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Caminhos para os experimentos da ‘Estrada V’

Ser alemão me faz sentir um estranhamento, como se tivesse uma sombra pairando sobre meu destino, mesmo se isso se aplique a milhões de alemães. Helmut Kohl, chanceler da Alemanha de 1982 a 1998, cunhou nos anos 90 o termo ‘Die Gnade der späten Geburt’ , 65 para expressar, que alemães nascidos depois dos anos 30 não têm culpa do Nacional Socialismo . Não obstante, fica um sentimento de responsabilidade e uma reflexão a questão66 do comportamento próprio nas condições da época do nazismo. Não se pode antever como alguém comportar-se-á sob situação extrema, intensa pressão política, social, financeira ou familiar. Até hoje, o experimento de aprisionamento de Stanford e a experiência de Milgram 67 causam polêmica por seus resultados inquietadores em relação aos princípios éticos dos 68

homens.

Por isso questiono-me quanto a que conduta tomaria caso me encontrasse em uma posição em que detivesse poder pleno, absoluto. Ao passo que aquilatar até que ponto um dado indivíduo em tal situação permanecerá idôneo e ético apresenta-se em si como algo dificílimo de se avaliar sob a luz da teoria, entrementes constata-se na prática que a história nos revela incontáveis exemplos de abusos de poder ilimitado perpetrados em todas as esferas humanas sociais e políticas.

E não há de se buscar estas atitudes em épocas e locais muito distantes. A revolta dos presidiários de Alcaçuz em Pium/RN, que levou ao assassinato e à decapitação de vários

65 Graça do nascimento tardio. Tradução F.D. Termo cunhado em 1985.

66 Nacional-Socialismo, mais comumente conhecido como nazismo, é a ideologia associada ao

Partido Nazista, ao Estado nazista, com o seu líder Adolf Hitler.

67 No experimento de Stanford, um grupo foi dividido aleatoriamente em prisioneiros e guardas para

estudar o comportamento humano em uma situação de poder. O experimento teve que ser interrompido. (1971)

68 A Experiência de Milgram foi um experimento científico para descobrir como os participantes

presos, já é um exemplo cujos acontecimentos desencadearam-se nas proximidades de Natal no ano de 2016. Houve alguns motivos para esta revolta acontecer, como, por exemplo, a superlotação com 17 presidiários em celas previstos para 8, insalubridade com falta de higiene e anos sem atendimento médico, sobrecarga dos agentes penitenciários causando extrema69 violência entre os presidiários devido à omissão estatal, e ainda falta de comida e água, além de brigas entre facções criminosas inimigas. A pergunta não é até que ponto isto pode70 justificar uma revolta, porém qual é o motivo desta violência excessiva. Até que ponto um tratamento desumano justifica reações desumanas? De qualquer forma não há dúvidas, que o ser humano é capaz de ações extremamente violentas, dependendo ou não das condições sociais em que ele se encontra.

Em 1991, quando resolvi morar no Brasil, o que me trouxe aqui foram duas experiências trágicas. Na minha vida tive várias, porém, houve estas duas mais importantes, já que mudaram e determinaram completamente o meu destino. A primeira foi com a leitura do livro de Erich Fromm71 ‘Haben oder Sein: Die seelischen Grundlagen einer neuen Gesellschaft.’ quando eu tinha 20 anos. Senti que até este momento eu tinha vivido uma vida72 superficial, sem refletir sobre questões importantes e resolvi redefinir os meus valores quase por inteiro. O meu lema, a partir desse momento, foi de refletir constantemente sobre a vida, tentar definir meu destino e me ‘descobrir’ seguindo ‘a voz do meu coração’. No início, me senti um estranho de mim mesmo, não me reconhecia e constatei que eu não era mais o mesmo, porque os meus valores básicos tinham mudados. O que mudou, principalmente, foi uma atenção aumentada comigo e com o mundo, acarretando uma reflexão mais profunda e sensível sobre as minhas prioridades na vida.

