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2 OBJETIVOS

6.3 Barômetro da Sustentabilidade dos sistemas de criação

6.3.5 Fase de engorda isolada

As propriedades envolvidas com a fase de engorda isolada (n=3, 18%) alcançaram graus de sustentabilidade variando do intermediário ao potencialmente sustentável (Tabela 16 e Figura 21). A dimensão produtiva apresentou vulnerabilidade para os indicadores idade média de abate e peso média de venda, caracterizando um padrão, pois o peso em torno de 22@ se apresentou como uma realidade restrita aos estabelecimentos onde se realizam integrações agrossilvipastoris e investimentos em genética animal (animais mais precoces).

A escala de produção é um fator que ganha evidência nas fases de recria-engorda e engorda isolada, onde a proporcionalidade do retorno econômico também é função direta da escala produtiva, ou seja, da quantidade de estoque de rebanho submetido a este ciclo. Isto pode gerar divergências em termos de uma produtividade ideal fazendo com que níveis de sustentabilidade oscilem conforme os limites mínimos e máximos alcançados pelas propriedades, aqui utilizadas para fins comparativos.

O caso do indicador produtividade dos estabelecimentos que realizam a fase de engorda (n=3) é um exemplo disto, onde a margem mínima de 44@/ha foi classificada como insustentável se comparada aos limites das demais propriedades cujas infraestruturas permitem o apascentamento de uma maior quantidade de rebanho por ciclo. Mas se esta mesma propriedade for comparada a uma de menor capacidade infraestutural, seria possível que seu status desfavorável se modificasse para um mais sustentável, pois o valor deste indicador passaria a ser o limite máximo.

Assim, a tríade produtividade-margem bruta-lucratividade também depende da eficiência em custos, do tempo de engorda e atratividade de valores de comercialização, normalmente encontrada no período da entressafra, mas ainda aquém de uma equiparação aos valores pagos nos principais mercados do país. A taxa de mortalidade nos níveis encontrados não parece ser um limitador, mas se associada a períodos de estiagem prolongados como foi vivenciado pelos pecuaristas no ano de 2015, pode expor aos riscos de prejuízos econômicos pela escassez de alimento.

No que se refere à dimensão social a taxa de alfabetização apresentou-se com vulnerabilidade em 66% dos imóveis, sendo associada diretamente com o desconhecimento dos direitos trabalhistas, entraves para crescimento profissional e não participação em treinamentos custeados pelos pecuaristas. Ambientalmente, ficou configurada a necessidade de elevação do nível de capacidade de suporte das pastagens disponíveis e cumprimento da função social dos imóveis, assim como da regularização de passivo de RL apontado para uma das propriedades.

Tabela 16- Barômetro da Sustentabilidade das propriedades que desenvolvem as fases de engorda.

Taxa de mortalidade média (%) 0,5 0,2 0,2 94 100 100 sust. sust. sust. Tempo de engorda (meses) 12 12 12 100 100 100 sust. sust. sust. Idade média abate (meses) 36 36 36 0 0 0 insust. insust. insust. Peso médio venda (@) 18 18 18 33 33 33 pot.insust pot.insust pot.insust Produtividade/ha (@/ha) 44 95 60 0 100 31 insust. sust. pot.insust

45 67 53 interm. pot.sust. interm.

ECONÔMICOS

Preço médio pago ao produtor (@) 130 132 130 8 16 8 insust. insust. insust. Relação custo/receita (%) 64 67 73 31 22 5 pot.insust pot.insust insust. Custo produção/ha 1989 5583 2689 100 0 81 sust. insust. sust. Custo produção/@ 45 59 45 100 2 100 sust. insust. sust. Custo médio intensificação/ha 32 79 78 0 100 98 insust. sust. sust. Custo conserv pasto/ha (R$/ha): 100 53 120 72 7 100 pot.sust insust. sust. M argem Bruta (R$)/ha 1108 2705 988 7 100 0 insust. sust. insust. Lucratividade (%) 36 33 27 97 63 0 sust. pot.sust. sust.

52 39 49 interm. pot.insust interm.

