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Mapa da Exclusão/Inclusão Social da Cidade de São Paulo/2000 –

O Mapa da Exclusão/Inclusão Social da Cidade de São Paulo/2000 apresenta-se como um trabalho realizado em parceria entre o Núcleo de Estudos e Pesquisas em Seguridade e Assistência Social da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – NEPSAS-PUC/SP, com o Programa de Pesquisas em Geoprocessamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE e o Instituto de Estudos, Formação e Assessoria em Políticas Sociais – POLIS.

Com o trabalho de pesquisa realizado sob a coordenação da Professora Aldaíza Sposati (2000b), segundo a autora, o Mapa permite analisar a dinâmica social e a qualidade ambiental incorporando o espaço sob um tratamento matemático-computacional, em ambiente de Sistema de Informação Georreferenciado (SIG). Portanto, o Mapa da Exclusão/Inclusão Social torna-se uma metodologia de análise geoespacial de dados e produção de índices intraurbanos sobre a exclusão/inclusão social e a discrepância territorial da qualidade de vida. Alguns indicadores e índices foram analisados a partir do resultado da Contagem Populacional (1996) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), da Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados – SEADE (2000), do Programa de Aprimoramento das Informações de Mortalidade - PRO-AIM, da pesquisa realizada pelo Metrô sobre Origem e Destino da Região Metropolitana de São Paulo (Metrô – O/D – 1997) e do Censo da População de Rua (2000), realizado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) em parceria com a Secretaria de Assistência Social (SAS) e Prefeitura Municipal de São Paulo (PMSP).

Os resultados são apresentados em cinco linguagens, sendo três em índices, como o Índice do Movimento das Variáveis (IMV) por intervalo de tempo, o Índice de Discrepância (IDI) e o Índice de Exclusão/Inclusão Social (IEX), referentes a 96 distritos, com diferentes números de bairros pertencentes a cada distrito.

A construção revelou 22 índices de movimento sobre a cidade e 19 índices temáticos de exclusão social. Segundo Sposati (2000b), a técnica de pontuação de valores de “-1” a “1” deu-se pelo balizamento das ocorrências a um padrão real de vida considerado como básico a todos, permitindo escalonar pelo afastamento negativo as piores condições, isto é, os graus de exclusão e, pelo afastamento positivo, as melhores condições, ou seja, os graus de inclusão, portanto, a frequência entre uma distância estabelecida, entre a pior e a melhor situação. Ao mesmo tempo, eles são graus de afastamento de uma situação desejada.

Os índices foram agrupados em: população, autonomia, qualidade de vida, desenvolvimento humano e equidade, conforme é apresentado nos Quadros 01 e 02.

QUADRO 01: Listagem do Índice de Discrepância (IDI) / Índice do Movimento das Variáveis (IMV). População (6) evolução 91/96 0 a 4 anos 5 a 6 anos 7 a 14 anos 15 a 24 anos mais de 70 anos Autonomia (1) emprego

Qualidade de vida (6) densidade habitacional

creche EMEI ensino fundamental equipamento de saúde lançamentos

Desenvolvimento humano (8) longevidade

chefes sem instrução chefes 1 a 3 anos de estudo chefes 4 a 7 anos de estudo chefes 8 a 14 anos de estudo chefes 15 ou mais anos de estudo APVP (Anos Potenciais de Vida Perdidos) homicídio

Equidade (1) mulher chefe de família

TOTAL 22 IDI/IMV

FONTE: Adaptado de Sposati (2000b).

QUADRO 02: Listagem do Índice de Discrepância (IDI) / Índice de Exclusão/Inclusão Social - (IEX).

População (1) 0 a 18 anos

Autonomia (3)

(IEX-autonomia) renda média familiar emprego

população de rua Qualidade de vida (6)

(IEX-qualidade de vida) densidade habitacional creche EMEI ensino fundamental equipamento saúde lançamentos (imobiliários) Desenvolvimento humano (8) (IEX-desenvolvimento humano) longevidade chefes sem instrução chefes 1 a 3 anos de estudo chefes 4 a 7 anos de estudo

chefes 8 a 14 anos de estudo + de 15 anos de estudo APVP (Anos Potenciais de Vida Perdidos) homicídios Equidade (1)

(IEX-equidade) mulher chefe de família

TOTAL 19 IDI/IEX

FONTE: Adaptado de Sposati (2000b).

Segundo Sposati (2000b), os dados levantados acima foram postados em um Quadro Geral Comparativo das Variáveis do Mapa de 1995 até 2000, contendo todas as variáveis, permitindo um processo comparativo no tempo e no espaço, que vão desde a equidade na chefia da família (homem ou mulher) ao desenvolvimento humano.

