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2 OBJETIVOS

5.4 Cálculo das emissões de GEEs da bovinocultura

O cálculo das estimativas de emissões de GEE da pecuária de corte das propriedades seguiu a base metodológica descrita nos relatórios de referência publicados para os anos 1990-2005 e 2006-2012 do II Inventário Brasileiro para o setor Agropecuário, os quais incorporam informações e dados atualizados para as diferentes fontes de emissões (MCT, 2014).

A metodologia adotada pelo MCT (2014) obedece as Diretrizes Revisadas de 1996 do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC) ou, de forma abreviada, Guidelines (1996), complementados pelo Guia de Boas Práticas e Gerenciamento de Incertezas em Inventários Nacionais de Gases de Efeito Estufa.

5.4.1 Cálculo das emissões de metano por fermentação entérica

Foram considerados dados de população animal declarada no último exercício pelos proprietários (dezembro de 2015), a partir da qual se prospectou a evolução de rebanho para o corrente ano. Assim, a base de cálculo foram os respectivos quantitativos médios de estoques animais das propriedades, ponderação necessária, pois durante o ciclo anual ocorrem nascimentos, mortes, descartes e comercialização intrínsecos a cada fase de produção.

Estabelecida a quantidade total de rebanho médio, as emissões de metano foram calculadas com base nos valores encontrados por Berndt (2010) para o fator de emissão do CH4/animal amparado em uma consolidação de trabalhos realizados no Brasil, que considerou os diversos tipos de pastagens (gêneros Braquiária e Panicum) e manejo alimentar. Este fator foi estimado em 51,5 kg CH4.animal.ano-1 e embasou o cálculo da quantidade de CH4 emitida em kg CO2 eq.ano-1.

5.4.2 Cálculo das emissões diretas de N2O pelo uso de fertilizantes sintéticos nitrogenados Estas emissões foram calculadas a partir das quantidades utilizadas em adubos nitrogenados informados (estimativas), considerado o conjunto de propriedades. Utilizou-se a equação para cálculo das emissões Diretas de Solos Agrícolas (MCT, 2014), abaixo:

N-N2Odireta = [(FSN + FAM + FBN + FCR) × EF1] + (FOS × EF2) (4) Onde:

N-N2Odireta: é a emissão direta anual de N2O dos solos agrícolas em unidades de N;

FSN: é a quantidade anual de N como fertilizante nitrogenado aplicada ao solo, descontadas as quantidades de N que volatizam NH3 e NOX;

FAM: é a quantidade anual de N em estercos animais, intencionalmente aplicada ao solo, descontadas as quantidades de N que volatizam como NH3 e NOX;

FBN:é a quantidade de N fixado biologicamente por cultura a cada ano;

FCR: é a quantidade de nitrogênio em resíduos de colheita que retornam anualmente ao solo;

FOS: é a área de solos orgânicos cultivados anualmente;

EF1: é o fator de emissão direta de N2O aplicado às quantidades de N adicionadas aos solos (FSN, FAM, FBN e FCR), em kg N-N2O por kg N adicionado;

Os pecuaristas não souberam informar com exatidão as quantidades anuais de dejetos aplicados ao solo como adubo (FAM), o que prejudicou o cálculo desta fonte. Com base nos dados observados na visita in loco, considerou-se a ausência de cultivos orgânicos e que os cultivos agrícolas em ILP são destinados totalmente à alimentação animal. Assim, a equação 4 ficou reduzida à:

N-N2Odireta = FSN × EF1 (5) Considerando que as quantidades de N como fertilizantes aplicadas ao solo, devem ser ajustadas em função das quantidades volatilizadas de NH3 e NOx, a obtenção do valor de FSN, foi efetuada pela equação 6:

FSN = NFERT × (1- FracGASF) (6) Onde:

FSN: é a quantidade anual de N como fertilizante nitrogenado aplicada ao solo, descontadas as quantidades de N que volatilizam como NH3 e NOx;

FracGASF: é a fração do N aplicado que volatiliza na forma de NH3 e NOx. De acordo com o Guidelines (1996), sendo o fator default para FracGASF é 0,10. Significa que 10% do N adicionado como fertilizante é volatilizado como NH3 e NOx.

