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2 OBJETIVOS

6.3 Barômetro da Sustentabilidade dos sistemas de criação

6.3.1 Fase de Cria

Representando 18% do total, as fazendas que desenvolvem a fase de cria (n=3) atingiram índices potencialmente insustentáveis (90%) e insustentável (10%), conforme apresentado na Tabela 12 e Figura 21. É válido mencionar que entre esses estabelecimentos

estão dois onde foram encontrados indícios de trabalho análogo ao escravo e uso múltiplo de EPIs já mencionados anteriormente, fatos estes, que contrariam a portaria SDH No 2/2011 Interministerial do MTE e a NR 31, respectivamente.

Observadas as dimensões produtivo-econômicas, os indicadores que mais representaram fragilidades foram produtividade, preço médio pago ao produtor, relação custo/receita e lucratividade. A existência de controles gerenciais pouco eficientes, no que tange o detalhamento de custos anuais despendidos com a atividade é refletida nos baixos resultados dos indicadores de custo, cuja adoção não é da rotina dos pecuaristas.

Sobre as questões sociais, indicadores como a remuneração, condições/jornada de trabalho e nível de satisfação dos colaboradores representam evidentes vulnerabilidades no contexto da atividade como um todo. Normalmente, o trabalhador rural no cotidiano da fazenda é demandado para múltiplas atividades que podem extrapolar suas jornadas de trabalho. Além destes serviços não estarem formalmente detalhados em acordo de trabalho, a qualidade de vida pode ser comprometida tanto pela remuneração incompatível com o esforço de trabalho quanto pela sensação de desvalorização profissional.

Ambientalmente, o nível de sustentabilidade variou do intermediário ao potencialmente sustentável, entretanto, limitado ao atendimento exclusivo dos requisitos contidos no Código Florestal. Por outro lado, há deficiências quanto à necessidade de coleta de lixo na área rural, assim como de uma análise integrada e relativa de indicadores como taxa de lotação, grau de eficiência da exploração e grau de utilização da terra; sendo estes dois últimos utilizados para medir o cumprimento da função social da propriedade, explícita no Estatuto da Terra.

De acordo com o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504/64, o artigo 2º, §1º) a propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social quando, simultaneamente: favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, assim como de suas famílias; mantém níveis satisfatórios de produtividade; assegura a conservação dos recursos naturais e observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre os que a possuem e a cultivam.

Portanto, a necessidade de análise relativa citada anteriormente está no fato de existir situações em que as taxas de lotação estejam acima da real capacidade de suporte das pastagens e que o Grau de Eficiência da Exploração (GEE) e Grau de Utilização da Terra (GUT) indiquem o paradigma de cumprimento da função social de um determinado imóvel. Ou seja, cumpre a função social sob este aspecto isolado, mas também degrada o pasto pelo excesso de carga animal, dificulta o alcance de bons resultados econômicos que,

consequentemente, podem trazer impactos igualmente deletérios para a matriz social. Deste modo, surge a imprescindibilidade de se ponderar as realidades das práticas produtivas efetivamente realizadas quanto às condições de uso e manejo das pastagens, cujos indicadores podem estar suscetíveis a uma sustentabilidade aparente.

De forma análoga, embora o sistema de abastecimento de água esteja garantido em todas as propriedades para suprir demandas de qualidade de vida humana e dessedentação animal, o uso incontrolado somado à inexistência de outorgas de recursos hídricos impediu a quantificação das estimativas de volumes totais captados da natureza (vazão diária dos pontos de captação em m3) e que deveriam fazer parte da contabilização do consumo deste ativo natural.

Tabela 12- Barômetro da sustentabilidade das propriedades que desenvolvem a fase de cria.

Taxa de natalidade (%) 90 85 80 80 60 40 potencil. Sust. intermediário potencil. Insust. Taxa de mortalidade média (%) 2 2 2 75 75 75 potencil. Sust. potencil. Sust. potencil. Sust. Relação vaca/touro 25 30 30 0 20 20 insustentável insustentável insustentável Descarte M atriz (%) 8 10 12 70 50 30 potencil. Sust. intermediário potencil.insust. Descarte touro (%) 10 5 8 0 100 40 insustentável sustentavel potencil.insust. Idade a 1a reprodução (meses) 30 24 30 50 100 50 intermediário sustentavel intermediário Tx média de prenhez (%) 92 87 90 88 68 80 sustentavel potencil. Sust. potencil.sust. Taxa de desmame (%) 82 80 90 52 44 81 intermediário intermediário sustentavel Idade ao desmame (meses) 8 7 8 0 25 0 insustentável potencil.insust. insustentável Peso ao desmame (kg) 240 220 240 100 67 100 sustentavel potencil.sustent. sustentavel Produtividade/ha (@/ha) 6,9 5,3 2,8 22 14 0 potencil. Insust. insustentável insustentável

