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1. A QUESTÃO DA POBREZA EXTREMA

1.3 Breve retrospecto histórico da pobreza no Brasil

Compreender a pobreza no Brasil, e como está se expressa e desenvolve ao longo dos anos, parte da compreensão da própria história de constituição do país.

Passadas as primeiras três décadas do descobrimento do Brasil, sua colonização começou a se desenvolver. Visto a necessidade de povoar a nova terra ante a iminente ameaça francesa de tomar as terras brasileiras, Dom João III, rei de Portugal, resolveu por criar as capitânias hereditárias. Assim, o território brasileiro foi dividido em quinze quinhões de terras, que iam da costa litorânea até o meridional de Tordesilhas. As capitânias hereditárias foram entregues aos donatários, que exerciam vasto poder econômico e administrativo sobre a terra cedida.

A política de exploração instaurada pela metrópole portuguesa assentou-se no fornecimento de gêneros alimentícios e minérios pela Colônia. Portanto, incentivou-se a produção de poucos produtos, em grande escala, regida por grandes proprietários. Isto porque, se imaginava, que pequenos proprietários penderiam por uma produção a garantir sua subsistência, oferecendo-se ao mercado um modesto excedente, o que ia à contramão dos interesses da Coroa Portuguesa.

Para realização da produção, optou-se pelo trabalho compulsório. Afinal, o trabalho assalariado, além de não atender a finalidade da colonização, carecia da falta de demanda de trabalhadores com condições de vir e se estabelecer na Colônia, bem

como a inviabilidade da manutenção destes trabalhadores em grandes propriedades.

A escravidão, primeiramente de indígenas, e, após, de negros foi o caminho encontrado para realização do trabalho nos grandes latifúndios.

Fracassou-se ao tentar escravizar o índio. Culturalmente, este empregava sua força laboral, tão somente, para garantir sua subsistência. A sua introdução em uma cultura de trabalho intensivo, que visava a produtividade e geração de excedentes gerou resistência. Os povos indígenas lutavam, fugiam ou simplesmente se recusavam a trabalhar. Salienta-se, também, outro fator que contribui para tal fracasso na escravidão indígena foi sua dizimação pelas doenças trazidas pelo homem branco, quais sejam, sarampo, varíola, gripe, entre outras, para as quais aqueles não possuíam defesas naturais.

Em contrapartida, era sabido pelos colonizadores, que os africanos faziam parte de culturas que sabia trabalhar com objetos de ferro e manejar gado. Estima-se que entre 1550 e 1855 adentraram pelos portos brasileiros mais de quatro milhões de escravos africanos. O negro, assim como indígena, também se rebelou contra sua situação. Fugas, com a criação de Quilombos, foram frequentes. Todavia, sob um aspecto geral, por estar em território estranho e separado de seus grupos, viu-se obrigado a adaptar-se a situação que lhe foi imposta.

A colonização teve como mote principal, pelo menos até o descobrimento – e, consequentemente, exploração – dos metais preciosos em solo brasileiro, a monocultura destinada à exportação, produzida em grandes propriedades, com a força do trabalho escravo. Tal prática, conhecida como “plantantion”, revelou uma realidade socioeconômica estruturada principalmente em dois polos: os senhores e os escravos.

Observa-se, assim, uma relação entre Estado e Sociedade firmada através de uma grande centralização do poder pela Coroa portuguesa, que, para tanto, se valeu de mecanismos para impor sua dominação e repressão.

Aqui vale uma pequena abordagem sobre as divisões da sociedade àquele tempo. A pureza de sangue determinava quem poderia ocupar cargos governamentais e receber títulos de nobreza; eram considerados impuros os novos cristãos, negros (mesmo os livres) e índios. Com a carta-lei de 1773 este critério foi extinto.

Houve também a divisão entre os livres e escravos. Questão sócio jurídica separava quem era tratado como pessoa (livre) e quem era visto tão somente como uma coisa (escravo). Tal critério ligava-se, de forma extremamente preconceituosa, a etnia do ser humano, haja vista que eram escravos negros, índios e mestiços.

