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A Câmara dos Deputados preferiu seguir o modelo adotado no Poder Executivo,

Capítulo VIII da denúncia Evasão de divisas Execução das remessas pelo chamado “núcleo publicitário-financeiro” Ausência de

III. 1 – Câmara dos Deputados

9 A Câmara dos Deputados preferiu seguir o modelo adotado no Poder Executivo,

que consistia na avaliação da melhor técnica. Os critérios de julgamento adotados foram os determinados pela IN/SECOM/PR nº 07/95 para os órgãos do Poder Executivo, quais sejam: capacidade de atendimento, repertório, relatos de soluções de problemas de comunicação e plano de comunicação, o qual se subdividia em raciocínio básico, estratégia de comunicação publicitária, idéia criativa e estratégia de mídia. Sua avaliação é subjetiva, abrindo possibi-

lidades de direcionamento.

(...)

12 Quando da fase de habilitação, vale registrar que a empresa SMP&B apresentou

atestado de capacidade técnica com texto idêntico ao objeto do edital, fornecido pelo Siste-

ma Financeiro Rural, do Grupo Rural.

(Fl. 32 – Vol. 1.)

Além disso, apontam-se indícios de irregularidades também na execução do Contrato 2003/210.0, celebrado com a SMP&B Comunicação Ltda. após o resul- tado favorável na Concorrência 11/03.

Conforme relatório de auditoria acostado à denúncia, João Paulo Cunha autorizou a subcontratação de nada menos que 99,98% do objeto do Contrato 2003/210.0, apesar de existirem vedações expressas a essa prática na Lei 8.666/93, no Regulamento dos Procedimentos Licitatórios da Câmara dos Depu- tados e no edital da Concorrência 11/03.

Do mesmo modo, entendo que o precedente firmado por esta Corte quando do julgamento da AP 307 em nada invalida o que é apresentado na denúncia ora em análise.

Transcrevo a seguir importante trecho do voto condutor do Ministro Ilmar Galvão, Relator da AP 307, quando do julgamento final da ação penal:

Assim, para configuração do crime do art. 317 do Código Penal, a atividade visada pelo suborno há de encontrar-se abrangida nas atribuições ou na competência do funcionário que a realizou ou se comprometeu a realizá-la, ou que, ao menos, se encontre numa relação funcional imediata com o desempenho do respectivo cargo, assim acontecendo sempre que a realização do ato subornado caiba no âmbito dos poderes de fato inerentes ao exercício do cargo do agente.

(Fl. 2203.)

Do trecho acima transcrito é possível verificar que, no caso da AP 307, esta Corte concluiu que o ato de ofício a ser praticado ou omitido, ato este que deveria estar dentro das atribuições do então Presidente da República, não havia sido demonstrado.

é o que consta do seguinte trecho do voto do eminente Ministro Celso de Mello, na referida ação penal:

Por tais razões, o eminente Ministro Revisor concluiu, com acerto, o seu voto, absolvendo, com fundamento no art. 386, III, do Código de Processo Penal, Fernando Affonso Collor de Mello e Paulo César Cavalcante Farias da imputação de corrupção passiva pertinente ao episódio Vasp/Petrobras, por simplesmente não constituir esse fato infração penal tipificada em lei, consideradas as razões anteriormente mencionadas pertinentes à ausência, no caso, de requisito típico essencial: a referência objetiva e concreta, na denúncia, a um específico ato funcional pertencente à esfera de competência do Presidente da República.

Quanto ao episódio Mercedes-Benz/Curió, constatou-se que o Ministério Público em sua denúncia, ao deduzir a imputação penal pelo crime de corrupção passiva, nenhuma refe- rência fez a qualquer ato de ofício imputável à esfera de atribuições funcionais do Presidente da República.

(Fls. 2676-2677.)

