• Nenhum resultado encontrado

uando as forças de Patton na Bavária romperam a frágil crosta da defesa alemã, os exércitos aliados na Itália completaram, inalmente, seu avanço pelos montes Apeninos em direção ao vale do rio Pó. Por im, observou um exausto Geoffrey Cox, “os frutos começaram a brotar desta árvore”. Na noite do aniversário de Hitler, o comandante alemão na Itália, general von Viettinghof, ignorou a ordem do ditador para se manter irme e determinou uma retirada geral de suas tropas da região de Bolonha. Bem cedo na manhã seguinte, a cidade foi ocupada por forças polonesas, logo seguidas por americanas e italianas.

Praticamente ao mesmo tempo, o general Freyberg expedia ordens para que a 2a Divisão da Nova Zelândia continuasse seu avanço para

nordeste na direção do rio Ádige. Operando como uma cavalaria motorizada, veículos blindados do 12o Regimento de Lanceiros abririam o

caminho enquanto o restante da divisão os seguiria. Agora, prometia Freyberg, seria como eles estavam acostumados a fazer no deserto: um avanço tão rápido que teriam que se manter em contato pelo radiotransmissor sem io. Apenas à noite, quando paravam para descansar, os sinaleiros tinham tempo de preparar as linhas telefônicas com que vinham contando nos últimos tempos.

No trailer da inteligência estacionado no quartel-general da divisão, agora bem protegido do outro lado do rio Idice, Cox pegou seus mapas para examinar a rota adiante. Enquanto isso, um dos intérpretes fotográ icos da unidade examinava fotos aéreas dos Alpes. Cox trabalhava junto com outros quatro especialistas de inteligência. Dois deles eram peritos em fotos aéreas e dispunham de um caminhão próprio especialmente equipado. Ambos pertenciam à Seção Ocidental da Unidade de Intérpretes Aéreos do Mediterrâneo. Quando visitantes apareciam, deparavam-se com dois circunspectos ingleses. Um deles era um comerciante de móveis em Lake District, na Grã-Bretanha; o outro, um antigo funcionário da Milk Marketing Board, a maior distribuidora de leite do Reino Unido; e ambos eram grandes analistas de inteligência. Passavam horas examinando seus mapas fotográ icos para identi icar armas enterradas, trincheiras estreitas, rastros de veículos e trechos perigosos

pelo caminho. O cálculo que faziam da largura dos rios era tão exato que os engenheiros con iavam neles cegamente ao improvisar pontes sobre os vários cursos de água com que se deparavam os neozelandeses durante a jornada.

Cox estudava também os mapas do norte da Itália controlado pelos alemães. Aqui, o rio Ádige era chamado pelo seu nome alemão, “Etsch”, e ele se lembrava do verso no hino “Deutschland Über Alles” que instigava os alemães a protegerem o Reich “do Etsch até o Báltico”. Segundo maior rio da Itália, tinha mais de 90 metros de largura e era muito fundo e caudaloso para ser atravessado a pé ou a nado. Ao longo de suas margens, os alemães construíram sua última barreira defensiva na Itália antes dos Alpes, a chamada Linha Veneziana, que ia do sul de Veneza até o lago Garda. Montada para bloquear o vácuo entre o mar Adriático e as montanhas Dolomitas, que era o trajeto para o nordeste da Itália, a Linha Veneziana poderia deter o avanço aliado por muitos dias.

No momento, entretanto, os neozelandeses pressionavam, removendo todos os obstáculos. Se o único problema real encontrado por Patton na Bavária era o fornecimento de gasolina para seus tanques, para os Aliados no norte da Itália, agora, o principal entrave ao avanço era o tempo que os engenheiros precisavam para construir as pontes. Havia poucos sinais dos inimigos fardados, exceto pelos grupos esporádicos que esperavam pacientemente à beira das estradas para se render.

