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3 ESPECIFICIDADES DO PROGRAMA MAIS CULTURA NAS ESCOLAS NOS

3.2 Características básicas dos planos de atividade cultural do Programa Mais

Os documentos balizadores do Programa Mais Cultura nas Escolas apresentaram oito objetivos29 (BRASIL, 2013a; 2014a), que podem ser agrupados em duas ideias básicas:

28Para conhecer a definição específica de cada eixo temático do programa, consultar a Resolução CD/FNDE n°

4/2014, disponível em:

<https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPublico&sgl_tipo=RES&num_ ato=00000004&seq_ato=000&vlr_ano=2014&sgl_orgao=CD/FNDE/MEC >. Acesso em: 10 nov. 2017. 29

Os oitos objetivos não foram alterados quando a resolução de 2012 foi revogada. Na resolução CD/FNDE n° 4/2014, os objetivos do programa são expostos no artigo 2º, no § 3º, sendo eles: I - desenvolver atividades que promovam a interlocução entre experiências culturais e artísticas locais e o projeto pedagógico das escolas públicas; II - promover, fortalecer e consolidar territórios educativos, valorizando o diálogo entre saberes comunitários e escolares, integrando na realidade escolar as potencialidades educativas do território em que a escola está inserida; III - ampliar a inserção de conteúdos artísticos que contemplem a diversidade cultural na vivência escolar, bem como o acesso a diversas formas de linguagens artísticas; IV - proporcionar o encontro da vivência escolar com as manifestações artísticas desenvolvidas fora do contexto escolar; V - promover o reconhecimento do processo educativo como construção cultural em constante formação e transformação; VI - fomentar o comprometimento de professores e alunos com os saberes culturais locais; VII - integrar experiências

a) Interlocução / integração / encontro / diálogo entre a escola e a cultura local30; b) Inserção / reconhecimento / comprometimento / vivência da cultura no projeto

pedagógico da escola31.

Independentemente do escopo do objetivo, a relação efetiva de cada escola com a cultura local dependia, exclusivamente, da proposição e efetivação de um projeto, o Plano de Atividade Cultural da Escola, que deveria ser resultante de uma parceria envolvendo a Unidade Executora Própria – como era denominada a escola municipal ou estadual que aderisse ao PMCE – e a Iniciativa Cultural Parceira, que poderia ser representada por pessoa física ou jurídica (BRASIL, 2013a; 2014a).

Conforme se constatou na experiência do PMCE em Maceió, como veremos nos capítulos seguintes, a parceria entre agentes sociais públicos e privados se tornou o fator primordial para a implementação do programa. De acordo com o Manual do PMCE, para cada projeto deveria ser firmada, obrigatoriamente, uma parceria entre a escola e um agente da sociedade civil (BRASIL, 2013a). Assim, cada escola só pode inscrever um único Plano de Atividade Cultural da Escola, elaborado conjuntamente com uma única Iniciativa Cultural Parceira (BRASIL, 2013a; 2014a). Diante disso, é possível afirmar que, no PMCE, a parceria público-privada se tornou o veículo por excelência da incorporação da cultura na prática pedagógica das escolas.

As atividades dos projetos deveriam proporcionar ações culturais contínuas, podendo ser realizadas tanto no ambiente escolar quanto no espaço extraescolar. De todo modo, as ações propostas pelos projetos deveriam ser realizadas dentro das possibilidades de cada escola, sob a supervisão da equipe pedagógica. Além disso, as atividades precisariam proporcionar o diálogo entre os saberes escolares e comunitários e, ainda, entre os espaços escolares e os espaços culturais diversos (BRASIL, 2014a).

Do ponto de vista técnico e operacional, os projetos do Programa Mais Cultura nas Escolas deveriam ter duração mínima de seis meses, não necessariamente consecutivos, para sua execução (BRASIL, 2013a).

A liberação do recurso financeiro para as Unidades Executoras Próprias estava condicionada à aprovação dos Planos de Atividade Cultural das Escolas pelo(s)

artísticas e culturais locais no projeto político pedagógico das escolas públicas, contribuindo para a ampliação do número de agentes sociais responsáveis pela educação no território; e VIII - proporcionar aos alunos vivências artísticas e culturais promovendo a afetividade e a criatividade existentes no processo de ensino e aprendizagem (BRASIL, 2014a).

30 Encontra-se essa primeira ideia básica no conteúdo dos incisos I, II, IV e VII do artigo 2º, no § 3º da resolução CD/FNDE n° 4/2014.

31 Localiza-se essa segunda ideia básica no conteúdo dos incisos III, V, VI e VIII do artigo 2º, no § 3º da resolução CD/FNDE n° 4/2014.

representante(s) da Secretaria de Políticas Culturais do Ministério da Cultura (SPC/MinC) e da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação (SEB/MEC) (BRASIL, 2013a). Para tanto, as escolas e os agentes culturais parceiros deviam percorrer um caminho assinalado por distintas etapas: estabelecer a parceria entre a Unidade Executora Própria e a Iniciativa Cultural Parceira; elaborar conjuntamente o Plano de Atividade Cultural da Escola; preencher os dados solicitados e anexar o projeto no Sistema Integrado de Monitoramento, Execução e Controle do Ministério da Educação (SIMEC) (BRASIL, 2013a). Por fim, segundo o Manual do Programa Mais Cultura nas Escolas (2013a, p. 14),

As Secretarias Municipais/ Estaduais de Educação às quais as escolas estejam vinculadas, deverão validar os Planos no SIMEC e, em seguida, estes passarão por avaliação de viabilidade do MinC/MEC. Cabe às Secretarias Estaduais/ Municipais, por sua vez, remeter os projetos cadastrados no SIMEC, para avaliação do MinC/MEC.

O início do desenvolvimento das atividades do Plano de Atividade Cultural das Escolas estava condicionado ao repasse financeiro para a Unidade Executora Própria, que tinha o prazo final de utilização dos recursos recebidos até o dia 31 de dezembro do ano de efetivação do crédito. Este prazo e todos os demais previstos nos cronogramas dos projetos, entretanto, sofreram atrasos significativos, como indicado por Santana (2015) – e como verificado na implementação do programa em Maceió – especialmente em função da dinâmica de repasse financeiro e da quantidade de projetos aprovados, como será indicado a seguir.

3.3 Dinâmica do repasse de recursos do Programa Mais Cultura nas Escolas e