5.4.3 Cálculo das emissões de N2O por dejetos animais depositados diretamente na pastagem (N2O-N(mm))

A emissão de N2O dos dejetos depositados diretamente na pastagem foi obtida através da equação 7 (MCT, 2014):

N2O – N(mm) = FP × EF3 (7) Sendo:

FP: a quantidade anual de N excretado diretamente na pastagem; e

EF3: o fator de emissão direta para pastagens (N emitido via N20 em relação ao N aplicado via dejeto), que é de 0,02 (tanto em urina quanto em esterco, segundo sugerido pelo IPCC).

Observe-se que o termo dejeto ou esterco foi usado coletivamente para fezes e urina (sólidos e líquidos) produzidos pela pecuária. Para o cálculo de FP considerou-se a produção

de dejetos líquidos e sólidos produzidas diariamente pelos bovinos segundo proporções deduzidas por Imoff (1998) e correspondentes a 23 e 12 kg/animal, respectivamente.

Também foram levadas em consideração as proporcionalidades de N excretado pelo rebanho médio em kgN/animal/ano de acordo com a faixa etária descrita no Quadro 12.

Quadro 12- Quantidades de nitrogênio excretadas por bovinos de corte.

Categoria animal Idades (anos) Nex (kgN/animal/ano)

Bovinos de corte

< 1 12

De 1 a 2 24

>2 40

Fonte: (MCT&I, 2014).

Nota: Nex é a quantidade de Nitrogênio excretada em kgN/animal/ano. Embora os pecuaristas utilizem o esterco animal como adubo, as quantidades anuais utilizadas não são contabilizadas pelos mesmos. Por este motivo foram estimadas apenas as emissões indiretas pelo uso de adubos nitrogenados.

5.4.4 Cálculo das emissões indiretas pelo uso de fertilizantes sintéticos nitrogenados. Para o cálculo das emissões indiretas foi utilizada a equação 8 (MCT&I, 2014): N - N2Oindireta= N2O (G) × N2O (L) (8) Considerando-se que:

N - N2Oindireta: é a emissão indireta anual de N2O de solos agrícolas em unidades de N;

N2O (G): é a emissão de N2O do N volatizado de fertilizantes sintéticos e dejetos animais usados como adubo que posteriormente se depositam no solo;

N2O(L): é a emissão de N2O do N lixiviado de fertilizantes e dejetos animais usados como adubo (se for o caso).

Pelas razões já expostas, foram desconsideradas as frações N2O(G) de dejetos animais usados como adubo que posteriormente se depositam no solo, assim como as N2O (L) de dejetos animais usados como adubo.

Portanto, a deposição atmosférica de N volatizado foi calculada com base na equação 9, onde (MCT&I, 2014):

N2O(G) = [NFERT × FRAC GASF + (∑T(N(T) × NexGASM] × EF4 (9) Sendo, o fator de emissão default do EF4 igual a 0,01 kg N2O-N / kg NH3-N e NOX-N volatizado.

Já o nitrogênio lixiviado e perdido por escorrimento superficial foi estimado através da equação 10:

N2O(L) = [NFERT+ (∑T(N(T) × Nex(T)))] × FracLEACH × EF5 (10) Assumindo-se que:

NFERT: é a quantidade de N na forma de fertilizantes aplicados ao solo;

(∑T(N(T) × Nex(T))): é a quantidade de N excretada pelos animais;

FracLEACH: é a fração do N perdida por lixiviação e escorrimento superficial equivalente a 0,30;

EF5: é o fator de emissão específico de valor igual a 0,025 kg N2O-N/kg N lixiviado ou escorrido.