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LUDICIDADE NA EDUCAÇÃO: O LÚDICO NO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM

3 O PROCESSO DE APRENDIZAGEM A CRIANÇA ATRAVÉS DE ATIVIDADES LÚDICAS

Verifica-se que, a educação lúdica sempre esteve presente na vida do ser humano desde a antiguidade, mas nos dias de hoje a visão sobre o lúdico é diferente. Envolve-se o seu uso em diferentes estratégias em torno da pratica educacional, sendo de grande importância no desenvolvimento do indivíduo na educação infantil.

O lúdico como recurso pedagógico direcionado às áreas de desenvolvimento e aprendizagem pode ser muito significativo no sentido de encorajar as crianças a tomar consciência dos conhecimentos sociais que são desenvolvidos durante o jogo e as brincadeiras, os quais podem ser usados para ajuda-las no desenvolvimento de uma compreensão positiva da sociedade e na aquisição de habilidades.

Nas palavras de Moyles (2002, p.71):

Até crianças bem pequenas são claramente capazes de fazer muitas perguntas do tipo “por que”, e isso nos dá certa indicação de que, com um pouco de ajuda e encorajamento para utilizar suas experiências ainda limitadas, há respostas que a própria criança pode descobrir.

Portanto, para que o lúdico auxilie na construção do conhecimento faz-se necessário que o docente direcione toda a atividade e estabeleça os objetivos fazendo com que a brincadeira tenha um caráter pedagógico e não uma mera brincadeira, propiciando, assim, interação social e o desenvolvimento de habilidades intelectivas. De acordo com Kishimoto (1996, p. 95) “o jogo não pode ser visto, apenas, como divertimento ou brincadeira para desgastar energia, pois ele favorece o desenvolvimento físico, cognitivo, afetivo, social e moral.”

Desse modo, é relevante a aplicação das brincadeiras e dos jogos no processo ensino pedagógico, à frente de conteúdos que podem ser instruídos por intermédio de atividades lúdicas em que as crianças entram em contato com diferentes atividades, manuseando vários materiais, tais como jogos educativos, os didáticos, os jogos de construção e os apoios de expressão. De acordo com Friedmann (1996, p. 17) “através do jogo a criança fornece informações, e o jogo pode ser útil para estimular o desenvolvimento integral da criança e trabalhar conteúdos curriculares.”

Nessa perspectiva, os estudos sobre a atividade lúdica no contexto educacional apontam o jogo como um recurso pedagógico que possibilita o desenvolvimento de determinadas áreas e a promoção de aprendizagens específicas.

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Nas palavras de Kishimoto (1996, p.78):

Desta maneira, as situações de jogo são consideradas como parte das atividades pedagógicas, porque são elementos estimuladores do desenvolvimento. Sendo assim, o jogo é elemento do ensino apenas como possibilitador de colocar em ação um pensamento que ruma para uma nova estrutura. O jogo, ainda segundo essa concepção, deve ser usado na educação matemática obedecendo a certos níveis de conhecimento dos alunos tidos como mais ou menos fixos.

O brincar é uma atividade contínua na vida de toda criança, algo que lhe é natural e muito significativo para o seu desenvolvimento. As brincadeiras, para a criança, estabelecem atividades exploratórias que trazem grandes benefícios do ponto de vista físico, intelectual e social e a maneira como a mesma brinca reflete sua forma de pensar e agir.

Nas palavras de Moyles (2002, p.36):

O brincar “aberto”, aquele que poderíamos chamar de verdadeira situação de brincar, apresenta uma esfera de possibilidades para a criança, satisfazendo suas necessidades de aprendizagem e tornando mais clara a sua aprendizagem explícita.

A capacidade de brincar possibilita às crianças um espaço para resolução dos problemas que as rodeiam. As crianças, por intermédio da brincadeira, experimentam e simbolizam o mundo real, físico, por meio do lúdico. O brincar faz- de-conta, especialmente envolvendo o uso da linguagem auxilia a explorar os conceitos e imagens criados dentro da criança, podendo ajudar a aprender alguma situação sem vivencia-la por si mesma.

Nas palavras de Moyles (2002, p.83):

As crianças criam e recriam constantemente ideias e imagens que lhes permitem representar e entender a si mesmas e suas ideias sobre a realidade. Isso pode ser percebido em suas conversas, desenhos, pinturas, artesanatos, design, música, dança, teatro e, evidentemente no brincar.

Através das atividades lúdicas, a criança representa muitas situações vividas em seu cotidiano, as quais, pela imaginação e pelo faz-de-conta, são reelaboradas. A brincadeira lúdica vem amplificando sua importância, deixando de ser um simples divertimento e tornando-se uma ponte entre a infância e a educação.

Nas palavras de Vygotsky (1984, p.118):

Sendo a brincadeira muito mais a lembrança de alguma coisa que realmente aconteceu, do que uma situação imaginária nova. À medida que a brincadeira se desenvolve, observamos um movimento em direção a realização consciente de seu propósito.

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Assim, o brincar constitui-se em uma atividade que coloca à disposição do educador e do educando questões do cotidiano que envolvem as relações sociais. O resgate da memória da infância, suas relações familiares, a visão que a criança tem de sua própria vida real são conteúdos férteis para ser trabalhados, pois coloca em ação pensamentos, imaginação, raciocínio, memória, sentimentos, resolução de conflitos, entre outros aspectos.

O faz-de-conta infantil é uns dos meios de brincar mais saudáveis para o desenvolvimento da criança, razão pelo qual deve ser tratado e amparado com seriedade, atribuindo uma função relevante no ato de brincar e na constituição do pensamento infantil. É brincando e jogando que a criança demonstra seu estado cognitivo, visual, auditivo, tátil, motor, modo de aprender e entrar em uma relação cognitiva com o mundo.

Nas palavras de Kishimoto (2008, p.36):

Ao permitir a ação intencional (afetividade), a construção de representações mentais (cognição), a manipulação de objetos e o desempenho de ações sensório-motoras (físico) e as trocas nas interações (social), o jogo contempla várias formas de representação da criança ou suas múltiplas inteligências, contribuindo para a aprendizagem e o desenvolvimento infantil.

As atividades lúdicas têm objetivos diversos, usadas para divertir, outras vezes para socializar, promover a união de grupos e, num enfoque pedagógico, serve como instrumento para transmitir conhecimentos. De acordo com Moyles (2002, p.41): “acima de tudo, o brincar motiva. É por isso que ele proporciona um clima especial para a aprendizagem.”

Desse modo, pode-se dizer que, situações lúdicas elaboradas pelos docentes com o objetivo de estimular aprendizagens específicas caracterizam a dimensão educativa do jogo, que atende às necessidades e potencialidades da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental.

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