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C OMUNICAÇÃO PARA A S AÚDE

No documento Relatório Final Alexandra Sousa (páginas 93-101)

GUIA ORIENTADOR DE ATIVIDADES REALIZADAS EM ESTÁGIO

C OMUNICAÇÃO PARA A S AÚDE

ELABORADO POR: ENFª. ALEXANDRASOUSA(ALUNA DO5º MEESCJ) ENF.ªESCJ ANAFILIPADAMAS

SOB ORIENTAÇÃO: PROF. DOUTORAPAULADIOGO

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ISBOA

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NDICE

Introdução... 3 Justificação... 5 Estratégias de Promoção de Saúde ... 9 Execução ... 10 Avaliação... 13 Contributos para a aquisição de competências... 13

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NTRODUÇÃO

A Enfermagem possui trunfos e oportunidades maiores para exercer a arte do cuidar, através da proximidade das pessoas ao longo do dia com um espaço de liberdade para atuar como prestadora de cuidados, através de meios e tempos de ação mais amplos. Quando se atingem os limites de intervenção dos outros profissionais de saúde, a Enfermagem tem sempre a possibilidade de fazer mais alguma coisa (Hesbeen, 2000). Segundo Richardson & Storr (2010), os Enfermeiros são a chave para as iniciativas de segurança, o que confere à profissão uma grande responsabilidade e a necessidade de uma atuação virada para a qualidade.

A importância da promoção de saúde enquanto área de atenção remonta à conferência internacional de Otawa (1986). A promoção de saúde é também um estímulo relativamente à utilização de recursos e conhecimentos dos indivíduos no sentido da adoção de estilos de vida saudáveis onde a vigilância de saúde é um aspeto básico. A promoção de saúde implica uma diversidade de estratégias, nas quais se incluí a educação para a saúde.

A definição de educação para a saúde tem sofrido alterações ao longo dos tempos, uma vez que integra o conceito de saúde e também de educação, simultaneamente. Por outro lado, vai buscar contributos às ciências da saúde que determinam os comportamentos mais adequados em saúde, às ciências do comportamento que explicam como se processam as mudanças e às ciências da educação que ajudam na determinação de melhores estratégias e intervenções (Rodrigues & al, 2005). No âmbito da Pediatria, a promoção da saúde, e concretamente a educação para a saúde, assume uma importância particular, com o objetivo de intervir de forma antecipatória e precoce no crescimento e desenvolvimento da criança, como se encontra descrito no programa de vigilância, Programa Nacional de Saúde Infantil e Juvenil, criado pela Direção Geral de Saúde. Assim, todos os locais de assistência à criança devem ter conhecimento do seu conteúdo e todas as oportunidades de contactos com a criança e família devem ser maximizadas tendo sempre em vista a promoção de saúde (Jorge, 2004).

No presente contexto, os Enfermeiros assumem um papel essencial e inerente ao seu exercício profissional, uma vez que é sua função realizar intervenções de Enfermagem requeridas pelo indivíduo, família e comunidade, no âmbito da promoção de saúde, da prevenção da doença, do tratamento, da reabilitação e da adaptação funcional, tal como

refere a alínea b) do artigo 9º do Decreto-Lei n.º247/09 de 22 de Setembro. Por sua vez, a Ordem dos Enfermeiros (Ordem dos Enfermeiros, 2001) refere que os cuidados de Enfermagem tomam por foco de atenção a promoção dos projetos de saúde que cada pessoa vive e persegue. Assim, o Enfermeiro deve atuar na promoção da saúde infantil, de forma a maximizá-la, adaptando as melhores estratégias.

A prática da Enfermagem possui várias componentes, tais como a interdisciplinaridade, a atenção acrescida à imprevisibilidade, a singularidade do ato do cuidar e a adoção de uma atitude profissional que não se apoia apenas no saber fazer; para tal, é essencial que a conceção de Enfermagem oriente momentos de formação, transformando uma experiência significativa, os acontecimentos quotidianos, num projeto pessoal e coletivo (Magalhães, 2006). Assim, concordando com Watson (2002), o objetivo de Enfermagem é ajudar as pessoas a ganharem um grau mais elevado de harmonia na mente, no corpo e na alma, gerando processos de autoconhecimento, autorrespeito, auto cura e autocuidado, através do processo de cuidar e transações do cuidar que respondem ao mundo interior da pessoa.

As competências comunicacionais do Enfermeiro são uma componente importante dos cuidados centrados na família. O Enfermeiro como elemento de uma equipa multidisciplinar e cuidador da criança/família é um elo essencial para o processo de comunicação. São inúmeras as situações que requerem uma grande preparação dos Enfermeiros a nivel comunicacional, contudo, existe muitas vezes uma barreira causada pela falta de confiança por parte dos próprios (Gough, Johnson, Waldron, Tyler, & Donath, 2009).

Segundo o mesmo autor, uma das maiores falhas na formação em Enfermagemé a lacuna existente no treino da comunicação perante a família e o paciente. À medida que o papel do Enfermeiro se desenvolve com novas competências que lhe são exigidas, é importante que seja dada também uma relevância crescente à comunicação.

