• Nenhum resultado encontrado

s alemães nunca vão cair?” No dia do aniversário de Hitler, um o icial de inteligência da Nova Zelândia estava sentado nos degraus de um trailer no quartel-general de sua divisão na Itália — um acampamento de veículos camu lados, estacionados entre ileiras de álamos e vinhedos. Geoffrey Cox imaginava o que escrever no seu relatório para a reunião de avaliação diária da guerra. Era outro dia de sol glorioso. Uma brisa suave balançava as árvores, e lores amarelas e roxas brotavam delicadamente na relva. Acima, no céu azul radiante, ele podia ouvir o canto de uma cotovia. A Itália nunca estivera tão bonita. No entanto, ele estava abatido, e toda aquela beleza era incapaz de levantar o seu ânimo.

A oeste, as tropas do V Exército dos Estados Unidos, entre elas a 10 a

Divisão de Montanha, que tinha um exausto Robert Ellis em sua trincheira, haviam conquistado o pior dos picos apeninos e estavam às portas de Bolonha. Os russos já tinham chegado aos subúrbios de Berlim. As forças britânicas e americanas avançavam rapidamente pela Alemanha central e ocidental, onde Robert Reid e um pequeno exército de correspondentes de guerra acompanhavam seu avanço.

Aqui, porém, ao longo da costa adriática da Itália, o VIII Exército britânico parecia paralisado. Provavelmente, este foi o exército mais famoso da Segunda Guerra Mundial. Ao iniciar suas atividades no deserto ocidental, em 1941, ele experimentou derrotas amargas, bem como vitórias duras, enquanto ia abrindo caminho pelo vale do Nilo, das areias do norte da África até a Tunísia, cruzando a Sicília e subindo a Itália em direção aos Alpes. O VIII Exército também fora descrito como “o império britânico em guerra”, porque incluía numerosas e famosas divisões e unidades do Canadá, Nova Zelândia, Índia, África do Sul e Austrália.1 Agora, na Itália,

seu progresso era di ícil. Mas isso não chegava a surpreender. O alto- comando aliado concentrava sua investida na Alemanha. Para reforçar suas ileiras, os exércitos na Itália haviam sido obrigados a abrir mão de milhares de homens e equipamentos valiosos.

O bem-preparado Cox, com seus cabelos pretos penteados para trás e olhos sempre alertas, era um veterano não só de guerra, mas do mundo duro e competitivo do jornalismo em tempos de paz. Ele nascera em

Palmerston, uma pequena vila em South Island, Nova Zelândia, havia 35 anos. Como muitos de sua comunidade, tinha descendência escocesa — sua mãe era uma MacGregor. Frustrada por não ter podido seguir uma pro issão, ela transmitiu ao ilho uma vontade ardente de estar no centro dos acontecimentos. Ainda menino, ela o fazia ler as legendas das fotos da Primeira Guerra Mundial publicadas no jornal Otago Witness e relatar o que compreendia delas — desde então, Cox passou a desejar explorar o mundo além dos limites da Nova Zelândia.

Depois de se formar em História na Universidade de Otago, ele conseguiu uma prestigiada bolsa de estudos do Rhodes Trust para Oxford. Sua paixão era a História, mas ele não queria ser um acadêmico em uma torre de mar im. “Eu queria estar no centro das coisas, onde a história estivesse sendo escrita”, explicou, sobre sua decisão de se tornar um correspondente estrangeiro após se pós-graduar em Oxford.

“Jornalismo?”, exclamou horrorizado Lord Lothian, secretário do Rhodes Trust, quando Cox lhe disse que tinha desistido de ser diplomata. “Isto não é profissão para um homem de universidade!”

Mas Cox insistiu e conseguiu trabalho como correspondente de grandes veículos como o Daily Express e o News Chronicle. Instintivamente, encontrou seu caminho para a linha de frente. Explorando a Alemanha nazista pouco depois de Hitler chegar ao poder, passou três semanas com a Juventude Hitlerista drenando pântanos perto de Hanover e foi preso pela tropa de assalto em Berlim por não ter feito a saudação nazista. Teve também uma visão privilegiada do comício de Nuremberg em 1934 graças a um livreiro nazista da cidade que o deixou assistir ao des ile da janela de sua loja. O que viu fez dele um feroz opositor do nazismo.

