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C APÍTULO 8 C ONCLUSÕES E D ESENVOLVIMENTOS F UTUROS

De acordo com os resultados obtidos, através da análise de cada um dos factores alvo do estudo, parecem ter ficado demonstradas a eficiência e a eficácia da comunicação em ciência para um público não especializado, no contexto dos ciclos de colóquios “Despertar para a Ciência” da Fundação Calouste Gulbenkian (FCG)/Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Por um lado, os resultados indiciam a importância do contributo dos factores contextuais alvo do estudo, no referido processo, ligados à instituição promotora e ao seu parceiro, e os relacionados com as estratégias comunicacionais dos sujeitos-alvo oradores/conferencistas dos ciclos. Por outro lado, o cruzamento de dados permitiu averiguar a pertinência dos factores em causa, nomeadamente, identificados nas estratégias institucionais da FCG/FCT e nas estratégias singulares dos sujeitos-alvo Autores e dos sujeitos-alvo Conferencistas, direccionadas para a promoção e desenvolvimento da familiarização quotidiana dos sujeitos-alvo Públicos (Alunos e Professores) com a ciência.

Mais ainda, os resultados aludem a que a hipótese definida, que possibilitou o controlo dos diversos factores em análise, foi confirmada. Ou seja, a eficiência e a eficácia da comunicação em ciência para um público não especializado, no contexto dos ciclos de colóquios “Despertar para a Ciência” da FCG/FCT, resulta da articulação de factores considerados pertinentes e que se passam a enunciar:

i) Relativamente à busca da eficiência, orientada pela consciência deliberada de exercer uma dada influência sobre os sujeitos-alvo Públicos (alunos e professores) participantes:

 As orientações e as estratégias sobre comunicação da ciência dos promotores institucionais dos ciclos (sujeitos-alvo Autores);

 As condições locais dos espaços de realização dos colóquios;

 O programa: formato, temáticas, organização, logística, promoção/divulgação;

 As orientações e as estratégias de comunicação da ciência dos oradores (sujeitos-alvo Conferencistas);

ii) Relativamente à eficácia, ou seja, à produção dos efeitos desejados (promover o desenvolvimento da convivialidade e familiarização com a ciência, no quotidiano dos referidos públicos):

 O seu impacto nos media;

 A participação dos públicos-alvo nas conferências.

Tendo em conta a experiência-alvo do estudo, poder-se-á afirmar que a eficiência e a eficácia da comunicação em ciência para um público não especializado, em contexto de conferência/colóquio, resultará, em primeiro lugar, das orientações dos sujeitos- alvo Autores dos ciclos e, em segundo lugar, da articulação dessas orientações com os factores acima enunciados.

Esta premissa é confirmada pelos resultados obtidos através da análise realizada. Relativamente aos sujeitos-alvo Autores, sublinha-se que os resultados indicam que os objectivos dos diversos ciclos em questão foram alcançados. Tais objectivos – a promoção e o desenvolvimento da cultura científica em Portugal – foram definidos pelos sujeitos-alvo Autores (João Caraça no papel de divulgador de ciência e Fernando Ramôa Ribeiro na dinamização dos debates), e claramente enunciados nos folhetos de divulgação dos ciclos.

A este propósito considera-se a oportunidade de citar algumas das respostas dadas pelos sujeitos-alvo da amostra, nomeadamente dos Autores, acerca da finalidade dos ciclos de colóquios “Despertar para a Ciência”, que referem que a promoção do interesse dos jovens pela ciência foi conseguida. Ramôa Ribeiro167 salienta que “os

objectivos iniciais foram largamente ultrapassados: (…) inicialmente procuraram-se as escolas secundárias de Lisboa para tentar trazer mais jovens para a ciência, nomeadamente para áreas fundamentais como a Física e a Matemática, (…), o entusiasmo foi tal que aderiram escolas de fora de Lisboa e houve solicitações de

todo o País para aí realizar as conferências. (…). Claramente o País despertou para a ciência com este Ciclo”. Outras respostas que corroboram a afirmação citada são dadas pelos sujeitos-alvo Conferencistas, nomeadamente por Rui Agostinho, cuja apresentação foi muito longa, ultrapassando bastante o tempo previsto, mas, como salienta, “a reacção do público foi boa. De facto, houve muito interesse e é notável que via as caras todas viradas e que me estavam a seguir atentamente”; ou por Jorge Calado: “havia tanta gente interessada nova, como gente mais sénior”.