O presente Manual de Promoção de Saúde surge enquanto atividade integrada na Unidade Curricular: Estágio com Relatório, cujo relatório se intitula Cuidar da Criança/Família em processo de doença aguda: a Comunicação como intervenção terapêutica de Enfermagem, no âmbito do Mestrado em Enfermagem com Área de Especialização em Saúde Infantil e Pediatria que decorre na Escola Superior de Enfermagem de Lisboa.

A promoção da saúde é uma área onde intervêm vários grupos disciplinares e que implica uma panóplia de programas e iniciativas. No que se refere à equipa de Enfermagem, este manual tem por objetivo servir de suporte aos Enfermeiros nas intervenções de promoção de saúde junto da criança/família e ainda, enfatizar e reforçar a comunicação existente entre equipa de saúde/pais/criança, numa procura constante da melhoria da qualidade dos cuidados e da informação existente, incrementando o espírito dos cuidados centrados na família e enfatizando a necessidade da relação de ajuda.

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USTIFICAÇÃO

A Enfermagem é a ciência humana das pessoas, das experiências e vivências de saúde/doença do Homem. Watson coloca também ênfase no essencial, ou seja, na relação entre o prestador de cuidados e o beneficiário desses cuidados, que permitirá esperar um resultado terapêutico que contribuirá para o bem-estar, numa situação de vida em que o prestador de cuidados é chamado a intervir. O que faz o acessório da prática do cuidar são os vários meios de um grupo de profissionais que servem de suporte à ação de cuidar, sendo estes de natureza diversa e dependem de aspetos técnicos, assim como de aspetos científicos, educativos e organizacionais (Hesbeen, 2000).

Na Pediatria, a qualidade engloba também os cuidados centrados na família (CCF), uma vez que garantem a saúde e o bem-estar à criança/família através de uma relação de respeito, honrando os pontos fortes, cultura e conhecimentos que todos os elementos desta relação trazem para a mesma; regendo-se pelos cuidados à pessoa e não à sua condição, sendo o paciente melhor entendido no seu contexto de família, o que irá resultar em melhores cuidados de saúde, maior segurança e satisfação (O'Malley, Brown, & Krug, 2008).

A doença não será vivida da mesma forma por cada pessoa porque se inscreve numa situação de vida única, animada por um desejo de viver também único. Por mais que a doença seja objetivada no corpo que se tem, ela não afeta se não o corpo que se é (Hesbeen, 2000). A forma como cada família responde à situação de doença depende da forma como a doença surge, sendo que as mudanças comportamentais e afetivas são vividas num período de tempo muito curto, requerendo, por parte da família, uma rápida

mobilização das suas competências para lidar com a situação. Contudo, as incertezas diagnósticas representam um dos acontecimentos mais dramáticos que a família pode sofrer, envolvendo-a numa crise emocional, afetando todos os seus elementos (Jorge, 2004).

Os CCF garantem a saúde e o bem-estar à criança e sua família através de uma relação de respeito entre a criança/família e o profissional, honrando os pontos fortes, a cultura, a tradição e os conhecimentos que todos os elementos desta relação trazem para a mesma. Este tipo de cuidado rege-se por certos conceitos, como centrar-se nos cuidados à pessoa e não à sua condição, sendo o paciente melhor entendido no seu contexto de família, cultura, valores e objetivos, respeitando o seu contexto, perspetivando melhores cuidados de saúde, maior segurança e satisfação (O'Malley, Brown, & Krug, 2008). Na criança/família, o stress vivenciado numa situação de doença súbita é diferente do que na doença crónica; sendo que na doença súbita, as mudanças comportamentais e afetivas são vividas num período de tempo curto, requerendo uma rápida mobilização das competências familiares para lidar com a situação (Jorge, 2004). O sofrimento da família relativamente ao processo de doença aguda da criança pode ser causado pela gravidade da doença, pela ansiedade no envolvimento na prestação de cuidados e também pela capacidade de lidar com as emoções.

Neste processo de saúde/doença, a participação ativa dos pais nos cuidados físicos e emocionais dos filhos é essencial, aliviando o sentimento de culpa e estimulando o papel parental, levando a uma diminuição da ansiedade. Também para a organização do trabalho da Enfermagem o apoio da família é imprescindível; aceitá-los e orientá-los torna-se essencial para que a participação destas pessoas nos cuidados à criança seja uma realidade dentro dos CCF (Jorge, 2004). A assistência prestada à criança pelos pais é, segundo Schmitz (1989) citado por Jorge (2004), a mais perfeita e satisfatória e a que lhe confere mais segurança. Assim, a participação ativa dos pais nos cuidados fisicos e emocionais dos filhos, alivia o sentimento de culpa e estimula o papel dos pais. A sua presença durante o processo de doença permite desculpabilizá-los e restaurar-lhes a autoconfiança quanto à capacidade de cuidar do filho. Desta forma, é essencial a disponibilidade dos Enfermeiros para ouvir os pais e a criança, para que as questões possam ser reformuladas e a família se organize dentro desta nova situação (Jorge, 2004).