Ocorre que, no caso ora em análise, a denúncia é suficientemente clara ao demonstrar os atos de ofício, potenciais ou efetivos, inseridos na competência do denunciado João Paulo Cunha, na condição de Presidente da Câmara dos Deputados. Tanto a autorização para a subcontratação do objeto dos contratos firmados com a SMP&B quanto a designação da comissão especial de licitação para acompanhar o mencionado processo licitatório são exemplos de atos de ofício efetivamente praticados pelo denunciado João Paulo Cunha na qualidade de Presi- dente da Câmara dos Deputados (v. documentos constantes do apenso 84). Cito, por exemplo, entre inúmeras outras, as seguintes autorizações assinadas pelo denunciado João Paulo Cunha, constantes do apenso 84:

Por esses motivos, autorizo a contratação dos serviços de consultoria da “Ucho Carvalho Comunicações e Propaganda”, com a finalidade de desenvolver a adequação da identidade visual da TV Câmara, ao custo de R$ 58.800,00 (cinqüenta e oito mil e oitocentos reais), já incluídos os honorários da agência SMP&B Comunicação Ltda., conforme contrato nº 2003.204.0, nos termos da instrução do processo. [Assinado pelo acusado em 6-4-04.]

Por esses motivos, e tendo em vista o resultado da consulta ao mercado realizada pela Agência SMP&B, Autorizo a contratação da empresa Ucho Carvalho Comunicações e Propa- ganda para a realização do projeto, no valor total de R$ 110.250,00 (cento e dez mil duzentos e cinqüenta reais), que já inclui a comissão de 5% da agência, conforme contrato nº 2003.204.0, firmado com a SMP&B. [Assinado pelo acusado em março de 2004.]

Por esses motivos, autorizo a contratação da empresa Vox Populi Pesquisa e Projetos para a realização do projeto, no valor total de R$ 409.500,00 (quatrocentos e nove mil e quinhentos reais), que já inclui a comissão de 5% da Agência SMP&B, conforme contrato nº 2003/204.0. [Assinado pelo acusado em 29 de junho de 2004.]

Daí a necessidade de ser acolhida, em mero juízo de delibação, a imputação feita pelo Procurador-Geral da República, pois há elementos nos autos que apontam para a prática, potencial ou efetiva, de ato de ofício pelo denunciado João Paulo Cunha, atendendo, aparentemente, à exigência do tipo penal do art. 333.

Ademais, tais indícios são suficientes para conduzir ao desvendamento

de outros prováveis atos de ofício que o denunciado João Paulo Cunha possa ter praticado ou deixado de praticar, como contraprestação à suposta vanta- gem indevida recebida.

Note-se que os tipos penais da corrupção ativa e passiva não exigem para sua configuração a descrição pormenorizada do momento exato em que ocorreu o recebimento da suposta vantagem indevida, tampouco impõem a descrição minu- ciosa, cabal e antecipada de cada um dos “atos de ofício” praticados pelo funcionário público corrompido.

Nesse sentido, cito voto que proferi no HC 84.224 (Rel. p/ o ac. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 27-2-07), em que a Segunda Turma negou habeas corpus que pedia o trancamento de ação penal:

Da leitura que fiz acima, entendo não haver inépcia flagrante, que revele uma denúncia teratológica, como pretende indicar o Impetrante. é certo que a peça acusatória não prima pela boa técnica, já que promove a transcrição de longos e enfadonhos trechos de diálogos cifrados, bem como faz emergir notícias relativas a inúmeros fatos sem pertinência, como os que são imputados ao Paciente – que é a prática do delito de corrupção passiva. Entretanto, os termos da acusação são plenamente cognoscíveis, com aparente respaldo em documentos legitimamente apreendidos e em gravações telefônicas legalmente autorizadas, apontando o possível recebimento de vantagens indevidas (dinheiro, carro), em razão do cargo ocupado pelo Paciente – Subprocurador-Geral da República, atuante na área criminal junto ao Superior Tribunal de Justiça.

Ora, como entendeu a egrégia Segunda Turma desta Corte no precedente citado, é perfeitamente razoável entender-se que o recebimento de uma

quantia suspeita por parte de um funcionário público, quantia esta prove- niente de uma empresa concorrente em licitação em curso perante o órgão público em que esse mesmo agente público figura como autoridade máxima, tenha ocorrido em razão do cargo que ele detém, com vistas a influenciar o comportamento do funcionário em questão.

