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2 “TRISTEZA E ESCURIDÃO”

3. JUSTIÇA VINGADORA

a Itália, entre os picos recortados dos Alpes, onde a neve do inverno ainda bloqueava as passagens mais altas, outros quatro agentes secretos preparavam-se para missões nas terras inimigas. A França — alvo principal dos agentes britânicos e americanos antes do Dia D — não atraía mais os guerrilheiros das sombras após sua libertação. Como Robert Reid testemunhara com seus próprios olhos em Buchenwald, os agentes capturados pagaram um preço terrível, sendo torturados e mortos, mas seus esforços produziram dividendos, atormentando os alemães e desviando a atenção deles enquanto as tropas aliadas desembarcavam na Normandia.

Agora, nos dias inais da guerra, os agentes aliados estavam saltando de paraquedas dentro do próprio Reich. Aqui, também, talvez eles pudessem colaborar com os avanços aliados com ações por trás das linhas inimigas. A Alemanha se encontrava fora dos limites da SOE até depois do Dia D por ser muito perigosa e porque di icilmente conseguiriam bons resultados ali em meio a uma população hostil. Mas desde o atentado de 20 de julho, que revelou uma resistência interna disposta a eliminar Hitler, as opiniões haviam mudado. A SOE chegou inclusive a gastar tempo e energia preparando um plano para eliminar o Führer, enviando um assassino próximo à sua casa nos arredores de Berchtesgaden, mas logo abandonou a ideia, considerando-a impraticável e desnecessária — a estratégia insana do próprio Hitler, por si só, estava levando a Alemanha à derrota.

Entretanto, os agentes aliados ainda podiam encontrar coisas úteis para fazer e também pessoas no terreno para ajudá-los. Embora parecesse improvável, a Áustria começava a emergir como um foco dos esforços aliados para inspirar resistência. Hitler anexara sua terra natal ao Terceiro Reich, muitos dos nazistas mais fanáticos e proeminentes eram austríacos e a maior parte da população do país tinha absorvido bem o Anschluss. Pouco depois disso, Fey von Hassell excursionou pela Áustria com seus pais, que planejavam comprar uma pequena casa por lá. Como nenhum dos dois gostava de dirigir, Fey assumiu o volante. Com exceção de alguns solavancos, a viagem foi boa, apesar do fato desconcertante de os austríacos dirigirem do lado esquerdo da estrada, assim como os ingleses.

A família adorou a zona rural austríaca, embora as casas estivessem em más condições.

Mas o que mais chamou a atenção de Fey foi o servilismo dos austríacos com relação ao regime nazista. “Certa vez meu pai disse que até as leiteiras na Áustria dizem Heil Hitler antes de ordenharem a vaca. Hitler se apossou daquele país pela força”, ela prosseguiu, “mas a Áustria, com pouquíssimas exceções, aceitou isto prontamente”.1 Mesmo assim, logo

surgiram sinais de uma oposição latente, e com o inal da guerra se aproximando, a população poderia ousar ajudar os Aliados.

Portanto, a Áustria foi o alvo dos quatro agentes escalados para aquela tarefa. Quando o clima estava favorável e havia um avião disponível, eles sobrevoavam as montanhas à noite e saltavam de paraquedas sobre um local cuidadosamente escolhido. Seria uma queda “cega”, isto é, não haveria nenhum comitê para recepcioná-los. Em lugares como a Áustria, com muitos nazistas ao redor, isso poderia ser desastroso. Mesmo em países mais hospitaleiros, a Gestapo podia penetrar em uma rede da SOE e armar uma cilada com um falso comitê de recepção. Isso já havia acontecido na Holanda, onde cerca de cinquenta agentes saltaram diretamente nas mãos do inimigo.

Ficar esperando até o tempo melhorar poderia levar alguns dias, ou até mesmo semanas. Era preciso que o tempo estivesse bom para a decolagem, no local de salto e também para a aterrissagem na volta. A lua teria que estar clara o su iciente para que o navegador pudesse identi icar com precisão razoável o local para o salto dos agentes no ponto de referência correto do mapa — os espiões teriam que descobrir rapidamente onde estavam e se esconder antes do nascer do dia. Um inesperado céu nublado no local do salto levava vários voos secretos a abandonarem suas missões.

