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DE ÁGUAS PLUVIAIS NA BACIA ÁGUA ESPRAIADA

CAMPO BELO

6.1 CAMPO BELO (Ver mais imagens no Apêndice C)

Equipe da UNIB que auxiliou na pesquisa: Creso Antonio Diniz Rosa.

A figura 169 traz alguns referenciais e o campo de pesquisa com eixo na Rua República do Iraque, desde o divisor de águas com a bacia da Traição até a várzea do Água Espraiada.

A Rua República do Iraque foi adotada como eixo de análise por não haver planos de se transformar em via de transposição da Av. Jornalista Roberto Marinho; suas paralelas Zacarias de Góis e Vicente Leporace fazem esse papel. Sendo assim, é uma rua relativamente calma, que poderia receber tratamento diferenciado quanto a controle das águas pluviais, paisagismo e mobilidade alternativa, não conflitando com os interesses viários.

Durante a pesquisa teórica, encontrou-se a pesquisa de Blanes (2006), em Geografia, com exemplo nessa rua, o que fortaleceu a escolha desse eixo para análise. (Figura 170)

6.1.1 VERTICALIZAÇÃO E REFLEXOS SOBRE AS VIAS DO LUGAR

No PDDI de 1971, o Campo Belo constava como região a se transformar em zona de média densidade populacional; edifícios de alguns andares se estabeleceram, porém o bairro, como um todo, resistiu ao adensamento até cerca de 2 décadas atrás; como registrado nos EIA/RIMA da OUCAE, acelerou então sua verticalização, dando continuidade ao boom imobiliário ocorrido em Moema. (JNS, 1996; GEOTEC, 2009).

Claudete Gebara J. Callegaro Mackenzie / PPG / Mestrado nov2014. .

Figura 169 – Referenciais do eixo de pesquisa no Campo Belo indicados sobre imagem de satélite obtida no Google em 19/08/2014.

Figura 170 – Rua República do Iraque interrompida na Av. Jornalista Roberto Marinho e a estrutura do

monotrilho. Foto da equipe Unib, tomada em 23/08/2014.

A LPUOS de 2004 reforçou essa tendência; Zonas Mistas de Alta Densidade (ZM-3 e ZM-4) foram desenhadas ao longo do corredor da Av. Vereador José Diniz e no binário viário principal do bairro, composto pelas ruas Vieira de Moraes (sentido Av. Sto. Amaro – Aeroporto) e Jesuíno Maciel (inverso).

Quadra da pesquisa de Blanes (2006) BROOKLIN VELHO Delegacia de Polícia

Claudete Gebara J. Callegaro Mackenzie / PPG / Mestrado nov2014. .

A parte do bairro que ocupa as encostas da bacia Água Espraiada consta na LPUOS como Zona Mista de Baixa Densidade (ZM-1), havendo incentivo para a verticalização com fins residenciais. A outorga onerosa promovida pela Operação Urbana Consorciada Água Espraiada (OUCAE) auxiliou na exploração dessa condição, permitindo que altas torres se instalassem na região. Embora a OUCAE não tenha sido o principal indutor do processo, ajudou com a mudança do cenário da várzea. Necessário se faz lembrar, que o bairro deu as costas, por muito tempo, ao Água Espraiada, pela presença de favelas; estas, de alguma maneira, trazem insegurança para quem as cruza e estão sendo removidas como parte da Operação. A mudança de cenário e a requalificação da área com criação de ciclovia, iluminação adequada e outros equipamentos apropriados para pedestres e ciclistas, alterarão essa situação.

Os passeios públicos das vias locais têm dimensão mínima para o caminhante; a necessidade de acesso dos veículos aos lotes, aliada à declividade relativamente mais acentuada nas proximidades da várzea, leva à formação de degraus nas calçadas, impedindo o caminhar. Com o VLT do Metrô a ser colocado em funcionamento em 2016, moradores, visitantes e trabalhadores necessitarão de caminhos adequados desde o alto da colina até a baixada, o que implica em reduzir o inconveniente das calçadas interrompidas e da rampa muito íngreme existente nas duas quadras de cota mais baixa.