Outra objeção, argüida tanto por João Paulo quanto por Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e Rogério Tolentino, é a de que a denúncia não identificou quais- quer condutas particulares por eles perpetradas, limitando-se a incluí-los de forma genérica e impessoal no “grupo de Marcos Valério”.

Quanto ao denunciados Ramon Hollerbach e Cristiano de Melo Paz, estes figuram na denúncia como as pessoas que, juntamente com Marcos Valério, contro- lavam a SMP&B Comunicação Ltda., dirigindo as ações da referida pessoa jurí- dica e, supostamente, contribuindo para os crimes de autoria coletiva constantes do subitem “b.1” do item III.I da denúncia.

é certo que, nos crimes de autoria coletiva, nem sempre é possível indi-

vidualizar, com detalhes, a contribuição de cada co-autor para o crime,

especialmente quando se trata de delito praticado por intermédio de pessoa jurídica, cujos atos são dirigidos e controlados pelas pessoas físicas responsáveis pela sua administração.

A jurisprudência desta Corte, nos crimes de autoria coletiva, tem admitido

que seja recebida a denúncia, sem que a narrativa constante da peça acusa- tória contenha a descrição pormenorizada da conduta individual de cada partícipe, sob pena de inviabilizar a persecução penal e estimular a utilização de

pessoas jurídicas para a prática de atividades criminosas. é nesse sentido a juris- prudência desta Corte (HC 86.294, Rel. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJ de 3-2-06; HC 80.812, Rel. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, Segunda Turma, DJ de 5-3-04; HC 83.369, Rel. Min. Carlos Britto, Primeira Turma DJ de 21-10-03).

Assim, a prova mínima da suposta autoria dos crimes do art. 333 do

Código Penal imputada aos denunciados Ramon Hollerbach e Cristiano de

Melo Paz no subitem “b.1” do item III da denúncia deve ser aferida mediante

a análise de dois aspectos.

Primeiro, deve ser analisado se os denunciados acima mencionados possu- íam poder de gestão junto à sociedade empresária SMP&B Comunicação Ltda.

Numa segunda fase, deve ser perquirido se a sociedade SMP&B atuou de forma a contribuir para a consumação dos crimes de corrupção ativa narrados no capítulo da denúncia ora em análise (item III e seus subitens).

A resposta aos dois questionamentos acima é positiva, devendo ser recha-

çada a alegação de que estaria sendo atribuída responsabilidade objetiva aos

denunciados Ramon Hollerbach e Cristiano de Melo Paz.

Com efeito, há, nos autos, elementos concretos no sentido de que eles participavam efetivamente da gestão da SMP&B Comunicação Ltda., empresa esta que, segundo consta de denúncia, exercia grande parte das suas atividades utilizando-se de meios ilegais para obter facilidades junto ao governo federal.

O seguinte trecho da denúncia descreve a atuação dos referidos denunciados (fl. 5643):

Inicialmente, destaque-se que Marcos Valério montou uma intricada rede societária com o objetivo de tornar viável suas praticas criminosas.

Nesse diapasão, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz, como sócios de Marcos Valério nas empresas SMP&B Comunicação Ltda., Graffiti Participação Ltda. e DNA Propaganda, tiveram participação ativa nos crimes perpetrados.

Sobre esse ponto, é importante transcrever o seguinte trecho do elucidativo depoimento prestado por Marco Aurélio Prata, contador da empresa SMP&B Comunicação Ltda.:

(...) Respondeu: Que é o responsável pela contabilidade das empresas DNA Propagan-

da Ltda., SMP&B Comunicação Ltda., Grafiti Participações, Multiaction, MG5 Participa-

ções, Estratégia, 2S Participações, Solimões (antiga SMP&B Publicidade) e outras de cuja denominação não se recorda; (...) Que conheceu Marcos Valério através dos demais sócios da SMP&B Publicidade; (...) Que tais filiais foram abertas por questões de incentivos fiscais, uma vez que a alíquota do ISS cobrada em tal município partiu dos diretores das empresas;

