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O caminho educativo para a incorporação dos conceitos, identificação e análise

Ɣ Incorporação dos conceitos - Curso e Oficinas – Foi realizado um curso para a socialização e incorporação dos principais conceitos, totalizado em 32 horas, incluindo a prática de trabalho de campo com pré-teste em entrevistas domiciliares. O público alvo foi o grupo de Agentes de Saúde da Família, totalizando 61 agentes, seis graduandos da UEG, seis graduandos da UNITINS e demais interessados. Os objetivos desse curso foram:

a) provocar debates sobre os aspectos das desigualdades sociais, a segregação ambiental, a segregação espacial e as classes de renda no espaço urbano.

b) socializar os principais conceitos abordados como desenvolvimento humano, qualidade de vida, qualidade ambiental, espaço social e outros;

c) socializar e reeditar os princípios e dimensões da sustentabilidade, e

d) fomentar a participação na análise e aprovação da escolha de indicadores e formas de tratamento.

O curso teve a seguinte arquitetura de temas:

a) Apresentação das propostas e formação de grupos de estudos e pesquisas; b) Cultura e governança como olhar transversal de futuro para o município; c) A construção geográfica das sociedades

d) Oficina de incorporação dos princípios e dimensões da sustentabilidade com debates sobre o ambiente urbano;

e) Oficina de análise sobre os indicadores contidos no questionário elaborado previamente; f) Considerações quanto ao procedimento de entrevista;

g) Exercício prático em campo, e h) Agendamento para coleta de dados.

Quanto aos debates sobre a construção geográfica das sociedades, dada a historicidade da formação espacial local, discutiu-se a presença dos espaços urbanos cheios e vazios e a questão da seletividade na formação dos espaços. Foi discutida a presença da diversidade espacial, dentre outras coisas, pelo aspecto físico-natural e pela lógica do mercado. Durante os debates foram percebidas as contradições da diversidade espacial no sentido da distribuição fisionômica do espaço, a homogenia e a heterogenia, em que se observou pelo recortamento,

estabelecendo os territórios, considerados como as unidades territoriais nesta pesquisa, ou seja, os bairros a serem pesquisados. Assim, as características fisionômicas da urbanização e a mobilidade dos arranjos puderam ser debatidas enquanto condições de qualidade de vida e de ambiente. Tais temas tiveram como subsídio teórico o texto sobre as categorias espaciais de autoria de Ruy Moreira (2001).

Os principais conceitos discutidos tendo como base, dentre outras, as literaturas de Sposati (2000a, 2000b e 2002); Chauí (1995); Demo (1993); Guimarães et al. (2002); Guimarães e Dacanal (2006); Maricato (2001 e 2003); Melazzo (2002); Nahas (2001, 2002 e 2010); Rauber e Leme (2009), foram considerados coletivamente pelo grupo os seguintes:

a) Desenvolvimento humano:

Considerando diferentes aspectos, tem-se a possibilidade de toda comunidade humana desenvolver sua potencialidade, respeitando a diversidade, a pluralidade, a justiça e o ambiente, de maneira que as pessoas se assumam como sujeitos e tenham condições de acesso ao trabalho à educação, à formação cidadã, como elementos que garantam a busca do bem-estar.

b) Qualidade de vida:

Embora seja um conceito complexo, considerando a felicidade, bem-estar e satisfação pessoal, compreende-se a equidade sobre as efetivas condições de atendimento das necessidades básicas tais como a dignidade do trabalho; o ensino de qualidade, o atendimento à saúde pública; o respeito aos hábitos e costumes; a justiça social; a qualidade habitacional, envolvendo a infraestrutura; a equidade no acesso da população aos bens sociais urbanos, tanto em seu aspecto de acesso espacial pela presença e proximidade, quanto em aspecto de quantidade e qualidade proporcionando o bem comum a todos.

c) Qualidade ambiental:

Considerado na perspectiva do ambiente urbano, aos aspectos socioambientais, que se relacionam ao meio físico stricto-sensu, tem-se a sua qualidade no bairro, incluindo as residências, os recursos e serviços de infraestrutura, as áreas verdes, permitindo um espaço favorável para a habitação, ao exercício da vida humana, a um saudável contato com a natureza, à saúde física e mental, dentre outros.

d) Segregação ambiental:

Esta é entendida pela ocupação de grupos societários em espaços diferenciados enquanto ausência de serviços públicos como coleta de resíduos urbanos, coleta de esgoto, drenagem urbana, áreas de lazer, praças, arborização pública, pavimentação nas ruas, dentre outras, pela presença de riscos geológicos, risco de enchentes e demais.

e) Espaço social:

Espaço materializado como produto do trabalho, da ação humana que transforma o ambiente físico natural em espaço vivido pela prática social, pela sua formação socioeconômica, onde a sociedade se concretiza e revelador das contradições e das desigualdades as quais estamos historicamente expostos.

f) Segregação espacial:

A segregação espacial pode ser entendida pela presença espacial de grupos humanos, sendo observado que segmentos de maior poder econômico ocupam espaços mais valorizados da cidade, com maior acesso a infraestrutura e presença de instrumentos sociais públicos em quantidade e qualidade, e, por sua vez, grupos de menor renda, normalmente espacializados em áreas periféricas, encontram-se com menor acesso a bens e serviços públicos, portanto, socialmente excluídos pela ocupação de espaços com menor valor e menor quantidade e qualidade da infraestrutura urbana.

g) Exclusão social:

À exclusão social, dada a complexidade de fenômenos sociais têm-se a informalidade, a irregularidade e a ilegalidade em diferentes aspectos, desde acesso ao trabalho e renda até o aspecto de ocupação de espaços por moradias, somando a questões como a pobreza, a baixa escolaridade, o preconceito à raça, ao sexo e à origem e, dentre outros, a ausência de espaços políticos para o exercício da cidadania.

h) Desigualdade:

Considerando que a desigualdade representa o afastamento entre valores de equivalência, de condições de estado, de situação sobre algo a ser observado, foi considerada a desigualdade como as distâncias de direitos entre cidadãos: acesso à escolaridade, à renda, à saúde, dentre outros.