A escravidão foi uma instituição nacional. Penetrou toda a sociedade, condicionando seu modo de agir e de pensar. O desejo de ser dono de escravos, o esforço por obtê-los ia da classe dominante ao modesto artesão branco das cidades. Houve senhores de engenho e proprietários de minas com centenas de escravos, pequenos lavradores com dois ou três, lares domésticos, nas cidades, com apenas um escravo. O preconceito contra o negro ultrapassou o fim da escravidão e chegou modificado a nossos dias.

Até pelo a introdução em massa de trabalhadores europeus no centro-sul do Brasil, o trabalho manual foi socialmente desprezado como “coisa de negro.49

Os considerados “livres” na Colônia, eram enquadrados na seguinte ordem hierárquica: nobre, clero e povo. Ressalte-se que o povo pobre era aquele que se acomodava entre as duas pontas do núcleo duro da sociedade colonial brasileira.

Assim, formados pelos libertos e trabalhadores brancos que, na área rural eram os roceiros, e na área urbana, aqueles que exerciam profissão de carpinteiros, ferreiros entre outras.

Já no início do século XVIII, com a principal atividade econômica explorada pela Coroa Portuguesa sendo a extração de ouro e metais preciosos, é possível perceber uma certa mutação na sociedade colonial brasileira. Em que pese à riqueza ainda concentrar-se nos latifundiários, verifica-se um início de vida urbana-social mais intensa nas cidades, com maior participação de outros nichos sociais, como negociantes, padres, advogados, militares, entre outros. Para além disto, neste período, notou-se uma grande miscigenação de etnias, bem como o crescimento populacional de mulheres.

ao longo dos anos, houve intensa mestiçagem de raças, cresceu a proporção de mulheres, que em 1776 era de cerca de 38% do total, e o correu um população e 34% do número total de habitantes da capitania. A hipótese mais provável para explicar a magnitude dessas proporções, que superar por

49 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. P. 41. Disponível em

<http://www.intaead.com.br/ebooks1/livros/hist%F3ria/12.Hist%F3ria%20do%20Brasil%20-%20Boris%20Fausto%20(Col%F4nia).pdf>

exemplo as da Bahia, de que a progressiva decadência da mineração tornou desnecessária ou impossível para muitos proprietários a posse de escravos.50

Remarque-se que, embora a sociedade tenha se diversificado e se tornado mais complexa do que jamais fora, a riqueza extraída ainda se concentrava nas mãos de poucos. A grande porção da população livre era formada por gente pobre ou com parcos recursos financeiros.

A crise no sistema colonial iniciou-se com a preponderância do liberalismo e o iluminismo no final do século XVIII. Mundo a fora, colônias proclamavam suas independências. Com a Revolução Industrial, e a busca de novos mercados pelos ingleses, tem-se praticamente decretado o fim ao mercantilismo ainda existente. Com a chegada da Coroa Portuguesa ao Brasil, que alterou o polo administrativo – de Lisboa para Rio de Janeiro, acentuou-se a vinda de imigrantes, que formaram a então classe média da época.

Conclui-se, então, que o Brasil colonial se pautou, economicamente, na escravidão negra, nas grandes porções de terra e na monocultura, tais características empregadas pelo sistema mercantilista realizado por sua Metrópole. Todo esse conjunto de vetores cimentou o sistema econômico da época, bem como a base da sociedade em tal período.

A Igreja, a família patriarcal, escravos e pobres livres formavam a estrutura da sociedade colonial brasileira. A escassez de recursos e oportunidades a quem era desprovido de terras ou bens materiais era tamanha e só fazia aumentar a diferença das pessoas na esfera social. Estruturou-se uma sociedade cada vez mais desigual, organizada entre uma minoria de Senhores e maioria de escravos.

A colônia brasileira, que produzia uma riqueza sem fim, passando pela comercialização do açúcar, a cultura do engenho e, posteriormente, a mineração, também produzia em larga escala pobreza sem fim, enraizando o quadro da desigualdade e imobilidade social da nossa sociedade.

