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O ESPÍRITO EMPREENDEDOR DOS TÉCNICOS DE DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA

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Academic year: 2021

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O ESPÍRITO EMPREENDEDOR DOS TÉCNICOS

DE DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA

Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

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O ESPÍRITO EMPREENDEDOR DOS TÉCNICOS

DE DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICA

De:

Marisa Filipa dos Santos Lages

Orientadora:

Professora Doutora Carla Susana Marques

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Este trabalho foi expressamente elaborado como dissertação original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Gestão de Serviços de Saúde, sendo apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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Ao Miguel, que me apoiou em todos os momentos.

À minha mãe e irmão pelo apoio e compreensão da minha ausência.

A todos os amigos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho.

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secção antes de passar aos agradecimentos propriamente ditos.

A meio do trabalho, apesar de ter consultado e adquirido extensa bibliografia, e apesar da completa dedicação à epopeia a que me propus, não deixava de ficar com a ideia, cada vez mais recorrentemente, de que poderia ter feito mais e melhor, o que me deixava, nalguns períodos, bastante desalentada. Foram várias as revisões e as alterações à estrutura do trabalho, e, foi muito difícil seleccionar, e sobretudo eliminar matéria que tão arduamente fui colhendo e compilando. Em pleno período de ressaca, pela paragem forçada resultante do desânimo ocorreu-me a máxima de Horácio, na sua Arte Poética: «aliquando dormitat

Homerus», que significará grosseiramente que até os mais sábios e prevenidos podem

cometer faltas, e, desde essa iluminação clássica, encarei a minha tese de mestrado sobre uma outra perspectiva que me proporcionou o alívio e tranquilidade necessários, muito mais optimista e inspiradora, pois se aplicasse o todo o meu esforço e tempo isso seria razão suficiente para me sentir realizada.

Estou profundamente agradecida por um lado às circunstâncias da vida que me abençoaram com a felicidade de poder empreender um desafio destes, e por outro lado a todos aqueles que contribuíram de forma positiva, manifesta e indispensável para a materialização deste trabalho, que passo a citar, sem qualquer tipo de ordem que não a alfabética:

-Associações profissionais, sindicatos e aos próprios técnicos de diagnóstico e terapêutica, não só pela colaboração sem a qual, evidentemente, esta investigação teria sido impossível, mas sobretudo pela cortesia, solicitude e diligência corroboradas nas manifestações de apoio e sugestões que foram enviando no decurso desta.

-Centro Hospital do Nordeste que me concedeu uma 1.º licença sem vencimento, prorrogada por mais um ano, e, sem a qual nunca poderia investigar tão profundamente o imenso manancial de bibliografia e questionários nos quais assenta grande parte do nosso trabalho.

-Deus, pela força, esperança e coragem concedidas, nalguns momentos difíceis, e que necessariamente através da nossa matriz cristã faz parte da história e cultura pátrias.

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-Funcionárias da minha empresa, que durante os meus períodos de ausência souberam cumprir e até superar os objectivos pedidos, revelando um elevado espírito empreendedor que eu por vezes não lhes reconhecia.

-Kika e Betty, respectivamente as minhas, gata e cadela, pela companhia e inspiração durante os longos dias de auto-reclusão a que esta labuta me confinou.

-Irmão, que mais uma vez, esteve disponível até ao último minuto.

-Mãe, que quase como secretária particular, nalguns períodos me organizou documentação avulsa nomeadamente os dados recebidos.

-Marido, cuja enorme lucidez, cultura e capacidade intelectual que fizeram dele um empreendedor permanentemente insaciado, me inspirou com dicas, ideias e consubstanciação prática dos conceitos teóricos que investiguei, que não raras vezes me fizeram ter uma visão diferente e mais material das coisas.

-Professora Doutora Carla Susana Encarnação Marques, minha orientadora neste trabalho pelo profissionalismo e grandeza humana inigualáveis, continuamente disponível com a palavra certa quer nos aspectos académicos quer nos motivacionais e humanos. Perder-me em mais palavras elogiosas seria inútil para lhe reconhecer e agradecer tudo aquilo que fez, e que foi muito mais do que alguma vez eu sonhara ser possível um professor fazer por um aluno.

-Terapeuta Ana Rodrigues, minha superior hierárquica, colega de mestrado e grande amiga, não só pela co-autorização na minha licença sem vencimento, mas também pela parceria e cumplicidade intelectuais que fomos desenvolvendo ao longo destes 2 anos.

-Técnico de Análises Clínicas Emanuel Lameiras, meu colega de mestrado, pela prontidão e ajuda que demonstrou.

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O conceito de espírito empreendedor tem vindo nos últimos tempos a ser conotado de uma cada vez maior importância, não só no meio académico, mas também na política e economia dos países, dada a sua relevância em termos da criação de emprego e de modernização, bem como, no impacto positivo na inovação e na produtividade.

A abordagem desta temática embora centrada nas características psicológicas e mais recentemente cognitivas do indivíduo não deve descurar a envolvente externa que em muito contribui para a concretização ou não do empreendedorismo.

Perante este contexto, acresce ainda a área em que se debruçou este estudo: a área da saúde. Constatamos existir uma lacuna quer ao nível nacional, quer internacional na existência de estudos científicos.

Perante esta temática, este estudo visou definir em função do perfil empreendedor a existência de espírito empreendedor dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica portugueses avaliando as características sócio-demográficas, sócio-profissionais e sócio-económicas, bem como, os obstáculos, os factores motivacionais, os factores psicológicos e os factores cognitivos.

A metodologia empregue consistiu na recolha de informação primária, via inquérito directo (5%) e via on-line (95%), aos TDT do país. O estudo abrangeu uma amostra de 367 TDT (obtendo-se uma taxa de resposta de 1,6%). Para análise dos resultados utilizaram-se as análises técnicas univariada e multivariada. Os resultados evidenciam que os TDT da nossa amostra apresentam espírito empreendedor associado ao perfil que delineamos e que assenta no conceito de empreendedor.

Palavras-chave: Espírito empreendedor, empreendedorismo, Técnicos de Diagnóstico e

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receiving importance, not only amongst academics but also in policy making and in the economic development of countries, given its importance in what regards job creation and modernization, as much as it has a positive impact on innovation and on productivity.

