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Subitem III.1 da denúncia – 3ª imputação: peculato Denúncia:

de 3 milhões foram feitos sem identificação do sacador nas agências do Banco Rural A senhora pode dar alguma explicação a respeito desses saques sem identificação?

VI.1. Partido Progressista.

O item VI.1 da denúncia imputa a deputados federais do Partido Progressista (PP) e a pessoas a eles ligadas a prática de crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, nos seguintes termos (denúncia, fls. 5707 e seguintes, vol. 27):

Os denunciados José Janene, Pedro Corrêa, Pedro Henry, João Cláudio Genú, Enivaldo

Quadrado, Breno Fischberg e Carlos Alberto Quaglia montaram uma estrutura criminosa voltada para a prática dos crimes de corrupção passiva e branqueamento de capitais.

O recebimento de vantagem indevida, motivada pela condição de Parlamentar Federal dos denunciados José Janene, Pedro Corrêa e Pedro Henry, tinha como contraprestação o apoio político do Partido Progressista – PP – ao Governo Federal.

Nessa linha, ao longo dos anos de 2003 e 2004, José Janene, Pedro Corrêa, Pedro Henry e João Cláudio Genú receberam aproximadamente quatro milhões e cem mil reais a título

de propina.

Após formalizado o acordo criminoso com o PT (José Dirceu, Delúbio Soares,

José Genoíno e Sílvio Pereira), os pagamentos começaram a ser efetuados pelo núcleo

publicitário-financeiro.

(...)

Ciente de que os valores procediam de organização criminosa dedicada à prática de crimes contra a administração pública e contra o sistema financeiro nacional, os denunciados

engendraram mecanismo para dissimular a origem, natureza e destino dos montantes auferidos.

(...)

Dentro do organograma da quadrilha, José Janene, Pedro Corrêa e Pedro Henry ocupa- vam o topo da sua estrutura, possuindo o domínio do seu destino.

O Deputado Federal José Janene sempre integrou a Executiva Nacional do PP, tendo

fechado o acordo financeiro com o PT e assumido postura ativa no recebimento da propina.

Nesse sentido, inclusive, foi o responsável pela aproximação do núcleo publicitário-

financeiro com a parceira Bônus Banval.

O Deputado Federal Pedro Corrêa era o Presidente do PP, sempre ocupando altos

cargos na agremiação partidária em tela.

Já o Deputado Federal Pedro Henry era o líder da bancada do PP na Câmara

Federal.

Enfim, os denunciados José Janene, Pedro Corrêa e Pedro Henry representavam o

comando real do PP14.

14 E, assim, orientavam, segundo o Procurador-Geral da República, a bancada do partido a votar

a favor do Governo Federal nos temas objeto de acordo com o denominado “núcleo partidário” da suposta quadrilha.

Finalmente, João Cláudio Genú, cujo patrimônio é incompatível com sua renda informada, era o homem de confiança da cúpula do PP (José Janene, Pedro Corrêa e Pedro Henry), traba- lhando com o Deputado Federal José Janene desde julho de 2003.

Em seu depoimento na Polícia Federal, João Cláudio Genú admitiu que recebeu

quantias em espécie em nome do PP. Relatou, ainda, que sua atuação delituosa era sempre precedida do aval dos Deputados Federais José Janene e Pedro Corrêa.

As primeiras operações de recebimento dos valores foram implementadas pessoal-

mente por João Cláudio Genú, intermediário dos líderes da quadrilha, José Janene, Pedro Corrêa e Pedro Henry.

Depois, buscando sofisticar as manobras de encobrimento da origem e natureza

dos expressivos montantes auferidos pela quadrilha, José Janene, Pedro Corrêa, Pedro Henry e João Cláudio Genú passaram a se utilizar de forma reiterada e profissional dos serviços criminosos de lavagem de capitais oferecidos no mercado pelas empresas Bônus Banval e Natimar.

Com efeito, após apresentação de José Janene, Marcos Valério iniciou o repasse

da propina determinada pelo PT (José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno e Sílvio Pereira)

à quadrilha integrada por José Janene, Pedro Corrêa, Pedro Henry e João Cláudio Genú,

valendo-se de modo profissional dos serviços da Bônus Banval, cujos proprietários são Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg.