A outra experiência trágica me levou à decisão drástica de deixar grande parte da minha vida para trás e morar no Brasil, que aconteceu cerca de 6 anos depois da primeira, quando tinha 26 anos. Eu estava terminando minha graduação em direito da Universidade de

69 120 presos para cada agente penitenciário, quando a Lei de Execuções Penais prevê um agente

para cada grupo de cinco detentos

70 https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/relatorio-aponta-que-ha-71-presos-

desaparecidos-e-numero-de-mortos-em-alcacuz-pode-se-aproximar-de-100.ghtml acessado em 23/01/2018

71 Erich Fromm (1900-1980) foi um psicanalista, filósofo e sociólogo alemão.

72 FROMM, Erich. Haben oder Sein: Die seelischen Grundlagen einer neuen Gesellschaft. München:

Freiburg faltando apenas a prova final. Um domingo de outubro, à noite, sozinho no meu quarto, a tragicidade da minha vida me dominou e nada mais fazia sentido. Um vazio enorme estava ao meu redor, meus afazeres não tinham sentido algum, e o que mais me assombrava era um futuro assim. Senti uma analogia com os pensamentos do Doutor Fausto descritos na quarta cena da obra ‘Fausto: uma tragédia’ de Johann Wolfgang von Goethe . 73

Habe nun, ach! Philosophie, Juristerei und Medizin, Und leider auch Theologie

Durchaus studiert, mit heißem Bemühn. Da steh ich nun, ich armer Tor!

Und bin so klug als wie zuvor; …

Und sehe, daß wir nichts wissen können! Das will mir schier das Herz verbrennen. 74

Sentia claramente que tinha que tomar uma atitude radical, senão o mundo ia me ‘engolir’, obrigando-me pelos padrões de comportamentos a seguir uma direção que não estava de acordo com o que eu queria de fato. Sentia-me preso às correntes invisíveis do caminho traçado e à perda de liberdade com um curso de Direito terminado. Parece uma contradição, já que com o curso terminado eu teria mais opções e, mesmo querendo ir embora da Alemanha, eu poderia sempre voltar, mas eu percebi isso como uma armadilha, seria igual a uma fuga com uma corrente amarrada aos pés. Eu precisava de liberdade total e essa só seria completa se eu não usasse o curso de Direito como ‘cinto de segurança’, como uma garantia de sempre poder voltar para uma vida regrada e segura.

Nunca me arrependi sequer um segundo dessa decisão. E porque será que alguém trocaria a rica e segura Alemanha por um Brasil em constante crise, que Heiner Müller

73 GOETHE, Johann Wolfgang von. Faust: Eine Tragödie. Ditzingen, Reclam Verlag, 1971

74Fausto: Ai de mim! da filosofia, / Medicina, jurisprudência, / E, mísero eu! da teologia, / O estudo fiz,

com máxima insistência / Pobre simplório, aqui estou / E sábio como dantas sou! /… / E vejo-o, não sabemos nada! / Deixa-me a mente amargurada. Em: GOETHE, Johann Wolfgang von. Fausto I:

chamava de ‘Ilha de desordem’? (KOUDELA, 2003, p.33) Exatamente por isso, viver à beira do abismo, sem muita segurança, sem saber o que vai acontecer amanhã, traz uma intensificação das sensações. As emoções ficam à flor da pele e a possibilidade de se conhecer melhor aparece, o que foi um dos objetivos que eu coloquei para a minha vida. Por isso, até hoje, opto por possuir menos coisas possíveis, tendo como referência poder conseguir colocar todos os meus pertences em um carro de passeio, não quero propriedades, só quero morar de aluguel e mudar de ocupação constantemente para nunca parar de aprender e fugir de rotinas. Por este motivo, por exemplo, não participo de concursos para empregos públicos, quero que o desapego seja uma constante na minha vida, por me permitir viver o presente de forma mais intensa e o caminho para isso é a liberdade e o desapego. Mais a pessoa está presa à sua zona de conforto e suas coisas, mais difícil se torna este caminho.