Although the approach to this issue has been centered in the psychological characteristics of the individual and more recently on cognitive aspects, the external involvement should not be disregarded since it greatly contributes to entrepreneurship. With particular regards to this context, the health industry has not been receiving much attention both at a national and an international level in scientific studies.

This study has aimed to define the existence of entrepreneurial spirit amongst the Portuguese Health Staff (HS), evaluating their socio-demographic, socio-professional, and socio-economic characteristics as much as the obstacles, motivations, psychological and cognitive factors.

The methodology that has been used consisted in the collection of primary data via a face to face survey (5%) and an online survey (95%) to the HS. The study has included a sample of 367 individuals and a response rate of 1,6%. For the results analysis univariate and multivariate techniques have been used. The results show that HS in our sample show entrepreneurial spirit associated to the entrepreneur profile we have developed and that is based on the concept of entrepreneur.

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ÍNDICE

I – MOTIVAÇÃO E OBJECTIVOS DA INVESTIGAÇÃO...1

1.1 - PROBLEMÁTICA, OBJECTIVOS E ESTRUTURA DA TESE...3

II – CONCEITOS E IMPACTO ECONÓMICO DO EMPREENDEDOR ...7

2.1 – CONCEITO DE EMPREENDEDOR/EMPREENDEDORISMO...9

2.1.1 – Abordagem histórica...9

2.1.2 – Abordagem contemporânea ...11

2.1.3 – O Impacto do Empreendedorismo no Desenvolvimento de um País...14

2.2 – PROPENSÃO AO EMPREENDEDORISMO ...17

2.2.1 - Tipos de empreendedores...17

2.2.2 - O perfil do empreendedor/espírito empreendedor ...18

2.2.2.1 – As características sócio-demográficas, sócio-profissionais e sócio-económicas ...20

2.2.2.2 – As características psicológicas...24

2.2.2.3 – As características cognitivas ...26

2.2.3 - A influência do contexto no espírito empreendedor ...30

2.2.4 - Os factores motivacionais ...32

2.2.5 - Os obstáculos ao empreendedorismo... 34

2.3 – O EMPREENDEDORISMO NOS SERVIÇOS DE SAÚDE...36

2.3.1 - Breve história da carreira dos técnicos de diagnóstico e terapêutica... 36

2.3.2 - O mercado da saúde ... 37

2.4 - MODELO DE INVESTIGAÇÃO...41

2.4.1 - Considerações iniciais ...41

III – DADOS E METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ...43

3.1 – MÉTODOS E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO ...45

(13)

3.1.3 - Técnicas de recolha e tratamento de dados ...53

3.1.4 - Registo, verificação e tratamento dos dados recolhidos ...57

IV – APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS...59

4.1 - APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS...61

4.1.1 – Caracterização da amostra...61

4.1.1.1 – Análise de Correspondências Múltiplas ...84

4.1.2 - Análise factorial das variáveis relacionadas com a motivação em criar a sua própria empresa, os obstáculos, os factores psicológicos e cognitivos dos TDT ...84

4.1.2.1 – Procedimentos estatísticos utilizados ...84

4.1.2.2 – Obstáculos...85

4.1.2.3 – Motivação para criar a sua própria empresa...87

4.1.2.4 – Factores psicológicos...89

4.1.2.5 – Factores cognitivos ...91

4.1.3 - Comparação dos scores dos obstáculos, factores motivacionais, psicológicos e cognitivos com as variáveis da caracterização da amostra...93

4.1.3.1 - Comparação entre os obstáculos e as características sócio-demográficas...94

4.1.3.2 - Comparação entre os obstáculos e as características sócio-profissionais ...95

4.1.3.3 - Comparação entre os obstáculos e as características sócio-económicas ...97

4.1.3.4 - Comparação entre os factores motivacionais e as características sócio-demográficas ...98

4.1.3.5 - Comparação entre os factores motivacionais e as características sócio-profissionais...99

4.1.3.6 - Comparação entre os factores motivacionais e as características sócio-económicas...101

4.1.3.7 - Comparação entre os factores psicológicos e as características sócio-demográficas ...102

4.1.3.8 - Comparação entre os factores psicológicos e as características sócio-profissionais ...103

4.1.3.9 - Comparação entre os factores psicológicos e as características sócio-económicas...105

4.1.3.10 - Comparação entre os factores cognitivos e as características sócio-demográficas ...106

4.1.3.11 - Comparação entre os factores cognitivos e as características sócio-profissionais...108

4.1.3.12 - Comparação entre os factores cognitivos e as características sócio-económicas...109

4.1.4 - Estudo dos factores associados ao espírito empreendedor ...110

4.1.4.1 - Comparação da formalização do espírito empreendedor com as variáveis sócio-demográficas ...110

4.1.4.2 - Comparação da formalização do espírito empreendedor com as variáveis sócio-profissionais ...111

4.1.4.3 - Comparação da formalização do espírito empreendedor com as variáveis sócio-económicas...113

4.1.4.4 - Comparação da formalização do espírito empreendedor com os factores motivacionais ...114

4.1.4.5 - Comparação da formalização do espírito empreendedor com os factores psicológicos ...115

4.1.4.6 - Comparação da formalização do espírito empreendedor com os factores cognitivos ...117

4.1.4.7 - Síntese e discussão dos resultados...118

4.1.4.8 - Comparação da intenção empreendedora passada com as variáveis sócio-demográficas...120

4.1.4.9 - Comparação da intenção empreendedora passada com as variáveis sócio-profissionais...122

4.1.4.10 - Comparação da intenção empreendedora passada com as variáveis sócio-económicas...124

4.1.4.11 - Comparação da intenção empreendedora passada com os factores motivacionais ...124

4.1.4.12 - Comparação da intenção empreendedora passada com os factores psicológicos...125

(14)

4.1.4.14 - Comparação da intenção empreendedora passada com os obstáculos ...128

4.1.4.15 - Síntese e discussão dos resultados...130

4.1.4.16 - Comparação da intenção empreendedora futura com as variáveis sócio-demográficas...133

4.1.4.17 - Comparação da intenção empreendedora futura com as variáveis sócio-profissionais ...134

4.1.4.18 - Comparação da intenção empreendedora futura com as variáveis sócio-económicas ...136

4.1.4.19 - Comparação da intenção empreendedora futura com os factores motivacionais ...136

4.1.4.20 - Comparação da intenção empreendedora passada com os factores psicológicos...137