Que todos os três sócios, a saber, Cristiano, Ramon e Marcos Valério, participavam das

decisões administrativas da SMP&B Comunicação e DNA Propaganda;

Em suas declarações, prestadas perante a Polícia Federal, o denunciado Cristiano de Melo Paz faz a seguinte afirmação (fls. 2253-2256):

(...) Que exercia função executiva apenas na SMP&B, sendo o presidente da empresa, onde cuidava das áreas de criação, planejamento e relacionamento com os clientes; Que inqui- rido a respeito dos empréstimos bancários realizados pelas empresas vinculadas a Marcos

Valério, declara não ter participado diretamente das negociações; Que Marcos Valério era o responsável pela negociação dos empréstimos com os bancos, pois era quem gerenciava toda parte financeira das empresas; (...)

Por outro lado, há fortes indícios da atuação do denunciado Cristiano

de Melo Paz na área das finanças da SMP&B Comunicação Ltda., conforme o seguinte trecho do depoimento do denunciado Romeu Queiroz (fls. 2125-2130):

Que em agosto de 2004 recebeu um contato telefônico do Sr. Cristiano Paz, sócio de Marcos Valério na SMP&B Publicidade; Que Cristiano Paz era o presidente da empresa;

Que neste contato Cristiano Paz disse ao declarante que a empresa Usiminas tinha dispo- nibilizado R$ 150.000,00 (cento e cinqüenta mil reais) de doação para diversas campanhas eleitorais municipais, de interesse do PTB; Que esses recursos foram destinados para diversos coordenadores de campanhas políticas em vinte municípios do Estado de Minas Gerais; Que

esses recursos não foram contabilizados pelo PTB, já que foram transferidos diretamente da SMP&B para os candidatos dos diversos municípios de Minas Gerais; (...) Que indicou a pessoa de Pauilo Leite Nunes para receber os valores mencionados acima no Banco Rural ao Sr. Cristiano Paz, Que não se lembra da data exata, mas pode afirmar que a indicação desse indivíduo ocorreu no mesmo dia que recebeu a ligação do Sr. Cristiano dizendo que o dinheiro estava disponível no Banco Rural; (...)

Some-se a isso o fato de que, no item II da denúncia, o Procurador-Geral da República argumentou de modo convincente e plausível no sentido de que os denunciados Marcos Valério, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e Rogério Tolentino – bem como Simone Vasconcelos e Geiza Dias – faziam parte do núcleo financeiro-publicitário da quadrilha, responsável, entre outras coisas, pela transferência periódica de vultosas quantias para as pessoas indicadas pelo núcleo central da mesma.

Assim, para evitar repetições desnecessárias, trago, como reforço de argu- mento, as considerações que serão feitas quando da análise dos itens IV, VI, VII e II da denúncia, ocasião em que examinarei mais detidamente os argumentos do Procurador-Geral da República de que os co-denunciados Marcos Valério Fernandes de Souza, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz operavam com unidade de desígnios

e mediante divisão de tarefas, com vistas ao cometimento de crimes contra o sistema

financeiro nacional e a administração pública.

João Paulo Cunha afirma em sua resposta que a suposta vantagem indevida por ele recebida destinava-se, na verdade, ao pagamento de dívidas de cam-

panha eleitoral, tendo sido disponibilizada pelo tesoureiro nacional do Partido

dos Trabalhadores, Delúbio Soares.

Quanto a essa objeção, observo que existem evidências robustas nos autos a indicar que o saque de altas quantias em dinheiro, naquela agência específica do Banco Rural, constituía o passo final de um suposto esquema de lavagem de

dinheiro montado por Marcos Valério Fernandes de Souza, Ramon Hollerbach,

Cristiano Paz e Rogério Tolentino em conluio com a cúpula do Banco Rural S.A. (ver análise do item II da denúncia, supra. Ver também o Relatório de Análise 191/06, p. 388-397 do apenso 81).