O ânimo das tropas alemãs estava diminuindo depressa. No inal de abril, por todo o front do Exército britânico, os interrogatórios aliados revelavam isso. Cox sintetizou o quadro em um dos seus boletins diários de inteligência:

O fato de eles [os alemães] continuarem a lutar — e algumas vezes, lutarem bem — não se deve mais a convicção alguma, mas à falta de iniciativa, à estagnação mental e à covardia moral. Muito embora esteja claro para a grande maioria que a Alemanha já perdeu a guerra, eles estão preparados para lutar mesmo assim, como se fosse a coisa mais fácil a fazer, contanto que haja alguém ali comandando as ações. O pensamento de insubordinação não lhes passa pela cabeça — a menos que uma situação tática torne a rendição um caminho “honroso” e a melhor saída, eles continuarão lutando com disposição.1

Algumas vezes, os alemães apareciam, apenas para em seguida simplesmente evaporar. Uma das unidades da Nova Zelândia consistia inteiramente em maoris — o 28o Batalhão, criado em 1939 por solicitação

exclusivamente por voluntários, era engrossada por muitos maoris que já haviam se alistado em outras unidades. Eles queriam provar que eram tão capazes quanto seus camaradas brancos (os pakeha) e que mereciam todos os privilégios e benefícios dos cidadãos da Nova Zelândia.

O batalhão era organizado em pelotões tribais e sob lideranças tribais, embora a maioria de seus o iciais de alta patente fosse pakeha. Ele conquistou uma bela reputação na Grécia e em Creta, onde, certa vez, rechaçou os alemães com um ataque surpresa de baionetas enquanto dormiam. “A reação instantânea dos maoris — uma haka [dança tradicional nativa acompanhada por cânticos e gestuais] seguida de um ataque — aterrorizou os inimigos com seus rituais e gritos de guerra”, escreveu um historiador, “demonstrando o estilo maori de combate durante todo o confronto”. Naquela ocasião, eles mataram cerca de cem alemães e izeram o resto fugir em pânico. Episódios semelhantes no Norte da África levaram o comandante alemão Erwin Rommel a a irmar que os maoris eram “caçadores de escalpo”.2

Desde o mês de novembro anterior, o batalhão estava sob comando maori na pessoa do tenente-coronel Peter Awatere, de 35 anos.

Em tempos de paz, ele era contador, mas agora, com sua igura robusta e atlética cercada de armas, como um xerife do Velho Oeste, ele contrariava qualquer estereótipo do comedido e burocrático contador de escritório. Awatere era um líder imponente, com grande conhecimento tanto de seu povo como dos pakeha. Cox escreveu sobre ele: “Eu sempre imaginava se ele tinha sufocado propositalmente sua personalidade maori em troca do que acreditava que os pakeha queriam, para poder dar a eles uma porção generosa de sua competência.” Se era este o caso, funcionou. Não havia dúvida sobre a coragem de Awatere na 2 a Divisão da Nova

Zelândia. Ele fora condecorado por bravura com a Cruz Militar e a medalha da Ordem por Serviços Distintos, uma vez que ele e seus homens jamais relutavam em atacar os alemães. “A inal de contas”, ele certa vez disse a Cox enquanto explicava a reputação dos maoris, “a geração de meu pai foi a primeira na história maori a não passar a maior parte da vida empunhando armas”.3

Agora, o reconhecimento aéreo indicava que não havia sinal do inimigo nos poucos quilômetros à frente. Mas Awatere insistia que os maoris avançassem a pé e vasculhassem cada prédio no caminho. Cerca de vinte alemães tinham, de fato, se entocado em uma casa abandonada, mas, logo que viram os maoris se aproximando, fugiram apavorados.

homens viviam encharcados até a cintura devido à travessia de canais, e por causa da lama em suas meias carregavam as botas e meias nos ombros. Por toda parte, as casas tinham lençóis brancos nas janelas. Finalmente os maoris subiram nos tanques e em qualquer veículo que encontrassem e rumaram para o próximo obstáculo, o rio Reno. Mas Awatere não desistia. “Disposto a varrer do mapa qualquer companhia inimiga”, registra a história o icial da campanha neozelandesa na Itália, “ele avançava sobre cada palmo de terra e veri icava as trincheiras [alemães] vazias. Então, gritava no idioma maori: ‘Não há nenhum aqui. Companhia B, pode vir!’.”4 À noite, os neozelandeses estavam seguros do outro lado do

rio, e Cox, exultante. Naquela tarde — segunda-feira, 22 de abril — ele tinha a sensação de que haviam conseguido sair de um longo túnel, ou de uma loresta escura, para a luz do sol. “O im de tudo aquilo aparecia, de repente, diante de nossos olhos”, escreveu.5

