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O caminho percorrido pel a pesquis adora

No documento DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO (páginas 44-51)

A pesqui sado ra part icipou ao lo ngo de três anos e quat ro mes es d o ambi ent e e o universo de pes quisa, em t rabalho int ensivo de campo, t endo como p ercurso o esp aço em cuj os dados foram obtidos.

• Encont ro s real izad os semanal ment e, n o percorrer d e um an o e s ete mes es co m o grupo formador.

• Via gem da pesquis adora ao Rio de Janeiro para i nvesti gar o Mus eu Nacio nal e a p ubli cação da revi sta d e R o quette-Pin to.

• Encont ro s co m o gru po da B IRE ME19, res ponsável h oj e p ela indexação Sci ELO no Brasi l.

• Ex plicação e acomp anhamento de to do o process o d e impl ementação e implant ação d o peri ódi co el et rônico e-C urriculu m com o t écnico de info rmáti ca, respo nsáv el p el o Labo ratóri o de Informáti ca do pro grama de pós-gra duação Ed ucação: C urrículo .

• Ent revist as não diretivas, di álo gos abert os e perman ent es ap ont ados em p aut a d e reuniõ es, di ári o it inerant e da pesquisado ra, re gi stros da lista de dis cus são cri ada para os co mpon entes da revi sta e-Cu rriculum no suport e eletrôni co Yahoo grupo s, al ém d e fotos e gravaçõ es em vídeo feit as em diferent es moment os des t a pesquis a.

A pes qui sadora acu mu lou des crições pess oai s, int eraçõ es , fatos e formas de li n gu agem ent re outros, que permiti ram est rutu rar a realidade

19 A BIREME tem como objetivo, além daqueles que lhe são atribuídos através da resolução dos Corpos Diretivos da Organização Pan-Americana da Saúde (denominada OPAS), a promoção da cooperação técnica em informação científico-técnico em saúde, com os países e entre os países da América Latina e do Caribe (denominada REGIÃO), com o intuito de desenvolver os meios e as capacidades para proporcionar acesso eqüitativo à informação científico-técnico em saúde, relevante e atualizada e de forma rápida, eficiente e com custos adequados. Para maiores informações acerca da BIREME acessar o sítio: http://www.bireme.br .

estu dada, em fun ção da q ual se pode an alisar e int erpret ar a construção de uma revi sta elet rôni ca.

Adot ou-s e como mét odo de procedi mento o de ser suj eit o obs ervador e ativo presenci al e virt ual d e um gr upo formad o p or al unos d a Pós-gradu ação, douto ran dos em Edu cação, q ue p ertenciam à mesma turma do ano de 2004 .

Est e procedi mento amp liou a concepção defini da por Lüdke e André (19 86, p. 28 -29), do obs erv ador tot al e p art ici pante pres enci al, para o obs ervador to tal d a ação parti cipati va presen ci al e virtual (HINE, 2000 ).

Com a i nten ção de trazer q uestionamentos e ati t udes reali zadas na con cepção das caract erísti cas da v irt ual i dade, de forma síncrona (C hats) e assí ncro na (li st a d e discuss ão e e-mails pri vados ), s em o en contro fí si co-geo gráfi co dos suj eit os, p rofesso res e al unos; p ro põ e-se uma nov a forma de olhar a pesqui sa em modalidades que s e ass umem em ambi entes vi rtuais e pres en ci ais para a colet a de dados da pes quis ado ra.

Traz, na metodolo gia, o pens ament o de Norbert Wi ener, pai da cibernéti ca, qu e em 1998 es creveu qu e "el p ensami en to de cada épo ca se refl eja en su t écni ca" (p . 64). Para el e não s eri a n ad a est ranho bus car novas formas e pos sibili dades t écni cas d e estu dar u m fenômeno, como o q ue se pro põ e nest a pesq ui sa. Para o autor, a mensagem p ost ada em ambi ent es virt uai s representa o DNA d a ci bersoci ed ad e e, nesta p esq uis a, a men sagem escri ta em ambi ent e virt ual assu me rel ev ân ci a.