Quanto aos factores alvo do estudo, que emergiram das orientações dos sujeitos- alvo Autores, através das escolhas que fizeram, a sua pertinência como contributos essenciais para a comunicação da ciência ficou confirmada pelos resultados obtidos, considerados singularmente, ou conjugados, enunciam-se de seguida esses factores: o prestígio intelectual dos sujeitos-alvo Autores (a cooperação, o empenhamento e o espírito empreendedor permitiram sintonia na prossecução de objectivos comuns); o estatuto das entidades promotoras (alguns conferencistas168 salientam o papel fundamental da FCG para o desenvolvimento da ciência e a dívida de gratidão como anteriores bolseiros; a FCT, instituição reconhecida como entidade pública que apoia a investigação científica e os cientistas portugueses); o local de realização (a sede da FCG, território institucional, sinónimo de qualidade para professores, alunos e público em geral); a competência comunicacional dos oradores (realidade sempre citada nos questionários e nas entrevistas); o formato encontrado pelos sujeitos-alvo Autores revelou-se adequado às finalidades pretendidas (o facto de ser um ciclo de conferências que implica continuidade e regularidade); a diversidade temática; o título da iniciativa, a imagem gráfica dos ciclos, a informação difundida através de folhetos, cartazes, pastas, t-shirts; a criação do “Prémio Despertar para a Ciência”; o acolhimento personalizado aos jovens e aos professores; a forma como a iniciativa foi divulgada e o impacto que os ciclos tiveram nos media. Os resultados indicam que cada um, a seu modo, e todos numa relação de interdependência, no contexto da produção do processo da comunicação, conferiram a eficácia e a eficiência à comunicação em ciência, nos ciclos de colóquios alvo da análise desta dissertação.

Sublinha-se, também, que os dados revelam ainda que estes ciclos fidelizaram um público não especializado e heterogéneo à experiência colóquio/conferência e consequentemente promoveram a familiarização e a convivialidade com a ciência que se prolongou em acções, no quotidiano escolar. Verificou-se que muitos jovens – participantes (constituintes da amostra) – se sentiram cativados pelos temas científicos, em geral, e por determinadas áreas, em particular, o que indicia, mais uma vez, que os objectivos definidos pelos sujeitos-alvo Autores169, nomeadamente, incutir nos jovens o prazer de descobrir, o gosto de apreender, o gozo de imaginar, se concretizaram.

Os resultados indicam ainda que o objectivo dos sujeitos-alvo Autores em promover a compreensão e a cultura do gosto por disciplinas como a Matemática, a Física, a Química e a Biologia, parece ter sido alcançado, para o que contribuiu a criatividade dos sujeitos-alvo Conferencistas, que aliaram a sua qualidade de cientistas com o talento de comunicar e adaptar a mensagem ao público jovem. Salienta-se a conferência do matemático Paulo Almeida, que conseguiu prender a atenção dos jovens, incutindo o gosto pela Matemática através da utilização de estratégias de comunicação como a associação de ideias ou as experiências em palco, recorrendo a materiais acessíveis e pouco dispendiosos (como cartolinas). Cita-se ainda a apresentação do físico Carlos Fiolhais em que as experiências realizadas perante o público (com batatas e com maçãs) revelaram aos jovens o conceito de densidade de uma forma lúdica e simultaneamente rigorosa. Aliás, Ramôa Ribeiro salienta que esta última demonstração “despertou nos jovens um enorme interesse [pois] até saltaram para o palco para ver in loco, tiveram que mexer”.

Foi intenção dos sujeitos-alvo Autores provocar na audiência a curiosidade e fomentar a imaginação dos participantes, sugerindo uma ideia que, ao ser recriada, é “descoberta” 170 . A diversidade e a qualidade dos recursos utilizados pelos conferencistas parecem ter contribuído para que os referidos objectivos fossem

169 Cf. folhetos de divulgação dos ciclos de colóquios “Despertar para a Ciência” in Anexo 1, pp. 5-10. 170 Cf. texto de João Caraça no folheto do 3.º ciclo de colóquios, in Anexo 1, p.10.