4.1.4.21 - Comparação da intenção empreendedora futura com os factores cognitivos ...139

4.1.4.22 - Comparação da intenção empreendedora futura com os obstáculos...140

4.1.4.23 - Síntese e discussão dos resultados...141

4.1.4.24 - Resumo geral do estudo dos factores associados ao espírito empreendedor ...144

4.1.5 - Modelo de Regressão Logística ...145

4.1.5.1 - Regressão logística da formalização do espírito empreendedor com as variáveis independentes ...147

4.1.5.2 - Regressão logística da intenção empreendedora passada com as variáveis independentes ...149

4.1.5.3 - Regressão logística da intenção empreendedora futura com as variáveis independentes ...151

4.1.5.4 - Resumo geral da regressão logística...154

4.1.6 - Modelo de Equações Estruturais...156

4.1.6.1 - Medidas de ajustamento ...159

4.1.6.2 - Modelo dos construtos dos factores motivacionais, psicológicos e cognitivos relacionados com o perfil empreendedor dos TDT sobre a criação de uma empresa...161

4.1.6.3 - Modelo dos construtos dos factores motivacionais, psicológicos e cognitivos relacionados com o perfil empreendedor dos TDT sobre a intenção empreendedora futura...164

4.1.7 - O Perfil empreendedor dos TDT portugueses...167

V – REFLEXÕES E RECOMENDAÇÕES...169

5.1 – CONCLUSÕES DA INVESTIGAÇÃO...171

5.2 - LIMITAÇÕES DA INVESTIGAÇÃO ...176

5.3 – SUGESTÕES PARA FUTURAS INVESTIGAÇÕES ...177

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

...

179

ANEXOS...197

ANEXO A: QUESTIONÁRIO ...199

(15)

Figura 2.1 - Empreendedorismo, Inovação e Criação do Próprio emprego ...14

Figura 2.2 - Empreendedorismo e Desempenho Económico ...15

Figura 2.3 - Dimensões de actuação do empreendedor ...19

Figura 2.4 - Modelo de investigação...41

Figura 3.1 - Metodologia da Investigação...47

Figura 4.1 – Distribuição dos TDT por sexo ...64

Figura 4.2 - Distribuição dos TDT por classe etária...65

Figura 4.3 - Distribuição dos TDT segundo o estado civil...66

Figura 4.4 - Distribuição dos TDT segundo as habilitações académicas ...67

Figura 4.5 - Distribuição dos TDT segundo a formação na área da gestão ...68

Figura 4.6 – Distribuição dos TDT segundo a situação profissional...69

Figura 4.7 – Distribuição dos TDT segundo o tipo de vínculo à instituição ...72

Figura 4.8 – Distribuição dos TDT segundo o tempo de exercício profissional ...73

Figura 4.9 – Caixa de Bigodes do tempo de exercício profissional dos TDT segundo o grupo profissional ...74

Figura 4.10 – Distribuição dos TDT segundo a existência de familiares empresários...75

Figura 4.11 – Distribuição dos TDT segundo a formalização empreendedora ...76

Figura 4.12 – Distribuição dos TDT segundo a intenção empreendedora passada...77

Figura 4.13 – Distribuição dos TDT segundo a intenção empreendedora futura ...78

Figura 4.14 – Distribuição dos TDT segundo a vantagem em criar actualmente uma empresa ...80

Figura 4.15 – Análise de correspondências múltiplas entre as variáveis demográficas, profissionais e sócio-económicas em estudo ...83

Figura 4.16 – Gráfico dos scores médios dos factores motivacionais com a formalização do espírito empreendedor ...114

Figura 4.17 – Gráfico dos scores médios dos factores psicológicos com a formalização do espírito empreendedor...116

Figura 4.18 – Gráfico dos scores médios dos factores cognitivos com a formalização do espírito empreendedor...117

Figura 4.19 – Gráfico dos scores médios dos factores motivacionais com a intenção empreendedora passada...125

Figura 4.20 – Gráfico dos scores médios dos factores psicológicos com a intenção empreendedora passada ...126

Figura 4.21 – Gráfico dos scores médios dos factores cognitivos com a intenção empreendedora passada ...127

Figura 4.22 – Gráfico dos scores médios dos obstáculos com a intenção empreendedora passada... 129

Figura 4.23 – Gráfico dos scores médios dos factores motivacionais com a intenção empreendedora futura... 137

Figura 4.24 – Gráfico dos scores médios dos factores psicológicos com a intenção empreendedora futura... 138

Figura 4.25 – Gráfico dos scores médios dos factores cognitivos com a intenção empreendedora futura ... 139

Figura 4.26 – Gráfico dos scores médios dos obstáculos com a intenção empreendedora futura ... 140

Figura 4.27 – Modelo de mediação dos factores psicológicos, cognitivos e motivações do empreendedorismo sobre a criação de negócio ou empresa... 162

Figura 4.28 – Modelo de mediação dos factores psicológicos, cognitivos e motivações do empreendedorismo sobre a intenção empreendedora futura... 165

(16)

LISTA DE QUADROS

Quadro 2.1 – Características psicológicas do empreendedor sob o prisma de vários autores...25

Quadro 3.1 – Hipóteses de investigação ...49

Quadro 3.2 – Variáveis utilizadas na Investigação ...51

Quadro 3.3 – Fundamentação teórica das variáveis explicativas do espírito empreendedor...56

Quadro 3.4 – Ficha Técnica de Investigação...57

Quadro 3.5 – Questões, Dimensões do estudo e Técnicas estatísticas associadas ...58

Quadro 4.1 – Tabela de frequências das profissões dos TDT...62

Quadro 4.2 – Tabela da Conversão das Profissões em Grupos Profissionais ...63

Quadro 4.3 – Tabela de frequências do sexo dos TDT segundo o grupo profissional...64

Quadro 4.4 – Tabela de frequências da idade dos TDT segundo o grupo profissional ...65

Quadro 4.5 – Tabela de frequências do estado civil dos TDT segundo o grupo profissional ...66

Quadro 4.6 – Tabela de frequências das habilitações académicas dos TDT segundo o grupo profissional ...67

Quadro 4.7 – Tabela de frequências da formação em gestão segundo o grupo profissional ... 68

Quadro 4.8 – Tabela de frequências da situação profissional dos TDT segundo o grupo profissional ... 69