E ainda que todas as condições fossem favoráveis para a decolagem, um avião com tripulação treinada para estes voos precisava estar disponível. Voos de precisão à noite eram arriscados e requeriam pilotos com nervos de aço. Eles teriam que ser capazes de fazer voos rasantes sobre o terreno inimigo e, se necessário, dar várias voltas até o local exato do salto ser localizado. Esse tipo de voo era muito solicitado, tanto pelos americanos como pelos britânicos, e havia sempre uma fila de espera.

Os quatro homens icaram esperando por dez dias em uma base americana em Rosignano, ao sul de Livorno, na costa oeste da Itália. Eles se alojaram em um casebre nos arredores do aeródromo. Na primeira semana, todo dia, exatamente às 9h30, um mensageiro chegava com sua moto barulhenta, freava com estardalhaço e avisava que não haveria voo

naquela noite. Mas, àquela altura, o rapaz já desistira até de fazer isso; ele se limitava a passar lentamente, buzinar e indicar com o polegar para baixo que teriam de esperar pelo menos mais um dia.

Mesmo assim, Fred Warner, um dos agentes, já havia percebido que a situação não era assim tão desagradável. Ele até admitia uma ligeira sensação de alívio toda vez que a missão era cancelada. Como os outros, sabia muito bem o que aconteceria se algo desse errado e podia imaginar uma morte terrível nas mãos da Gestapo. Mais um longo dia sem nada para fazer tinha lá as suas compensações. Ninguém os impedia de sair para passear pelos campos vizinhos naquela primavera, e à noite havia o cinema da cidade, requisitado para ins militares pelos americanos, e que exibia sempre um ilme diferente. Em seguida, eles saíam para beber em um dos muitos restaurantes italianos que começaram a brotar como cogumelos em torno do perímetro da base aérea.

Certo dia, foram todos a Pisa e brincaram de turistas, tirando fotos em frente à torre inclinada, da mesma forma que os soldados inimigos haviam feito pouco tempo antes. Devido a seus bonés alpinos, compridos e de formato cilíndrico, chegaram até mesmo a ser confundidos com os alemães — esses bonés não eram muito diferentes daqueles usados pelas tropas alpinas germânicas que já haviam passado por ali, e que naquele momento lutavam ao norte contra a 10a Divisão Alpina. De repente alguém gritou:

“Tedeschi! ” — “Alemães!” — e, antes que pudessem se dar conta, um grupo de garotinhos os tinha cercado e atirava pedras. A confusão foi desfeita e eles voltaram ilesos para a base.

As crianças italianas não estavam de todo erradas, pois Warner, como os outros do grupo, era um nativo de língua alemã. Assim como ele, outros milhares de refugiados alemães e austríacos, nem todos judeus, decidiram seguir o mesmo caminho e estavam lutando ao lado das forças aliadas para livrar seus países de Hitler. Warner nasceu em dezembro de 1919 em Hamburgo, onde seu pai tinha um negócio próspero. Sendo o quinto em uma família de sete ilhos, ele cresceu em um ambiente confortável, que incluía uma linda casa de veraneio em Travemünde, uma estância badalada na costa báltica, próxima a Lübeck. Fred Warner sempre usava luvas em seu passeio anual até lá, para manter as mãos limpas durante a viagem. A vida era refinada.

Dez anos mais tarde, porém, a situação de sua família mudou de uma hora para outra quando seu pai perdeu toda a fortuna na grande quebra da Bolsa. “Nada de casas, passeios de carro, empregados, governantas ou coisa parecida”, Fred recordou. Em vez disso, todos se mudaram para o

casarão de sua avó na cidade, onde alguns dos seus oito ilhos já estavam morando. Pelo menos para as crianças, a vida continuou agradável, pois lá havia um jardim enorme para brincar.