A meu ver é muito mais fácil buscar estes limites na contemporaneidade. Posso ir

escalar na Pedra da Boca e sentir numa pedra vertical o que significa estar à beira da morte. 75 Quem me permite isso é o equipamento. Quando estou agarrado a um pedacinho de rocha, a muitos metros do chão, já experimentando meu limite de exaustão, o rosto colado na pedra, uma perna tremendo do excesso de esforço e a mão escorregando lentamente, todo corpo e mente focados para não cair, sinto a possibilidade de uma queda.

75 O Parque Estadual da Pedra da Boca está localizado ao norte do município de Araruna, na Paraíba e é um local conhecido por suas variadas vias de escalada.

Essa queda seria provavelmente fatal se não tivesse o equipamento de segurança e minha confiança na capacidade dele de evitar uma queda e na adequada colocação dos grampos e mosquetões. Existe, de fato, a possibilidade de um tombo letal, sempre há falhas, como aconteceu ainda pouco tempo atrás a um colega meu, que despencou e faleceu numa via que 76 eu já tinha escalado anteriormente. Todo uma série de questionamentos são o resultado e estes campos de experimentação desta limiar podem ser encontrados em muitos esportes radicais. Devemos nos questionar porque cada vez mais pessoas buscam esta intensificação da vida no Free climbing , Skydiving ou em outras modalidades com alto risco de morte? 77 78

76 http://www.jornaldaparaiba.com.br/vida_urbana/instrutor-de-rapel-morre-apos-cair-de-pedra-

em-araruna.html Acesso em 08/02/2018

77 Escalada em rocha sem corda de segurança. Se errar, morre. Uma versão mais moderada é a

mesma escalada, porém com um pára-queda especial, mas que só funciona com restrições, principalmente pela altura e escaladas negativas.

Um outro momento que quase terminou em tragédia e que me marcou muito foi um passeio no carro do meu pai quando por pouco sofri um acidente em alta velocidade. Desde então, tenho o maior receio de morrer em um acidente de carro. Com um pouco de irresponsabilidade ou desatenção, um objeto metálico de uma tonelada pode causar muito estrago. Escapei por um fio na minha adolescência, mas a possibilidade de morte no trânsito é algo inerente à nossa sociedade . Impressionante neste caso é a falta reflexão a respeito de 79 milhares de mortes todos os anos, sem se cogitar uma restrição maior a esse desejo de locomoção em altas velocidades.

Essa situação é distinta, por exemplo, da geração de guerra do meu pai, nascido em 1935 e com 10 anos quando a Segunda Guerra Mundial acabou. Não obstante os motivos da guerra, havia um convívio constante com a morte e existia um perigo real, por exemplo, de ataques aéreos. Talvez por viver sob constante ameaça e na luta pela sobrevivência cria-se uma coexistência com o perigo e não se tem necessidade de buscar limites. Mas, de acordo com meu pai, também não há uma reflexão maior sobre o destino, talvez pela capacidade humana de adaptar-se a quase todas as circunstâncias. A vida da minha geração na Alemanha já foi completamente diferente da do meu pai ou, pior ainda, do meu avô, que passou por duas guerras, tendo treze anos no início da Primeira Guerra Mundial e trinta e oito na Segunda.

Um dos motivos que me atraíram a viver no Brasil e me afastaram de uma vida toda organizada da Alemanha, foi uma intensidade aumentada do dia a dia. No Brasil tinha uma inflação galopante, eu estava sem emprego fixo, trabalhando como guia de turismo freelance 80 muitas vezes sem saber como pagar as despesas do mês. Mas, em contrapartida, eu experimentava uma vida intensa, em meio a uma natureza exuberante, com constantes arrepios de felicidade pelos momentos vividos à flor da pele. Quando ia para Alemanha, eu tentava passar aos meus familiares e amigos esta sensação, porém só recebia incompreensão e perguntas sobre como ia cuidar da aposentadoria, o que eu faria em caso de doença e toda esta carga de responsabilidade característica da Alemanha. A vida que levei aqui é impensável pelos padrões alemães, tanto que, quando meu pai veio ao Brasil, não levei ele para minha

79 1.250.000 mortes de trânsito por ano no mundo

(http://www.who.int/gho/road_safety/mortality/traffic_deaths_number/en/

casa por ela ser humilde demais para os padrões europeus, já que não tinha forro, o piso era de cimento queimado e só tinha um quarto para a família toda.