Cox cobriu também, como correspondente, a Guerra Civil espanhola e por pouco não foi baleado. Abordado por uma patrulha, ele procurou um lenço branco nos bolsos para mostrar sua neutralidade, mas o chefe da patrulha atirou, achando que procurava uma arma; por sorte, a bala passou raspando. Em seguida, esteve em Viena durante o Anschluss em 1938 e dois anos depois, viajando ao norte do Círculo Ártico, viu as tropas de esqui inlandesas combaterem os soviéticos na “Guerra do Inverno” e lhes darem uma verdadeira surra. Na primavera seguinte, deixou Bruxelas apenas algumas horas antes da invasão alemã e fugiu para a França praticamente com a roupa do corpo.

Então, ele se alistou. Ser correspondente na guerra dos outros era uma coisa, pensou. Mas era diferente quando seu próprio país estava envolvido. Ele se alistou no Exército britânico, passando pelo treinamento de oficiais, e

foi lotado na 2a Divisão da Nova Zelândia, combatendo em Creta, no norte

da África e agora na Itália.

Em Oxford, conhecera e se casara com Cecily Turner, uma colega de universidade, e tiveram dois ilhos: Peter, agora com 8 anos, e Patrick, com 6. Cecily era uma inglesa de Sussex, mas durante os dois primeiros anos da guerra morou na Nova Zelândia com os meninos e viu quando as armadilhas de tanque foram construídas na periferia de Auckland para o caso de os japoneses tentarem invadir a cidade. Dentro de seu livro de pagamento do Exército, Cox carregava três fotos preciosas da família. Ele escrevia com frequência para Cecily e festejava quando as respostas chegavam. Costumava contar sobre o que estava lendo no momento. Alguns meses antes, ele passara um mês no hospital com um quadro de icterícia. “Querida Cecily”, escreveu depois de receber uma das cartas carinhosas da esposa, “eu estava bem desanimado [...] lendo The American

Character, de Margaret Mead [...] Li também tudo de Shakespeare, com

exceção de Henrique VIII, e estou na metade de Hamlet”. Nos meses anteriores, tinha lido Ulisses, de James Joyce, e Jane Eyre. No momento, estava lendo The Trial of Mussolini, do polêmico jornalista britânico de esquerda Michael Foot, um ataque não só ao ditador fascista italiano, mas àqueles na Grã-Bretanha que o apoiaram antes da guerra.

A 2a Divisão da Nova Zelândia tinha acabado de sair de uma batalha

sangrenta que levou Cox a imaginar se algum dia veria o im daquela matança. Os alemães estavam empreendendo uma luta obstinada em cada um dos rios que cruzava o caminho do avanço aliado. Apenas três dias antes, Hitler emitiu um comunicado a seus comandantes e o iciais na Itália: “Sob hipótese alguma as tropas ou comandantes devem vacilar ou adotar uma postura derrotista. O Führer espera agora, como antes, a máxima tenacidade no cumprimento da missão, para defender cada centímetro do norte italiano sob domínio alemão.” Ele inalizava com uma ameaça velada apontando as “sérias consequências” para quem não obedecesse às suas disposições ao pé da letra. Em outras palavras, se alguém hesitasse, seria morto. Os comandantes estavam, portanto, cumprindo ordens do próprio Führer.

Duas noites antes, nas margens do rio Gaiana, os neozelandeses travaram um combate corpo a corpo com vários batalhões de paraquedistas alemães. Eles eram combatentes de elite da Wehrmacht, duros e perversos, e também dispostos a morrer por Hitler. “Detesto esses paraquedistas”, confessou o general Bernard Freyberg, comandante da divisão de Cox. “Eles representam o que há de pior no sistema nazista.”

