• Nenhum resultado encontrado

O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO SOCIAL

The importance of ludic activities in early childhood education

4. O BRINCAR E O DESENVOLVIMENTO SOCIAL

O brincar, cada vez mais, vem tornando-se essencial no pro- cesso de ensino-aprendizagem; isso porque possibilita à criança um maior desenvolvimento, tanto intelectual quanto social.

Com isso, pode-se perceber que os alunos das primeiras fases da Educação Infantil aprendem mais por meio do lúdico, ou seja, quando o educador trabalha com jogos e brincadeiras, levando as crianças a utilizarem a imaginação e a fantasia. A aprendizagem será mais significativa e o processo de ensino-aprendizagem, mais prazeroso e eficiente.

Chateau (1987, p. 14) assevera que:

Pelo jogo a criança desenvolve as potencialidades que emergem de sua estrutura particular, concretiza as poten- cialidades virtuais que afloram sucessivamente à super- fície de seu ser, assimila-se e as desenvolve, une-as e as combina, coordena seu ser e lhe dá vigor.

Assim, por meio do brincar, o aluno estará se desenvolvendo e ao mesmo tempo se divertindo, ou seja, através de jogos e brin- cadeiras o educador estará trabalhando com habilidades motoras, intelectuais, sociais, cognitivas e emocionais, ao tempo que diverte e distrai a criança.

Nos dizeres de Winnicott (1975, p. 76):

O ato de brincar é compreendido como facilitador do de- senvolvimento da criança, uma vez que se constitui de ex- periências culturais e possibilita a interação, comunicação e organização interna da criança.

Dessa maneira, quando o estudante brinca, está ao mesmo tempo exteriorizando suas vontades, necessidades e características individuais, relacionando-se com o ambiente físico e social, intera- gindo com os demais colegas e criando situações imaginárias que contribuirão para o desenvolvimento da criatividade e autonomia.

Machado (2007, p. 22) afirma que:

No brincar, a criança lida com sua realidade interior e sua tradução livre da realidade exterior: é também o que o adulto faz quando esta filosofando, escrevendo e lendo poesias, exercendo sua religião.

Jesus (2010, p. 2) acrescenta que:

Podemos, através da brincadeira, explorar a criatividade, o movimento, a solidariedade, o desenvolvimento cultural, a assimilação de novos conhecimentos e das relações, incor- porando novos valores.

Percebe-se que, durante o desenvolvimento de jogos e brin- cadeiras, a criança estará se desenvolvendo integralmente, isto é, estará desenvolvendo a capacidade de raciocinar, pensar, julgar, ar- gumentar, inventar, relacionar-se com os colegas, respeitar regras e ampliar o relacionamento social.

A brincadeira é uma atividade inerente do ser humano. Durante a infância ela desempenha um papel fundamental na formação e desenvolvimento físico, emocional, intelec- tual do futuro adulto. Brincar é essencial para criança, pois é deste modo que ela descobre o mundo a sua volta e apren- de a interagir com ele. O lúdico está sempre presente, o que quer que a criança esteja fazendo. Naturalmente curiosa, ela se sente atraída pelo ambiente que a rodeia. Cada pe- quena atividade é para ela uma possibilidade de aprender e pode se tornar uma brincadeira. O ato de brincar é intrín- seco à vida e ao aprendizado (HALABAN; ZATZ; ZATZ, 2007, p. 13).

Além disso, o brincar possibilita novas descobertas e expe- riências à criança, que poderá vivenciar diversas situações, explo- rando brinquedos e jogos que a estimularão no desenvolvimento social, já que o educador estará instigando a curiosidade e a criati- vidade dos alunos, que poderão, com isso, expressar-se livremente e aprender a conviver com o meio social.

Kraemer (2007, p. 12) salienta que:

Pela participação nas atividades lúdicas educativas, a criança e o adolescente socializam-se, têm oportunida- de de participar de grupos sociais diferentes, exploram e compreendem seu ambiente, o que lhes abre a porta para o conhecimento.

Com isso, os professores precisam tornar a sala de aula um ambiente propício para desenvolver atividades lúdicas, visto que tais atividades poderão estimular um maior desenvolvimento da criança, que, por meio do brincar, terá contado com diferentes tipos de jogos e brincadeiras, interagindo com os colegas, sendo um es- paço de diversão e aprendizagem.

