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3.3 C OMPETÊNCIAS ADQUIRIDAS

No documento Relatório Final Alexandra Sousa (páginas 59-65)

Ao longo dos anos tem-se verificado um processo de crescimento significativo na área da formação em Enfermagem. O ser humano desenvolve-se pela interação social, pelo que o desenvolvimento cognitivo tem uma relação com a situação de aprendizagem. A aprendizagem, quando significativa, estimula e desencadeia o avanço para um nível maior de complexidade, o qual serve, por sua vez, de base para novas aprendizagens (Vygotsky, 1978). Todo o esforço de melhoria de uma organização deve começar com a melhoria das pessoas: educação, desenvolvimento de habilidades, formação de uma consciência responsável, treino para o trabalho em equipa e criação de uma visão ética do trabalho (Mezomo, 2001). A Enfermagem é caracterizada pela essência do cuidar, no qual a relação humana é fundamental, surgindo o Enfermeiro como um elemento profissional detentor de um vasto conjunto de competências que o tornam capaz de assumir atitudes e comportamentos autónomos e interdependentes. Os cuidados de Enfermagem tomam por foco de atenção a promoção dos projetos de saúde que cada

pessoa vive e persegue, procurando, ao longo de todo o ciclo vital, prevenir a doença e promover os processos de readaptação após a doença (OE, 2003). O Enfermeiro Especialista traduz na sua prestação de cuidados um nível mais avançado de Cuidar, com segurança, competência e satisfação do utente (criança e sua família), respondendo às suas necessidades. Neste sentido, o EESCJ trabalha em parceria com a criança e a família, nos diversos contextos de saúde, como hospital, cuidados continuados, centros de saúde, comunidade, de forma a promover o mais elevado estado de saúde possível, prestando cuidados à criança saudável ou doente e proporciona educação para a saúde, assim como identifica e mobiliza recursos de suporte à família (Ordem dos Enfermeiros, 2010). Desta forma, é importante que os Enfermeiros desenvolvam competências no processo de comunicação para ser usado em formação em serviço, cursos e promoção da qualidade. A preocupação com a evolução e com a melhoria da qualidade dos cuidados de Enfermagem continua a ser uma constante para todos e em especial para os profissionais.

A emergência das competências pode constituir um fator mediador entre a formação e os cuidados prestados, sendo que as dimensões relacionais como a comunicação, informação, apoio emocional, disponibilidade, entre outros, são valorizados pelo utente e constituem o modo a partir do qual estes definem a qualidade dos cuidados. O papel dos contextos de saúde no processo de ensino/aprendizagem exerce uma grande influência sobre o sujeito que aprende, promovendo mudanças nos domínios cognitivo, psicomotor e de atitude, tanto a nível profissional como no desenvolvimento de competências relevantes para atividades futuras (Varandas & Lopes, 2012).

O EESCJ promove o mais elevado estado de saúde possível, para tal, a sua performance traduz-se na prestação de cuidados de nível avançado, com segurança, competência e satisfação da criança e suas famílias, procurando responder globalmente às necessidades da criança. Tendo em conta a complexidade das situações que o EESCJ se depara, é importante que este detenha conhecimentos e habilidades para antecipar e responder às situações de emergência, mas também para avaliar a família e responder às suas necessidades (Diário da República, 2ª série, 2011).

Foi neste sentido que foram desenvolvidas diversas atividades nos diferentes contextos de estágio, procurando atuar em diversas áreas, com vista à promoção do crescimento e desenvolvimento da criança e do jovem, através de uma orientação antecipatória da

família, tendo em conta a maximização do seu potencial de desenvolvimento. Outros aspetos foram tidos em conta, tais como a gestão do bem-estar da criança, a deteção precoce e encaminhamento de situações complexas. Para tal, foram implementados guias orientadores e manuais promotores de saúde de forma a utilizar estratégias motivadoras de saúde para a criança/jovem e sua família, proporcionando conhecimento e aprendizagem de habilidades especializadas e individuais nos diferentes âmbitos. Ao longo da realização dos diferentes momentos de estágio, a preocupação com a sensibilização das crianças/famílias e profissionais para a importância da comunicação foi uma constante, contribuindo para capacitar as equipas de saúde no desenvolvimento das suas competências e adequando os diferentes serviços e equipas às suas necessidades, inserido nas suas diferentes filosofias e na base da teoria do Cuidar Humano de Jean Watson.

Perante o percurso e investigação desenvolvidos foram desenvolvidas diversas competências comuns e específicas de Enfermagem da Saúde da Criança e do Jovem, preconizadas pela OE, nomeadamente, o desenvolvimento de uma prática com responsabilidade, demonstrando um exercício seguro, responsável e profissional, de acordo com quadros éticos, deontológicos e políticos, através da prestação e gestão de cuidados, da promoção da saúde. Para tal, foi essencial o desenvolvimento de uma comunicação e relações interpessoais eficazes. No que se refere às competências específicas do EESCJ, as competências desenvolvidas passaram pela assistência à criança/família, na maximização da sua saúde através de uma parceria promotora de parentalidade, prestando cuidados nas mais diversas situações de complexidade, nos diferentes estádios de desenvolvimento. Em todo este trajeto foram desenvolvidas competências comunicacionais, procurando comunicar com a criança e família de forma apropriada ao seu estádio de desenvolvimento e cultura, demonstrando conhecimentos sobre técnicas de comunicação no relacionamento, relacionando-se com respeito pelas suas crenças e cultura e demonstrando habilidade de adaptação.