49 57 47 intermediário intermediário intermediário ECONÔMICOS

Preço médio pago ao produtor (@) 130 128 130 8 0 8 insustentável insustentável insustentável Relação custo/receita (%) 73 84 89 33 11 1 potencil.insust. insustentável insustentável Custo produção/ha 677 775 343 69 61 97 potencial.sustent. intermediário sustentavel Custo produção/@ 98 145 122 101 0 48 sustentavel insustentável intermediário Custo médio intensificação/ha 149 101 56 100 48 0 sustentavel intermediário insustentável Custo conserv pasto/ha (R$/ha): 130 90 70 100 33 0 sustentavel potencil.insust. insustentável M argem Bruta (R$)/ha 251 152 44 100 52 0 sustentavel intermediário insustentável Lucratividade (%) 27 16 11 46 18 5 intermediário insustentável insustentável

70 28 20 potencil.sustent. potencil.insust. insustentável S OCIAIS

Rend. M ensal médio (nosalários.) 1,2 1,2 0,9 33 33 0 potencil.insust. potencil.insust. insustentável

Tempo médio de permanência no empre 3 10 3 22 100 22 potencil.insust. sustentavel potencil.insust. % de part. Treina formal (ao menos

1/ano) 100 90 50 100 80 0 sustentavel potencil.sustent. insustentável Taxa de alfabetização (%) 100 90 100 100 50 100 sustentavel intermediário sustentavel Número cabeças de gado/vaqueiro 400 700 1000 100 50 0 sustentavel intermediário insustentável Dias de trabalho/semana 6 6,5 6,5 71 36 36 potencil.sustent. potencil.insust. potencil.insust. Horas de trabalho de trabalho/dia 8 8 8 67 67 67 potencil.sustent. potencil.sust. potencil.sust. Acesso a sistema de abastecimento de ág100 100 100 100 100 100 sustentavel sustentavel sustentavel Eletricidade (%) 100 100 100 100 100 100 sustentavel sustentavel sustentavel Número de acidentes de trabalho/ano 1 1 3 100 100 50 sustentavel sustentavel sustentavel Nível satisfação funcionários (%) 40 40 20 39 39 19 potencil.insust. potencil.insust. insustentável

76 69 45 potencil.sustent. potencil.sustent. intermediário 65 51 37 potencil sust intermediário potencil.insust. AMBIENTAIS

Acesso à coleta de lixo (%) 1 1 1 0 0 0 insustentável insustentável insustentável Acesso à esgotamento sanitário (%) 100 100 100 100 100 100 sustentavel sustentavel sustentavel Tamanho médio dos piquetes (ha) 19 25 50 90 84 58 sustentavel sustentavel intermediário Área destinada à Reserva legal (%) 72 42 25 89 52 32 sustentavel intermediário potencil insust Grau de Eficiência da Exploração (%) 100 100 100 100 100 100 sustentavel sustentavel sustentavel Grau de Utilização da Terra (%) 60 80 80 0 50 50 insustentável intermediário intermediário

63 64 57 potencil.sustent. potencil.sustent. intermediário

Índices

Índices

VII IX

VII

Índices

BEM-ES TAR AMBIENTAL DIMENS ÕES e INDICADORES

PRODUÇÃO

BEM-ES TAR HUMANO

Valores Reais Barômetro III VII IX III

S IS TEMA DE CRIA (N=3)

Nível de S ustentabilidade III

IX

Fonte: dados da pesquisa, 2016.

Nota: Os valores reais representam o resultado dos indicadores obtidos, segundo o número de ordem de cada propriedade (III, VII e IX). O mesmo ocorre para as colunas “Barômetro” e “Nível de Sustentabilidade”.

Os resultados da análise fatorial contidos no Apêndice M permitiram identificar a composição do conjunto de indicadores (variáveis) em dois fatores, sendo o Fator 1 interpretado como “Gestão dos Meios de Produção” e o Fator 2 “Mercado”. O fator que sugere uma maior necessidade de “Gestão dos Meios de Produção” é responsável por 66,46% da variância explicada e o Fator 2 “Mercado”, por 33,53%. Estes fatores são representados pelos seguintes indicadores:

 O Fator 1: Produtividade/ha (@/ha); Relação custo/receita (%); Custo conservação de pasto/ha (R$/ha); Rendimento mensal médio (número de salários.); Número cabeças de gado/vaqueiro; Dias de trabalho/semana; Tamanho médio dos piquetes (ha); Área destinada à Reserva legal (%); Grau de Eficiência da Exploração (%); Taxa de natalidade (%); Relação vaca/touro; Nível satisfação funcionários e Percentual de participação em treina formal (ao menos 1/ano).

 O Fator 2: Preço médio pago ao produtor (@);Tempo médio de permanência no emprego (anos); Idade a 1a reprodução (meses) e Taxa de alfabetização (%).

O Fator 1 envolveu todas as dimensões estudadas. Entretanto, é interessante notar a predominância de variáveis (indicadores) sociais que podem sofrer impactos (positivos ou negativos) resultantes das correlações entre o trabalho humano e natureza, a partir de decisões gerenciais em cenários de bons e maus resultados. Adicionalmente, o Fator 2, que envolveu variáveis das dimensões econômica, de produção e social, auxiliando na explicação de impactos correlacionados à dinâmica de mercado que influenciam os preços médios pagos ao produtor (Lei de oferta e demanda). Por conseguinte, tem impactos na geração de renda do produtor (sinônimo da quantidade de vacas em reprodução) e que traz reflexos sua condição financeira, podendo ou não fomentar a melhoria da qualidade de vida e respeito às relações trabalhistas e seus empregados.