As brincadeiras contribuem para o desenvolvimento de habilidades psicomotoras, cognitivas e também para a afetividade recíproca e a interação social, desenvolvendo laços de amizade entre as crianças. Desta forma incenti- vam à curiosidade, estimulam a criança à procura de novas descobertas, onde ela interage, buscando soluções para os problemas apresentados, descobrindo caminhos, desen- volvendo-se como ser social, colaborando, assim, para um crescimento sadio e encontrando equilíbrio no dia a dia (JESUS, 2010, p. 5).

Contudo, é importante que o educador valorize o brincar como proposta pedagógica, não desenvolvendo tal atividade apenas como uma diversão, sem uma supervisão e um caráter pedagógico, o que inibiria qualquer forma de expressão dos estudantes, mas sim tornando este um momento em que a criança estará aprendendo e sendo estimulada, por meio da diversão, do prazer, da exploração e da imaginação, possibilitando a construção do conhecimento e o desenvolvimento das potencialidades infantis.

Jamais a atividade lúdica educativa deve ser somente uma brincadeira quando o objetivo maior é a aprendizagem. A brincadeira é apenas um dos itens que compõe a proposta educativa. O menor item com grande valor representativo, porque é o primeiro passo para que a aprendizagem surja de forma agradável, fugindo dos padrões rígidos e conservadores. O que não impede que seja disciplinado (KRAEMER, 2007, p. 10).

Desta feita, o brincar é um momento em que a criança está se divertindo, porém, o principal foco do educador deve ser o desen- volvimento completo do educando, isto é, quando o docente pro- põe alguma atividade lúdica, é de suma importância que ele realize as interferências necessárias, analisando quais as dificuldades das crianças e traçando estratégias para superá-las, visando desenvolver práticas pedagógicas adequadas às reais necessidades dos alunos.

De acordo com Jesus (2010, p. 5):

O brincar não significa apenas recrear, é muito mais. É uma das formas que a criança encontra de se comunicar com o mundo. O brincar, em todas as suas formas, é capaz de proporcionar alegria e divertimento.

Almeida (2003, p. 14) afirma que:

O educador ludicamente tem significado muito profundo e está presente em todos os segmentos da vida [...]. Educam ludicamente, pois combinam e integram a mobilização das relações funcionais ao prazer de interiorizar o conhe- cimento e a expressão de felicidade que se manifesta na interação com os semelhantes.

Também, é de suma importância que o docente seja capacita- do e saiba quais as necessidades dos alunos, definindo quais obje-

tivos pretende alcançar, podendo, com isso, realizar atividades que sejam significativas e atraiam a atenção dos estudantes, levando-os a participar da aula, descobrindo coisas novas e sendo desafiados a pensar e resolver situações-problemas, sempre utilizando jogos e brincadeiras que sejam adequados à faixa etária dos alunos e este- jam de acordo com o contexto em que eles estão inseridos.

Para Cória-Sabini e Lucena (2004, p. 24), conforme aparece em seu livro Jogos e Brincadeiras na Educação Infantil:

É importante que o professor procure identificar o nível de desenvolvimento da criança, pois o ensino formal representa o meio pelo qual o desenvolvimento se processa. Os métodos devem estar de acordo com o contexto histórico-cultural dos alunos, possibilitando a combinação de seus conceitos espontâneos (aqueles que têm como base o convívio social) com os conceitos introduzidos pelo professor na situação de instrução (conceitos científicos).

No jogo, o educador poderá estimular várias habilidades e potencialidades dos alunos, levando-os a respeitar as regras, intera- gir socialmente, frustrar-se – já que, não é sempre que irá ganhar –, sabendo perder e ganhar, realizar companheirismo, trabalhar com as emoções, tais como angústia, entusiasmo, alegria e tristeza, se movimentar, falar na hora adequada, ouvir os outros alunos, desen- volver-se naturalmente, por meio da estimulação da curiosidade, memória, autoconfiança, autoestima, atenção, imaginação, criativi- dade e concentração.

Machado (2007, p. 27) assevera que:

Brincar é também raciocinar, descobrir, persistir e per- severar; aprender a perder percebendo que haverá novas oportunidades para ganhar; esforçar-se, ter paciência, não desistindo facilmente.

