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APÊNDICE J − REALIZAÇÕES DO VOCÁBULO ‘LUZ’ (QFF009)

2 NAS TRILHAS DAS CAPITAIS BRASILEIRAS: BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A HISTÓRIA SOCIAL DAS LOCALIDADES ESTUDADAS

2.3 AS CAPITAIS DA REGIÃO SUDESTE

Figura 5 – Estados e capitais da região Sudeste do Brasil

Fonte: <http:///www.mapas.ibge.gov.br>.

A região Sudeste é composta de quatro Estados – Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo e Rio de Janeiro − e suas quatro capitais (Belo Horizonte, Vitória, São Paulo e Rio de Janeiro, respectivamente) são parte da rede de pontos do Projeto ALiB.

Essa região ocupa um espaço de 924.511,292 km², no qual residiam, à volta do ano 2000, 70.190.565 pessoas. Entre os finais dos séculos XIX e XX, manteve-se como aquela que atingia o maior percentual populacional, equivalendo, sucessivamente, a 45% e a 43% do percentual populacional do país. De modo geral, trata-se da região mais desenvolvida do país, com IDH em torno de 0,824. Agrega, em seu entorno, cidades altamente industrializadas e urbanizadas e se destaca, também, pelas elevadas taxas relativas à educação, pela presença de grandes polos de pesquisa e pelo desenvolvimento nos campos do transporte e das telecomunicações.

A ocupação dessa região pelo homem português se iniciou por volta de 1532, começo da colonização do Brasil, com a consolidação da Capitania de São Vicente, no litoral, que estava vinculada ao cultivo da cana-de-açúcar. Diretamente correlacionada a essa Capitania, a área onde se firmou a cidade de São Paulo foi alcançada por ocasião das entradas e bandeiras, que buscavam riquezas e nativos para submissão.

O povoado de São Paulo de Piratininga surgiu, assim, em 1554, em espaço considerado estratégico para o trabalho catequético dos jesuítas e facilitador da penetração dos bandeirantes para o interior, para a defesa e abastecimento daquela região, que sofria constantes ataques de índios Tamoios e Carijós. Os indígenas e a população de mamelucos, resultante do intercurso entre os bandeirantes portugueses e as mulheres indígenas, compuseram, até o século XVIII, a parcela majoritária da população. Sobre essa composição e acerca das repercussões desse contato na organização social, Diégues Jr. (1960) comenta:

O índio e o branco, na mestiçagem que se processou na terra paulista, criam o tipo étnico que se tornou o principal responsável pelo bandeirismo, sua possibilidade, sua caminhada, seu êxito: o mameluco. O nomadismo do indígena fixou-se no herdeiro. São justamente de origem indígena os elementos culturais mais característicos dessa sociedade; não só o nomadismo, a movimentação, a instabilidade, mas igualmente as maneiras de viver, costumes que se aceitam, hábitos que se adquirem, usos que se tornam comuns. (DIÉGUES JR., 1960, p. 370)

No início do século XVII, sobretudo após a expulsão dos jesuítas do Brasil, a população começou a se espraiar, aumentando os limites do povoado, já considerado, a essa época, uma vila. Logo no fim do século XVIII, assistiu ao início da urbanização e, na primeira década do século seguinte, à industrialização. Até meados do século XIX, sobreviveu da agricultura itinerante, baseada no trabalho escravo.

A produção do café, espalhada em São Paulo no período oitocentista, causou alterações tanto na divisão da terra quanto na organização social. As grandes propriedades, exigidas pelos cafezais, ganharam destaque e o imigrante europeu, com o fim oficial do tráfico negreiro, foi introduzido massivamente, passando a se opor ao grande latifundiário do café, o colono.

Ao longo do século XX, São Paulo se consolidou como a grande metrópole nacional. Segundo o Censo de 2010, em seus 1.521.101 km², residiam 11.253.503 pessoas. Trata-se, atualmente, do maior aglomerado urbano brasileiro e de uma das cidades com maiores índices de educação e desenvolvimento. Seu IDH, de 0,805, é um dos mais altos dentre as capitais brasileiras. São Paulo é um dos maiores centros financeiros do Brasil e do mundo, passando, no momento, por transformações em sua economia. A indústria, principal atividade econômica, vem perdendo espaço para os serviços e negócios. Em torno dos negócios e do comércio gravitam, também, as suas principais atividades turísticas. Não obstante, é marcada pela alta concentração de renda e desigualdade social.