Mesmo após a independência, foi mantido um sistema de privilégios. Uma das maiores problemáticas que surgiu no período pós Colônia, se deu com o binômio fim da escravatura e não inserção do negro da sociedade brasileira. A transformação da

50 FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 1996. P. 64. Disponível em

<http://www.intaead.com.br/ebooks1/livros/hist%F3ria/12.Hist%F3ria%20do%20Brasil%20-%20Boris%20Fausto%20(Col%F4nia).pdf>

economia brasileira, com a exportação do café e consequente transformação da sociedade, combinado com o fim do tráfico negreiro mais a campanha abolicionista culminou na assinatura da Lei Aurea, em 13 de maio de 1888.

A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivesse, por objeto prepara-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho.51

Rememore-se que nesta época o Brasil já vivia a abundância da mão de obra imigrante europeia, extremamente rentável aos cafeicultores, em razão de seu baixo custo, subsidiada pelo Estado, de tal maneira que os negros foram marginalizados, constituindo verdadeira massa laboral de reserva. Somava-se, ainda, o forte preconceito contra os negros, por se acreditar na superioridade da raça branca.

Assim, os ex-escravos incluíram-se na massa pobre brasileira. Salienta-se que àquele tempo existiam 800 mil escravos, e a população do Brasil era, aproximadamente, menor que 10 milhões de habitantes.

O período histórico brasileiro conhecido como “República Velha” (1889-1930), também chamada de República Oligárquica, ilustra bem este cenário. As oligarquias cafeeiras paulista e mineira controlavam o poder político brasileiro, ao que se deu a alcunha de “política do café com leite”.

Nesta época, criou-se e desenvolveu-se o coronelismo. Esta estrutura de manutenção de poder surgiu da junção da recente representação política através do voto, conferida aos cidadãos, com a velha organização econômica social dos latifundiários. Em que pese a Constituição de 1891 tenha instituído o sufrágio universal masculino, o “coronel”, isto é, aquele que detinha grande porção de terra e, assim, grande ingerência sobre a população que circundavam seus latifúndios, alinhavados com oligarquias regionais controlavam o voto e apuração de seu curral eleitoral. Uma prática comum ao coronelismo era a troca de votos por favores pessoais. Assim, garantia-se o poder político regional às elites locais brasileiras.

51 FERNANDES, Florestan apud MARINGONI, Gilberto. “O destino dos negros após a abolição.” IPEA Para Todos, 2011. Disponível em

<http://www.ipea.gov.br/desafios/index.php?option=com_content-&id=2673%3Acatid%3D28&Itemid=>

Com os acúmulos dos capitais conquistados através da economia cafeeira iniciou-se no país a industrialização, que provocou grandes transformações na sociedade brasileira. Formou-se uma classe operária, bem como ampliou sobremaneira a ocupação do espaço urbano.

Assim, com o início de uma profunda transformação da sociedade brasileira, foram instituídas algumas políticas sociais para amparo da nova classe trabalhadora, as quais merecem destaque: Comissão de Legislação Social, criada na Câmara dos Deputados em 1917, o que iniciou uma regulamentação trabalhista; a Lei Eloy Chaves, que criou a Caixa de Aposentadorias e Pensões dos Ferroviários (1926); o Conselho Nacional do Trabalho (1923), responsável por expandir leis de proteção aos trabalhadores acidentados, bem como direito a férias.

Com a Era Vargas (1930-1940), o Estado passa a apresentar soluções para combater a pobreza e a miserabilidade. Uma das mais importantes medidas adotadas por Vargas foi a criação da carteira de trabalho, que além de garantir o assalariamento dos trabalhadores, proporcionavam, a estes, acesso aos benefícios criados pelo governo, quais sejam, aposentadorias, licenças, pensões, entre outros. Também houve a instituição de políticas públicas no âmbito habitacional, com a tentativa de regulamentação do mercado de alugueis. A criação do Conselho Nacional de Serviço Social, e o Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública.

Sob uma perspectiva mais crítica, o que se visou prioritariamente com tais medidas formuladas pelo governo Vargas foi o fomento da economia, ao contrário de uma preocupação genuína com aqueles que viviam na pobreza. Isto porque as políticas sociais destinavam-se, exclusivamente, a quem trabalhava dentro da legalidade formal.