S OCIAIS

Rend. M ensal médio (nosalários.) 1,5 1,5 1,5 67 67 67 pot.sust. pot.sust. pot.sust

Tempo médio de permanência no emprego (anos) 8 10 8 78 100 78 post.sust. sust. pot.sust. % de part. Treina formal (ao menos 1/ano) 100 100 100 100 100 100 sust. sust. sust. Taxa de alfabetização (%) 80 80 90 0 0 50 insust. insust. interm. Número cabeças de gado/vaqueiro 400 600 300 86 57 100 sust. interm. sust. Dias de trabalho/semana 6 7 6 71 0 71 pot.sust. insust. pot.sus Horas de trabalho/dia 8 8 8 67 67 67 pot.sust pot.sust pot.sust Acesso a sistema de abastecimento de água (%) 100 100 100 100 100 100 sust. sust. sust. Eletricidade (%) 100 100 100 100 100 100 sust. sust. sust. Número de acidentes de trabalho/ano 1 2 1 100 75 100 sust. pot. Sust. sust. Nível satisfação funcionários 60 60 40 60 60 39 interm. interm. pot.insust.

75 66 79 pot.sust. pot.sust. pot.sust.

58 57 60 interm. interm. interm.

AMBIENTAIS

Acesso à coleta de lixo (%) 1 100 1 0 100 0 insust. sust. sust. Acesso à esgotamento sanitário (%) 100 100 100 100 100 100 sust. sust. sust. Tamanho médio dos piquetes (ha) 25 15 15 84 95 95 sust. sust. sust. Área destinada à Reserva legal (%) 63 15 69 78 18 86 pot.sust. insust. sust. Grau de Eficiência da Exploração (%) 99 53 100 97 14 100 sust. insust. sust. Grau de Utilização da Terra (%) 75 100 60 38 100 0 pot.insust sust. insust.

66 71 63 interm. pot.sust. interm.

DIMENS ÕES e INDICADORES

Valores reais Barômetro

PRODUÇÃO II IV

BEM-ES TAR AMBIENTAL

XIV II IV

BEM-ES TAR HUMANO

Índices S IS TEMA DE ENGORDA (N=3) Nível de sustentabilidade II IV XIV XIV Índices Índices

Fonte: dados da pesquisa, 2016

Nota: Os valores reais representam o resultado dos indicadores obtidos, segundo o número de ordem de cada propriedade (II, IV e XIV). O mesmo ocorre para as colunas “Barômetro” e “Nível de Sustentabilidade”.

De acordo com os resultados da análise fatorial contidos no Apêndice Q, a composição do conjunto de indicadores (variáveis) foi agrupada em dois fatores. O Fator 1. que explica 62,10% da variância, foi interpretado como “Custo de oportunidade”. O Fator 2 foi caracterizado como “Otimização do uso da terra” e obteve participação de 37,90% na explicação da variância. Estes fatores são representados pelos seguintes indicadores:

 O Fator 1: Taxa de mortalidade média (%); Idade média abate (meses); Peso médio venda (@); Produtividade/ha (@/ha); Preço médio pago ao produtor (@); Relação custo/receita (%); Custo produção/@; Rendimento Mensal Médio (no de salários.); Número cabeças de gado/vaqueiro; Tamanho médio dos piquetes (ha) .

 O Fator 2: Custo produção/ha; Custo conservação pasto/ha (R$/ha); Dias de trabalho/semana; Área destinada à Reserva legal (%).

A fase de engorda isolada, por ser de ciclo curto (até 1 ano) e também permitir de dois até três ciclos anuais (terminação de bovinos) associada aos sistemas integrados de produção (ILP) normalmente representam melhor custo de oportunidade para o produtor se comparada às demais fases de produção da bovinocultura de corte. Estes argumentos podem se amparar na evidência do Fator 1 envolver predominantemente covariância de indicadores das dimensões econômica e de produção em detrimento aos da dimensão socioambiental. Complementarmente, o Fator 2 evidencia igualmente a “Otimização do uso da terra”,

reforçando a ideia de alavancagem da produção a partir de investimentos infraestruturais, em formação e manutenção de pastagens para evitar abertura de novas áreas.