atingidos: os alunos não ficaram indiferentes às técnicas usadas como o demonstram nas suas opiniões sobre o que mais facilitou a comunicação171: o conferencista “abordou um tema complexo com desenhos animados que todos conhecemos e assim conseguiu uma boa interacção com o público”; “a forma como [o tema] foi apresentado, o relacionamento com o futebol, foi engraçado e fácil de perceber”. A instituição do “Prémio Despertar para a Ciência” trouxe uma nova dinâmica aos ciclos, fazendo com que professores e alunos levassem os temas em debate para a sala de aula. Das razões apresentadas pelos alunos para se sentirem muito entusiasmados/motivados a concorrer a este Prémio, expressas nas respostas às questões abertas, transcrevem-se as seguintes: “foi uma oportunidade de demonstrar os conhecimentos adquiridos na conferência […]”; “pois a conferência foi muito interessante e apelou ao desenvolvimento de um projecto com os colegas de turma, algo que realizámos”; “é uma nova experiência, enriquece o nosso saber”; “porque é importante conhecer e perceber a ciência”; “pelo gosto de descobrir e aprender coisas novas”172.

Despertar e incentivar uma atitude de abertura aos outros e ao mundo, e em estimular o reconhecimento da necessidade de continuamente se reinterpretar a visão da realidade que a ciência fornece, foi uma etapa que os sujeitos-alvo Autores pensaram e que os resultados indicam que foi conseguida, uma vez que alguns sujeitos-alvo Alunos declararam nos questionários ter ficado com uma visão diferente da ciência, dos cientistas e do seu trabalho, e do mundo em geral – [a conferência] “demonstrou que nós também temos bons cientistas que têm um grande sentido de humor e que não são aquelas pessoas isoladas, viradas para si, longe do mundo, como muita gente pensa”173. A diversidade e a actualidade dos temas das

conferências e a interacção estabelecida pelos sujeitos-alvo Conferencistas, através de abordagens diversas à mesma área temática, levaram os jovens a tomar

171 Cf. quadros 44 e 45, p. 142, apresentados anteriormente. Quadro Cruzado Alunos X in Anexo 7, p. 122, e Quadro de Questões Abertas Alunos II in Anexo 8, pp. 158-159.

172 Cf. quadro 37, p. 139; quadro questões abertas alunos VII in Anexo 8, p. 119; entrevistas aos sujeitos-alvo Autores in Anexo 6, pp. 69-76; quadros cruzados Alunos I e VI in Anexo 7, pp. 113 e118; 173 Cf. quadro questões abertas alunos X in Anexo 8, p. 122.

consciência da importância da ciência e da sua contribuição para a construção do futuro. Como refere um estudante, “o conferencista soube cativar a audiência e motivar os presentes a participarem futuramente na ciência do país”174.

Pela análise dos questionários aos sujeitos-alvo Públicos (Alunos e Professores), conclui-se que, para a escolha da conferência e do conferencista preferido, são citados como recursos que mais valorizam a comunicação: a forma como o orador comunica, a interacção com o público, a linguagem clara e acessível na explicitação de conceitos, a capacidade de transformar o complexo em simples sem perder o rigor, o sentido de humor, a empatia com o público, a postura descontraída do conferencista e a alegria em palco, as associações de ideias com outras áreas do saber, as analogias e os exemplos práticos do dia-a-dia175 - estratégias de comunicação centradas na experiência do quotidiano do público. Também é, por parte destes sujeitos-alvo Alunos, destacado o recurso a suportes tecnológicos, nomeadamente o powerpoint, em que a apresentação é valorizada pela imagem o que parece facilitar a compreensão da comunicação e ajudar a divulgação da ciência. No entanto, outros factores e estratégias de comunicação são igualmente citados: a importância da simplicidade, espontaneidade, simpatia e facilidade em criar um ambiente favorável à comunicação entre audiência e orador, bem como o rigor científico da comunicação – a arte de comunicar – parecem ser também determinantes.

Como já se referiu, os sujeitos-alvo Conferencistas foram escolhidos pela qualidade científica. Considerando ainda que os inquiridos lhes reconhecem uma eficiente capacidade de comunicação, parece poder deduzir-se que o aparente improviso176, a postura descontraída e a facilidade com que se expressaram se alicerçavam num profundo conhecimento científico. Esta conclusão baseia-se na análise das respostas

174 Cf. quadro questões abertas alunos III in Anexo 8, p. 115.

175 Cf. quadros 20 e 21, p. 133; quadros 46 e 47, p. 144; quadros cruzados alunos XIII e professores XXXVI in Anexo 7, pp. 125 e 148.