Os primeiros colonizadores portugueses também aportaram na região da ilha de Vitória, capital do Espírito Santo, no século XVI, em 1535. O processo de povoamento, contudo, foi dificultado pela resistência dos índios que habitavam a área. O primeiro núcleo

de colonização portuguesa em solo espírito-santense recebeu o nome de Vila de Nossa Senhora da Vitória, elevada à condição de cidade em 1823.

O seu desenvolvimento foi lento, iniciando-se a sua modernização com o ciclo do café, em fins do século XIX. Com a possibilidade de comunicação facilitada entre a ilha e o continente, mediante a construção de uma ponte no local, nas primeiras décadas do século XX, o seu desenvolvimento foi facilitado, tornando-se o maior centro do Espírito Santo. Em 2010, sua população era de 327.801 habitantes e seu IDH de 0,845, o segundo mais elevado dentre as capitais aqui consideradas, estando atrás apenas de Florianópolis e Brasília, desconsiderada neste estudo. Hoje, sua economia se volta às atividades portuárias, iniciadas no começo do século XX, ao comércio, à indústria e à prestação de serviços.

O Rio de Janeiro é outra das capitais do Sudeste que assistiu à colonização europeia já no século XVI. A cidade tem suas origens no ano de 1565, tendo sido fundada após a expulsão dos franceses da região. Configurou-se, nesse momento, como núcleo de defesa da Baía de Guanabara, assumindo, logo cedo, o papel de porto exportador de açúcar. Em decorrência desse cultivo, para essa área, também afluíram porções significativas dos escravos aportados no Brasil Colônia.

Em 1763, por decreto do Marquês de Pombal, tornou-se a capital do Brasil, permanecendo nessa condição até a década de 1960, quando foi inaugurada Brasília. No século XIX, a partir de 1808, passou por importantes transformações. Chegava ao Rio de Janeiro a Corte portuguesa e com ela vinham transformações sociais e culturais. A população local mergulhara no universo lusitano, que deixou marcas no contexto carioca: facilitou-se a urbanização, criaram-se estabelecimentos de ensino, houve progresso da imprensa.

Hodiernamente, o Rio de Janeiro é a segunda maior metrópole do Brasil, configurando-se como o maior polo turístico internacional existente no país. Durante todo o século XX, persistiu como importante centro cultural e comercial. Destaca-se nos setores de serviços, negócios e na indústria petroquímica. Apresenta o menor IDH dentre as capitais da região: seu índice é de 0,799. Sua população de 6.320.446 habitantes se vê dividida entre os bairros de luxo e os morros e favelas, numerosos na cidade. É caracterizada, assim, por intensa desigualdade social, estando presentes nas áreas menos favorecidas da capital a violência e a precariedade dos sistemas de saúde e ensino.

A capital mineira, Belo Horizonte, tem os primeiros movimentos em prol de sua constituição atrelados às buscas pelas minas auríferas e desenvolvidos no século XVII. Na região da atual cidade, índios foram dizimados por bandeirantes, que se firmaram em uma

antiga fazenda e compuseram o Arraial de Curral del Rei, por volta de 1707, início do século XVIII.

Por ocasião do desenvolvimento econômico e social da região das minas de ouro, movimentos políticos se compuseram, alegando a escolha e consolidação de uma nova capital para a então Província de Minas Gerais, em fins do século XIX. Visava-se à substituição de Ouro Preto, que apresentava inconvenientes à economia, por estar situada em área montanhosa e com acesso dificultado, àquela altura. Após uma disputa com mais quatro cidades, a área de Belo Horizonte foi considerada a mais propícia, em 1894, iniciando-se o seu processo de planejamento, construção e urbanização. Trata-se, portanto, de uma cidade planejada e cuja história social é mais recente do que a das demais capitais do Sudeste brasileiro.

Na atualidade, destaca-se, também nos campos do comércio, serviços, além da informática. É uma das grandes metrópoles brasileiras, possuindo IDH de 0,810 e abrigando, em 2010, uma população de 2.375.151 indivíduos.