Depois de um dia de reagrupamento, o VIII Exército e os neozelandeses izeram um balanço de seu progresso em solo italiano, e no dia seguinte alcançaram a margem sul do Pó, ao norte de Bolonha. O terreno agora era uma planície e nas estradas havia ileiras de álamos e plantações de carvalho ou pinheiro aqui e ali. À medida que avançavam sob o sol brilhante de abril, os tanques e caminhões levantavam nuvens de poeira amarela que faziam muitos neozelandeses se lembrarem — como Freyberg havia prometido — do deserto do Norte da África.

Aquela era uma terra exuberante e densamente povoada, com muitas cidades e torres de igrejas. “As valas brilhavam com ranúnculos, margaridas brancas e bocas-de-leão”, relatou um poético diarista da campanha, “todo campo era cercado por amoreiras, álamos, elmos, castanheiras e carvalhos, que serviam como apoio para videiras viçosas. A população saudava os caminhões que passavam em velocidade e, durante as paradas frequentes nas vilas, multidões cercavam o comboio trazendo flores e vinho”. Parecia um delicioso piquenique de domingo.6

Cox, no entanto, enxergava tudo com um olhar diferente — aquele olhar de o icial da inteligência que calculava de modo perspicaz o prejuízo causado na força do inimigo. Ele percebeu na hora que as aproximações do rio Pó signi icavam, literalmente, muitos quilômetros de equipamentos

abandonados pelo Exército em retirada, alguns destruídos

deliberadamente, e outros apenas abandonados. Os alemães haviam estado sob ataque constante da aviação aliada em uma “centena de repetições locais de Dunquerque, cada uma delas pior, à sua maneira, que a evacuação das tropas aliadas em 1940”. Agora, caminhões, carroças

puxadas a cavalo, carros, trailers e canhões estavam largados pelo caminho. Centenas de cavalos usados militarmente pelos alemães e pelas unidades húngaras que os acompanhavam perambulavam soltos pelos campos. Os civis garimpavam o que havia de útil no material abandonado e tentavam laçar os cavalos para trocá-los ou para vendê-los a quem se interessasse. Qualquer veículo alemão que pudesse ser consertado era incorporado à coluna que se movia para o norte na direção dos Alpes.

Aqui, mesmo no seu ponto mais estreito, o Pó tinha mais de 270 metros de largura e era demasiadamente fundo e caudaloso para se atravessar. A aviação aliada destruíra cada ponte sobre o rio para impedir a retirada alemã, e agora os neozelandeses tinham que atravessar o rio com botes de assalto, tanques an íbios e “patos” ou DUKWs (caminhões de seis rodas de fabricação especial e equipados com hélices).

Eles izeram a travessia à noite, com a cobertura da artilharia pesada, e se expuseram a uma resistência pouco provável e debilitada. Então, os engenheiros começaram a construir uma ponte lutuante para a travessia dos tanques Sherman, outros suprimentos e homens que levariam a divisão para o norte. “Sob a luz do sol”, Cox recordou, “aquilo era como uma regata”. Naquela quarta-feira, 25 de abril, as tropas comemoraram o trigésimo aniversário do dia histórico em que as forças da Austrália e da Nova Zelândia desembarcaram em Galípoli na Primeira Guerra Mundial. “O inimigo não teve coragem para um combate no Pó na noite passada”, Cox relatou com alegria.7

Enquanto isso, as unidades do V Exército dos Estados Unidos, que avançavam mais a oeste sob o comando de Mark Clark, tinham alcançado os arredores de Verona, enquanto a 10 a Divisão de Montanha já controlava

o lago Garda e as estradas que conduziam ao passo do Brennero — última rota de fuga para os alemães chegarem aos Alpes. Os dois exércitos aliados na Itália haviam inalmente se encontrado e fechado o cerco, e seu avanço ganhava um grande impulso. “Se não pararmos agora, o inimigo não será capaz de voltar a combater”, Freyberg comunicou aos neozelandeses.