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– C

ONCLUSÃO

A segurança do utente tornou-se um dos maiores desafios dos cuidados de saúde do século XXI, o que alertou a OMS para a importância da comunicação como determinante da qualidade e segurança na prestação de cuidados.

Nos diversos contextos de estágio, constatou-se que os Enfermeiros compreendem a importância da comunicação terapêutica, como oportunidade de trocar questões, obtendo uma informação atualizada, tendo em consideração a situação da criança, os cuidados necessários, tratamento, medicação, serviços necessários, assim como alterações recentes ou que possam ser antecipadas; o que concordando com JCI (2009), é a base de uma comunicação eficaz com um processo de verificação da informação recebida, através de diferentes técnicas. Pode-se assim concluir que existe um esforço por parte dos Enfermeiros em melhorar as suas estratégias de comunicação e a qualidade dos seus cuidados, adquirindo competências adequadas e especializadas. Destas competências pode-se destacar o respeito, a intenção de cuidar, a constante curiosidade e interesse para proporcionar os melhores cuidados à criança/família, através de uma relação presente e flexível. Possuir competências comunicacionais como estas, leva a um menor cansaço, ambiente amigável entre profissionais, aumento da produtividade, gestão eficaz do tempo e consequente melhoria da qualidade no cuidar, como refere Libyan (2007).Neste sentido, pode-se verificar que os Enfermeiros possuem uma intervenção ativa na comunicação, com iniciativa e uma atitude positiva, através de um discurso claro e direto, numa busca incessante de informação adequada ao benefício do criança/família. Contudo, existiram também obstáculos verificados; um fator determinante para a qualidade da comunicação terapêutica é a competência individual para a sua execução, paralelamente com a falta de preparação dos profissionais de saúde, assim como a ausência de bons modelos a seguir. A formação nesta área é pouco evidente, o que torna o processo mais vulnerável, com um aumento do potencial de eventos adversos; contudo ainda persiste a ideia que estas competências se aprendem no exercício da profissão. No entanto, “a investigação empírica e a constatação no terreno provam que (…) não só as competências comunicacionais pioram com o tempo de exercício, como frequentemente, os modelos a que os profissionais estagiários são expostos (…) pouco contribuem para a sua aprendizagem”

(Santos, Grilo, Andrade, Guimarães, & Gomes, 2010, p.56). A Enfermagem deverá adequar as dotações às necessidades identificadas e, ainda, promover, implementar e monitorizar as boas práticas. Desta forma, considero a àrea da formação em Comunicação em Saúde essencial para investir futuramente, quer enquanto formadora, transmitindo os conhecimentos adquiridos, como enquanto formanda numa busca constante da qualidade no cuidar. É importante que se aposte na formação dos profissionais na área comunicacional, lutando sempre para a excelência da qualidade. Contudo, a formação focada na qualidade dos cuidados deve iniciar-se na escola, transmitindo a importância de uma comunicação eficaz, assim como as consequências da sua ineficácia. O presente relatório contribui para reforçar essa importância, assim como funciona como alerta para um investimento urgente a fazer a nível curricular, de modo a promover momentos de treino e aprendizagem para uma melhor comunicação, e consequente melhoria de resultados e qualidade (Mezomo, 2001). As consequências resultantes da falha de comunicação tornam este assunto essencial nos cuidados de saúde. Desta forma, têm surgido algumas práticas inovadoras de forma a reduzir os erros da comunicação, tal como providenciar oportunidades de formação, reuniões de equipa para abordagem dos diversos temas ou implementação de sistemas de comunicação adequados, incorporando treino de comunicação efetivo no desenvolvimento da vida profissional, nas escolas, no currículo educacional e, por fim, encorajando a comunicação entre organizações que prestam cuidados paralelas ao mesmo utente (WHO, 2007).

No que se refere à implicação para a prática, o presente relatório pretende reforçar a importância da comunicação terapêutica na Enfermagem Pediátrica, alertando para os erros que dela poderão surgir, sendo que uma boa comunicação encoraja a colaboração e ajuda na prevenção de erros, dados que se pretendem divulgar em futuro artigo científico e participar em eventos científicos, nomeadamente com a apresentação do poster científico elaborado. Os domínios teóricos abordados ao longo deste trabalho permitiram enquadrar teoricamente os pressupostos e princípios orientadores da prática, contemplando uma síntese da análise e da reflexão do percurso vivido, dos objetivos e atividades desenvolvidas, com o intuito de desenvolver e aperfeiçoar competências. A sua elaboração implicou o desenvolvimento da capacidade de análise, síntese, planificação e organização do trabalho desenvolvido, numa dinâmica que permitiu uma

intervenção ativa no processo de aprendizagem. Revelou-se um desafio à capacidade de desenvolver e adquirir novos saberes/competências, no âmbito da Enfermagem de Saúde da Criança e do Jovem e nos diferentes domínios do conhecimento. Para atingir este estádio foi imprescindível uma observação atenta, um espírito crítico e um pensamento reflexivo relativamente aos cuidados prestados.

Desta forma, foram consolidados e aprofundados conhecimentos sobre as competências do EESCJ, traduzindo-se numa melhoria dos cuidados prestados, com uma perspetiva de melhoria constante no futuro. Competências essas que tiveram um especial enfoque na vertente comunicacional da Enfermagem, considerada um pilar estruturante dos CCF, numa linha orientadora do cuidar segundo Jean Watson.

No documento Relatório Final Alexandra Sousa (páginas 59-65)