Ele os detestava porque tinha medo deles. Apelidado de “baixinho”, Freyberg media 1,83m de altura e era o militar mais respeitado da Nova Zelândia. Sua coragem era notória. Ele fora condecorado com a Ordem por Serviços Distintos ao nadar em alto-mar durante o desembarque de Galípoli em 1915, a im de acender sinais luminosos diversivos, e também com a Victoria Cross, a mais alta condecoração de guerra da Grã-Bretanha, ao comandar um assalto na batalha do rio Somme. No dia em que a Primeira Guerra Mundial terminou, ele acrescentou uma barra a sua DSO ao tomar uma ponte na França exatamente um minuto antes de o armistício entrar em vigor. Mas, por suas experiências amargas, Freyberg e seus homens sabiam que tipo de inimigo tinham agora pela frente. Um ano antes, em Monte Cassino, na batalha mais selvagem que travaram na Itália, haviam sido encurralados pelos paraquedistas e sofrido muitas baixas. Agora era a hora da revanche, uma oportunidade para empatar o jogo.

“A batalha do rio Gaiana”, observou Cox, “chamou pouca atenção naqueles dias inais de abril de 1945, mas acho que podemos dizer que poucas vezes antes o caixão do nazismo foi tão bem lacrado”.2

A descrição de “rio” era quase pejorativa. Na realidade, o Gaiana era pouco mais que uma vala cruzando a estrada entre Ravena e Bolonha, um córrego de água lamacenta que podia ser transposto facilmente pela infantaria. Mas os tanques não podiam atravessá-lo porque ele tinha sido canalizado por barragens de 6 metros de altura. Ali, os paraquedistas alemães tinham se entrincheirado. Estavam preparados para provar que podiam manter as defesas onde a infantaria normal não conseguia.

Dois dias antes da batalha, os neozelandeses izeram sua reunião diária para icar a par da situação. Ela aconteceu em uma espaçosa casa de fazenda construída em pedra, e da janela da sala Cox conseguia ver os tiros atingindo o lado oposto do Gaiana.

“Você tem certeza de que os paraquedistas estão lá com força máxima?”, Freyberg perguntou.

“Sim”, respondeu Cox, con iante de que ele e sua equipe de inteligência haviam identi icado seis batalhões completos, distribuídos na linha de frente ou de reserva na retaguarda, junto com meia dúzia de tanques Panther.

“Você tem certeza de que eles vão resistir e lutar?”, perguntou Freyberg.

Cox estava convicto. Os alemães haviam empenhado todas as suas reservas e lutavam ferozmente por toda a Itália. Tinham até mesmo

chamado de volta uma divisão de granadeiros Panzer que pouco antes partira para o front na Alemanha. Para Cox, parecia óbvio que, rompendo a defesa do inimigo, poriam em perigo todas as linhas alemãs. “Muito bem, então. Vamos penetrar por aqui”, disse Freyberg. Não havia dúvida de que eles tinham um combate dos mais sérios pela frente. Houve tiroteio pesado, e os Nebelwerfers — lançadores de foguete com cano múltiplo e alcance de cerca de 6 quilômetros — estavam trabalhando bastante. As tropas aliadas os chamavam de “nervosinhos”, por causa do barulho que os foguetes, equipados com sirene, faziam durante o voo. Houve também alguns contra-ataques ferozes dos alemães, sobretudo no lanco esquerdo neozelandês, tendo os gurkhas como alvo. Cox estava contente em ter estes soldados nepaleses por perto. Naquele inverno, eles haviam mostrado sua estirpe guerreira ao lado dos neozelandeses. “Eles já estavam congestionando a área”, Cox observou, “com seus pequenos rostos redondos e amarelos emergindo como rostos de crianças da carroceria de seus vários caminhões, com o emblema de suas facas kukhri entrelaçadas pregado nos ombros, e seu equipamento marcial bem-cuidado”.

A longa tarde ensolarada aproximava-se do im. Canhões posicionaram- se rapidamente para tomar parte no bombardeio, enquanto do cristalino céu azul a aviação aliada continuava a triturar as linhas inimigas. O breu da noite chegou, e o ar esfriou depressa. Cox foi chamado a encontrar Freyberg. Ele viu o general caminhando nervosamente de um lado para outro na grama.

“Me dê novamente uma estimativa da força do inimigo”, disse Freyberg. “No máximo, mil combatentes, senhor!”, respondeu Cox.

Freyberg fez uma conta rápida de cabeça.

“Isto signi ica cem disparos de nossos canhões pesados sobre cada paraquedista alemão em solo, sem contar os de médio calibre. Eu não gostaria de estar debaixo dessa chuva — é o pior fogo de barragem que já houve nesta guerra. Esta”, disse a Cox, “será a nossa batalha mais importante na Itália”.

