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4.3 AS CAPACIDADES DINÂMICAS NO CONTEXTO DA ESCALABILIDADE

4.3.2 A Capacidade de Seizing

A capacidade de aproveitar as oportunidades (TEECE, 2007) é observada como fator de sucesso para a implementação e a sustentação das oportunidades percebidas pela inovação

social, o que lhe confere condições de estruturar, implementar e manter projetos e programas para melhoria da inovação social, otimização de processos e atualização da metodologia de trabalho.

- Adaptação e delineamento do modelo de negócios e soluções para parceiros (TEECE, 2007) e novas formas de captação de recursos: as adaptações para atendimento às necessidades dos parceiros faz com que a inovação social seja mais facilmente adotada pelos interessados em função de ter maior aderência à sua realidade. Alguns exemplos destes movimentos foram a criação da Fundação Projeto Pescar para suportar exclusivamente a execução da inovação social em outras organizações; a certificação junto ao ministério do trabalho para atendimento à lei da aprendizagem, compulsória no Brasil para empresas; o cumprimento de todos os aspectos legais para reconhecimento junto a órgãos públicos em todas as instâncias como um trabalho social relevante.

- Processos para busca de reconhecimento, premiações e outras formas de mídia: a busca por prêmios e concursos começou a ocorrer principalmente a partir da segunda fase. As premiações ajudam a tornar a inovação social reconhecida, demonstrando a diversos públicos a metodologia e a seriedade do trabalho. Por mais consistência que tenha a proposta de uma inovação social, ela, muito provavelmente, precisará de apoiadores, parceiros, recursos financeiros e pessoas que queiram vincular seu nome ao trabalho.

- Processos de adequação a necessidades externas: a adaptação às demandas que não são controláveis pela inovação social tona-se importante para manter a sobrevivência, afetando na escalabilidade, especialmente pela manutenção dos beneficiários atendidos, sendo possível que o aproveitamento de novas oportunidades e a superação de dificuldades fortaleçam a inovação social para processos como o scaling out.

- Processos de comunicação com os stakeholders e potenciais parceiros: a comunicação também é um processo bastante relevante para o reconhecimento da marca da inovação social, de sua metodologia de trabalho e para alcance de possíveis parceiros, público alvo, entre outros stakeholders. Um dos pontos destacados na pesquisa é a continuidade da comunicação estabelecida com os contatos captados, que passam a receber, desde que não se oponham, informações sobre o andamento da inovação social e oportunidades para apoiá-la.

As redes sociais também são aproveitadas como forma de disseminar informações. A rede social com mais publicações e interações, muitas de egressos e voluntários, é o Facebook, com aproximadamente 10.000 seguidores, mas outras redes como LinkedIn e YouTube também já são utilizadas. O planejamento e as estratégias de comunicação podem ser úteis para suporte a outros processos e necessidades, como a escalabilidade propriamente

dita ou simplesmente captação de recursos. Para assegurar a qualidade dos materiais veiculados, bem como o acompanhamento dos indicadores dos conteúdos gerados, assim como a definição das estratégias dos tipos de comunicação, do canal a ser utilizado, optou-se pela contratação de profissionais especializados na área, assim como parcerias com agências de publicidade e propaganda e com profissionais voluntários.

- Processos para atualização da metodologia de trabalho e implantação de novas tecnologias de apoio à execução: uma das preocupações evidenciadas na pesquisa é a de manter a inovação social atual, sem perder a essência, que é a transformação do jovem em situação de vulnerabilidade social. A implantação de novas tecnologias para suporte ao processo, captação e troca de informações é apontada pelos entrevistados como forma de adquirir um diferencial, uma vez que mune de dados o processo de tomada de decisões, além de oportunizar a observação das diferenças culturais e particularidades de cada unidade.

Além disso, a busca pela atualização da metodologia de ensino e dos processos existentes nas unidades ajuda a diminuir custos e a tornar a inovação social mais atrativa a potenciais apoiadores.

- Delineamento de soluções que atraiam apoiadores: após identificar algumas necessidades dos apoiadores, a inovação social é capaz de desenvolver e oferecer soluções que se tornam atrativas e, ao mesmo tempo, seguras aos parceiros, demonstrando que, ao atingir o objetivo de transformação social do jovem, também é possível que a organização ou a comunidade apoiadora tenham outros benefícios ou contrapartidas.

Além disto, através da metodologia de trabalho adotada, torna-se mais fácil a adoção da inovação social e a implementação de novas unidades por empresários que percebam que terão a possibilidade de contribuir com a comunidade na qual se inserem, sem que isso desvie o foco comercial de sua empresa ou se torne uma rotina muito complexa para quem não entende de aspectos ligados à programas sociais, por exemplo.

- Processos de abertura de novas fontes de recursos, expansão e de criação de novos formatos de parceria e atuação: desde a segunda fase, passou-se a buscar novos tipos de parcerias e novas formas de captar recursos, parcerias com instituições governamentais, criação de um grupo de mantenedores, captação de recursos via doações, etc., que é apontado na pesquisa como essencial para a sobrevivência e a longevidade da inovação social.

Especialmente nos últimos anos, período em que a crise econômica se tornou mais presente, o fomento à adoção de novos modelos de atuação passou a ser disseminado pela inovação social. A criação de consórcios entre várias organizações é o principal deles, mas também há relatos da criação de unidades por articulação das próprias comunidades, por

ONGs e instituições religiosas, entre outros. Esse fomento abre consideravelmente o leque de parceiros, o que também enriquece os aspectos culturais da inovação social.

- Seleção estruturada para inserção de novos integrantes (inclusive público alvo): ocorre pela estruturação dos processos seletivos e os cuidados na seleção dos públicos envolvidos. Percebidos como fatores impactantes para a escalabilidade a medida que tornam- se uma das formas de garantir que o público alvo está sendo atendido, que os executores – como os educadores sociais, conselheiros, gestores – são pessoas engajadas com a causa, com conhecimento suficiente para executar de maneira adequada as funções para as quais são designados e que os parceiros aos quais a inovação social se vincula são idôneos.