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As características sócio-demográficas, sócio-profissionais e sócio-económicas Vários estudos sobre o comportamento empreendedor destacam a importância dos

Conceitos e Impacto Económico do Empreendedorismo

DESEMPENHO DO EMPREENDEDOR

2.2.2.1 As características sócio-demográficas, sócio-profissionais e sócio-económicas Vários estudos sobre o comportamento empreendedor destacam a importância dos

factores sócio-demográficos sobre este (Fernández, Barreiro & Otero, 2006), sendo assim, parece-nos pertinente abordar algumas destas variáveis (o sexo, a idade, a profissão, a localização geográfica, as habilitações académicas/educação, a formação em gestão, a experiência profissional, e os antecedentes familiares) de uma forma sucinta tendo em conta a bibliografia consultada.

Sexo

São numerosos os estudos que demonstram que o sexo pode influenciar a atitude empreendedora, uma vez que se verifica existir diferenças nos traços da personalidade entre eles (Rubio, Córdon & Agote, 1990; Bird & Brush, 2002).

Várias investigações indicam que os homens são mais dominantes (Brenner, 1982; Wagner & Sternberg, 2004; Fernandez et al., 2006). No entanto, em termos gerais, tanto os homens como as mulheres empreendedoras são muito similares. E neste sentido, Cardieux, Lorrain e Hugron (2002), enumeram os principais traços característicos das empresas geridas por mulheres, tais como: tendem a apresentar boas habilidades na comunicação, nas relações interpessoais e no trabalho em equipa; consideram a empresa como uma rede corporativa de relações pessoais em detrimento de uma fonte de rendimentos e conseguem incluir como valores de medição do êxito a contribuição social, a qualidade do ambiente de trabalho, a satisfação dos clientes e o crescimento pessoal dos intervenientes.

No âmbito do GEM (2004), Portugal, tal como os restantes países em análise, apresenta um acrescido número de empreendedores do sexo masculino. No entanto, é mais elevada a proporção de empreendedores do sexo feminino em Portugal do que a verificada nos outros países.

Também segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) (2009) a maioria dos empresários fundadores das novas empresas em Portugal são homens (85,8%).

Idade

Vários estudos demonstraram que os empreendedores têm idades compreendidas entre os 25 e os 40 anos (Mayer & Goldstein, 1961; Shapero, 1971; Cooper, 1973). Assim, parece existir alguma evidência que os empreendedores criam a sua empresa na faixa entre os 22 e os 45 anos, e mais presumivelmente por volta dos 30 anos de idade. Para se envolver nos esforços do novo empreendimento, este intervalo de idade pode-se justificar pela necessidade de o empreendedor necessitar de alguma experiência, credibilidade, apoio financeiro e vitalidade física (Ferreira et al, 2008), bem como auto-confiança e conhecimento do mercado (Fernandez et al., 2006).

No estudo apresentado pelo GEM (2004), verifica-se que a maioria das mulheres empreendedoras têm menos de 34 anos de idade, enquanto que os empreendedores do sexo masculino estão distribuídos uniformemente por todas as faixas etárias dos 18 aos 64 anos.

(55,7%).

Profissão

No que concerne à característica profissão, a maioria dos estudos consideram-na um critério irrelevante (Pessoa, 2006).

Localização Geográfica

Wagner e Sternberg (2004), constataram que o empreendedorismo dependia do ambiente regional, tal como da densidade populacional e do desenvolvimento da população, e Martins (2006) refere que as variações geográficas são explicadas por elementos da estrutura económica local e regional.

Relativamente à localização geográfica, segundo Moreira (2004), as regiões menos desenvolvidas e mais desfavorecidas poderão influenciar mais a fixação dos empreendedores schumpeterianos e menos os proprietários de um negócio.

No que diz respeito às regiões rurais, dependendo do ponto de vista, estas poderão funcionar como facilitador ou obstáculo ao empreendedorismo. Parece existir evidência, no entanto, que os empresários rurais tendem a basear-se na comunidade e são muito influenciados pela rede social, considerando-se mesmo que o empreendedorismo rural tem uma vantagem competitiva devido à sua localização e processo histórico a ele associado (Avramenko & Silver, 2010).

Contudo, Martins (2006) menciona que o meio de cultura mais propício para o empreendedorismo é um local onde as empresas maximizem em seu benefício factores como a aglomeração ou proximidade no aproveitamento das fontes de informação, trabalho qualificado, tecnologia e capital. Ou seja, segundo a autora, nas zonas rurais é mais difícil para as empresas tornarem-se competitivas quer por subdesenvolvimento das redes quer por claro desfasamento cultural em termos de inovação e tecnologia. Salienta ainda que, a actividade empreendedora é distinta em diferentes países, regiões e cidades, é condicionada por distintos factores, e, apesar de assentar no comportamento, motivações e conhecimento do indivíduo, está dependente das oportunidades e recursos disponíveis e das condições do meio envolvente, nomeadamente, infra-estruturas locais e regionais, sociais, económicas, financeiras.

Habilitações académicas/educação

Esta variável no contexto do empreendedorismo parece merecer um destaque especial por diversos autores (Brockaus, 1982). Assim, segundo vários estudos, não é obrigatório que o empreendedor possua formação superior, no entanto, parece existir uma vantagem naqueles que a têm (Hisrich, 1990; Hisrich & Peters, 2004). Também Robinson e Sexton (1994), citado em Fernández et al. (2006), verificam nos seus estudos que a educação tem uma influência positiva no empreendedor de sucesso.

Estudos como os de Menzies e Paradi (2003), Kennedy e Peterman (2003) e Ferrante (2005), consideram o nível e o tipo de educação, como um contributo importante para o futuro empreendedor, pois permitem tomar decisões mais actualizadas e, assim, contribui para o aumento da sua confiança.

Formação em gestão

Segundo Rodrigues et al. (2008), diversos estudos têm demonstrado que a formação na área do empreendedorismo pode contribuir para o incremento do número de empreendedores, bem como, no desenvolvimento de uma percepção positiva da praticabilidade do empreendedorismo e no desenvolvimento das competências que o facilitam.

Experiência profissional

A experiência profissional induz de forma significativa na criação de empresas (Naffzinger, 1995). Segundo o estudo de Robinson e Sexton (1994), verifica-se a existência de uma relação positiva e significativa entre a experiência prévia e o êxito empresarial.

Para Bird (1993) a experiência profissional passada é um indicador mais fiável do que a educação. E, segundo o mesmo autor, quando se cria uma empresa é mais devido à elevada insatisfação no emprego ou à actividade que tinham tido anteriormente.

Também achamos pertinente destacar a teoria das incubadoras, como um meio de adquirir ideias e projectos que normalmente precedem a criação de empresas (Veciana, 1999).

Parece existir uma elevada propensão em ser empreendedor para quem tem familiares que são empresários (Hisrich, 1990; Crant, 1996; Mathews & Moser, 1996; Rubio

et al, 1999; Ferreira et al, 2008).

Podemos concluir que parece ser consensual para os diversos autores que referenciamos existir influência das características sócio-demográficas no comportamento empreendedor. No entanto, há autores como Robinson, Stimpson, Huefner e Hunt (1991), citado em Rodrigues et al. (2008), que consideram que estas características não parecem ter influência na predisposição para o empreendedorismo.

No ponto seguinte apresentamos as principais características psicológicas que se podem associar ao empreendedor.