Às nove da noite, a artilharia aliada começou a descarregar um pesado fogo de barragem. Para Cox, aquilo se parecia com uma centena de trovoadas. “As árvores ao nosso redor”, escreveu ele, “mudaram da escuridão adormecida para formas de verde e amarelo”. Ele assistiu a distância quando os lança-chamas chegaram. Eram pouco mais de dez horas e estava muito escuro. “Seus jatos lamejantes, vermelhos sob os lashes acelerados, brilhavam mais e mais no céu. Por toda a extensão do

rio aquele clarão reluziu, vermelho e aterrorizante. A fumaça negra encobriu as estrelas.”

A princípio, ele temeu que o ataque tivesse fracassado. Poucos prisioneiros foram trazidos, e eram sobretudo prisioneiros que ele queria ver. Não apenas para interrogá-los, embora para um o icial de inteligência como Cox eles pudessem fornecer informações valiosas sobre as intenções inimigas. Mais do que isso, ao fazer prisioneiros, ele destruía o exército de Hitler na Itália e impedia seu recuo até os Alpes para uma cartada final.

Quando o dia amanheceu, porém, Cox viu que estava enganado. Ele dirigiu seu jipe até a margem do rio e entendeu, de repente, por que as jaulas de prisioneiros da sua divisão estavam quase vazias. Diante dele, estava uma cena de impressionante carni icina. “Ao longo das margens, no córrego, nas trincheiras, em casas e poços da redondeza, jaziam os mortos da elite do Exército alemão. Os paraquedistas tinham queimado até a morte em suas trincheiras, atingidos pelas chamas ariscas e impiedosas que os caçavam como pragas”, lembrou. Estraçalhados pelo pesado fogo de barragem, muitos haviam sido decapitados, ou estavam sem braços e pernas, com as vísceras expostas. Na sequência do bombardeio, foram atacados pelas metralhadoras dos neozelandeses em um massacre cruel. Haviam morrido também de várias outras maneiras.

Agora, alguns estavam esparramados no chão com seus cabelos foscos e sem vida, com os olhos arregalados para o céu de primavera, ou curvados em posição fetal e enrijecidos pelo mergulho dos corpos nas águas escuras e oleosas do Gaiana. Era como um cenário do front ocidental da Primeira Guerra, uma minibatalha do Somme ou de Paschendaele, a morte em uma escala grotesca. “Ali jaziam eles”, Cox anotou emocionado, “em todo seu horror [...] a juventude da Alemanha nazista, o orgulho do hitlerismo [...] estavam aniquilados. Imprestáveis e perigosos em vida, eram ainda mais imprestáveis na morte, o preço inal de Hitler e das forças que o haviam levado àquela posição”.

Mas será que o massacre fora su iciente para fazer o inimigo desistir? Ou encontrariam mais um grupo adiante? Sentado ali no sol, no dia do aniversário de Hitler, Cox agarrava-se a um último resquício de esperança, a qualquer pequeno sinal de que os nazistas estavam inalmente perdendo sua fé. Entre o punhado de prisioneiros que capturaram estava um desertor genuíno, um o icial, o primeiro paraquedista que os neozelandeses tinham visto até ali. Era um nazista dos velhos tempos, um veterano da Legião Condor, a unidade alemã que ajudou Franco a tomar o poder na Espanha. Cox lhe ofereceu um cigarro e puxou conversa com ele

na jaula de prisioneiros. O o icial alemão confessou que os lança-chamas, e não a artilharia, haviam quebrado a espinha dorsal de sua resistência.

“Qual é a sua estratégia?”, Cox perguntou.

“Combater vocês e imobilizá-los. Mas se vocês continuarem lutando, vamos acabar sucumbindo.”

“Por que você desertou?”

O homem deu de ombros. Independentemente do que acontecesse na Itália, a guerra estava perdida. Então, por que esperar? Para ser mandado de volta à Alemanha e cair na mão dos russos? Daqui, pelo menos, ele podia ir para os Estados Unidos. Ele estivera lá, embarcado como marinheiro em um transatlântico nos anos 1920. Os Estados Unidos, com suas mulheres, que país!