A meu ver há uma tragicidade em viagens solitárias. Já me arrisquei inúmeras vezes andando no sertão em lugares onde um erro pode ser fatal. Além disso, viajar sozinho significa passar por momentos solitários, o tempo se estende mais, perguntas sobre o sentido da viagem ou da vida surgem, porém exatamente estas dificuldades permitem vivências mais intensas, propiciando experiências mais acentuadas. Isso não significa que seja necessária viver o tempo todo como um eremita ou radicalmente diferente dos padrões sociais mais comuns, mas que para mim há uma necessidade de refletir a respeito de questões essenciais da vida e aumentar cada vez mais a consciência a respeito da vida e do seu sentido ou a falta do mesmo.

Apesar de vir de uma outra cultura, desde o primeiro dia em que pisei em solo brasileiro, me senti em casa. Apesar de tudo, algumas das minhas características são tipicamente alemães e estas não mudaram em mais de um quarto de século de vida no Brasil. Uma dessas é o senso crítico. Na Alemanha, a crítica é uma parte constante do cotidiano, moldando a vida e as relações em todos os níveis, sendo considerada algo natural. Já no Brasil, mesmo uma crítica construtiva, fundada e neutra, tende a ser levada para o lado pessoal.

Assim, quando comecei com o curso de teatro na UFRN em 2011, morando há 20 anos no Brasil, me questionei como estas duas culturas se afetam na arte e qual é a influência da cultura alemã no teatro brasileiro. Foi quando publiquei um artigo na revista de teatro alemã Thepakos+ 81 com o título ‘Eindrücke eines Deutschen in der brasilianischen Theaterlehre’ , 82 esboçando paralelos e diferenças culturais. A meu ver, na arte e na vida é preciso ter espaço para sentir e perceber. Apesar de carregar uma bagagem cultural distinta, nunca quis impor nada de alemão ao Brasil, ao contrário, esta pesquisa representa uma osmose de experimentações multiculturais, uma desordem que se transformou em vivências.

81 http://www.oldib-verlag.de/html/Thepakos.html ISSN: 1862-6556 82 Impressões de um alemão no curso de teatro no Brasil

Elaborei um método pessoal de lidar com a pesquisa em alemão e português. Nas 83 minhas leituras para fins acadêmicos, como no caso do livro do Lehmann por exemplo, leio o texto repetidas vezes, fazendo anotações em português sobre as questões mais importantes, mesmo o texto sendo em alemão. Isso quer dizer que após a leitura e compreensão eu tento elaborar as ideias do autor em português por escrito. Em seguida analiso meu texto em português e verifico se as ideias se apresentam de acordo com o original em alemão. Costumo deixar alguns dias entre esta primeira versão e as correções em português, para tentar me distanciar do texto e para poder analisá-lo melhor. A análise da minha escrita é um momento crítico que apresenta a dificuldade de separação da minha intenção comparado com o que está escrito de fato. Até hoje lembro da crítica do meu professor de alemão do ensino médio apontando a incongruência da intenção com o que estava escrito no papel. É importante ressaltar que todas as leituras e traduções que foram feitas durante a pesquisa tinham o pensamento de aproveitamento nos experimentos cênicos.

Quando pensei em escrever um texto para as questões da experiência trágica, pensei de imediato no texto ‘A estrada de Volokolamsk’ de Heiner Müller que estava nos meus pensamentos desde a graduação. Traduzi a ‘Abertura Russa’ para o português da qual segue um extrato abaixo. Nesta tradução fiz questão de usar um vocabulário próximo à minha realidade, sem objetivar uma eloquência rebuscada, para deixá-lo com características da minha convivência com o português, diferente de um tradutor como, por exemplo, Herbert Caro . Eu não quis usar a tradução de Fernando Peixoto , não por achá-la inadequada, mas84 85 no alemão, sendo minha língua materna, cada palavra tem um significado específico distinto