Nessa empreitada de repasse de vantagem indevida, a Bônus Banval, em uma pri-

meira fase, realizou altos saques em espécie, repassando posteriormente os montantes aos

destinatários indicados pelo núcleo do PT (fl. 1461).

Depois, por questões operacionais, valeu-se dos serviços espúrios da empresa Nati-

mar, que tem como sócio Carlos Alberto Quaglia.

Os valores oriundos do núcleo Marcos Valério eram depositados na conta da empresa Bônus Banval, que os direcionava internamente para a conta da Natimar junto à própria Bônus Banval, sendo transferidos, em seguida, por Carlos Alberto Quaglia, Enivaldo Quadrado e Breno Fischberg aos destinatários reais do esquema.

Essa segunda forma fraudulenta de repasse, com o emprego das empresas Bônus Banval e Natimar, resultou em transferências no valor total de um milhão e duzentos mil reais ao PP.

Assim, como profissionais do ramo de branqueamento de capitais, Enivaldo Qua-

drado, Breno Fischberg e Carlos Alberto Quaglia associaram-se, de modo permanente, habitual e organizado, à quadrilha originariamente integrada por José Janene, Pedro Corrêa, Pedro Henry e João Cláudio Genú.

Os recursos do núcleo Marcos Valério, repassados para as empresas Bônus Banval e Natimar, tinham por origem predominante as empresas 2S Participações Ltda. e Rogério

Tolentino Associados, ambas do seu grupo empresarial.

Em decorrência do esquema criminoso articulado, José Janene, Pedro Corrêa, Pedro Henry e João Cláudio Genú receberam como contraprestação do apoio político negociado

ilicitamente, no mínimo, o montante de quatro milhões e cem mil reais.

Desse total, o valor aproximado de R$ 2.900.000,00 foi entregue aos parlamentares

acima mencionados pela sistemática de saques efetuados por Simone Vasconcelos na agência do Banco Rural em Brasília, que repassava o dinheiro a João Cláudio Genú em

malas ou sacolas dentro da própria agência, no quarto do hotel Grand Bittar onde se hospedava e na sede da empresa SMP&B em Brasília.

Assim, de acordo com a acusação, os denunciados mencionados acima teriam recebido, indevidamente, vultosas quantias do núcleo formado pelos tam- bém denunciados José Dirceu, Delúbio Soares, José Genoíno e Sílvio Pereira, como contraprestação ilícita ao apoio político para formar a base de sustentação do Governo Federal.

Além disso, grande parte dessa quantia teria sido repassada pelo denomi- nado “núcleo publicitário” (Marcos Valério, Simone Vasconcelos, Geiza Dias,

Rogério Tolentino, Ramon Hollerbach e Cristiano Paz), mediante um sistema de lavagem de dinheiro, minuciosamente descrito no item IV da denúncia, antes analisado, do qual extraio o seguinte trecho explicativo do “mecanismo” de lava- gem denunciado (fls. 5687/5689):

A sistemática criada pelos dirigentes do Banco Rural, aprimorada a partir do início do ano de 2003, possibilitou a transferência, em espécie, de grandes somas em dinheiro com a ocultação e dissimulação da natureza, origem, movimentação e destino final.

Alguns beneficiários apenas foram identificados porque, valendo-se do elemento sur-

presa, a Polícia Federal efetuou busca e apreensão nas agências do Banco Rural, logrando

apreender documentos internos, não oficiais (fac-símiles e e-mails), com indicação das

pessoas que efetivamente receberam os valores sacados por meio de cheques endossados pelos próprios emitentes.

Para a implementação dos repasses de dinheiro, Marcos Valério era informado, por

Delúbio Soares, do destinatário e do respectivo montante. A partir daí, o próprio Marcos Valério, Simone Vasconcelos ou Geiza Dias entravam em contato com o beneficiário da quantia.

Com o objetivo de não deixar qualquer rastro da sua participação, esses beneficiários indicavam um terceiro, apresentando o seu nome e qualificação para o recebimento dos valores em espécie.

(...)

Funcionários da agência Assembléia do Banco Rural informavam aos da agência em que se realizaria o saque a identificação da pessoa credenciada para o recebimento dos valores,

disponibilizados em espécie, mediante a simples assinatura ou rubrica em um documento informal, destinado apenas ao controle interno de Marcos Valério, que, obviamente, neces-

sitava de alguma comprovação material do pagamento efetuado.