A col et a de dados traz co mo in stru ment os utili zados:

- identi fi cação e caract erização do que são pu bli caçõ es ci entí fi cas impressas ;

- id ent ifi cação e caracteri zação de pu bli cações ci entíficas em sist ema di git al -el et rônico;

-opção pel a t écni ca de suj eit o obs erv ador ativo presenci al e v irtual d o fenômeno pes quis ado, dando o conh eci m ent o int egral daquil o que s e fazia;

- anális e de documentos que se tornaram necess ári os p ara compreender e reali zar a rev ist a e-C urri culum;

- di ál o gos em Chat e e-mails co m o s suj eit os p arti cip antes da reali zação d a revist a;

- di álo gos pres en ci ai s mantidos durant e t oda reali zação da revist a e-Curriculu m co m o grupo formador, d e março de 2004 a j unho de 2006;

- descri ções das o co rrênci as em proces s o de s eus su jei tos i n loco, j á que as v ariáveis do comport amen to dos colabo radores não fo ram con troladas, j ust amente, p ara poder checar as di fi culdades e a i mportânci a da real ização d e u ma publi cação acad êmi ca disponi bili zad a em pá gin as com aces so pela Internet .

P elo fat o de o probl ema ter nas ci do em um contexto precis o de um gru po, o p ap el d a pesquis adora fora aj udar o col etivo a det ermi nar tod os os det alhes li gad os ao problema; p el a tomada de consciênci a dos s ujei tos do pro blema numa ação col eti va. Portant o, entend e-se qu e est a pesquisa ass u me a persp ectiv a da p esq uis a-ação parti cip ant e.

A pesqui sa-ação tem como fin ali dade a mudança de atit udes, de práti cas, de situaçõ es, d e condi ções, de produto s, de dis cu rsos, partindo de um p roj et o alvo (BARB IER, 20 04 ); co m a t ent ativa de exp ri mi r u ma filosofia de vid a, in dividual e coletiv a, que s e su põ e mel hor do que a que preside à ordem est abel ecid a.

S egui ndo Barbi er (2004), a pes quis a aqui rel at ada s egui rá os s et e asp ectos d e u ma p es quis a p arti cipativ a, s end o assi m, caract eri zar-s e-á co mo pes quis a-ação d e ori ent ação p olíti ca e in t egral (i dem, i bid, p. 60-61-78 -79).

1) O probl ema nasce na comunidade q ue o define, o anal isa e o resolve.

O problema que a pesq uis ado ra t raz como questão maio r, nas ceu a parti r do di álogo, em s al a de aul a, ent re al unos e profes sores, port anto justi fica-s e no postul ado em B arbier (200 4).

2) A met a da pesquisa é a transformação da realid ad e so ci al e a melh ori a de vi da das p essoas n el a envol vid as. Os b en efi ci ári os inici ai s da pes quis a s ão, port ant o, os próprios memb ros da comuni dade educacional em questão.

Descrever-s e-á a necessidade de s e di vul gar, realizar, dis semi nar trabalho s d e p esquis a em uma revi sta que pert encess e ao p róprio pro grama.

A ob servação do que se produzi u p ara se concret izar uma revi sta el et rôni ca é o que se t rará nest a investi gação.

3) A pesqui sa part i cipati va exi ge a pres en ça ati v a, pl en a e total da comunidade ou grupo du rant e o s eu pro cess o.

Até a realização d a revist a e-Cu rri cu lum e sua primeira publi cação houv e s emp re a disp osição de parti cipação pl ena do grup o fo rmado r quanto da comuni dade acadêmi ca constituint e do Pro grama de Pós- graduação Educação: Cu rrículo da PUC -SP.

4) Em B arbi er (2004) t em-s e q ue a p esquis a parti cip ati va envolve todo u m l eque de gr upos de pess oas qu e não possuem o poder: ex pl orad os, pobres, opri midos, mar ginais. Nest a p es quis a ent end e-s e que os envol vidos nel a ind iret ament e “não possuem o pod er”, pos to qu e hi erarquicament e s ão alunos a desenvolv erem uma revist a, mes mo co m o apoio de al gu ns dos docen tes.

5) O procedi mento da p es quis a p arti cipativa pode su sci tar nos parti cipant es uma melhor con sci enti zação d e seus próp ri os recursos e mobili zá-l os de maneira a p repará-l os para u m desenv olvi men to end ógeno.

