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3.1 Cadeia Produtiva de Maçã: aspectos técnicos e operacionais

3.1.2 Cadeia Produtiva da Maçã

Diante desse cenário técnico da produção apresenta-se a cadeia produtiva da maçã, formada por uma sucessão de operações de transformação, que compreendem as atividades desde a compra de insumos e matérias-primas para a plantação e cuidado com os pomares, passando pelos estágios da produção, processamento, classificação e embalagem. Abrange ainda, as etapas de comercialização e distribuição da fruta em atacados e varejistas chegando até o consumidor final do produto. Para tanto, é fundamental fazer uma distinção entre cada segmento que forma a cadeia produtiva da maçã, possibilitando a melhor compreensão das relações de interdependência entre cada elo. Para que a toda cadeia

produtiva conquiste bons resultados é importante que todos os elos trabalhem simultaneamente e de maneira eficiente.

O primeiro elo que forma a cadeia é o dos insumos agrícolas para a produção. Essa etapa diz respeito aos fornecedores de matérias primas, como sementes, mudas, adubos, fertilizantes, defensivos, máquinas agrícolas e equipamentos utilizados na produção. O fornecimento desses materiais geralmente é feito pelas agropecuárias e cooperativas localizadas na região ou próximas às empresas processadoras. Pelo fato da maçã ser uma cultivar que exige muitos cuidados, em relação ao solo e clima principalmente, a produção necessita de elevados investimentos em adubos, herbicidas e fungicidas, além de gastos com proteção contra intempéries climáticas como o granizo, que requer a utilização de lonas plásticas ou telas. Para tanto, esse é um elo essencial para a cadeia produtiva da fruta. Pode- se dizer que tal segmento encontra-se antes da porteira (Figura 6).

No elo da produção atuam pequenos e médios produtores, além das grandes empresas verticalmente integradas que compram grande parte da produção dos outros dois tipos de produtores, já que esses raramente possuem estrutura própria para classificar e armazenar a fruta. As empresas processadoras mantêm relações com os fornecedores para compra de insumos e equipamentos para a produção e também transaciona com os outros segmentos, como atacadistas e varejistas que farão a distribuição da fruta. A safra da maçã se estende, geralmente, dos meses de janeiro a abril. Em relação as duas variedades mais plantadas no Brasil, a Gala e a Fuji, a primeira é colhida nos meses de janeiro e fevereiro e a segunda nos meses de março e abril.

Posterior à colheita, ou ainda, no segmento depois da porteira, tem-se as etapas de armazenagem, classificação e embalagem da fruta. Para desempenhar estas etapas têm-se as empresas integradas verticalmente e as cooperativas, essa ultima geralmente é formadas por pequenos e médios produtores que se unem como forma de viabilizar a formação de estruturas para desempenhar essas atividades, além de conquistar ganhos de escala. Nas grandes empresas verticalmente integradas, a estrutura para realizar tais atividades é automatizada e moderna, contando com equipamentos eletrônicos que reduzem a quantidade de mão de obra na produção, aumentando a produtividade e padronização dos produtos, além de câmaras com atmosfera controlada. A maçã chega as grandes empresas e cooperativas após a saída dos pomares, a partir daí, a fruta é armazenada em câmaras frias, permanecendo sob temperatura controlada até passar para a etapa seguinte, que é a de classificação. Nessa etapa as maçãs são depositadas em tanques de água, chegando até uma esteira que fará com que a fruta passe por

um processo de classificação, selecionando-as de acordo com seu calibre ou categoria. A classificação é feita a partir do regulamento técnico de identidade e qualidade da maçã, estabelecido em 2006 3.

Após classificada a maçã é embalada. Grande parcela das maçãs já embaladas são carregadas e transportadas para os locais de distribuição, tanto no atacado quanto no varejo, fazendo com que a fruta chegue até os consumidores, por meio de supermercados, feiras e outros estabelecimentos que comercializam a maçã. O escoamento da produção é feito por caminhões com câmaras frigoríficas, que possibilitam a conservação da fruta até o local de destino. Antes de chegar ao consumidor final as maçãs devem passar por um sistema de controle que certifica a qualidade do produto que está sendo consumido. O restante da maçã que não ainda não foi vendida permanece armazenada nas câmaras frigoríficas, onde ficam estocadas até que possua demanda nos pontos de venda.

Figura 6 Cadeia produtiva da maçã

Fonte: Bittencourt (2008) baseado em Simioni (2000). Adaptado pela autora.

A criação de normas de controle e segurança visa não só estabelecer um padrão para comercialização da fruta, facilitando a venda do produto de forma uniforme, mas também garantir qualidade ao consumidor, que cada vez mais exige produtos saudáveis e seguros para seu dia a dia. Diante das exigências dos consumidores e dos padrões cada vez mais rígidos dos mercados externos para comprar o produto, foi preciso implantar um sistema que empregasse tecnologias capazes de controlar os processos envolvidos na cadeia produtiva da maçã (FERREIRA, 2009). Para tanto, o sistema de Produção Integrada (PI), conhecido no

3 Instrução Normativa no. 5, de 09 de fevereiro de 2006, ao qual o Ministério da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento (MAPA) por meio do Ministro de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no uso dos seus poderes aprova o Regulamento Técnico de Identidade e Qualidade da Maçã.

setor macieiro como PIM (Produção Integrada de Maçãs) foi implantada no Brasil, na cadeia produtiva da maçã de maneira pioneira em 1996, com o intuito de orientar a produção da fruta, o que possibilitou à produção brasileira se adequar as exigências internacionais de comercialização do produto. Esse sistema estabeleceu parâmetros para o uso de fertilizantes e agrotóxicos utilizados na plantação para controle de pragas, manejo do solo, além de outros processos (BNDES, 2010).

Segundo Bittencourt (2008, p.95) “a produção integrada promove a utilização racional das técnicas produtivas, limitando o uso de energia e de insumos, o que permite a diminuição do custo de produção”. Esse conjunto de técnicas controla o sistema produtivo por meio do monitoramento de todas as etapas da cadeia, que se inicia com a compra de matéria- prima e insumos até o produto final chegar ao consumidor, para que este tenha confiança e garantias da procedência do produto que está adquirindo, sendo que cada etapa é regulada de modo a otimizar toda a cadeia. Além de benefícios gerados aos consumidores como segurança e confiança nas maçãs adquiridas, a PIM tem contribuído com a qualidade da fruta através de técnicas modernas de manejo dos pomares.

A maçã é uma fruta extremamente delicada e que requer muitos cuidados desde o manuseio pós-colheita até seu transporte aos locais de distribuição e venda. Para tanto a exigência de práticas adequadas de produção, aliada a um sistema de rastreabilidade preciso, além de uma estrutura logística adequada garante a qualidade do produto até a chegada ao consumidor final. É importante que se tenha o controle dos materiais e informações que circulam na cadeia de produção da maçã, tais como o transporte, armazenagem, processamento, distribuição, além das informações a cerca de todas essas atividades. Só dessa forma, com uma logística eficiente, o produto será colocado à disposição do consumidor de acordo com as exigências necessárias.