Em suas respostas, os acusados alegam que a denúncia não descreveu,

rigorosamente, a conduta a eles imputada, em afronta ao art. 41 do Código de Processo Penal. Assim, afirmam ser inepta a inicial acusatória, uma vez que

essa singeleza descritiva impede o adequado exercício do direito de defesa. Alegam, também, que não há prova de que os acusados receberam qualquer vantagem ilícita, para si ou para terceiros. Assim, a inicial estaria lastreada em meras suposições.

Salientam, para reforçar o argumento acima, que a bancada do PP nem sempre votou alinhada com o governo, dando liberdade a seus parlamentares para votarem de acordo com suas consciências.

Sobre a imputação de lavagem de dinheiro, todas as defesas também afirmam que a origem e destinação do dinheiro eram regulares (pagamento de honorários advocatícios do Dr. Paulo Goyaz, para a defesa do Deputado Ronivon Santiago, que vinha respondendo a inúmeros processos perante o TSE, o TRE/AC e este Tribunal). Assim, se a origem e destinação dos montantes recebidos do PT não foram objeto de dissimulação, seria atípica a conduta imputada pelo Procurador- Geral da República. Para a defesa de Pedro Corrêa, ainda, o recebimento de dinheiro configuraria, no máximo, exaurimento do crime de corrupção, e não lavagem de dinheiro.

Por fim, quanto à imputação de formação de quadrilha, as defesas afir-

mam que esta perde sua sustentação, na medida em que não foram praticados os crimes para os quais a quadrilha se teria articulado.

Ademais, não estaria configurado o elemento subjetivo do tipo do art. 288 do Código Penal, já que os acusados tinham relacionamento de natureza pessoal e política, fazendo parte do mesmo partido e com posições de destaque na estrutura partidária, não se podendo vislumbrar em sua atuação o crime de quadrilha ou bando.

Salientam, além disso, que o Procurador-Geral da República incluiu o acusado João Cláudio Genú apenas para que se completasse o número legal de quatro acusados, forjando, assim, a formação de quadrilha. Isso porque Genú seria apenas um funcionário que atende à liderança do PP “e foi, neste caso, mero emissário para o recebimento dos valores pagos pelo PT para o custeio da defesa do Deputado Ronivon Santiago” (fl. 18).

As defesas de Pedro Corrêa e João Cláudio Genú destacam que não se pode confundir concurso de agentes com formação de quadrilha. Se a denúncia trata de um só crime, praticado por várias pessoas, haveria concurso de pessoas, sendo que, no caso em questão, haveria autores mediatos e um autor imediato. Para a formação de quadrilha, é necessário o elemento estabilidade, bem como a finalidade específica de cometer vários crimes, o que não seria o caso dos autos.

Por fim, as defesas dos acusados Pedro Henry e Pedro Corrêa afirmam que o Procurador-Geral da República, na denúncia, atribuiu responsabilidade

objetiva aos denunciados, pelo simples fato de serem líder da bancada do Partido Progressista na Câmara e Presidente do Partido Progressista, res-

pectivamente.

Sustenta, ainda, a defesa de Pedro Henry que teria ficado exaustivamente comprovado durante a instrução da CPMI dos Correios que nunca existiu qual- quer participação do denunciado em operações de corrupção, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha15, razão pela qual foi absolvido. Assevera que João

Cláudio Genú pedia autorização apenas para Pedro Corrêa e José Janene antes de efetuar os saques e determinar a destinação dos recursos sacados.

Por sua vez, afirma a defesa de Pedro Corrêa (fl. 18 do apenso 99):

(...) foi o Partido, do qual o acusado é Presidente, quem acordou no recebimento dos valores destinados ao pagamento dos honorários do Dr. Paulo Goyaz, e não o acusado agindo por conta própria.

Por esta razão, ao receber o telefonema do Sr. João Cláudio Genu, informando que

iria buscar valores encaminhados pelo PT, o acusado aquiesceu com sua conduta.

Esta a única participação sua em todo o evento.

A defesa destaca, ainda, que Pedro Corrêa não tem qualquer relação com as empresas Bônus Banval e a Natimar, nem conhece os co-denunciados Enivaldo Quadrado, Breno Fischberg e Carlos Quaglia. Também não possuiria qualquer relação com os supostos recebedores das quantias depositadas por aquelas em- presas.