Torna-se importante apresentar os conceitos utilizados no trabalho, sendo eles de autonomia, qualidade de vida, desenvolvimento humano, equidade, cidadania, democracia e felicidade, conforme Sposati (2002):

autonomia: o conceito de autonomia é compreendido, no âmbito do Mapa da Exclusão/Inclusão Social, como a capacidade e a possibilidade do cidadão de suprir suas necessidades vitais, especiais, culturais, políticas e sociais, sob as condições de respeito às ideias individuais e coletivas, supondo uma relação com o mercado, onde parte das necessidades deve ser adquirida, e com o Estado, responsável por assegurar outra parte das necessidades; a possibilidade de exercício de sua liberdade, tendo reconhecida a sua dignidade, e a possibilidade de representar pública e partidariamente os seus interesses sem ser obstaculizado por ações de violação dos direitos humanos e políticos ou pelo cerceamento à sua expressão. Sob esta concepção o campo da autonomia inclui não só a capacidade do cidadão de autosuprir, desde o mínimo de sobrevivência até necessidades mais específicas, como a de usufruir de segurança social pessoal mesmo quando na situação de recluso ou apenado. É este o campo dos direitos humanos fundamentais.

qualidade de vida: a noção de qualidade de vida envolve duas grandes questões: a qualidade e a democratização dos acessos às condições de preservação do homem, da natureza e do meio ambiente. Tendo em vista as duas questões consideradas, entendeu-se que a qualidade de vida é a possibilidade de melhor redistribuição - e usufruto - da riqueza social e tecnológica aos cidadãos de uma comunidade; a garantia de um ambiente de desenvolvimento

ecológico e participativo de respeito ao homem e à natureza, com o menor grau de degradação e precariedade.

desenvolvimento humano: o estudo do desenvolvimento humano tem sido realizado pela ONU/PNUD, por meio do Indicador de Desenvolvimento Humano (IDH). Com base em suas reflexões, entende-se que o desenvolvimento humano é a possibilidade de todos os cidadãos de uma sociedade melhor desenvolverem seu potencial com menor grau possível de privação e de sofrimento; a possibilidade de a sociedade poder usufruir coletivamente do mais alto grau de capacidade humana.

equidade: o conceito de equidade é concebido como o reconhecimento e a efetivação, com igualdade, dos direitos da população, sem restringir o acesso a eles nem estigmatizar as diferenças que conformam os diversos segmentos que a compõem. Assim, equidade é entendida como possibilidade das diferenças serem manifestadas e respeitadas, sem discriminação; condição que favoreça o combate das práticas de subordinação ou de preconceito em relação às diferenças de gênero, políticas, étnicas, religiosas, culturais, de minorias etc.

cidadania: é aqui considerada como o reconhecimento de acesso a um conjunto de condições básicas para que a identidade de morador de um lugar se construa pela dignidade, solidariedade e não só pela propriedade. Esta dignidade supõe não só o usufruto de um padrão básico de vida como a condição de presença, interferência e decisão na esfera pública da vida coletiva.

democracia: a possibilidade do exercício democrático é componente de inclusão local na medida em que esta supõe cidadania e não acesso à renda e serviços, o que coloca as pessoas no patamar da sobrevida sem alcançar a condição de sujeitos cidadãos.

felicidade: seguramente, o caminho maior da inclusão é a felicidade. Atingi-la supõe muito mais do que a posse, o acesso a condições objetivas de vida. Ela traz à cena a subjetividade, e nela o desejo, a alegria entre um conjunto de sentimento em busca da plenitude humana. Vale dizer, uma situação que permita que o potencial das capacidades humanas sem restrições a povos ou pessoas possa se expandir. De cada um conforme a sua capacidade, e a cada um conforme sua necessidade. (SPOSATI, 2002).

No trabalho, realizado pela Sposati (2000b) observou-se que as variáveis consideradas para a qualidade de vida referem-se à densidade habitacional, revelando o número de pessoas por domicílio e os lançamentos imobiliários, onde foi verificada a tendência da verticalização das habitações. Ainda sobre a qualidade de vida, o oferecimento de creches e escolas de ensino infantil e fundamental e o oferecimento de equipamentos de saúde, compõem um grupo de variáveis a serem pontuadas para contribuir com a leitura do Índice de Exclusão/Inclusão Social. Ao desenvolvimento humano, observam-se as variáveis que representam a longevidade, o grau de instrução escolar do chefe da família, Anos Potenciais de Vida Perdidos4 e a ocorrência de homicídios. Soma-se ao indicador equidade de gênero e o indicador autonomia, cujas variáveis correspondem a emprego e renda média familiar, incluindo nesta categoria a população de rua.

Sposati (2000b) apresenta uma análise dos índices em diferentes categorias entre os bairros pertencentes a diferentes distritos. Nos resultados, são expostas observações que vão desde deficiência de vagas para creches ao precário grau de instrução de chefes de família, passando pela análise do potencial de anos de vida perdidos. Evidentemente, um trabalho sobre as condições de exclusão/inclusão social, embora Sposati (2002) tenha considerado a qualidade ambiental como, dentre outras coisas, a garantia de um ambiente de desenvolvimento ecológico e participativo de respeito ao homem e à natureza, com o menor grau de degradação e precariedade, observa-se a ausência da análise das condições ambientais, tais como drenagem, coleta de esgoto, ou mesmo das condições de riscos geológicos e de enchentes no espaço urbano.

Considerando as linguagens em termos territoriais expressos de forma cartográfica e espacial, a elaboração de mapas temáticos permite observar desde indicadores da distribuição da população aos indicadores de emprego e renda nos 96 distritos analisados.

O mapa de exclusão/inclusão social resulta em facilitar a observação do movimento das variáveis em diferentes territórios, apresentando o índice de exclusão/inclusão social de forma multidimensional, a ser monitorado no espaço e no tempo.



4 Anos Potenciais de Vida Perdidos – APVP: quantifica o número de anos de vida não vividos quando a morte