Com isso, o educador, por meio do brincar, deve proporcionar a diversão e o desenvolvimento educacional por meio de jogos e brincadeiras, proporcionando um convívio com as demais crianças, o que é de extrema importância para a formação do futuro adulto, pois a ideia do coletivo, aos poucos, anula o individualismo e o egoísmo naturais do ser humano.

Objetivando o desenvolvimento social, cabe ressaltar o que aponta Figueiredo (2009, p. 31):

O educador tem como principal objetivo fazer com que os indivíduos desenvolvam elementos fundamentais à sua cidadania, onde as diferenças sociais, os preconceitos, as inabilidades não fiquem escamoteados e camuflados. Sim- bolicamente, o jogo representa o indivíduo e sua vida em sociedade. Tendo o jogo tais características, é preciso que essas representações ocorram em liberdade, que as condi- ções se explicitem claramente. Denunciá-las, refletir sobre elas, aprendê-las e superá-las é o papel da educação trans- formadora.

Ademais, o brincar possibilita à criança vivenciar a apren- dizagem, isto é, por meio de jogos e brincadeiras, a criança estará aprendendo significativamente, já que as situações imaginárias vi- venciadas pelos estudantes auxiliarão no desenvolvimento cogni- tivo, motor, social, afetivo e na formação da personalidade, pois as atividades lúdicas impulsionam o processo de ensino-aprendi- zagem, motivando a criança a solucionar problemas e interagir so- cialmente.

Conduzir a criança à busca, ao domínio de um conheci- mento mais abstrato misturando habilmente uma parcela de trabalho (esforço) com uma dose de brincadeira trans- formaria o trabalho, o aprendizado, num jogo bem-suce- dido, momento este em que a criança pode mergulhar ple- namente sem se dar conta disso (ALMEIDA, 2003, p. 60).

Desta feita, os educadores precisam ter consciência da sua importância no desenvolvimento da criança, não se limitando a re- passar informações, mas sim, levando os alunos a pensarem sozi- nhos, formando sua própria opinião e sabendo argumentar para de- fender suas ideias, além de serem criativos e conseguirem superar os obstáculos, sendo necessário que o docente permita uma intera- ção entre os alunos, tornando a aula divertida e atraente, possibi- litando que os estudantes aprendam por meio das interações pro- porcionadas pelas atividades lúdicas, já que, quando a criança está brincando, estará, ao mesmo tempo, experimentando coisas novas, inventando e preparando-se para a fase adulta.

Os adultos, na maioria das vezes, não reconhecem a im- portância da brincadeira infantil, que é vista como mero passatempo, destituída de significação.

E Machado (2007, p. 26) afirma:

Para explorar, descobrir e aprender a realidade, paradoxal- mente a criança se utiliza do “faz-de-conta” e das brinca- deiras. Brincando, ela aprende a linguagem dos símbolos e entra no espaço original de todas as atividades sócio- -criativo-culturais.

Entretanto, muitos professores ainda veem o brincar como um momento de deixar as crianças fazerem o que quiserem, sem uma supervisão e uma estratégia educativa, sendo necessário que tais educadores passem a dar uma maior importância ao brincar, já que este possibilita maior aprendizagem e desenvolvimento dos alunos.

O ideal é que as atividades lúdicas auxiliem a criança a desenvolver as potencialidades necessárias para tornar-se um adulto capacitado e habilitado a futuramente exercer uma profissão e viver em sociedade. Enfim, prepará-lo emocional, cultural e psicologicamente a enfrentar o futu- ro como um adulto equilibrado e integrado (KRAEMER, 2007, p. 9).

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Constituição Federal e os demais dispositivos legais garan- tem às crianças e aos adolescentes o direito à educação de qualida- de; sendo assim, cabe ao Estado, à sociedade e aos pais garantirem tal direito, agindo positivamente para que a pessoa em pleno estado de desenvolvimento receba o tratamento adequado, tendo uma vida digna e podendo desenvolver-se plenamente. Ademais, a educação é tida como direito fundamental e social, sendo dever de todos ga- rantir o acesso e a permanência em instituições de ensino a todas as crianças e adolescentes, possibilitando, com isso, o desenvolvi- mento e a aprendizagem.