Toda aquela vida, porém, teve um inal repentino quando os nazistas tomaram o poder em 1933. Na escola de Fred, o diretor foi substituído por um nazista radical que sempre vestia seu uniforme da Sturmabteilung (SA) e, gritando, insultava qualquer aluno que não estivesse com o uniforme da Juventude Hitlerista. Fred viu pessoas serem agredidas nas ruas por não fazerem a saudação nazista. Nos cinemas, o hino nacional alemão era imediatamente seguido pela “Canção de Horst Wessel”, assim chamada em homenagem a um jovem herói nazista morto em uma briga de rua. Durante os ilmes, Fred notava que as luzes de repente eram acesas e homens da SA começavam a gritar “Juden Raus! ” (“Fora, Judeus!”). Ninguém ousava reclamar.

Após a aprovação das leis raciais de Nuremberg em 1935, a situação piorou rapidamente. A família de Fred era judia, embora convertida ao cristianismo. Porém, dali em diante, isso não faria mais diferença alguma, e eles foram classi icados como “não arianos”. Um de seus tios icou preso por dois anos por ter um caso com uma mulher “ariana”. Ao ser libertado, imediatamente o prenderam de novo e o mandaram para o campo de Dachau. A família nunca voltou a vê-lo.

Fred largou a escola aos 16 anos, mas não podia entrar para o ramo hoteleiro de que tanto gostava, pois naquela época a hotelaria era vedada aos judeus. Então, ele começou a trabalhar para um judeu mercador de milho e a fazer aulas particulares de culinária à noite — o único homem em uma turma de 12 mulheres. Como o terror nazista se intensi icava, seu pai decidiu dormir cada noite em um local diferente. Até que um vizinho no prédio de Fred foi levado pela Gestapo. Algumas semanas depois, sua esposa recebeu uma carta dizendo que seu marido havia morrido e que ela poderia ir recolher as cinzas. A conta do crematório estava anexada.

Por volta de 1938, a maioria dos irmãos e irmãs de Fred já havia partido para refúgios seguros como o Brasil, a Nova Zelândia ou a Grã- Bretanha. Seu irmão caçula seguira para Londres em uma caravana de crianças organizada pela igreja dos quakers, e no ano seguinte Fred foi ao seu encontro na Grã-Bretanha. Em fevereiro de 1939, levando uma única mala com todos os seus pertences, ele deu adeus aos pais na estação de trem de Hamburgo. Seu plano era se mudar para a Nova Zelândia e encontrar sua irmã. Mas a guerra chegou antes que ele obtivesse o visto e Fred se viu forçado a icar. Quando chegou à estação de ferryboats de

Harwich, ele tinha 19 anos. No passaporte, seu nome fora mudado para Manfred Werner.

Por algum tempo, Fred se hospedou na casa de uma prima rica de sua mãe, que patrocinou sua entrada na Grã-Bretanha. Mas ele se sentia culpado por não fazer nada e, em 1940, alistou-se como voluntário no Corpo Auxiliar de Sapadores Militares. Pelo menos 20 mil judeus alemães, de ambos os sexos, lutaram ao lado das forças aliadas contra o nazismo durante a Segunda Guerra Mundial. A maioria dos exilados na Grã- Bretanha alistava-se no Corpo de Sapadores, que fora criado especi icamente para os estrangeiros. Porém, os alemães, austríacos e tchecos tinham que passar por uma rigorosa inspeção de segurança. O corpo era uma unidade desarmada, e Fred foi um dos primeiros a se inscrever.2

Embora no princípio fossem considerados pouco mais do que uma “área de descarga” do Exército britânico, gradativamente o Corpo de Sapadores foi conquistando respeito, e seus membros receberam comissões, assim como treinamento com armas. Obviamente, eles possuíam talentos linguísticos valiosos, conheciam muito bem o território ocupado da Europa e começaram a exercer um papel que crescia em importância nos esforços de guerra britânicos. Vários destes imigrantes alistaram-se na infantaria e nas unidades blindadas. Alguns entraram para a Marinha Real, e dezenas se alistaram nos Comandos — dez deles constituídos por judeus alemães e austríacos, sendo chamados de Comandos Interaliados.