Naquela manhã, Cox foi chamado para conversar com o imediato do Corpo de Inteligência. O homem havia interceptado uma mensagem de rádio e gostaria que Cox a ouvisse. Ele caminhou até o técnico de rádio, debruçado sobre um pequeno receptor, e colocou seus fones de ouvido. Em meio à estática, ouviu uma voz falando depressa num inglês precário: “Aqui é Gênova. A rádio patriótica de Gênova. Os guerrilheiros patriotas capturaram nesta manhã Gênova inteira. As guarnições alemãs se renderam. Nós estamos com muitos prisioneiros. Mandem ajuda

imediatamente. Aliados, mandem socorro já!”8

Mas isso foi só o começo. Por todo o norte da Itália, os guerrilheiros patrióticos, ou partisans, de lagravam rebeliões na dianteira dos exércitos aliados que avançavam. Em Gênova, o comandante alemão recebera ordens, apenas dois dias antes, de abandonar a cidade e seguir para a Lombardia, e obteve a promessa, através de um intermediário, de que os guerrilheiros os deixariam partir sem luta. Mas o segredo foi revelado antes de qualquer acordo e os partisans se sublevaram. Após dois dias de combate, os alemães se renderam e os patriotas transmitiram seu pedido de ajuda.

Até então, Cox tivera muito pouco contato com os partisans, embora tivesse visto muitos sinais de sua atuação. Na cidade de Forli, pela qual viajara bastante naquele inverno, em suas idas e vindas pelo front, os alemães enforcaram o líder do grupo guerrilheiro na praça da cidade, junto com sua companheira, e os muros das casas foram pichados com os seus nomes, saudando-os como mártires da resistência. No norte de Bolonha, Cox dormira na beira de uma estrada onde cartazes alertavam os comboios alemães de que estavam trafegando em uma área “infestada de bandidos”. Com certeza, os guerrilheiros eram uma séria dor de cabeça para os alemães, mas Cox, como a maioria dos soldados, nunca acreditara que pudessem prestar qualquer ajuda significativa aos Aliados.

Agora, no entanto, as coisas estavam mudando. Os partisans começavam a emergir de seus esconderijos e ajudavam os neozelandeses de maneira prática e efetiva. Poucos dias antes, haviam construído uma ponte para os maoris e tomado parte em um tiroteio contra os alemães. Muitos neozelandeses previamente capturados na Itália voltaram às linhas de combate louvando os partisans, que os esconderam ou ajudaram a fugir. Junto com estas histórias, aumentavam as evidências da generosa ajuda que os camponeses davam aos Aliados fugitivos ou desgarrados das tropas, sempre com grande risco pessoal. O Exército alemão era implacável e criminoso no trato com os civis italianos suspeitos de ajudar os Aliados ou de qualquer envolvimento com os “bandidos”. Do lado aliado, brincadeiras depreciativas sobre os italianos começavam a dar lugar a uma admiração de seu valor e a uma avaliação mais precisa do sofrimento pelo qual haviam passado no contato próximo com os invasores indesejáveis.

Cox teve uma empatia instintiva pelos partisans, que eram, na sua maioria, gente pobre e sem posses. Quando estudante, ele passava os feriados da escola e da faculdade trabalhando em uma fazenda na Ilha Norte da Nova Zelândia e também em sítios de criação de ovelhas nas

montanhas de Otago. Isso lhe tinha dado uma ideia do trabalho duro dos primeiros fazendeiros, desbravadores que, na sua opinião, eram “o coração e a alma da Nova Zelândia na década de 1920”. Cox aprendera ainda a amar a natureza, a observar os detalhes da topogra ia e a encontrar tranquilidade na paisagem a sua volta.9

Ele era também um homem com forte convicção igualitária. Nos anos 1930, como muitos de seus contemporâneos, inclinara-se ao comunismo, e, durante a Guerra Civil espanhola, esteve bem perto de se iliar ao partido. “Se Harry Pollitt [o líder do Partido Comunista britânico] me pedisse para me iliar, eu o faria”, admitiu certa vez. Mas o convite nunca foi feito, e o comportamento dos soviéticos que ele observou mais tarde na Finlândia o transformou em um anticomunista ferrenho. Agora, ele se de inia como um social-democrata pragmático.10