Quadro 4.9 – Tabela de frequências do distrito de exercício profissional dos TDT... 70

Quadro 4.10 – Tabela de frequências do tipo e nº de instituição onde trabalham os TDT ... 71

Quadro 4.11 – Tabela de frequências do tipo de vínculo á instituição principal dos TDT segundo o grupo profissional ... 72

Quadro 4.12 – Tabela de frequências do tempo de exercício profissional dos TDT... 73

Quadro 4.13 – Comparação do tempo de exercício profissional dos TDT segundo o grupo profissional...74

Quadro 4.14 – Tabela de frequências do grau de parentesco dos familiares empresários nos TDT ... 75

Quadro 4.15 – Tabela de frequências da existência de familiares empresários segundo o grupo profissional ... 76

Quadro 4.16 – Tabela de frequências da formalização empreendedora segundo o grupo profissional... 77

Quadro 4.17 – Tabela de frequências da intenção empreendedora futura segundo a intenção empreendedora passada ... 78

Quadro 4.18 – Tabela de frequências dos obstáculos associados à não criação de empresa ou negócio próprio ... 79

Quadro 4.19 – Tabela de frequências das motivações associados a criação de empresa ou negócio próprio ou intenção empreendedora futura... 79

Quadro 4.20 – Tabela de frequências da vantagem actual em criar negócio segundo o grupo profissional... 80

Quadro 4.21 – Tabela de frequências dos factores psicológicos dos TDT... 81

Quadro 4.22 – Tabela de frequências dos factores cognitivos dos TDT... 82

Quadro 4.23 – Obstáculos: análise factorial dos componentes principais, após rotação varimax ... 86

Quadro 4.24 – Motivação para criar a sua própria empresa: análise factorial dos componentes principais, após rotação varimax... 88

Quadro 4.25 – Factores psicológicos: análise factorial dos componentes principais, após rotação varimax ... 90

Quadro 4.26 – Factores cognitivos: análise factorial dos componentes principais, após rotação varimax ... 92

Quadro 4.27 – Comparação entre os scores dos obstáculos e as características sócio-demográficas ... 94

Quadro 4.28 – Comparação entre os scores dos obstáculos e as características sócio-profissionais... 96

(17)

Quadro 4.31 – Comparação entre os scores dos factores motivacionais e as características sócio-demográficas... 99

Quadro 4.32 – Comparação entre os scores dos factores motivacionais e as características sócio-profissionais ... 100

Quadro 4.33 – Comparação entre os scores dos factores motivacionais e as características sócio-económicas ... 101

Quadro 4.34 – Resumo da comparação dos scores dos factores motivacionais com as características sócio-demográficas, sócio-profissionais e sócio-económicas... 102

Quadro 4.35 – Comparação entre os scores dos factores psicológicos e as características sócio- demográficas ... 103

Quadro 4.36 – Comparação entre os scores dos factores psicológicos e as características sócio-profissionais... 104

Quadro 4.37 – Comparação entre os scores dos factores psicológicos e as características sócio-económicas ... 105

Quadro 4.38 – Resumo da comparação dos scores dos factores psicológicos com as características sócio-demográficas, sócio-profissionais e sócio-económicas... 106

Quadro 4.39 – Comparação entre os scores dos factores cognitivos e as características sócio-demográficas... 107

Quadro 4.40 – Comparação entre os scores dos factores cognitivos e as características sócio-profissionais ... 108

Quadro 4.41 – Comparação entre os scores dos factores cognitivos e as características sócio-económicas ... 109

Quadro 4.42 – Resumo da comparação dos scores dos factores cognitivos com as características sócio-demográficas, sócio-profissionais e sócio-económicas ... 110

Quadro 4.43 – Estudo da independência entre a formalização do espírito empreendedor e as variáveis sócio-demográficas ... 111

Quadro 4.44 – Estudo da independência entre a formalização do espírito empreendedor e as variáveis sócio-profissionais... 112

Quadro 4.45 – Estudo da independência entre a formalização do espírito empreendedor e as variáveis sócio-económicas... 114

Quadro 4.46 – Comparação dos scores médios dos factores motivacionais com a formalização do espírito empreendedor ... 115

Quadro 4.47 – Comparação dos scores médios dos factores psicológicos com a formalização do espírito empreendedor ... 116

Quadro 4.48 – Comparação dos scores médios dos factores cognitivos com a formalização do espírito empreendedor ... 118

Quadro 4.49 – Resumo das variáveis que estão associadas à formalização do espírito empreendedor... 120

Quadro 4.50 – Estudo da independência entre a intenção empreendedora passada e as variáveis sócio-demográficas ... 121

Quadro 4.51 – Estudo da independência entre a intenção empreendedora passada e as variáveis sócio-profissionais... 123

Quadro 4.52 – Estudo da independência entre a intenção empreendedora e as variáveis sócio-económicas ... 124

Quadro 4.53 – Comparação dos scores médios dos factores motivacionais com a intenção empreendedora passada ... 125

Quadro 4.54 – Comparação dos scores médios dos factores psicológicos com a intenção empreendedora passada ... 127

Quadro 4.55 – Comparação dos scores médios dos factores cognitivos com a intenção empreendedora passada ... 128

Quadro 4.56 – Comparação dos scores médios dos obstáculos com a intenção empreendedora passada... 129

Quadro 4.57 – Resumo das variáveis que estão associadas à intenção empreendedora passada... 132

Quadro 4.58 – Estudo da independência entre a intenção empreendedora futura e as variáveis sócio-demográficas ... 133

Quadro 4.59 – Estudo da independência entre a intenção empreendedora futura e as variáveis sócio-profissionais ... 135

Quadro 4.60 – Estudo da independência entre a intenção empreendedora futura e as variáveis sócio-económicas... 136

(18)

Quadro 4.62 – Comparação dos scores médios dos factores psicológicos com a intenção empreendedora futura... 138

Quadro 4.63 – Comparação dos scores médios dos factores cognitivos com a intenção empreendedora futura ... 140

Quadro 4.64 – Comparação dos scores médios dos obstáculos com a intenção empreendedora futura... 141

Quadro 4.65 – Resumo das variáveis que estão associadas à intenção empreendedora futura ... 144

Quadro 4.66 – Quadro resumo do estudo dos factores associados ao espírito empreendedor ... 145