15 Nesse ponto, a defesa destaca trechos dos depoimentos de Pedro Corrêa, João Cláudio Genú e do

Esses os pontos das defesas dos denunciados que merecem destaque. Em primeiro lugar, considero que os fatos narrados na denúncia e que transcrevi acima configuram, em tese, os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, como, aliás, já analisei na introdução a este item.

O fato de o PP ter destinado o numerário recebido para pagar honorários advocatícios, como afirmaram as defesas, não enfraquece a imputação de corrupção passiva.

Isso porque o Procurador-Geral da República acusou os Deputados de terem recebido dinheiro em razão de seu cargo. Esse é, aliás, o tipo legal do art. 317 do Código Penal, que torno a citar apenas para ficar mais clara a presença dos elementos típicos:

Art. 317. Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou

aceitar promessa de tal vantagem.

Ora, a destinação que, depois, foi conferida ao dinheiro recebido não altera em nada a classificação dos fatos. O Ministro Sepúlveda Pertence, em seu voto na AP 307/DF, esclareceu com muita propriedade essa questão:

Vantagem indevida é toda e qualquer vantagem à qual o funcionário não tenha direito, o que, no ponto, é indiscutível.

(...)

De qualquer sorte, é irrespondível o argumento das alegações finais do Ministério Público de que, para a caracterização da corrupção passiva, o destino final do numerário,

obtido direta ou indiretamente pelo funcionário, em razão da função, é de todo irrele- vante. Seja ele nobre ou ignóbil, lícito ou ilícito.

Aliás, consta do relatório final da CPMI dos Correios uma acurada análise, na qual se verifica que os repasses de dinheiro pelo PT se deram justamente às vésperas de votações importantes para o partido. Isso, contudo, não merece relevo

neste momento, em que se buscam, apenas, indícios da prática do crime definido

no art. 317 do Código Penal.

Relativamente à lavagem de dinheiro, também considero, com base no que foi narrado na inicial, que não merece ser acolhido o argumento da defesa de Pedro Corrêa, segundo o qual, em realidade, o recebimento do dinheiro teria configurado mero exaurimento do crime de corrupção passiva.

Na verdade, o modus operandi narrado na denúncia revela que, ao menos em tese, houve uma sistemática dissimulação da movimentação de valores, recebidos em espécie e através de diferentes pessoas, físicas e jurídicas. Assim, é possível visualizar, nos fatos como narrados, a prática, em tese, de crime de lavagem de dinheiro, que foi elevado à categoria de crime autônomo na década

de oitenta, justamente com objetivo, na época, de se impedir a utilização dos produtos dos crimes antecedentes. é o que ocorre, também, na receptação,

Assim, a alegação de que teria havido mero exaurimento do crime antecedente não é compatível com a narrativa contida na denúncia nem com a tipificação da lavagem de dinheiro, que é crime autônomo em relação aos crimes antecedentes imputados.

Por fim, entendo caracterizada a conformação típica dos fatos narrados ao crime de quadrilha. Em primeiro lugar, o Procurador-Geral da República não imputa a prática de apenas um crime, mas de vários (corrupção passiva e lava- gem de dinheiro, por diversas vezes).

Ademais, e examinarei melhor essa questão a seguir, a inclusão de João Cláudio Genú não foi, como pretende a defesa, apenas uma tentativa inidônea do Procurador-Geral da República de completar o número legal exigido no art. 288 do Código Penal.

Isso porque o delito de formação de quadrilha é imputado não apenas a José Janene, Pedro Henry, Pedro Corrêa e João Cláudio Genú mas também aos representantes das empresas Bônus Banval e Natimar Enivaldo Quadrado, Breno Fischberg e Carlos Alberto Quaglia. Portanto, o número legal se conformaria ainda que se excluísse o acusado João Genú.

Além do mais, a narrativa dos fatos conduz, sim, ao enquadramento, em tese, da conduta como formação de quadrilha, tendo em vista que, na qualidade

de assessor parlamentar, Genú teria contribuído ativa e conscientemente para a

prática dos crimes de lavagem de dinheiro.

Passo, portanto, ao exame dos indícios apontados na denúncia como sufi- cientes para instaurar ação penal contra os acusados.

Sobre a corrupção passiva, o Procurador-Geral da República afirma que os denunciados solicitaram e receberam dinheiro do PT, via “núcleo publicitário”, em razão de seu cargo (deputados federais e assessor parlamentar).