- Oficina – O caminho educativo para a incorporação de conceitos sobre as Dimensões da Sustentabilidade.

Além dos temas trabalhados e discutidos com o objetivo de maior incorporação dos conceitos, foram apresentadas as experiências de formulação dos princípios em dimensões da sustentabilidade de Silva (2000), Silva e Shimbo (2001), Teixeira et al. (2002), Silva e Shimbo (2006), as quais foram discutidos em formato de oficina junto ao grupo colaborador.

Considerada nesta pesquisa a sustentabilidade, suas dimensões e princípios como norteadores para a sustentabilidade, no sentido de analisar as possíveis relações com as desigualdades sociais e segregação ambiental e espacial, considerou-se, também, que os indicadores poderiam ser classificados e enquadrados em função desses princípios, discutidos em grupo. Embora com conteúdos não diferenciados dos princípios apresentados por Silva (2000), Silva e Shimbo (2001) e por Teixeira et al. (2002), o grupo concebeu uma versão dos princípios em dimensão da sustentabilidade caracterizados enquanto:

a) Dimensão ambiental, na manutenção da integridade do ambiente pela minimização dos impactos urbanos;

b) Dimensão social, pela equidade de acesso a bens, serviços e a equipamentos sociais públicos, entre outros, a oferta de atendimento escolar e hospitalar com qualidade, a oferta de espaços de lazer, de transporte, etc.;

c) Dimensão econômica, pela geração de ocupação, trabalho e renda que contemplem a distribuição de riqueza e de oportunidades, por exemplo, a oferta e acesso a trabalho digno, etc.;

d) Dimensão cultural, pela promoção da diversidade e identidade cultural em todas as suas formas de expressão, e

e) Dimensão política, pela presença de espaços que incrementem a participação democrática dos sujeitos nas tomadas de decisões.

A partir dos princípios acima caracterizando as dimensões da sustentabilidade, considerou-se possível a analise dos indicadores agregando-os enquanto dimensão da sustentabilidade por meio dos princípios reeditados.

5.3 O caminho educativo para incorporação de conceitos, participação na pesquisa e produção acadêmica.

Com a importância de processos democráticos e participativos, a articulação para o envolvimento de graduandos, agentes da administração pública municipal e demais interessados, esta pesquisa recebeu um desdobramento no sentido de abertura às pesquisas locais junto aos graduandos em Geografia da UEG-Formosa. Assim, buscou-se agregar os alunos em diferentes interesses para uma análise sobre o desenvolvimento, meio ambiente e qualidade de vida em aspectos de dimensionamento da equidade da população em acesso espacial e acesso social. Este desdobramento da pesquisa foi analisado e aprovado pela Pró- Reitoria de Pesquisa e Extensão da Universidade Estadual de Goiás, o qual permitiu o envolvimento de seis graduandos do Curso de Licenciatura em Geografia, sendo um dos graduandos bolsista de pesquisa PIBIC/CNPq. Nesse caso, procurou-se adotar formas de aumentar o grau do conhecimento por meio de debates junto aos graduandos e a realização de um minicurso.

Ɣ Minicurso - Como prática de socialização de alguns temas e conceitos trabalhados, foi realizado um minicurso, de 12 horas, exclusivo aos graduandos da UEG, para incorporação dos conhecimentos, assim como aos objetivos da pesquisa, considerando a possível relação entre as dimensões da sustentabilidade e os aspectos causadores das desigualdades sociais, da segregação ambiental e espacial e as classes de renda no espaço urbano.

Em decorrência da participação de oito graduandos, surgiram interesses em temas de pesquisas individuais, os quais foram revertidos em Trabalhos Acadêmicos de Conclusão de Curso. Os projetos de pesquisa junto aos graduandos, resultante desta pesquisa foram os seguintes:

1. Breves considerações sobre as condições de infraestrutura, saneamento, espaços de lazer, equipamentos públicos e áreas verdes: um estudo de caso dos bairros Parque Lago, Formosinha e Vila Bela - Formosa, GO. (TEIXEIRA, B. A., 2010).

2. Considerações sobre alguns aspectos socioculturais e de participação associativa: Caso Vila Bela, Formosinha e Parque Lago. Formosa, GO. (PEREIRA, U. B., 2010).

3. Características habitacionais na estrutura espacial urbana de Formosa, GO: estudo de caso Vila Bela, Formosinha e Parque Lago. (COSTA FILHO, 2010).

4. Contradições socioeconômicas na formação espacial: educação, trabalho e renda: estudo de caso Vila Bela e Parque Lago – Formosa, GO. (ARITA, S. F. M., 2010).

5. Projeto de Pesquisa: Impactos sobre as veredas remanescentes em área urbana: Caso Formosa, GO. (SILVA, A. S., 2011).

6. Projeto de Pesquisa: Movimentos sociais, território e territorialidade: práticas de participação nas políticas públicas locais: Caso Formosa, GO. (SANTOS, P. B., 2011).

5.4 O caminho da construção participativa na identificação, análise e critérios para a