Quadro 4.67 – Regressão logística da formalização do espírito empreendedor sobre o tipo de instituição, o número de instituições, o vínculo, a vantagem em criar negócio, a necessidade / influência familiar e a precisão / resolução de problemas com rigor ... 148

Quadro 4.68 – Regressão logística da intenção empreendedora passada sobre as habilitações académicas, o tipo de instituição, a vantagem em criar negócio, os obstáculos e auto-realização ... 150

Quadro 4.69 – Regressão logística da intenção empreendedora futura sobre as habilitações académicas, o tipo de instituição, a vantagem em criar negócio, os obstáculos e auto-realização ... 152

Quadro 4.70 – Resumo geral da regressão logística da formalização do espírito empreendedor, da intenção empreendedora passada e futura com as variáveis independentes... 155

Quadro 4.71 – Resumo da relação obtida entre os resultados da regressão logística e o Amos para obtenção do perfil empreendedor dos TDT ... 167

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LISTA DE SIGLAS UTILIZADAS

ACM - Análise de Correspondência Múltipla AGFI - Adjusted Goodness-of-Fit Index AMOS - Analysis of Moment Structures GEM - Global Entrepreneurship Monitor GFI - Goodness-of-Fit Index

INE - Instituto Nacional de Estatística KMO - Kaiser-Meyer-Olkin

OCDE - Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico OEOE - Operadores de Equipamentos Ópticos e Electrónicos

PTM - Profissão Técnico de Medicina SEM - Sistema de equações estruturais SPSS - Statistic Package for Social Sciences RMSEA - Root Mean Square Error of Approximation TCVS - Técnicos das Ciências da Vida e da Saúde TDT - Técnico de Diagnóstico e Terapêutica TEA - Taxa de Actividade Empreendedora

(20)
(21)
(22)

1.1 - P

ROBLEMÁTICA

, O

BJECTIVOS E

E

STRUTURA DA

T

ESE

A alteração profunda das indústrias, o crescimento acelerado de novos sectores e o aparecimento de serviços e produtos revolucionários como resultado de inovação radical induz ao crescimento e à amplificação da eficiência das economias mais avançadas em detrimento das economias mais maduras e muito reguladas. Assim, considera-se que o elemento central no processo de criação de valor é o empreendedor disposto a correr o risco (Sarkar, 2007). No entanto, é necessário fazer emergir condições favoráveis no sentido de criar novas prioridades nas políticas económicas e na organização dos mercados e sistemas financeiros.

Segundo Palma, Cunha e Lopes (2007), os autores que se têm debruçado na análise do empreendedorismo têm descoberto evidências empíricas do impacto positivo deste no desenvolvimento económico das regiões e dos países, quer no que concerne ao aumento de emprego e de produtividade, quer no que diz respeito à criação de maior riqueza e bem-estar. Estes autores salientam, ainda, o empreendedorismo como um mecanismo compensador dos desequilíbrios económicos.

O desenvolvimento conceptual desta área de investigação (empreendedorismo) tem seguido diversos caminhos, os quais nem sempre são coincidentes, sendo que esta diversidade de noções de empreendedorismo, é talvez um dos principais obstáculos à criação de um quadro conceptual de referência a uma área científica (Sarkar, 2007).

Para diversos autores, no empreendedor podem ser identificadas características, umas do foro psicológico (McClelland, 1961; Hornaday & Aboud, 1971; Bygrave, 1989; koh, 1996; Hirisch & Peters, 2004), outras mais recentes do foro cognitivo (Bird, 1992; Mitchell, Smith, Seawrigth & Morse, 2000; Baron, 2004). Confirma-se na literatura que estas características não têm que ser intrínsecas à pessoa, podendo ser adquiridas (e.g. Sarkar, 2007; Ferreira, Santos & Serra, 2008).

Tendo em consideração o meio envolvente ou o contexto sócio-cultural em que se insere o empreendedor, alguns autores (Gnyawali & Fogel, 1994) defendem que devemos ter em atenção a influência do contexto no espírito empreendedor, ou seja, os factores ambientais estabelecem uma forte relação com o desempenho do empreendedor. Ainda nesta linha de pensamento, não podemos esquecer os diversos obstáculos que poderão impedir o

(23)

imagem social, o capital social, entre outros (Degen, 1989).

No sector da saúde, o empreendedorismo em Portugal tem-se limitado sobretudo ao nível individual (onde a classe médica tem sido dos grupos profissionais com mais capacidade de criação de pequenas empresas) e a uma tipologia de empreendedorismo empresarial, sendo que, o empreendedor público fica circunscrito aos ciclos eleitorais. No entanto, o empreendedorismo é considerado como um fenómeno particularmente importante no contexto dos desafios de modernização do Serviço Nacional de Saúde (Moreira, 2007).

Internacionalmente, a investigação na área do empreendedorismo, segundo um enquadramento rigoroso e sistemático, constitui um fenómeno relativamente novo, datado dos finais dos anos 70 e início dos anos 80, tendo vindo a ser um domínio amplamente difundido sobretudo no ambiente académico. No entanto, na área da saúde são poucos, ou mesmo nenhuns, os estudos científicos quer ao nível nacional quer ao nível internacional, sendo este nosso estudo desta forma pioneiro e, ao mesmo tempo, inovador, daí a grande motivação para a sua realização.

Perante esta temática, a abordagem desta investigação tem origem na seguinte questão de investigação: Será que os Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica apresentam

espírito empreendedor?

Assim, empreendemos a realização desta investigação com o objectivo geral de identificar a existência de espírito empreendedor dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica (TDT).

Como objectivos específicos pretendemos:

 Verificar se existe relação entre as características demográficas, sócio-profissionais e sócio-económicas (sexo, idade, estado civil, habilitações académicas, formação em gestão, profissão, situação profissional, distrito onde trabalha, tipo de instituição, nº de instituições onde trabalha, vínculo, nº de anos de experiência profissional, antecedentes familiares e vantagem na criação de uma empresa na actualidade) e o espírito empreendedor dos TDT;

 Verificar se existe relação entre os obstáculos e o espírito empreendedor dos TDT;  Verificar se existe relação entre os factores motivacionais e o espírito empreendedor

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 Verificar se existe relação entre os factores psicológicos e o espírito empreendedor dos TDT;

 Verificar se existe relação entre os factores cognitivos e o espírito empreendedor dos TDT.