Há indícios nesse sentido.

Assinalo, inicialmente, que as próprias defesas reconhecem ter havido o

repasse de 700 mil reais pelo PT aos denunciados, alegadamente para pagar honorários de advogado do partido (v. apensos 98 – Pedro Henry, 99 – Pedro

Corrêa, e 113 – José Janene).

Ocorre que não havia qualquer razão para esse “favor” do PT, senão,

aparentemente, o fato de os denunciados ocuparem os cargos públicos que ocupam.

Além disso, os depoimentos juntados aos autos reforçam a tese da denúncia, em intensidade suficiente para a instauração de ação penal. Cito, de início, o depoi- mento do Deputado Vadão Gomes, citado na própria denúncia, acostado às fls. 1718/1722 (vol. 8):

Que é Deputado Federal pelo Partido Progressista de São Paulo; (...) Que existe notória

incompatibilidade ideológica entre o Partido Progressista e o Partido dos Trabalhadores no Estado de São Paulo; (...) Que conhece Delúbio Soares, tendo sido apresentado a esse

indivíduo no dia em que participava do velório do vice-presidente do Banco Rural José

Augusto Dumont, na cidade de Belo Horizonte/MG; (...) Que nunca chegou a tratar nenhum tipo de assunto com Delúbio Soares, esclarecendo que presenciou uma conversa havida em

Brasília entre o tesoureiro do Partido dos Trabalhadores e o presidente do mesmo parti- do, José Genuíno, com os Deputados Pedro Henry e Pedro Corrêa, ambos do Partido Pro- gressista; Que nessa conversa com os políticos dos dois partidos tentavam acertar detalhes de uma possível aliança em âmbito nacional; Que no decorrer do referido diálogo, escutou que os interlocutores mencionaram a necessidade de apoio financeiro do Partido dos Trabalhadores para o Partido Progressista em algumas regiões do País; Que, entretanto,

não tomou conhecimento de detalhes como valores e formas pelas quais este aporte financeiro seria efetivado; Que, provavelmente, maiores detalhes dessa tratativa tiveram à frente

os Deputados Pedro Corrêa e Pedro Henry, presidente nacional e líder da bancada do Partido Progressista, respectivamente; Que tomou conhecimento, através de conversas de

corredor, de uma reunião ocorrida na sede do Partido Progressista, com o objetivo de se

firmar um possível acordo de coligações entre o Partido Progressista e o Partido dos Traba-

lhadores em âmbito nacional, mas não chegou a participar desta reunião; (...)

Por sua vez, o denunciado João Cláudio Genú afirmou o seguinte (fl. 580, vol. 3 dos autos):

Que conhece Delúbio Soares das relações políticas de trabalho; Que acredita que

Delúbio Soares não conheça o declarante, apesar de terem trocado cumprimentos; Que

acompanhou José Janene em encontros que este teve com Delúbio Soares; Que nesses

encontros sempre ficava aguardando na sala de recepção ou em outras salas; Que nunca presenciou qualquer conversa entre Delúbio Soares e José Janene, bem como qualquer outro parlamentar ou políticos; (...) Que já ligou várias vezes para a sede do Partido dos Traba-

lhadores em Brasília/DF e São Paulo/SP à procura de Delúbio Soares; Que tais ligações sempre foram feitas a pedido do Deputado José Janene; Que nunca ouviu nenhuma con-

versa ao telefone entre José Janene e Delúbio Soares; Que acompanhava as votações que

ocorriam na Câmara dos Deputados, sendo este seu principal trabalho; Que também

acompanhava as decisões das Comissões Permanentes da Câmara dos Deputados; (...) Que acompanhou o Deputado José Janene em algumas visitas que este fez na Corretora Bônus-

Banval; Que a filha do Deputado José Janene trabalhava na corretora Bônus-Banval, sendo que o Deputado comparecia à sede da empresa para visitá-la; (...)

Ainda como indício da prática do crime de corrupção passiva, temos o depoimento de Roberto Jefferson (fls. 4219/4227, vol. 19), especialmente (fl. 4226):

Que, em julho ou agosto de 2003, teve uma conversa com José Carlos Martinez, que

informou ao declarante do repasse de recursos aos partidos da base aliada ao Governo,