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Apresentação e Análise dos Resultados

OBSTÁCULOS INTENÇÃO

SIM NÃO S C O R E M É D IO D O S O B S T Á C U L O S 0,40 0,20 0,00 -0,20 INTEMPORALIDADE EMPREGO GARANTIDO

FALTA DE EXPECTATIVAS E PRESTIGIO ESTABILIDADE FINANCEIRA E PROFISSIONAL

Figura 4.22 – Gráfico dos scores médios dos

obstáculos com a intenção empreendedora passada

Pela observação do Quadro 4.56 e aplicando o teste de Mann-Whitney e o teste T-

Student para amostras independentes verificamos que os factores “emprego garantido” e

“intemporalidade” não influenciam significativamente a intenção empreendedora passada (P>0,05); sendo esta influenciada significativamente pelos factores “estabilidade financeira e profissional” e “falta de expectativas e prestígio” (P<0,05). Assim os TDT sem negócio e sem intenção empreendedora passada têm scores significativamente superiores nos factores “estabilidade financeira e profissional” (0,30) e “falta de expectativas e prestígio” (0,23) que os TDT sem negócio e com intenção empreendedora passada.

Quadro 4.56 – Comparação dos scores médios dos obstáculos com a intenção empreendedora passada.

OBSTÁCULOS INTENÇÃO EMPREENDEDORA PASSADA X S( ) Teste de Hipótese Estabilidade Financeira e Profissional Não (N=144) 0,30(1,00) Z=-4,995 P<0,001* Sim (N=187) -0,23(0,94)

Falta de Expectativas e Prestígio Não (N=144) 0,23(0,86) Z=-3,992 P<0,001*

Sim (N=187) -0,17(1,06)

Emprego Garantido Não (N=144) -0,04(1,02) Z=-0,805

P=0,421ns

Sim (N=187) 0,03(0,99)

Intemporalidade Não (N=144) 0,09(1,09) t=277,614

P=0,179 ns

Sim (N=187) -0,07(0,92)

Após a exposição dos resultados no que concerne à intenção ou não de ter já pensado em criar uma empresa em relação às variáveis independentes do nosso estudo, podemos verificar que só alguns factores é que são significativos. Assim, interessa-nos neste subcapítulo abordar de forma sintética estes resultados enquadrando-os com os estudos já efectuados.

Relativamente à variável “idade” verificou-se que são os TDT mais jovens que mais intenção tiveram em criar uma empresa, podendo concluir-se que estes resultados não se distanciam da literatura consultada, pois a maioria dos autores considera que não é na idade mais jovem que se cria uma empresa (Mayer & Goldstein, 1961; Shapero, 1971; Cooper, 1973). Quanto à variável “habilitações literárias” constatou-se que os TDT com mestrado e intenção empreendedora passada foram os que obtiveram maiores scores, o que confirma a teoria consultada, uma vez que quanto maior fôr o nível de formação maior é a influência positiva no processo empreendedor (Hisrich, 1990; Hisrich & Peters, 2004; Menzies & Paradi, 2003; Kennedy & Peterman, 2003; Ferrante, 2005).

No que diz respeito às variáveis sócio-profissionais constatamos que os factores “situação profissional” (desempregado), “tipo de instituição” (privada), “vínculo” (prestação de serviços) e “nº de anos de experiencia profissional” (menos de 6 anos) obtiveram valores significativos nos TDT com intenção empreendedora passada, o que nos remete para a ideia de que os TDT ainda com pouca experiência profissional que estão desempregados ou que trabalham no sector privado e cuja situação de vínculo é insegura/instável estão significativamente mais associados aos que já tiveram intenção de criar uma empresa o que corrobora a literatura consultada (Ferreira et al., 2008).

Quanto às características sócio-económicas evidenciaram-se os dois factores “antecedentes familiares” e “vantagem em criar uma empresa na actualidade” como significativos com os TDT que já tiveram intenção de criar uma empresa, o que reflecte os estudos já efectuados anteriormente, pois consideram que os indivíduos que possuem familiares empresários têm uma maior propensão para o empreendedorismo (Hisrich, 1990; Crant, 1996; Mathews & Moser, 1996; Rubio et al., 1999; Ferreira et al, 2008). Relativamente à “vantagem em criar actualmente uma empresa” os TDT que já tiveram intenção de criar uma empresa são os que mais scores obtiveram, assim sobressai a

visão optimista do futuro, característica que a literatura confirma existir nos empreendedores (Palich & Bagby, 1992, citado em Morales, 2004; Shepperd et al, 1996).

No que concerne aos factores motivacionais apenas o factor “auto-realização” obteve associação significativa nos TDT que já tiveram intenção de criar uma empresa, o que está em consonância com os estudos abordados (McClelland, 1961; Baird, 1972; Torrance, 1972; Kourilsky, 1980; Bygrave, 1989; Hirisch & Peters, 2004; Leitão & Cruz, 2006; Ferreira et

a.l, 2008).

Verifica-se que os factores “criatividade e inovação” e “auto-controle” foram os mais significativos nos TDT que já tiveram intenção de criar uma empresa relativamente àqueles que não criaram. Os estudos realizados anteriormente confirmam a presença destas características em quem pretende empreender (McClelland, 1961; Brockhaus, 1980; Hirisch & Peters, 2004). No entanto, por outro lado, verifica-se que os TDT com intenção empreendedora passada obtiveram um baixo score no factor “auto-estima/auto-confiança” o que poderá ser explicado pelo facto destes indivíduos terem idade reduzida e pouca experiência profissional, pois segundo diversos autores consultados, este factor faz parte das características que um empreendedor deverá ter (Hirisch & Peters, 2004; Ferreira et al., 2008).

No que diz respeito aos factores cognitivos, apenas se evidenciaram scores mais elevados nos TDT que já tiveram intenção de criar uma empresa nomeadamente os factores “experiência e conhecimentos adquiridos” e “percepção optimista do sucesso”, estando assim de acordo com os estudos consultados (Palich & Bagby, 1992, citado em Morales, 2004; Shepperd et al., 1996; Longen, 1997). No entanto, só o factor “precisão/resolução de problemas com rigor” é que obteve significância estatística com os TDT que tinham intenção empreendedora passada (Busenitz, 1992; Krueger, 1993; Krueger & Dickson, 1994; Mitchell

et al, 1994; Markman et al., 2005; Fernández et a.l, 2009). Já os factores “atento às

oportunidades de negócio externas” e “influência do estado afectivo” nos TDT que já tiveram intenção de criar uma empresa apresentaram scores mais baixos, o que contraria os estudos consultados (Shapero, 1981; Shaver & Scott, 1991; Reitan, 1997; Baron, 2004).

Relativamente aos obstáculos verificamos que na generalidade os TDT que já tiveram intenção de criar uma empresa têm scores mais reduzidos, no entanto, nenhum significativo. Estes resultados confirmam os estudos já efectuados (Fernández et al., 2006; Cromie, 1987; Sharir & Lerner, 2006; Rodrigues et al., 2008). Verifica-se que foram os TDT

relação aos obstáculos “estabilidade financeira e profissional” e “falta de expectativas e prestígio”, o que demonstra que quem não teve ainda intenção de criar uma empresa poderá estar condicionado por estes obstáculos.

Por fim, e a título de resumo, apresentamos as variáveis que estão associadas à intenção empreendedora passada (Quadro 4.57).

Quadro 4.57 – Resumo das variáveis que estão associadas à intenção empreendedora passada

FACTORES / CARACTERÍSTICAS VARIÁVEIS ASSOCIADAS À INTENÇÃO