Na noite em que atravessaram o Reno, Cox conversou com um sargento neozelandês que estivera escondido com os partisans no norte de Veneza desde 1943. O homem estava exultante por compartilhar com eles a batalha inal. Durante uma hora, ele e Cox estudaram os mapas, e o sargento assinalou os locais onde as formações guerrilheiras poderiam ser encontradas. Com o sargento estava um o icial americano que combatera ao lado dos resistentes italianos perto de Veneza. “Espere até vê-los. Eles têm um exército completo a sua espera. Os caras são muito bons”, o americano disse a Cox.11

Fugitivos aliados como estes dois forneciam a Cox informações excelentes sobre o estado dos alemães em retirada. Um subtenente prisioneiro de guerra que ele havia interrogado naquela semana pintou com cores vivas uma cena que testemunhara na estrada que tinham pela frente: “O combustível era tão pouco que cada caminhão de carga rebocava pelo menos outros três ou quatro. Os tanques, e até mesmo cavalos e bois, puxavam os veículos motorizados. Havia carroças puxadas a cavalo e bois em grande número, mas muito poucas armas [...] O inimigo correu para as trincheiras logo que um avião apareceu no horizonte.” O subtenente estava lá quando começou o fogo da artilharia. “O inimigo entrou em pânico e saiu em debandada pelos campos”, contou, “ou lutou para entrar em algum veículo preparado para a fuga. Os que já estavam nos veículos tentavam impedir que outros subissem. Era evidente que os combatentes alemães sentiam que a guerra estava irremediavelmente perdida”.12

Alguns dias depois, Cox pôde ver com os próprios olhos como os partisans eram bem organizados. No domingo, 29 de abril, ele acordou em uma manhã cinzenta e fria com o som de disparos. O tempo havia mudado

e a chuva forte começava a fazer muita lama no acampamento, atrapalhando o trabalho dos engenheiros e atolando os pneus dos caminhões. Cox ainda não se acostumara ao som das armas italianas tão próximas e tinha ido dormir inquieto.

Ele estava nos limites de Pádua, cidade fundamental para a ocupação de Veneza e além. No dia anterior, os neozelandeses haviam rompido a tão temida Linha Veneziana praticamente sem con lito, conseguindo avançar 32 quilômetros ao norte do rio Ádige no “território inimigo”, como Cox o chamou. Verona já estava sob domínio americano, e em algum lugar nas montanhas à frente encontravam-se os paraquedistas alemães. Mas onde exatamente estariam, o que faziam e o que planejavam fazer continuava sendo um mistério. Era óbvio que estavam desesperados. Em uma vila pela qual os neozelandeses passaram, os habitantes disseram a Cox que os alemães pediam bicicletas para a fuga e atiravam nos moradores que se recusavam a entregá-las.

Quando o tempo melhorou, Cox obteve um quadro mais nítido, graças principalmente aos guerrilheiros. O o icial do VIII Exército que servia de ponte de ligação com os partisans era um montenegrino que falava italiano

luentemente. Ele alcançara os neozelandeses no dia anterior, e Cox logo o mandou adiante para apurar o que estava acontecendo. Ele voltou com a notícia de que Pádua estava agora nas mãos dos guerrilheiros. “A notícia é con iável?”, perguntou um o icial de alta patente. Acreditando que sim, e respirando fundo, o montenegrino con irmou. Com base nesta certeza, os tanques se movimentaram lentamente em direção à cidade, com o o icial de ligação instalado na torre de tiro do tanque principal. Em uma pequena praça, um grupo emergiu das sombras empunhando ri les. O montenegrino gritou algumas palavras em italiano e a resposta daqueles homens veio também em italiano. Eram os partisans. Eles já haviam assumido o controle da cidade, obrigado as autoridades fascistas a se renderem e tomado cerca de 5 mil alemães como prisioneiros.

No interior do tanque, o operador de rádio transmitiu: “Cidade nas mãos dos guerrilheiros”, e logo Cox voltava a se reunir com o montenegrino na porta de seu trailer. Tiros vindos da patrulha dos

Documentos relacionados