Muitos estavam lutando lado a lado com Bryan Samain na Alemanha. Na verdade, naquele mês de fevereiro, 11 homens da sua unidade foram mortos na Holanda durante um ataque repentino a uma ilha no rio Maas, ocupado pelos alemães. Os mortos icaram caídos por dois ou três dias no local onde haviam sido abatidos. Então, dois homens foram enviados sob uma bandeira de trégua para interceder por seus corpos, a fim de que lhes fosse dado um enterro decente. O intérprete para tal tarefa foi o sargento- major Howarth, de nascença Eric Nathan, ilho de um advogado judeu da cidade de Ulm e que havia ingressado no Corpo de Sapadores assim que a unidade fora criada. Os corpos estavam quase irreconhecíveis devido à exposição à neve. “Um dos últimos a serem trazidos de volta”, escreveu Samain, “só pôde ser identi icado pelas divisas de pano nos ombros, que

icaram esfarrapadas, além do símbolo dos paraquedistas — um par de asas, que já estava quase apagado no braço direito”. Infelizmente, tratava- se do melhor amigo de Samain nas forças especiais, o tenente Peter Winston. Ele e Samain tinham feito o treinamento de o iciais juntos, e ele

fora a razão principal que levara Bryan a optar pelo ingresso no Comando 45. Pouca gente fora dos comandos sabia do importante papel exercido pelos exilados da Alemanha para libertar seu país de Hitler.3

Por volta de 1942, Fred Warner estava desesperado por fazer mais pelo esforço de guerra do que simplesmente icar trabalhando com a picareta e a pá, e por uma boa razão. “Alguns amigos de meus pais”, explicou, “que emigraram de Hamburgo para a Suécia me contaram que eles e minha irmã mais nova foram deportados para Łód´z , na Polônia”. Embora ele não soubesse disso, Łód´z era uma estação de baldeação para os judeus a caminho de Auschwitz. Juntamente com seu amigo Eric Rhodes, também de Hamburgo, Fred se inscreveu para trabalhos mais ativos e interessantes. Contudo, por alguns meses, nada aconteceu.

Em janeiro de 1943, porém, Fred foi chamado para uma entrevista no Departamento de Guerra. Ele foi um dos vinte soldados imigrantes duramente interrogados por um tenente-coronel “muito velho” e uma mulher um pouco mais nova vestindo trajes civis. “Eles me izeram várias perguntas e no inal quiseram saber se eu estaria preparado para uma tarefa perigosa. Quando eu disse que sim, pensando nos comandos, fui rapidamente dispensado e me disseram para retornar à minha unidade”, recordou. Algumas semanas depois, Fred e mais 11 soldados foram chamados a se apresentar. Eles se encontraram com um major do Corpo de Inteligência do Exército. Durante algumas semanas, Fred observou, “o major dormiu, trabalhou e brincou conosco. Ele inspecionava nossa correspondência e escrevia relatórios sobre nós”. Finalmente o grupo foi enviado para uma escola de treinamento especial. Eles haviam ingressado oficialmente na SOE.

Fred havia se tornado o “capitão Frederick Michael Warner”, uma mudança de nome preventiva, caso ele caísse nas mãos da Gestapo, muito embora, em se tratando de agentes secretos, os alemães não se preocupassem com a identidade de quem fossem torturar ou eliminar. Os outros haviam feito o mesmo e eram agora “Bryant”, “Kelly” e “Rhodes”. George Bryant, originalmente Breuer, era um ex-advogado de Viena; seu avô, o dr. Joseph Breuer, havia colaborado com Sigmund Freud no volume de Estudos sobre a histeria, publicado em 1895. O nome real de Kelly era Koenig. Assim como Warner e Rhodes, ele era alemão de nascimento.

Sexta-feira, 20 de abril, chegou e passou. Os homens estavam nervosos. A tensão já estava alta havia algumas semanas. O pessoal do quartel- general da SOE os visitava a todo momento. Todos os equipamentos que solicitavam eram liberados, o que quer que fossem. Um dos homens do

grupo passava as longas horas de tédio serrando pernas de poltronas e transformando-as em suportes para apoiar melhor suas submetralhadoras Sten. Fred chegava até a imaginar se ele seria despachado antes que a guerra acabasse. Viena já havia caído nas mãos dos russos, e o Exército Vermelho se movia para oeste.