83 O alemão é minha língua materna, apesar de ter morado menos de dez anos na Alemanha. Dos

meus primeiros 19 anos morei 15 na Bélgica, estudei na Escola Europeia e na Escola Alemã, mas, apesar de tudo, considero minha educação principalmente alemã. Já estou no Brasil há 26 anos, porém aprendi a falar português sem ter ido para nenhuma escola e a primeira redação da minha vida foi prestando o vestibular em 2010 para entrar no curso de Teatro da UFRN. Apesar disso, nunca senti muita dificuldade em escrever, talvez por gostar muito de leitura. Para mim os dois idiomas funcionam em paralelo, sem interferir um no outro. Quando leio em alemão, o meu raciocínio é em alemão e por igual em português. Quando quero passar algum conteúdo de um idioma para o outro, trata-se de um processo específico onde uso apenas um dicionário de sinônimos e eventualmente o Google Tradutor.

84 Herbert Moritz Caro (Berlim, 1906 — Porto Alegre, 1991) foi um tradutor, crítico de arte, ensaísta e

jornalista alemão naturalizado brasileiro, radicado em Porto Alegre. Durante sua vida foi um

destacado intelectual e requisitado tradutor. Traduziu clássicos como ‘A Montanha Mágica’ e ‘Doutor Fausto’ de Thomas Mann, ‘Auto-de-Fé’ de Elias Canetti, ‘Quatro Ditadores’ de Emil Ludwig, ‘A Morte de Virgílio’ de Hermann Broch, ‘O Lobo da Estepe’ e ‘Sidarta’ de Hermann Hesse entre outros.

para mim com um imaginário específico, provavelmente um pouco diferente de outros tradutores. Buscar este significado específico, relacionado à mim e à todo o contexto da minha vida no Brasil, o curso de teatro, o planejamento da encenação e meus conhecimentos, foi um desafio e prazer especial. Sentir o fluxo do texto, me delongar nas metáforas e esmerilhar as palavras teve uma relevância especial para mim.

Tentei reproduzir ao máximo a minha visão da estética de Heiner Müller, não só pela escrita, mas, principalmente, pela audição. Ouvi repetidamente o texto na voz do seu autor para poder fazer a tradução. Esta voz e entonação muito característica, que de alguma forma está inserida no texto pelo modo peculiar de recortar as frases, no uso das maiúsculas, na falta de pontuação e no ritmo. Abaixo está um extrato da minha tradução, apresentada linha por linha, descortinando um texto atravessado por minha vida e minha vida sendo atravessada por este texto.

Wir lagen zwischen Moskau und Berlin Im Rücken einen Wald ein Fluß vor Augen Zweitausend Kilometer weit Berlin Einhundertzwanzig Kilometer Moskau In Schützenlöchern aus gefrornem Schlamm Und warteten auf den Befehl zum Einsatz

Und auf den ersten Schnee Und auf die Deutschen Tags hörten wir die Front nachts sahn wir sie Die Deutschen hatten was wir brauchten Panzer Flugzeuge den Hochmut der Sieger

Meine Soldaten hatten Angst und wenig mehr Angst ist die Mutter des Soldaten und Der erste Schnitt geht durch die Nabelschnur Und wer den Schnitt verpaßt stirbt an der Mutter Meine Soldaten kamen von der Schule

Im Kino hatten sie den Krieg gesehn

Ich war ihr Kommandeur und meine Angst war Die Angst vor ihrer Angst Und näher kam Die fronte und von der fronte die Deserteure Wo kommt ihr her Genossen

Aus dem Kessel Der Deutsche Habt ihr ihn gesehn Wie kämpft er Der Deutsche Habt ihr ihn gesehn Gesehn Ein Horizont aus Panzern ist der Deutsche Der auf dich zufährt So Ein Himmel aus Flugzeugen ist der Deutsche Und ein Teppich Aus Bomben der sich über Rußland legt Du wirst ihn selber sehn Und eh du aufwachst

Vom nächsten Schlaf Und vielleicht wachst du nicht auf Vom nächsten Schlaf (...)

Estávamos entre Moscou e Berlim