivo, estes prevalecendo sobre quinze pontos diferentes, dentre eles, jornada de trabalho e banco de horas anual.

O Plenário da Câmara dos Deputados concluiu, na madrugada desta quinta-feira (27), a votação do projeto de lei da reforma trabalhista (PL 6787/16, do Poder Executivo). O texto altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para prever, entre outras medidas, a prevalência do acordo sobre a lei, regras para o trabalho intermitente e o fim da contribuição sindical obrigatória e da ajuda do sindicato na rescisão trabalhista. A matéria será enviada ao Senado. (PIOVESAN, 2017).

A notícia supracitada extremamente atual trata da aprovação pela Câmara dos Deputados para alteração da Consolidação das Leis do Trabalho. Tal alteração dará força de lei a convenções e acordos coletivos salvo algumas exceções.

Uma das alterações relevantes ao presente estudo, diz respeito a anterior colocação sobre a diferenciação sexual e demais discriminações que são evidentes no mercado de trabalho.

No caso de comprovada discriminação por motivo de etnia ou sexo, a justiça determinará, além das diferenças salariais devidas, o pagamento de uma multa pelo empregador ao empregado discriminado no valor máximo de 50% do teto dos benefícios da Previdência Social (R$ 5.531,31).

(PIOVESAN, 2017).

A notícia abordada trata de uma possível multa para casos de discriminação quando esta por motivo de etnia ou sexo. Haverá, se sancionada a nova lei, multa coibindo atitudes discriminatórias.

Uma ótima notícia essa, de que haverá multa para a discriminação. Assim vai criando-se a cultura de que há algo realmente errado e que isso deverá ser

suprimido com o passar do tempo, até chegarmos ao momento de uma real igualdade entre todos os indivíduos, não importando sexo, gênero, raça, cor, opção sexual ou qualquer outro fator que diferencie a pessoalidade, mas que não torna mais ou menos humano.

Deve-se salientar que se a reforma for aprovada o artigo 384 da Consolidação das Leis do Trabalho poderá ser revogado.

CONCLUSÃO

Mesmo passando por tantas dificuldades, na atual conjuntura social é inadmissível dizer que a mulher não ocupa importante lugar no mercado de trabalho.

Foi ganhando espaço arduamente no decorrer do tempo, percorrendo o caminho sempre sofrendo preconceito e discriminação.

Apesar das condições desfavoráveis aos poucos a mulher foi conseguindo liberdade, apesar de ainda se prender a laços que a menosprezam e acabam por fazê-la mesmo que indiretamente inferior aos homens. A cultura que possuímos ainda é a cultura de que a mulher tem por aptidão principal o cuidado dos filhos e do ambiente do lar enquanto o homem é quem deve trabalhar fora e obter rendimentos para arcar com as custas da família.

Nota-se que o entendimento jurisprudencial e doutrinário dominante acerca do tema é que o artigo 384 da Consolidação das Leis do Trabalho não ensejaisonomia da norma com a concessão do direito também aos homens. Trata de norma pura e exclusivamente feita para as mulheres.

Porém como discutido no decorrer dos capítulos e referenciado também na doutrina e jurisprudência esse direito não acompanhou as mudanças sociais.

Entende-se que o surgimento da norma se deu pelo fato da histórica exclusão da mulher no mercado de trabalho, como já citado anteriormente, porém hoje ele não cabe mais, não atende as necessidades atuais.

Percebeu-se com a realização do estudo que esse direito hoje acaba por discriminar e torna-se um empecilho para a mulher ao invés de proteger, o que deveria ser seu principal fundamento e razão de existir. Tendo em vista que a discriminação é algo que deve, e, diga-se de passagem, já passou da hora de existir em relação a esses aspectos, esse direito deve ser reprimido.

Conclui-se que para a mulher, na atual conjuntura social, seria muito mais vantajoso que esse artigo não existisse, tornando-a “mais forte” por não estar a enfraquecendomesmo que indiretamente. Há de se levar em conta também que a mulher não obtém vantagem nenhuma com essa norma já que ela tem de ficar na empresa quinze minutos a mais sem percebê-los como tempo trabalhado e, francamente, não vejo esse tempo como um período de descanso estando em um lugar que por óbvio não é o lugar onde se quer estar.

A trabalhadora labuta durante o dia todo, salvo exceções, e por óbvio ao final do seu turno de trabalho deseja estar no conforto de sua residência, na companhia dos seus familiares ou simplesmente com a cabeça fora do local de trabalho para poder ter garantida a sua vida social. Vejo isso até mesmo como uma garantia de estar sendo cumprido o princípio da dignidade da pessoa humana.

Portanto, se o Projeto Lei n° 6787/16 for aprovado creio que será um avanço para os direitos trabalhistas, pois ter direitos retrógrados significa regredir, parafraseando Edward Gibbon, tudo que é humano necessariamente retrocede quando não avança.

REFERÊNCIAS

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