A quantidade de guias rebaixadas para acesso de veículos é grande e o público desse bairro não prescinde de automóvel; pelas pesquisas do Metrô e pelos comentários nas atas do Grupo Gestor da OUCAE, prevê-se que esse hábito não seja abandonado tão cedo. O bairro não conta com bolsões públicos e são raros os estacionamentos particulares como opção.

Uma alteração evidente decorrente da verticalização em andamento é a mudança do cenário visto da via pública. O remembramento de lotes necessário à construção de grandes edifícios em altura melhora a condição dos passeios, antes cheios de degraus. O benefício da outorga onerosa colabora para o conforto dos passeios, pois implica em doação, por parte do empreendedor, de faixa de 2 metros para alargamento do passeio público. (Figuras de 171 a 174)

Claudete Gebara J. Callegaro Mackenzie / PPG / Mestrado nov2014. .

Figura 171 – Via plana do Campo Belo com acesso individual de veículos a residências e comércio, resultando em falta de vagas para estacionamento na rua. Foto da equipe Unib tomada em 23/08/2014.

Figura 172 – Via em declive com degraus no passeio. Foto da equipe Unib tomada em 23/08/2014.

Figura 173 – Condomínio vertical no Campo Belo construído conforme LPUOS, mantendo o alinhamento tradicional. Melhora a continuidade do passeio público e aumenta a disponibilidade de vagas na via pública. Foto da equipe Unib, tomada em 23/08/2014.

Figura 174 – Condomínio vertical construído beneficiado pela OUCAE e a faixa verde livre mantida ao seu redor, ampliando o passeio público. Vista obtida em https://maps.google.com/, datada de maio de 2014.

A região do recorte permanece com predominância residencial, apresentando comércio e serviços de pequeno porte, em geral instalados em casas semi-isoladas ou geminadas e em cotas mais altas. Especialmente na parte mais alta do bairro, as calçadas se alargam um pouco e até permitem o convívio de pedestres, equipamentos e vegetação. (Figura 175)

Claudete Gebara J. Callegaro Mackenzie / PPG / Mestrado nov2014. .

6.1.2 CONTROLE PLUVIAL

O bairro tem ruas bem arborizadas e há vários quintais vegetados, sendo comum o conflito com a rede elétrica e de telecomunicações do tipo aéreo. (Figura 176)

Figura 175 – Comércio instalado em construções pré-existentes na parte alta do Campo Belo; compartilhamento de calçadas entre usuários, passantes, equipamentos, vegetação. Foto da equipe Unib tomada em 23/08/2014.

Figura 176 – Conflito entre infraestrutura aérea e arborização. Foto da equipe Unib tomada em 23/08/2014.

Claudete Gebara J. Callegaro Mackenzie / PPG / Mestrado nov2014. .

O bairro não conta com praças espalhadas pelas vizinhanças e sua única área verde pública é o Parque Linear do Córrego Invernada em implantação, mais adiante apresentado, que alimenta o Córrego da Traição (Av. dos Bandeirantes), e com a faixa verde ao longo da Av. Jornalista Roberto Marinho, objeto do projeto de urbanização contratado pela OUCAE.

Por iniciativa particular, algumas calçadas e áreas particulares recebem pavimento com capacidade de infiltração de águas; isso poderia ser estendido aos demais pisos das vias locais, com material tecnologicamente mais permeável e adequado às exigências de acessibilidade. As áreas vegetadas são algumas vezes cercadas por muretas baixas, que, se removidas, poderiam permitir que a água da chuva penetrasse nesses jardins. (Figuras 177 e 178)

Estabelecimentos públicos poderiam implantar tratamento especial em suas áreas vegetadas, com equipamentos mistos para retenção e infiltração, nos moldes do que Lima (2004) propõe para Santo André (Apêndice B). Muros verdes são bem vindos, mas plantas espinhosas deveriam ser evitadas por questão de civilidade. (Figuras 179 e 180)

Figuras 177 e 178 – Passeios do Campo Belo pavimentados com pisos com algum grau de permeabilidade, porém com vegetação confinada entre muretas. Fotos da equipe Unib tomadas em 23/08/2014.