Igualmente, o brincar é essencial para o desenvolvimento in- tegral das crianças, contribuindo significativamente para o proces- so de ensino-aprendizagem, bem como para as interações sociais.

Outrossim, por meio do lúdico, o aluno estará aprendendo naturalmente, de uma maneira prazerosa e divertida, além de poder extravasar seus sentimentos, construir seus conhecimentos e desen- volver suas habilidades.

Assim sendo, os jogos, as brincadeiras e os brinquedos possi- bilitaram tanto o desenvolvimento intelectual e cognitivo da crian- ça, quanto a sua formação, desenvolvendo a personalidade, a indi- vidualidade, a atenção, a afetividade, a criatividade, o senso crítico, preparando-os para a vida adulta. Com isso, o brincar tornar-se in- dispensável para o desenvolvimento da criança, não podendo ser utilizado apenas como diversão, já que o lúdico tem caráter peda- gógico e contribui para o desenvolvimento das potencialidades dos estudantes, levando-os a aprender por intermédio das brincadeiras, de momentos de descontração, de interações, do contato com o ou- tro e da imaginação.

Posto isto, compete ao educador desenvolver estratégias de ensino que utilizem o brincar, levando os alunos a aprenderem sig- nificativamente, além de tornar a aula mais prazerosa e divertida, atraindo a atenção e o interesse de todos, sempre analisando qual o nível dos estudantes, suas necessidades e suas faixas etárias.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, P. N. Educação lúdica: técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Loyola, 2003.

BACHA FILHO, T.; LOCCO, L. A. Direito aplicado à educação. Curitiba: Iesde Brasil S.A., 2009.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituicao.htm>. Acesso em: 20 out. 2016.

______. Convenção sobre os Direitos da Criança: Decreto nº 99.710, de 21 de novembro de 1990. Brasília, 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto/1990-1994/D99710.htm>. Acesso em: 20 out. 2016.

______. Declaração Universal dos Direitos da Criança. Brasília, 1959. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/c_a/lex41.htm>. Acesso em: 20 out. 2016.

______. Estatuto da Criança e do Adolescente: Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Rio de Janeiro: Imprensa Oficial, 2002. Disponível em: <https:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm>. Acesso em: 20 out. 2016. ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Brasília, 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/leis/l9394.htm>. Acesso em: 20 out. 2016.

______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília: MEC/SEF, 1998. v. 2. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/ arquivos/pdf/volume2.pdf>. Acesso em: 20 out. 2016.

CHATEAU, J. O jogo e a criança. São Paulo: Summus, 1987.

CÓRIA-SABINI, M. A.; LUCENA, R. F. Jogos e brincadeiras na Educação

Infantil. São Paulo: Papirus, 2004.

FIGUEIREDO, M. X. B. A corporeidade na escola: brincadeiras, jogos e desenhos. Pelotas: UFPel, 2009.

HALABAN, S.; ZATZ, A.; ZATZ, S. Brinca comigo: tudo sobre brincar e os brinquedos. São Paulo: Nobel, 2007.

JESUS, A. C. A. Como aplicar jogos e brincadeiras na educação infantil. São Paulo: Brasport, 2010.

JOAQUIM, N. Direito educacional brasileiro: história, teoria e prática. Rio de Janeiro: Livro Expresso, 2009.

KRAEMER, M. L. Quando brincar é aprender. São Paulo: Loyola, 2007. LENZA, P. Direito Constitucional esquematizado. São Paulo: Saraiva, 2014. MACHADO, M. M. O brinquedo-sucata e a criança: a importância do brincar. Atividades e Materiais. São Paulo: Loyola, 2007.

MALUF, Â. C. M. Brincar. Petrópolis: Vozes, 2003.

RAMOS, M. C. A. L. Jogar e brincar. Santa Catarina: ICPG, 2001. REALE, M. Filosofia do direito. São Paulo: Saraiva, 2002.

SILVA, C. S. B.; MACHADO, L. M. (Orgs.). Nova LDB: trajetória para a cidadania. 3. ed. São Paulo: Arte & Ciência, 1998.

VELASCO, C. G. Brincar: o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprit, 1996. VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

WEINRIB, E. L. Imagens do self: o processo terapêutico na caixa-de-areia. São Paulo: Summus, 1993.