Durante o período de 1970-1980, denominado de milagre econômico brasileiro, país vivenciou um período de significativo crescimento médio do PIB.

Assim, verificou-se um aumento da renda da população em geral e, com o crescimento econômico, decorrente da forte expansão da economia vista à época, e aumento de renda, verificou-se a diminuição da pobreza. Ou seja, conforme aponta Sonia Rocha, no referido período, a taxa de pobres passou de 68,4% para 35,3%, sendo que, a queda da pobreza foi mais acentuada na região sudeste, principalmente no Estado de São Paulo, que no referido período reduziu em um terço a proporção de pobres.

No entanto, o mesmo não se viu na região nordeste e norte/centro-oeste em que a evolução da pobreza não se deu de forma favorável. Sob esta perspectiva, Sonia Rocha elucida que

aumentando a participação das regiões onde a incidência de pobreza já era mais elevada. O número de pobres nordestinos no total de pobres brasileiros, por exemplo, passou de 38,5% em 1970, para praticamente a metade (49,1%) em 1980, o que ocorreu apesar da desconcentração da atividade produtiva. Embora a contribuição do Sudeste e, em particular de São Paulo, no PIB nacional tenha se reduzido no período em função de iniciativas como a Zona Franca de Manaus e os incentivos fiscais para investimentos no Norte e Nordeste, esta evolução não se rebateu sobre a renda das famílias. Isto se deveu, naturalmente, às desvantagens estruturais das regiões mais pobres, em particular no que se refere à qualificação da sua mão de obra.52

Houve um forte movimento de urbanização do país, verificando-se, no referido período, um gradativo aumento das populações das cidades, com a migração do campo para a cidade, de forma que, após o período de crescimento econômico e urbanização do país, a pobreza revela-se marcadamente rural e nordestina53.

No entanto, apesar da redução da pobreza verificada, o mesmo não ocorreu com a desigualdade social que, de forma contrária, aumentou. Isto porque, o crescimento econômico acelerado possibilitou uma maior concentração de renda, ampliando a desigualdade no país, cujo coeficiente de Gini passou de 0,561 em 1970 para 0,592 no ano de 1980.

Vale lembrar que neste período, seja no Brasil, seja no resto do mundo, pobreza e desigualdade estavam longe de ocupar o centro da agenda política. Desde os anos do pós-guerra a ênfase das políticas de governo focava o crescimento econômico, que resolveria de forma mais ou menos automática os problemas de pobreza e desigualdade através difusão de seus efeitos.54

Atuação do governo no referido período ainda ocorria de forma tímida, atendendo a parcela ínfima da população, de forma que eram observáveis grandes carências sociais, eis que, apesar do crescimento econômico acelerado, não houve melhoria proporcional nas condições de vida no Brasil55

52 ROCHA, Sonia. Pobreza no Brasil: a evolução de longo prazo. XXV Fórum Nacional. Rio de Janeiro, 2013. 01-31. p. 05. Disponível em <http://www.inae.org.br/wp-content/uploads/2015/04/EP0492.pdf>

53 No início da década de 1980 42% dos pobres brasileiros viviam em área rural e 49% da população pobre se encontrava no Nordeste. ROCHA, Sonia. Pobreza no Brasil: a evolução de longo prazo. XXV Fórum Nacional. Rio de Janeiro, 2013. 01-31. Disponível em <http://www.inae.org.br/wp-content/uploads/2015/04/EP0492.pdf>

54 ROCHA, Sonia. Pobreza no Brasil: a evolução de longo prazo. XXV Fórum Nacional. Rio de Janeiro, 2013. 01-31. p. 07. Disponível em <http://www.inae.org.br/wp-content/uploads/2015/04/EP0492.pdf>

55 Para tanto Sonia Rocha indica como exemplo taxa de analfabetismo que não teve expressiva redução, passando de 33,6% em 1970 para 25,5% em 1980 ROCHA, Sonia. Pobreza no Brasil: a

O Brasil, no período compreendido entre 1980-1993, enfrentou fases de expansão e recessão. Sonia Rocha, em sua obra, opta pela divisão do período até 1993 para apresentar os índices de pobreza até antes da estabilização econômica do Plano Real de 1994.