Neste sentido, a transmissão de informação e suporte em todas as intervenções deve estar sempre presente, sendo a comunicação uma pedra angular nos cuidados centrados na família (O'Malley, Brown, & Krug, 2008). Para minorar os efeitos negativos do processo de doença é importante que o Enfermeiro saiba escutar e colocar as questões certas, funcionando como elemento chave da intervenção terapêutica (Jorge, 2004). Assim, a comunicação é a base da relação terapêutica, essencial para as respostas às necessidades da dinâmica familiar. Despender tempo para construir um relacionamento e compreensão com a criança/família desenvolve um sentimento de confiança e aperfeiçoamento da comunicação que irá melhorar os resultados e a satisfação do paciente (Levetown, 2008).

Apesar de essencial e considerado como o mais comum procedimento na saúde, existe pouca ênfase curricular em construir competências na área da comunicação, principalmente, na área pediátrica. A maioria das ações dirigidas às famílias restringe-se em atender o questionamento sobre rotinas, normas ou estado do paciente, sem preocupação sobre as condições sociais e emocionais em que a família se encontra (Neto do Nascimento, 2013).

Na intervenção em Enfermagem, saber escutar e saber colocar as questões certas são a chave da intervenção terapêutica. Embora, o Enfermeiro possa ter conhecimento que a doença da criança não é realmente séria, não deve supor que os pais tenham esse conhecimento. Numa situação de desequilíbrio emocional, num estado de tensão e com sentimentos de culpabilização e medo, os familiares vivenciam uma panóplia de sentimentos; identificar as emoções, atitudes, medos e preocupações dos pais é uma forma de ajudar toda a família, uma vez que a ansiedade dos pais é transmitida aos filhos e influencia a recuperação destes (Jorge, 2004).

A obtenção de informação é um fator importante na capacidade da família para crescer e mudar, sendo esta uma necessidade específica em tempo de crise ou stress, sendo que a forma como a informação é transmitida, também muito importante. A informação dá à família algum controle sobre a situação, reduzindo sentimentos de incerteza. Ao partilhar os seus saberes com a família, toda a equipa multidisciplinar encontrará nos pais uma melhor e mais ativa colaboração (Jorge, 2004). Promover CCF envolve o reconhecimento da família como uma parte essencial nos cuidados à criança e na sua experiência de saúde/doença (Gough, Johnson, Waldron, Tyler, & Donath, 2009); são

uma abordagem inovadora para o planeamento, execução e avaliação dos cuidados de saúde, baseado numa relação de mútuo benefício para as crianças/familiares e profissionais de saúde. Para tal, é importante que o Enfermeiro clarifique os seus próprios valores, o que lhe irá permitir funcionar como modo terapêutico, comprometendo-se nos cuidados que presta, reconhecendo a importância dos CCF no processo de saúde/doença em Pediatria (Lopes, 2006).

Num estudo realizado por Crepaldi & Varella (2000), evidenciou-se a necessidade da uniformização da informação fornecida pela equipa de Enfermagem e da consciencialização da importância do acompanhamento familiar no desenvolvimento da doença; fornecendo uma informação clara, doseada, transmitida em momento correto, tendo em conta a situação vivenciada pela família. Ao partilhar os seus saberes com a família, toda a equipa multidisciplinar encontrará nos pais uma melhor e mais ativa colaboração (Jorge, 2004).

Segundo Benner “a prática é um todo integrado que requer que o profissional desenvolva o carácter, o conhecimento e a competência para contribuir para o desenvolvimento da própria prática” (2005, p.14). Assim, para desenvolver competências que tornem o profissional perito em determinadas áreas de conhecimento, devem ser adquiridos conhecimentos percetivos, devidamente fundamentados e aprofundados pelo conhecimento da situação concreta e contextualizada, que permitam prestar cuidados individualizados, numa perspetiva holística (Benner, 2005).

As competências comunicacionais afetam a experiência de processo de doença, pelo que o papel comunicacional do Enfermeiro poderá contribuir para reduzir a ansiedade da criança e família (Gough, Johnson, Waldron, Tyler, & Donath, 2009). Contudo, a transmissão de informação implica uma avaliação emocional dos pais, assim como do seu nível de compreensão, cultural e desejo de receber informação. O Enfermeiro deverá saber escolher as palavras e momentos oportunos, enfatizando os aspetos positivos, de forma a diminuir a ansiedade infundada e desnecessária (Jorge, 2004). O Enfermeiro que pretenda uma comunicação eficaz deve saber ouvir, identificar os seus sentimentos e tentar reconhecer os da pessoa com quem pretende comunicar, utilizar técnicas de comunicação, o silêncio, a reflexão, a recetividade, o esclarecimento e ser coerente nas suas mensagens (Jorge, 2004).

No documento Relatório Final Alexandra Sousa (páginas 93-101)