176 Cf. entrevistas aos sujeitos-alvo Conferencistas in Anexo 6a, p. 104 - Paulo Almeida afirma: “Olhei para o calendário e vi que a palestra teria lugar daí a um ano; um pouco à justa portanto” e ainda “Só uma preparação minuciosa torna possível o indispensável improviso total”.

dos sujeitos-alvo Públicos (Alunos e Professores) sobre as razões da preferência por determinada conferência e conferencista177. Também os sujeitos-alvo Autores referem, nas entrevistas, que um cientista pode ser ou não um comunicador eficaz, mas que um comunicador de ciência tem de ser sempre um cientista – porque para que a comunicação seja eficiente é imprescindível o conhecimento do que se está a divulgar. A interacção e a transacção estabelecem-se através da associação de ideias transformando o discurso científico – complexo – num discurso rigoroso mas simples e acessível ao público não especializado: “de uma matéria difícil o conferencista tornou-a fácil, pela explicação que deu”; [o orador] “interage com as pessoas de maneira a passar a mensagem do seu trabalho mais facilmente”; “o conferencista interagiu com o público e apresenta um tema complexo de uma forma sucinta e divertida”178.

É também mencionado nas respostas dos sujeitos-alvo professores que o facto de o conferencista ser um cientista reconhecido publicamente poderá influenciar a adesão e o interesse do público. Este foi um dos critérios utilizados pelos sujeitos-alvo Autores na selecção dos oradores, o que foi explicitado nas entrevistas179. João Caraça afirma que “os conferencistas tinham de ser pessoas conhecidas, com qualidades de expositores reconhecidas, com curriculum científico acima de qualquer dúvida. A reforçar esta ideia está o número de participantes em cada conferência180, que excedeu largamente a capacidade da sala onde se encontrava o orador. Quanto mais conhecido ou mediático era o sujeito-alvo Conferencista maior número de pessoas aparecia na sede da Fundação Gulbenkian – caso paradigmático de António Damásio. Pelos resultados obtidos na tabela de estimativa de frequência do público e nos quadros, de professores e de alunos, sobre as razões de preferência pelo sujeito-alvo Conferencista, parece poder inferir-se que existe relação entre o

177 Cf. quadro questões abertas alunos II e III, pp. 157-161; quadro questões abertas professores XII e XIII, pp. 174-176, in Anexo 8.

178 Cf. quadro questões abertas Alunos III in Anexo 8, pp. 160-161. 179 Cf. entrevistas aos sujeitos-alvo Autores in Anexo 6, pp. 69-76.

180 Cf. quadro de estimativa de frequência do público in Anexo 2, pp. 13-14; fig. 7, audiência média anual dos ciclos de colóquios, p. 91.

interesse e a adesão do público e o facto de o orador ser um cientista reconhecido/mediático.

Parece poder afirmar-se que estes ciclos de colóquios demonstram que a divulgação da ciência, para além do conhecimento, exige o domínio da experiência intersubjectiva e o sentir da realidade dos públicos-alvo a fim de promover a compreensão da informação tão singular como é a da ciência que se pretende transmitir e comunicar.

Sublinha-se ainda que os resultados da análise da iniciativa alvo do estudo permitiram confirmar que existem cientistas portugueses que são simultaneamente bons divulgadores de ciência e que a comunicação da ciência implica uma profunda cultura científica, para além do conhecimento das bases da Comunicação Humana e Social e da arte de falar em público.

Ramôa Ribeiro refere que “Portugal despertou para a ciência com estes três ciclos pois não só se tornou um hábito ir à Fundação Gulbenkian assistir às conferências como o interesse pela ciência se estendeu a todo o País”. Daí talvez se possa depreender que as expectativas iniciais dos sujeitos-alvo Autores foram superadas. A ciência e a sociedade são um binómio indivisível, isto é, não é possível pensar a sociedade sem a ciência nem a ciência sem a sociedade. No caso em estudo, as orientações dos autores foram partilhadas pelos conferencistas/oradores que têm em comum o mesmo modo de pensar a relação da ciência com a sociedade. Martin Bauer afirma, no período denominado Public Understanding of Science, que a sociedade não tem uma atitude proactiva na busca do conhecimento científico. No entanto, os ciclos de colóquios “Despertar para a Ciência” parecem ter alterado os estádios de interacção, preconizados por Bauer, conseguindo uma atitude proactiva dos grupos que constituem a sociedade, nomeadamente dos jovens para a curiosidade científica e a familiarização com o conhecimento científico, tirando

partido para a sua vida quotidiana, assim como para promover o interesse pela escolha de carreiras profissionais ligadas à ciência181.