Além disso, sendo a corrupção passiva um crime formal, ou de consumação antecipada, é indiferente para a tipificação da conduta a destinação que o agente confira ou pretenda conferir ao valor ilícito auferido, que constitui, assim, mera fase de exaurimento do delito.

Ressalto também que, embora as irregularidades verificadas tanto no proce- dimento licitatório quanto no contrato deste decorrente estejam ainda em processo de investigação, basta, nesta fase preliminar, que a acusação contenha narrativa clara e que os elementos probatórios trazidos aos autos confiram respaldo mínimo às imputações constantes da mesma.

Pois bem. Sobre esse tópico da denúncia, extrai-se dos autos o seguinte: João Paulo Cunha teria recebido, em razão da condição de presidente da Câmara dos Deputados, vantagem indevida oferecida por Marcos Valério em nome dos também denunciados Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e Rogério Tolentino.

A vantagem ilícita cifrou-se em cinqüenta mil reais sacados pela sua esposa em agência do Banco Rural, utilizada inúmeras vezes como palco para semelhantes operações suspeitas, e teria como contrapartida o favorecimento da então licitante SMP&B Comunicação Ltda. no certame realizado na Câmara dos Deputados com vistas à contratação de agência de publicidade.

Assim, presentes os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal, e ausentes pressupostos negativos do art. 43 do mesmo diploma, recebo a denúncia

quanto ao crime de corrupção passiva (art. 317 do Código Penal) imputado ao denunciado João Paulo Cunha e quanto ao crime de corrupção ativa correspondente imputado aos denunciados Marcos Valério Fernandes de Souza, Ramon Hollerbach, Cristiano Paz.

Contudo, em relação ao denunciado Rogério Tolentino, no que tange à

imputação de corrupção ativa constante do item III.I, subitem “b.1”, entendo que a denúncia não preenche os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal.

De fato, em relação a esse acusado, a denúncia limita-se a dizer o seguinte:

Em uma dessas reuniões, Marcos Valério, em nome de Ramon Hollerbach, Cristiano Paz e Rogério Tolentino, ofereceu vantagem indevida (50 mil reais) a João Paulo Cunha, tendo em vista sua condição de Presidente da Câmara dos Deputados, com a finalidade de receber tratamento privilegiado no procedimento licitatório em curso naquela Casa Legislativa para contratação de agência de publicidade.

(Fls. 5660-5661.)

é certo que, como já afirmei acima, nos crimes de autoria coletiva o aten- dimento aos requisitos do art. 41 do Código Penal deve ser observado de modo a evitar que seja inviabilizada a persecução penal.

Por outro lado, é imprescindível que a denúncia informe como o denunciado teria supostamente contribuído para a consecução do delito que lhe é imputado, o que não foi obedecido, com relação ao denunciado Rogério Lanza Tolentino, no item III.I, subitem “b.1”, da denúncia.

Fica claro, pelo teor da denúncia, que os denunciados Ramon Hollerbach e Cristiano Paz teriam contribuído, na qualidade de gestores da SMP&B, com a suposta consumação do delito de corrupção ativa a eles imputado no item III.I, subitem “b.1”, da denúncia.

Isso não se dá, porém, no que toca ao denunciado Rogério Lanza Tolentino. Apesar de Rogério Tolentino ser citado pelo denunciado Marcos Valério como seu “sócio”, a denúncia não apresenta a descrição fática mínima para que se pos- sa distinguir como ele teria contribuído para a suposta consumação do delito de corrupção ativa constante do subitem “b.1” do item III da denúncia.

Não se viabiliza, pois, ao denunciado o pleno exercício do direito de defesa. Pelas razões acima expostas, não recebo a denúncia, com relação ao

denunciado Rogério Lanza Tolentino, especificamente no que concerne à imputação constante do subitem “b.1” do item III.1 da denúncia (pagamento de cinqüenta mil reais).

Passo a examinar o seguinte tópico da denúncia:

Subitem III.1 da denúncia (fl. 5667) – 2ª imputação: crime de lavagem