Para um melhor esclarecimento sobre a investigação em causa dividimos esta tese em cinco grandes capítulos: motivação e objectivos da investigação, concepção teórica, dados e metodologia de investigação, apresentação e análise dos resultados e reflexões e recomendações.

No primeiro capítulo é feita uma breve introdução das abordagens teóricas desenvolvidas no capítulo seguinte; é definida a principal motivação para a realização deste estudo e distinguidos os principais objectivos que o norteiam;

No segundo capítulo é apresentada a fundamentação teórica das diversas temáticas em estudo sob a base do “Conceitos e impacto económico do empreendedorismo”, nomeadamente:

a. No primeiro subcapítulo cingido ao tema “Conceito de

Empreendedor/Empreendedorismo” são desenvolvidos três conteúdos fundamentais relativos à temática do conceito de empreendedorismo nomeadamente: abordagem histórica; abordagem contemporânea e o impacto do empreendedorismo no desenvolvimento de um país;

b. No segundo subcapítulo intitulado “Propensão ao empreendedorismo” são desenvolvidos conteúdos teóricos relativos aos tipos de empreendedores, ao perfil do empreendedor/espírito empreendedor, às características demográficas, sócio-profissionais e sócio-económicas, às características psicológicas, às características cognitivas, à influência do contexto no espírito empreendedor, aos factores motivacionais e aos obstáculos ao empreendedorismo;

c. No terceiro subcapítulo ”O empreendedorismo nos serviços de saúde”. Neste subcapítulo dada a pouca bibliografia nesta temática tentamos abordar de uma forma sucinta a história da carreira dos TDT e a realidade do mercado da saúde no contexto português.

d. No quarto subcapítulo faz-se uma alusão ao método que norteará esta investigação e algumas considerações iniciais sobre o estudo em causa.

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método, problemática, hipóteses de investigação, variáveis; definição da população e amostra a estudar nesta investigação e métodos e técnicas de recolha de dados utilizados, bem como, o registo, e verificação e o tratamento dos dados através de suporte informático.

O quarto capítulo diz respeito à apresentação e análise dos resultados obtidos nesta investigação.

No quinto, e último, capítulo são apresentadas as conclusões do estudo, suas limitações encontradas no seu decurso e considerações importantes para uma próxima acção de investigação nesta área.

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Conceitos e Impacto Económico do

Empreendedorismo

(27)
(28)

2.1 C

ONCEITO DE

E

MPREENDEDOR

/E

MPREENDEDORISMO

O conceito de empreendedorismo/empreendedor existe há bastante tempo e tem sido utilizado com distintos significados. Na literatura, aparecem definições que englobam abordagens desiguais e mesmo discordantes ao longo das várias fases do pensamento económico e cuja discussão é baseada, tanto em descrições científicas, como em mera especulação académica e, nalgumas circunstâncias, tem sido completamente ignorado ou abordado apenas de um modo pouco substancial.

Por conseguinte, efectuar-se-á uma concisa revisão da literatura com o objectivo de verificar a evolução ao longo dos tempos desta temática, permitindo assim efectuar uma conceptualização actual sobre a mesma.

2.1.1 Abordagem histórica

Tal como um rol imenso de outros conceitos, é usual dar-se uma perspectiva histórica, pela qual se tenta enquadrar o início de um conceito num binómio espácio-temporal. Tal como a globalização teve o seu princípio no século XVI graças à iniciativa dos portugueses, um primeiro exemplo de definição consensual de empreendedorismo nestes termos, pode ser atribuído a Marco Polo, ao tentar estabelecer uma rota comercial para o Oriente.

Posteriormente, na Idade Média, o termo empreendedor foi utilizado para definir aquele que se responsabilizava pela administração de grandes projectos de produção, não assumindo para o efeito grandes riscos, limitando-se à gestão dos mesmos, utilizando os recursos disponíveis, geralmente provenientes do governo do país ou região (Dornelas, 2005).

É todavia em plena Revolução Industrial que o conceito de empreendedorismo se começa a desenvolver à medida que o trabalho artesanal começou a ser substituído pelo mercado globalizado e a produção em massa, não deixando de ser curioso que nos dias de hoje a figura de empreendedor artesanal ainda subsista (McNeil, Fullerton & Murphy 2004).

Etimologicamente a palavra empreendedorismo teve a sua origem no verbo francês

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termo e a dar-lhe um significado próximo do que tem actualmente. É curioso verificar, que em Portugal a ideia de empreendedorismo é relativamente recente, isto se atentarmos na inexistência de entrada para este termo ou outros derivados no “Dicionário de Língua Portuguesa” 5.ª Edição da Porto Editora do ano de 1976 que adquirimos num alfarrabista, contudo consultando através da internet a última edição deste mesmo dicionário1 já é contemplada a definição, quer de empreendedor, quer de empreendedorismo, a primeira como adjectivo designa aquele que é cheio de iniciativa e vontade para iniciar novos projectos, activo, enérgico, dinâmico e arrojado; como substantivo, designa aquele que empreende, que é um indivíduo cheio de iniciativa e vontade para iniciar projectos novos, mesmo quando são arriscados. Relativamente ao empreendedorismo o referido dicionário classifica-o como substantivo masculino caracterizado pelo processo dinâmico realizado pelo indivíduo que, por iniciativa ou vontade própria, procura identificar, analisar, planear e implementar produtos ou serviços comercializáveis de base tecnológica, considerados como oportunidades de negócio.

Contudo, não parece haver dúvidas, que tal como o empreendedorismo é praticado pelo indivíduo empreendedor, o inverso também se aplica, no sentido em que o empreendedor, para sê-lo em toda a sua plenitude tem de possuir capacidades de empreendedorismo. Posto isto, resolvemos não distinguir os conceitos em termos formais, apenas gramaticalmente, e admitir que o empreendedor é aquele que age imbuído por aptidões de empreendedorismo.

