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LUDICIDADE: EDUCAÇÃO INFANTIL: A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL DA CRIANÇA DE

4 BRINQUEDOS, BRINCADEIRAS E JOGOS: O DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Ao brincar a criança torna-se sujeito da ação, ela manipula, imagina, cria e formula realidades diversas durante sua interação com o brinquedo, é neste momento que sua aprendizagem é desenvolvida. Segundo Oliveira (2011, p.164):

Ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação, memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligados. A brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o processo de apropriação de signos sociais. Cria condições para uma transformação significativa da consciência infantil, por exigir das crianças formas mais complexas de relacionamento com o mundo.

A brincadeira favorece a autoestima da criança contribuindo a superar, progressivamente, suas conquistas de forma criativa, nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuem em conceitos gerais com os quais brincam, através da imitação.

Seus conhecimentos a principio vem da imitações de pessoas que estão ao seu redor, de uma experiência vivida na família, na escola, ou ambientes que frequenta, do relato de um colega ou de um adulto, de cenas assistidas na televisão, no cinema, vistas na rua, as fontes de seus conhecimentos são múltiplas. De acordo com Wajskop (1999, p.67):

Ou, seja, a brincadeira infantil constitui-se numa atividade em que as crianças, sozinhas ou em grupo, procuram compreender o mundo e as ações humanas a partir geralmente do primeiro ao terceiro ano de idade, variam conforme a origem sociocultural das crianças.

Ao brincar a criança pequena passa a compreender o funcionamento, as características de objetos, elementos da natureza, situações do cotidiano, portanto passa a observar e perceber diferentes perspectivas de situações o que facilita a realização de diálogo interior marcante de seu pensamento verbal.

As brincadeiras cantadas e de rodas, proporcionam o movimento, a percepção rítmica, o contato físico, a dança, a criança pode expressar seus sentimentos, anseios, através dos gestos, de acordo com o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil:

Brincadeiras que envolvam o canto e o movimento, simultaneamente, possibilitam a percepção rítmica, a identificação de segmentos do corpo e o contato físico. A cultura popular infantil é uma riquíssima fonte na qual se pode buscar cantigas e brincadeiras de cunho afetivo nas quais o contato corporal é o seu principal conteúdo, como no seguinte exemplo: “& Conheço um jacaré &que gosta de comer. & Esconda a sua perna, & senão o jacaré come sua perna e o seu dedão do pé &” . (BRASIL, 1998, p.30)

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No brinquedo acontece as maiores apropriações de uma criança, e são elas que se tornarão, no futuro, seu nível de ação real e moralidade. No brinquedo a criança não passa a agir apenas pela percepção imediata dos objetos, mas por exemplo, quando vê uma folha de papel e imediatamente a amassa ou rasga, ela começa a coordenar suas ações de forma independente daquilo que ela vê, ela pode ver uma folha de papel e brincar de “aviãozinho”. De acordo com Vygotsky (2007, p.134):

No brinquedo, a criança sempre se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além do seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que ela é na realidade. Como no foco de uma lente de aumento, o brinquedo contém todas as tendências do desenvolvimento sob forma condensada, sendo ele mesmo uma grande fonte de desenvolvimento.

Estabelece uma nova relação entre o que a criança vê, sua assimilação visual, e o que a criança pensa, o significado que aquela ação e aquele objeto tem para ela naquele momento. Um cabo de vassoura pode deixar de ser simplesmente um pedaço de madeira, para a criança para se tornar um cavalo.

Existe através da brincadeira um enredo, uma situação imaginária a partir da qual as crianças se comunicam e brincam, atribuindo diversos significados as ações e objetos, essas características podem ser identificadas por uma maneira singular na linguagem, através do condicionamento verbal ou de gestos, movimentos e expressões corporais a brincadeira. É durante todo o processo de interação entre as crianças que são distribuídos significados as ações, aos personagens e aos objetos, as brincadeiras se edificam durante o processo do brincar.

Quanto ao brinquedo, para Kishimoto (2003) brinquedo é entendido como objeto, ou suporte de brincadeira. Brincadeira é concebida como “[...] a descrição de uma conduta estruturada, com regras e jogo infantil para designar tanto o objeto e as regras do jogo da criança (brinquedo e brincadeira).” (KISHIMOTO,2003 p. 7).

É na cultura que as brincadeiras e os jogos se materializam Piaget (1978), apresenta três tipos de jogos: o primeiro, jogo de exercício, que aparece durante os primeiros 18 meses de vida e abrange a repetição de sequência já estabelecidas de ações e manipulações. O segundo, o jogo simbólico, que surge durante o segundo ano de vida com o aparecimento da linguagem e da representação; e o terceiro, o jogo de regras, que marca a transição da atividade individual para a socialização, não ocorre antes de 4 a

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7 anos e predomina no período de 7 a 11, estágio em que são construídas as regras implícitas e explícitas.