Do público-alvo preferencial faziam parte os alunos e os professores do ensino secundário. A escola é um lugar privilegiado onde as crianças e os jovens convivem quotidianamente com o prazer da descoberta. Os sujeitos-alvo Autores pretenderam também despertar o interesse dos professores, dando-lhes a conhecer novas ferramentas e uma maior motivação no modo de comunicar e transmitir os conhecimentos científicos.

Como forma de incentivar a participação e o envolvimento dos jovens, foi implementado o “Prémio Despertar para a Ciência” que criou uma dinâmica e uma competição saudável entre as escolas intervenientes. Outra estratégia para provocar a adesão deste grupo etário foi a reserva de lugares nas primeiras filas do Auditório 2 da FCG, a sala principal, onde se encontrava o conferencista e em que a interacção face-a-face era experiencialmente sentida.

Discriminam-se, seguidamente, outros elementos que contribuíram para a fidelização do público-alvo não especializado e alvo da amostra: a selecção de conferencistas que utilizaram estratégias de comunicação eficazes, como já se salientou; a diversidade e actualidade dos temas; o ambiente favorável à comunicação interpessoal em contexto de grande grupo; o acolhimento personalizado do público; o planeamento cuidado da organização; a promoção e a divulgação nos meios de comunicação social.

É importante realçar o papel preponderante desempenhado pelos media como instrumentos de divulgação destes ciclos de colóquios. Como se referiu, cerca de três meses antes do início de cada ciclo, a organização remetia para a agência noticiosa Lusa um comunicado com o programa (temas, conferencistas, local e datas). Cerca de duas semanas antes da realização do colóquio enviava-se a todos

181 Tiago Prior Rodriguez, autor do poema in Anexo 11, p. 221, afirmou ter optado por medicina a fim de fazer investigação nessa área.

os jornalistas, de norte a sul do País, um convite, um resumo da conferência e ainda a nota biográfica do orador. Esta informação era igualmente remetida à imprensa escrita diária e não diária, aos jornais e revistas da especialidade do tema da conferência, à Rádio e à Televisão.

Da análise dos dados relativos ao impacto dos ciclos nos meios de comunicação social, pode considerar-se que a significativa participação do público nesta iniciativa pode ter sido influenciada pela receptividade e trabalho dos jornalistas e o consequente efeito nos diversos públicos (o interesse demonstrado pelos media manteve-se, e seis meses depois de terem terminado as apresentações na FCG ainda se podiam encontrar artigos sobre estes ciclos de colóquios182).

Parece ser lícito afirmar que estes ciclos deveriam ser retomados, porque foram atingidos os objectivos a que os sujeitos-alvo Autores se propuseram: aproximar a ciência de uma população alargada, contribuindo para diminuir o défice da cultura e da literacia científicas em Portugal.

Os benefícios a curto prazo traduziram-se por um conjunto de jovens ter tomado consciência da importância da ciência no quotidiano e, nalguns casos, terem ficado motivados para enveredar por uma carreira científica. Os impactos, a médio e a longo prazo, são de alguma forma imprevisíveis, mas se algum jovem foi tocado, a semente germinará e haverá um efeito multiplicador.

Tem-se estado a avaliar o que parece ter sido mais positivo nestes ciclos, mas não se pode deixar de apontar alguns aspectos menos conseguidos. Deste modo, apresentam-se algumas reflexões acerca do que eventualmente poderá ser melhorado em próximas iniciativas.

Em primeiro lugar, adequar as temáticas ao nível etário do público-alvo das conferências, pelo que se deverá trabalhar com os professores a fim de se poder

182 Cf. gráfico apresentado anteriormente, p. 148, e Tabela do Impacto dos ciclos de colóquios “Despertar para a Ciência”, in Anexo 10, pp. 199-221.

seleccionar os temas científicos de acordo com os currículos escolares, assim como ajustar as datas das conferências ao calendário dos programas escolares.

O espaço também apresentou algumas deficiências. A capacidade da sala era insuficiente para acolher o público que queria assistir à conferência no local onde se encontrava o orador, problema que deverá ser debatido.

A arte de divulgar ciência implica a competência de comunicar, de saber gerir e aliar ao conhecimento científico a promoção e o desenvolvimento das aprendizagens referidas por Hall, e indicadas na secção 2.3.1 desta dissertação, para além de que aquilo que se pretende comunicar deve estar num horizonte da experiência que seja