Vejamos então, a evolução do conceito na perspectiva de vários autores desde o século XVIII, começando por Cantillion (1730) que associou os conceitos de auto-emprego e risco à palavra, já o famigerado e incontornável Smith (1776) enquadrou o conceito sob uma perspectiva económica, como não poderia deixar de ser, introduzindo os vectores procura e oferta e margens de lucro, Say (1816) reforça a ideia anterior aprofundando-a sob uma óptica igualmente económica. Knight (1921) não trouxe nada de novo à definição e Schumpeter em 1934 associou o empreendedor ao indivíduo que inova, sendo que, em 1942, reforça essa ideia designando-o como principal fomentador do desenvolvimento económico. McClelland (1961) acrescenta a variável de associar o empreendedorismo ao excesso de produção relativamente ao consumo, e em 1974 dois autores distintos, Hayek e Liles, introduzem

1 Já adequada ao acordo ortográfico, que contudo não vamos respeitar neste nosso trabalho por não haver

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novas ideias, o primeiro associando-o à importância do preenchimento de lacunas de mercado e o segundo fazendo claramente a distinção de que nem todo aquele que cria uma empresa é empreendedor, conotando definitivamente a ideia de inovação ao empreendedorismo, premunindo a ideia de Drucker, em 1985, tal como Kirzner, antes, em 1982, foi no seguimento do entendimento de Hayek no sentido em que o empreendedor reconhece e age de acordo com as oportunidades que o mercado lhe proporciona. No início da década de 90, Gartner introduz a ideia de que o empreendedorismo consiste na criação de organizações. Finalmente, já no novo milénio há cinco autores fundamentais cujas ideias contribuem sobremaneira para a definição actual de empreendedorismo. Em 2000, Andersson enuncia as qualidades principais que descrevem o empreendedor: capacidade de visualizar, agir e desenvolver novas combinações sempre tendo em conta a perspectiva pessoal e de forma a persuadir os outros. Em 2004, Sternberg, Bygrave e Thompson enfatizam a inteligência, a capacidade de ver uma oportunidade de criação de um negócio, bem como, a necessidade de se dedicar a tempo inteiro, realçando a motivação, segurança, responsabilidade e capacidade de construção de uma equipa e redes sociais. E para finalizar, destacamos Beugelsdijk (2004) pela ênfase que dá às características individuais do empreendedor como principal impulsionador de uma empresa.

Desta forma, e após a exposição de algumas definições podemos concluir que houve uma evolução desde a época medieval até à actualidade, emergindo três formas divergentes de empreendedorismo: o empreendedor tradicional, o intra-empreendedor e o empreendedor individual.

2.1.2 Abordagem contemporânea

Apesar de não haver uma definição única sobre esta temática, a mais próxima do conceito de empreendedorismo, e, utilizada actualmente é a de Joseph Schumpeter (1883-1950), através da qual “o empreendedor é quem aplica uma inovação no contexto dos negócios” (Sarkar, 2007, p.43). Também Ferreira, Santos e Serra (2008) realçam Schumpeter e consideram o empreendedor como um agente de criação destrutiva. Este autor destacou as funções inovadoras e de promoção de mudanças do empreendedor que, ao combinar os seus melhores recursos com uma dose certa de originalidade, favorecem a melhoria do desenvolvimento e crescimento económicos. O próprio Drucker (1985) enfatiza na inovação

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tendo esta que ser metódica. Posteriormente, autores como Timmons (1999) e Weber, Blais e Betz (2002) adicionam às definições de empreendedorismo existentes, outras dimensões, como por exemplo, o facto de se tratar de um processo cultural. Mais recentemente, Bygrave (2004) também associa a inovação ao empreendedorismo, que advém não só de factores individuais, mas também de factores sociológicos e ambientais. Também se destacam Shane e Venkataraman (2000), que consideram o empreendedorismo como a exploração e identificação de novas oportunidades económicas, bem como, o resultado de uma dinâmica complexa entre o indivíduo empreendedor, a organização e o ambiente onde está inserido o empreendedor (Palma, Cunha & Lopes, 2007). Já para Morris (1998), este conceito não é limitado apenas à inovação, mas envolve sete diferentes tipos de criação: de riqueza, de empresas, de inovação, de mudança, de empregos, de valor e de crescimento (Baeta, Borges & Tremblay, 2006).

Peneder (2009), considera que apesar da existência de diferenciadas teorias sobre o empreendedorismo na literatura económica, elas apenas são uma parte da explicação deste fenómeno. Para este autor, Wennekers e Thurik (1999) foram provavelmente os que conseguiram elaborar uma definição geral onde estão incluídas todas as variáveis associadas a este conceito, tais como: habilidade diferenciada; intencionalidade; independência; empreendedorismo coorporativo; descoberta e criação de oportunidade; inumeração da tipologia Schumpeteriana de inovação e a capacidade de inovação.

Para o projecto Global Entrepreneurship Monitor (GEM), o empreendedorismo é: “qualquer tentativa de um novo negócio ou nova iniciativa, tal como emprego próprio, uma nova organização empresarial ou a expansão de um negócio existente, por parte de um indivíduo, de uma equipa de indivíduos, ou negócios estabelecidos” (GEM, 2008, p.3). Assim, o empreendedorismo enquanto processo dinâmico tem, por um lado, intrinsecamente, a concepção, percepção e realização de uma oportunidade de negócio (Almeida, 2003) por outro lado, segundo Lumpink e Dess (1996) ele não é restrito às pessoas que criam uma empresa.

Verifica-se, então, que desde o século XVIII até ao presente são vários os investigadores que se debruçaram no estudo desta temática, emergindo diversas perspectivas (Fragoso, 2008). Neste sentido, o campo de estudo do empreendedorismo revela alguma fragmentação tanto teórica como prática (Baeta et al., 2006), pelo que a dificuldade em

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encontrar uma única definição universalmente aceite implicou que as investigações, fossem catalogadas por diferentes escolas de pensamento (escola clássica, escola económica, escola do empreendedor, escola da gestão, escola do intrapreneurship, escola da liderança, escola da psicologia e escola sócio-cultural) que partilham distintas noções de empreendedorismo, onde algumas enfatizam as características psicológicas, outras os processos e outras a organização (Veciana, 1996; Fayolle, 1999).

Apesar da dificuldade em encontrar uma definição geral para o conceito de empreendedorismo, este poderá remeter-se a um único fenómeno, constituído por diversas componentes. Desta forma, resumindo o pensamento de Fragoso (2008), cuja obra lemos atentamente, faz-se referência ao trabalho de Morris, Lewis e Sexton (1994), em que o empreendedorismo é entendido como uma actividade processual que habitualmente abrange os atributos: oportunidade; um ou mais indivíduos pró-activos; contexto organizacional; risco; inovação; e recursos, cujo resultado poderá ser: criação de uma nova empresa; criação de valor; criação de novos produtos ou processos; lucro ou benefício pessoal e crescimento.