Observar-se-á, n o percorrer dest e trabal ho, que a evol ução da con sci ênci a t anto da pesquis adora, qu an t o d aquel es que d el a fizeram p arte, foi tran sfo rmadora d a v ida acadêmi ca dos pós-graduandos .

6) Trata-s e d e u m método d e pesq uis a ci entí fi co, já q ue a particip ação da comuni dade facili ta uma análise precisa e aut êntica da real i dade so ci al.

7) A p esquis adora é aqui u ma part i cip ant e engaj ada. Enquanto formado ra do grup o de al unos, el a aprende du rant e a pesquis a. A est es se somam d ois out ros aspecto s que d et ermin am, as si m, a p esquis a:

8) O o bj eto final d a pesqu isa-ação es t á na mudança de at itude do sujeito (in diví duo ou grupo) em rel ação à reali dade que se i mp õe.

Nest e s enti do, pro duziu-se uma revis ta ci ent ífi ca el et rô nica que acabou po r mu dar a visão end ógena do grup o formador. Qu ando apenas se

pen sava nas p rod uções in tern as do p ro grama, ampli ou-s e o o lhar por meio de di álo go s promov i dos ent re o grupo.

Ent endeu-s e que al go maior como a publi cação de uma revist a el etrôni ca poderi a servi r a tod a a co mu ni dad e Educacional qu e d el a fizesse uso, ampl iando -s e, port anto, a p erspect iva endó gena d e ap en as p ubli car trabalho s int ern os ao programa.

9) O co ntrat o para pes quisa realizou-s e por meio de di ál ogo. Visto que o diálogo libert a, disto o pesqui sad or profi ssional to rna-se ele mes mo ator. Como a pesq ui sadora fora el eit a pelos parti cipantes como mediadora do pro cesso de const rução po r meio de diálo go, hou ve um co ntrato ent re o gru po, ent re os docent es e a pesq uis adora de fo rma que se regi st ra nest e estu do tod a real ização.

Nas ci ên ci as human as, o qu e se ch amaria de obj et o de est udo é o homem qu e se ex pressa e t em vo z. O at o de pesq uis ar não mais se li mita ao con templ ar, mas ex pand e no agi r como s ujeit o, pos to que ambos têm voz, est ab el ecendo, assi m, um di álo go. C omo lemb ra Chi zzotti (1998, p.7), “o sujeito-obsevador é parte i nt egrante do pro cesso de conheci mento e interp reta fenômenos , atri buindo-lhes um si gni fi cado ”.

Port ant o, en tende-se que a p es quis a extrai -s e d a ação, ori ent ando-se à solu ção de u m pro blema p ara chegar a lições p ráti cas. Nas pal avras de Mori n (1992, p.45), “Não se n egocia a v erd ad e, mas si m o ponto de aprofundamento de noss os conh eci ment os práti cos” que s e con stroem em diál o go s.

O ponto de ap rofun damento do conheci ment o práti co, dit o por Mo ri n (19 92, p. 45), e o entendi mento do diálogo ( FR EIRE, 19 77, p. 7 7) ati ngi am a p esq uis a. R evelav a qu e ent end er uma publi cação cientí fi ca exi gi a al ém dos dado s anal is ad os, além da b us ca nos fatos hist óri cos rel ativos à pro du ção e divul gação do conheci ment o , um p ass o a mai s na pesq uis a, e que não perdesse em n en hu m momento a p erspectiva cientí fi ca d est e trabalho .

Tal fat o demonst ra-se na col eta de dados quando se une à pesquis a a ação. A pesquis adora en contro u apói o metod oló gi co em um "relat o-dep oi mento", soli cit ado aos ci nco memb ros do grupo formad or da revi st a.

Buscou -se uma v erd ad e n ão n egoci ada, mas dados co mprob atóri os daquele trabalho desenvol vido no percurso cu rri cular do grupo formador. Co mo se des creve no s próx i mos subtópicos, quand o se ex pli ca o processo de ação da pes quis a e no C apít ulo 6, quand o se traz a experi ênci a de const ru ção pel o gru po formador.

Cabe sali entar que est a pes qui sa não tem pret en são de oferecer um mod elo para os pes qui sadores d es ejosos de vi abili zar publi cações el etrôni cas em seus pro gramas d e pesquisa. C ad a pro grama e cada Insti tui ção d e Ensi no e Pesqui sa têm seu cont exto, part icul arid ad es e esp eci fici dades diferent es qu e devem s er sempre resp eit adas.