Depois desta conversa, Cox passou a acreditar que o espírito nazista estava se desfazendo. Mesmo os mais entusiastas estavam inalmente procurando saídas de emergência. Ele voltou para o aconchego de seu trailer e passou as horas seguintes preparando cuidadosamente seu relatório, que estava pronto e datilografado por volta das seis da tarde. Os alemães sobreviventes já haviam fugido na direção do rio Idice, e todos na divisão esperavam ter de enfrentá-los novamente por lá. Mas, ao longo do dia, enquanto Cox escrevia seu relato, duas companhias maoris atravessaram o Idice quase sem luta. Ao mesmo tempo, tanques chafurdavam rio acima. Com certeza, relatou Cox, os alemães estavam em retirada. Nem mesmo os “paraquedistas fanáticos” eram páreo para a artilharia pesada e os lança-chamas.

A experiência de guerra o alertava contra a complacência. De acordo com uma lista codi icada apreendida naquele dia, Cox soube que uma nova divisão de paraquedistas formada por combatentes relativamente jovens, mas experientes, fora deslocada para aquela zona pelos alemães. Além disso, para garantir sua retirada, o inimigo teria que proteger um corredor no território logo à frente dos neozelandeses. “Devemos esperar obstinação e combate di ícil pela frente, no mais puro estilo dos paraquedistas”, Cox advertiu.

A resistência obstinada dos alemães e sua defesa estratégica vinham caracterizando as batalhas desde que a campanha na Itália começara, com o desembarque dos britânicos e americanos na Sicília, em julho de 1943. Projetada para reproduzir as grandes vitórias aliadas no norte da África, a campanha italiana se atolou no terreno hostil das peculiaridades do país, cujas terras desmentiam cruelmente o discurso otimista de Churchill, segundo o qual a Itália era “o ponto fraco da Europa”. De norte a sul, o

território italiano abriga montanhas inóspitas de até 2 mil metros de altura, perfeitas para a defesa, mas não para o ataque, dispondo somente de duas estreitas planícies costeiras em ambos os lados da península para o avanço aliado. Era um terreno que dava ampla vantagem aos alemães. O calor escaldante no verão e as chuvas torrenciais e tempestades de neve no inverno faziam daquelas montanhas o Inferno na Terra.

Hitler e o marechal de campo Kesselring, seu comandante na Itália, decidiram defender cada centímetro de solo e distribuíram em várias divisões alguns dos melhores combatentes da Wehrmacht. Em vez do avanço rápido até Florença, onde pretendiam chegar em poucas semanas, os Aliados enfrentaram violentas e desgastantes batalhas por dois invernos sob uma neve impiedosa, chuva e lama. Para piorar as coisas, seis divisões aliadas foram deslocadas da Itália para a invasão do sul da França na sequência do desembarque da Normandia em junho de 1944.

Não chegava a surpreender que na primavera de 1945 os Aliados ainda não tivessem cruzado o rio Pó. Robert Ellis, combatendo na 10a

Divisão de Montanha, teve sorte de seu grupo ter chegado à Itália somente naquele mês de janeiro. Mas Reg Roy, agora na Holanda, desembarcara com os canadenses na Itália e ali sobrevivera a combates ferozes com os alemães. Apenas em fevereiro fora transferido para a Holanda. Geoffrey Cox, por sua vez, tinha ainda mais experiência na guerra contra os alemães, pois desde 1941 os enfrentava.

As mesmas habilidades que haviam feito dele um grande jornalista izeram dele um excepcional agente de inteligência: uma mente penetrante e a iada; um olho adestrado para os detalhes; a capacidade de absorver e sintetizar rapidamente uma grande quantidade de informações; e um talento raro, sobretudo no ambiente militar, para escrever com clareza e objetividade; além de narinas privilegiadas que farejavam a ação onde quer que ela estivesse. “A gente sempre sabia que, quando Cox aparecia, os alemães estavam logo ali, do outro lado da montanha”, revelou um de seus camaradas. “Era como ser o editor de uma movimentada agência de notícias”, Cox resumiu.

Isso sem contar que ele era também um repórter brilhante. Quando se

Documentos relacionados