Destarte, logo no início dos anos 1981, o Brasil passou por uma crise econômica, experimentando a queda de seu PIB, experimentando o país períodos sucessivos de expansão e recessão, o que acabou por afetar mais diretamente às cidades, em razão da economia do país apresentar-se crescentemente urbana.

Referido período foi marcado pela instabilidade econômica em razão da alta variação da inflação, de forma que as cidades foram as mais afetadas, cujas economias, mais dinâmicas, sofreram forte impacto da inflação. Já as áreas mais pobres, não foram tanto afetadas, o que contribuiu com a redução da desigualdade regional da pobreza. Mesmo as grandes cidades sendo mais afetadas, tal fato não obstou a expansão demográfica das grandes metrópoles

a proporção de pobres nas metrópoles passa de 29% em 1981, para 32% em 1993 -, falou-se em metropolização da pobreza e em periferização da pobreza, tendo em vista a concentração crescente dos pobres nas periferias metropolitanas. (...) o número de pobres nordestinos no total de pobres brasileiros declina de 49% em 1981 para 43% em 1993, enquanto, em contrapartida, aumenta a participação dos pobres residentes no Sudeste de 30% para 36%.56

A partir dos anos 1980, a temática da pobreza começou a ganhar destaque na sociedade brasileira, a qual passou a ter maior percepção da pobreza, pugnado pela a inclusão da pobreza na agenda política para adoção de políticas focadas nos pobres. Com a crise enfrentada após o período do milagre brasileiro, a população passou a clamar por mudanças sociais e, ao final da década de 80, com a democratização do Brasil e promulgação da Constituição Federal de 1988 assentou-se

uma visão arejada dos direitos sociais, acompanhada da ambição de recuperar o tempo perdido no curto prazo. A universalização dos direitos à saúde e à educação, assim como a adoção do salário mínimo como piso dos benefícios previdenciários e assistenciais, inclusive da previdência rural não

evolução de longo prazo. XXV Fórum Nacional. Rio de Janeiro, 2013. 01-31. p. 08. Disponível em

<http://www.inae.org.br/wp-content/uploads/2015/04/EP0492.pdf>

56 ROCHA, Sonia. Pobreza no Brasil: a evolução de longo prazo. XXV Fórum Nacional. Rio de Janeiro, 2013. 01-31. p. 09. Disponível em <http://www.inae.org.br/wp-content/uploads/2015/04/EP0492.pdf>

contributiva, foram determinantes para afetar favoravelmente as condições de vida dos mais pobres a partir do período seguinte.57

A implantação do Plano Real de julho de 1994, foi bem-sucedido, controlando a inflação que atingia cerca de 48% ao mês. Com a estabilização econômica e contenção da inflação houve significativa melhora na renda e nas condições de vida da população, o que impactou significativamente a redução da pobreza entre 1993-1995, principalmente nas cidades, com a estabilização da moeda e retomada do nível de atividade58.

No entanto, nos anos de 1996-1999, observou-se uma estagnação na pobreza no país, reflexo do fim do plano de estabilização e, conforme aponta Sonia Rocha:

Os dados anuais para o período de 1996-99 permitem verificar que a incidência de pobreza no Brasil, medida pela proporção de pobres, reduzida drasticamente com a estabilização, se manteve em torno de 34%, com pequenas oscilações no período. Entretanto, isso encobre evoluções regionais bem diferenciadas, isto é, reduções sustentadas da pobreza nas zonas rurais, acompanhadas de deterioração nas metrópoles, especialmente em São Paulo, que sofre forte impacto dos ajustes no sistema produtivo e no mercado de trabalho.59

Na década de 1990 começou a implantação de programas visando a transferência de renda, cuja expansão se deu de forma irregular. A partir dos anos 2000, foi conferido maior enfoque ao tema e, após o governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, havia, no país, quatro programas federais. Com o advento do governo de Luís Inácio Lula da Silva, os programas foram unificados, dando ensejo, mais a frente, à criação do programa Bolsa Família. Por fim, Sonia Rocha arremata que:

a expansão e a consolidação das transferências assistenciais como elemento

a expansão e a consolidação das transferências assistenciais como elemento