O jogo simbólico, que surge durante o segundo ano de vida da criança, paralelamente à imitação e a outras características constitui-se o jogo simbólico ou brincadeira de faz de conta, que consiste na apropriação do egocentrismo real a atividade própria da criança que transforma o mundo naquilo que ela quer que ele seja.

Segundo Piaget (1978), a forma mais pura do pensamento egocêntrico que consiste num pensamento focado ponto de vista da criança, dominado pela aparência do real e centrado sobre a concepção da informação.

Trata-se de um pensamento imediato que imita, ou seja, copia o real sem o corrigir, transformando-o. Característico da inteligência representativa ou pré- operatória, esse pensamento se manifesta claramente no jogo simbólico do qual a criança nessa faixa etária assimila o real a seus próprios interesses, expressando-o pelos símbolos que o seu eu modela.

O jogo simbólico desempenha um papel importante na vida da criança. Piaget (1978, p.55-56) ressalta a importância desse papel quando afirma:

Obrigada a adaptar-se, sem cessar, a um mundo social dos mais velhos, cujos interesses e cujas regras lhe permanecem exteriores, e a um mundo físico que ela ainda mal compreende, a criança não consegue, como nós, satisfazer as necessidades afetivas e até intelectuais do seu eu nessas adaptações, as quais, para os adultos, são mais ou menos completos, mas que permanecem para ela tanto mais inacabadas quanto mais jovem for. É, portanto, indispensável ao seu equilíbrio afetivo e intelectual que possa dispor de um setor de atividade cuja motivação não seja a adaptação ao real senão, pelo contrário, a assimilação do real ao eu, sem coações nem sanções [....].

Enquanto a imitação é a acomodação mais ou menos pura aos modelos exteriores, o jogo simbólico é a assimilação mais ou menos pura desses modelos. Na imitação ocorre uma espécie de adaptação por acomodação dos esquemas aos modelos exteriores. No jogo simbólico há um relaxamento do esforço adaptativo que se caracteriza pelo exercício dos esquemas de ação pelo simples prazer de fazê-los funcionar.

No jogo simbólico, a criança tem a liberdade de transformar as situações do seu cotidiano, situações que são controladas pelos adultos, por meio de normas e regras muito rígidas, muitas delas a criança não consegue compreender, surge a

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necessidade de interpretar a partir do faz de conta, como um meio para expressar seus sentimentos, medos, desejos e conflitos para poder adaptar-se a esse mundo.

36 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No transcorrer desta pesquisa ocorreram reflexões sobre a importância do brincar na educação infantil, sendo possível desvelar que a tal prática é de extrema relevância para o desenvolvimento integral da criança e são elementos indispensáveis para o relacionamento.

Assim, a criança estabelece com os jogos e as brincadeiras uma relação natural e consegue expressar suas alegrias e tristezas, angústias, entusiasmos, é por meio da brincadeira que a criança envolve-se no jogo e partilha com o outro.

Além da interação, a brincadeira, o brinquedo e o jogo proporcionam mecanismo para desenvolver a memória, a linguagem, a atenção, a percepção, a criatividade e habilidade para melhor desenvolver a aprendizagem. Nessa perspectiva, as brincadeiras, os brinquedos e os jogos vêm contribuir de forma significativa para o importante desenvolvimento das estruturas sociais, cognitivas, motoras da criança.

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REFERÊNCIAS

BECKER, Fernanda da Rosa . Avaliação educacional em larga escala: a

experiência brasileira. Revista Iberoamericana de Educação, São Paulo, 2008.

BRASIL, Lei de Diretrizes e B. Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996.

BRASIL, Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Brasília; MEC/SEC, 1998.

BROUGÈRE, G., Brinquedo e cultura. 4ª ed. São Paulo: Cortez, 2001.

CAVICCHIA, Durlei de Carvalho. O desenvolvimento da criança nos primeiros

anos de vida. Acervo Digital da UNESP, 2010.

OLIVEIRA, Zilma Ramos de. Educação infantil: fundamentos e métodos. São

Paulo: Cortez, 2011 . 127 p.

Organização das Nações Unidas , Convenção sobre os direitos da criança, 1989. KISHIMOTO. (org.) Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 7ª edição. São Paulo, SP: Cortez, 2003.

PIAGET, J. A formação do símbolo na criança: imitação, jogo e sonho, imagem

e representações. 3ª ed. Rio de Janeiro : editora Guanabara, 1978

REDE NACIONAL PRIMEIRA INFÂNCIA. Plano Nacional Primeira Infância. Brasília – DF, 2010.

VIGOSTSKY, L. A brincadeira e o seu papel no desenvolvimento psíquico da criança. In: Revista Virtual de Gestão de Iniciativas Sociais, n08, Abril/2004, Laboratório de Tecnologia e Desenvolvimento Social COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro- RJ, 2008. VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1984. _____. A Formação Social da Mente. 7ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007. WAJSKOP, Gisela. O brincar na Educação Infantil. São Paulo, 1995. Acervo Digital da Fundação Carlos Chagas.

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LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO: O LÚDICO NO PROCESSO DE