Buscou-s e des vel ar o "co mo fazer". O co mo se si gni fi ca n a práti ca edu cacional de u m grup o d e al unos que procuraram diss emi nar a ci ên ci a p or meio do us o do co mp utador co m acesso à Int ern et.

Descrevem-se os passos desenvolvidos na co nst rução d a revist a e-Curriculu m, com a intenção d e que out ras pessoas possam, futu rament e, perceb er os di ferent es mo ment os p elos quais se pas saram no process o de aprendi zagem deste novo s ab er.

2.3.1 Col eta d e dados ou proces so de aç ão da pe s quisador a

Encont rand o respal do em B arbi er (2004, p. 13 2-133-1 34), na ori ent ação da co ncep ção do con hecer, conceberam-s e como in strumentos de col et as dos dado s uti lizados.

A) C riação, desd e 2004, de um di ári o de itinerânci a20, no qual , encon tram-s e os apontament os d o gru po formador da revist a e-C urri cul um,

20 O diário de itinerância foi feito em cadernos, durante toda a pesquisa fizeram-se três. Neles iniciava-se com a data, hora, e as anotações daquilo que se fazia em grupo, nas reuniões presenciais, as cópias das atas feitas, as pautas de reunião, os sentimentos, enfim tudo que era feito anotava-se nestes cadernos.

as paut as e at as dos en co nt ros presenci ais reali zados para a concepção e formatação da revist a.

No percorrer dest a p esquis a, mant eve-s e um di ário d e iti n erânci a que foi compartil hado com o grupo formad or. Nel e ocorreu a t ranscri ção das dúvid as s ur gidas pel o grupo, das dúvi das da pes quisadora e a re-escritura con stant e de todo o processo e di álo go s dos encont ros presenci ais, assi m como d os d iál o go s estab el ecidos v irt ual ment e (cha ts e e-mai ls).

Est e di ári o foi sistemati camente se const ruin do. In ici ou-se n as pri mei ras aul as de Epist emolo gi a, desd e o di a 17 de março d e 2004, em que se dis cuti u a pos sibil idade d e i nseri r na pági na do programa um link com os trabalho s int ernos d o mes mo. P ort anto, acredit a-se que t oda a construção do pen samento q ue se conduzi u para s e obt erem os d ad os necess ári os p ara est a pes quis a foram sist emati zados desde o i níci o da reali zação da revi st a e-Curriculu m.

Os suj eitos parti cip antes da reali zação da revista e-C urri cul um serão nomeados ora por su a d esi gn ação completa ora pel as i ni ciais dos nomes dos memb ro s.

B) Cri ação de u ma list a de di scussão n a int erface do Y ahoo (htt p://b r. groups . yah oo. co m/ group/ revis tapucsp/ ). Em 2 1 de maio d e 2004, cri ou -s e uma list a de particip ação i nici al ment e co m 2 3 alu nos e 4 pro fess ores do progr ama de pós -graduação Educação: C urrí cul o.

A lis ta s empre foi rest rit a aos part i cip ant es e a comu nicação assí ncro na, de um para tod os os int egrant es, fez-s e pel o end ereço eletrôni co revist ap ucsp@yahoo gru pos.com.b r. Foram trocad as 1.274 mensagens do período de 21 de mai o de 2004 a 22 d e agosto de 2007.

Regis trou -s e, o qu e cada parti ci pant e sentiu, p ensou, medit ou, poetizou, reteve como teo ri a, convers as paral el as e o que s e const ruiu nesta lista para dar sentid o à exist ên ci a d a revis ta e-Cu rri cul um.

A pesqui sado ra, mes mo não apres ent an do todos os dados, sent i mentos , cont rad ições ex istent es durant e os 15 meses , expõe tensõ es

que ocorreram e q ue foram n eces sári as para a própria construção da identidade do grupo formador d a revi sta.

A análi se de document os e pesso as21 que pudessem expli car ou aux iliar a reali zação do proj et o-alv o emer giu d a pesquisa-ação, quando se el ege u m pesquis ado r para a sol u ção.

No documento DOUTORADO EM EDUCAÇÃO: CURRÍCULO (páginas 44-51)