Então, um dia, uma bela integrante da Enfermaria Yeomanry de Primeiros Socorros (FANY) chegou e icou várias horas em reunião fechada com Kelly, o operador de rádio do grupo. Isso era um sinal bem claro de que o dia da missão estava chegando. A FANY, um corpo de voluntárias do Exército para primeiros socorros, fundada durante a Primeira Guerra Mundial, fornecia à SOE uma boa parte do pessoal de apoio e secretariado, entre os quais criptógrafas e operadoras de comunicação sem io que trabalhavam em suas próprias casas. Pela última vez, Kelly e a moça reviram os códigos, sinais e escalas de transmissão. Com isso, garantiriam o elo vital entre o agente e a base de operações. A equipe recebeu também um codinome: “Historiador”.

A esta altura, Warner já tinha revisto suas instruções básicas várias vezes até decorá-las. O que realmente aconteceria ao chegarem dependeria, é claro, da sorte e das circunstâncias, e eles foram instruídos a ser lexíveis e criativos na interpretação de seus objetivos, que se constituíam basicamente de quatro alvos. Eles saltariam de paraquedas na província da Estíria, logo a oeste de Judenburg, um pequeno mas importante centro regional. Ironicamente, a cidade havia sido fundada por mercadores judeus, daí seu brasão retratar uma cabeça usando um quipá. Os judeus haviam sido expulsos duas vezes de sua própria cidade: uma delas no século XV e, depois, quando Hitler tomou o poder. Ali, Fred e sua equipe — ele era o segundo na linha de comando — teriam de encontrar qualquer membro da resistência secreta austríaca.

O grupo teria também de contatar e ajudar um número crescente de prisioneiros de guerra aliados que haviam sido transferidos para lá um pouco antes do avanço das forças aliadas. E deveria impedir ainda que os alemães destruíssem o aeródromo em Zeltweg, 6 quilômetros a leste de Judenburg, um ponto escolhido para os objetivos militares britânicos depois que ocupassem o país. O aeródromo fora deixado intacto pelos bombardeiros aliados.

Esses três objetivos eram típicos nas missões da SOE, mas o quarto era incomum, pois visava ao recolhimento de informações, ao contrário dos outros, mais ligados a algum tipo de ação. Warner e seus companheiros teriam de descobrir se os nazistas haviam preparado um reduto nas

montanhas austríacas — um lugar seguro altamente forti icado de onde iniciariam sua desesperada cartada final.4

Em novembro de 1944, leitores do New York Times abriram o jornal e encontraram um excelente artigo de um dos correspondentes em Londres. Era intitulado “O esconderijo de Hitler”. O artigo falava mais propriamente sobre Berchtesgaden, mas também pintava um vívido retrato das espaçosas forti icações que se acreditava terem sido construídas nas proximidades de sua mansão, chamada de Berghof. O refúgio consistia em um labirinto de túneis bem construídos e cavernas extensas repletas de provisões e equipamentos militares. De acordo com o autor, como última precaução, tinham sido colocadas minas explosivas (com cerca de 34 quilômetros de comprimento por 24 de largura) no distrito inteiro para impedir que a região caísse nas mãos dos Aliados. Heinrich Himmler tinha seu escritório nos subterrâneos de Berghof, e na sua escrivaninha havia um botão. Tudo que o chefe da SS tinha que fazer era apertá-lo e o complexo inteiro explodiria em mil pedaços.

Histórias parecidas começaram a surgir em vários outros órgãos da imprensa aliada durante semanas. Um mês depois, o Daily Worker , jornal do Partido Comunista americano, alertava que os alemães tentariam uma última e desesperada cartada nos Alpes, e a irmava que a sua resistência mais renhida seria contra o Exército Vermelho ao redor do lago Balaton, na Hungria. Devido aos violentos confrontos que aconteciam em toda a frente de batalha, cada vez mais pessoas começavam a aceitar a ideia de um reduto alpino: algumas vezes ele era chamado de “Reduto Nacional”, em referência ao grande complexo de cidadelas construído pelos suíços nas

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