Numa perspectiva mais actual e no nosso contexto nacional, Ferreira et al. (2008) entendem que o empreendedor/empreendedorismo possui significados diferentes para diferentes pessoas, sem contudo excluírem um certo número de características comuns indispensáveis, como sejam a assunção dos riscos envolvidos num novo empreendimento, a criatividade necessária, a motivação pessoal, e, por fim, a recompensa ambicionada.

Neste contexto, evidenciamos a importância que Stam (2008) deu a este conceito, apresentando-nos um modelo conceptual (Figura 2.1) de forma a enquadrá-lo. Assim, a definição de empreendedorismo inclui a introdução de uma nova actividade económica, no contexto individual, sendo capaz de produzir uma modificação no mercado local. Neste modelo, estão excluídas algumas interpretações na dimensão do empreendedorismo, nomeadamente as que não se enquadram na definição típica que é: a introdução de uma nova actividade económica que é capaz de modificar o mercado. Também partes do fenómeno de inovação estão excluídas deste modelo, tais como: as inovações organizacionais e todas as inovações que não sejam capazes de modificar o mercado.

(33)

Fonte: Stam (2008).

Figura 2.1 - Empreendedorismo, Inovação e Criação do Próprio emprego

Concluímos esta secção verificando que existem divergentes definições para o termo empreendedor e nas mesmas estão reflectidas os princípios inerentes às suas áreas específicas de estudo (economia, ciências comportamentais, engenharia, finanças, gestão e marketing). Para Gaspar (2006), e segundo Low (2001) não vai ser tão depressa que vamos ter uma definição comum e clara de empreendedorismo, porque este campo é muito vasto e pode ser estudado a partir de diversas disciplinas, pelo que recomendam que se trabalhe com uma definição focada no processo de identificação, avaliação e captura de oportunidades.

Desta forma, a definição ou perspectiva associada a este estudo é aquela que engloba o empreendedor individual, tendo em conta os atributos pessoais (psicológicos e cognitivos), bem como, o contexto sócio-económico e demográfico onde este está inserido, como iremos desenvolver mais aprofundadamente no subcapítulo seguinte, mas antes adequemos este conceito ao vigente quadro sócio-económico do país, e de como o seu desenvolvimento poderá estar-lhe relacionado, para darmos término a este subcapítulo.

2.1.3 O Impacto do Empreendedorismo no Desenvolvimento de um País

São muitas as organizações que ao longo dos últimos anos têm procurado renovar-se, dado o rápido desenvolvimento das novas tecnologias, das novas exigências dos consumidores por maior qualidade nos serviços e produtos e dado o curso da própria globalização dos mercados. As organizações que consigam estar preparadas para este novo paradigma, uma vez que estamos na era do conhecimento, terão mais aptidões em sobreviver de uma forma sustentada. Assim, o empreendedorismo tem-se tornado um fenómeno que

CRIAÇÃO DO PRÓPRIO EMPREGO

INOVAÇÃO

(34)

suscita respostas cada vez mais rápidas permitindo às instituições conseguir criar mais valor e manterem-se mais competitivas (Fragoso, 2008).

Segundo Barros e Pereira (2008), o referencial teórico para se analisar o impacto do empreendedorismo no crescimento económico fundamenta-se em Schumpeter e na teoria económica do crescimento endógeno de Wennekers e Thurik (1999). Assim, estes autores apresentam-nos um modelo analítico (Figura 2.2) sobre as relações entre o empreendedorismo e o desempenho económico.

Fonte: Barros e Pereira (2008).

Figura 2.2 - Empreendedorismo e Desempenho Económico

Neste modelo estão evidenciadas as relações entre o empreendedorismo e o desempenho económico. Assim, tendo os empreendedores iniciado a criação de um novo negócio, com ou sem inovação induz a um aumento da concorrência e esta por sua vez incrementa uma eficiência e dinamismo económico resultando num aumento dos níveis de emprego e adicionando valor.

De acordo com o GEM, cujo estudo incide sobre a actividade empreendedora de vários países, no sentido de procurar entender a relação entre a criação de riqueza de um país, o desenvolvimento económico e o empreendedorismo, tem-se verificado que esta relação se evidencia mais nos países desenvolvidos. Nessa perspectiva do GEM (2008) as vantagens

Concorrência Nova estrutura do mercado, mais eficiência Desempenho da empresa Desempenho económico: crescimento do PIB e do emprego

Empreendedores

(35)

implica um investimento local, criação de novos empregos, progresso na competitividade e desenvolvimento inovador de formas de negócio.

Assim, o empreendedorismo é considerado como um fenómeno complexo e multifacetado, cujas mudanças na economia e na reforma dos mercados de trabalho, no que diz respeito às qualificações dos trabalhadores, têm vindo a destacar o perfil e a grandeza da aposta deste na economia global, tornando-se um elemento fundamental no desenvolvimento económico e organizacional (Fragoso, 2008).

Em Portugal, o empreendedorismo é ainda um fenómeno recente, mas tem vindo a sofrer modificações. Há cerca de 20 anos atrás, o empreendedorismo era o movimento que estimulava os indivíduos, sobretudo os desempregados a criarem emprego. Actualmente este movimento tem assumido uma abordagem mais elaborada e reconhecida socialmente provocando uma forte adesão de associações empresariais e de universidades nomeadamente na criação de estruturas de apoio (incubadoras de empresas) e de converterem este tema numa disciplina (Lencastre, 2006).

No que diz respeito à taxa de Actividade Empreendedora Early-Stage (taxa TEA) do relatório GEM, em 2007 Portugal posicionou-se no 1º lugar entre os 18 países da União Europeia, verificando-se uma melhoria significativa em comparação com o ano de 2004.

No entanto, e de acordo com o relatório The Global Competitiveness Report

2006-2007 do Word Economic Fórum, o nosso país coloca-se na 34ª posição entre os 125 países do

estudo. Sendo que as sub-dimensões que contribuem mais negativamente para a competitividade portuguesa são a situação macroeconómica e a sofisticação das empresas, já a saúde, as infra-estruturas e a educação são as que positivamente mais contribuem. De qualquer forma, Portugal fica aquém da maioria dos países europeus (Ferreira et al., 2008).

(36)

2.2 P

ROPENSÃO AO

E

MPREENDEDORISMO

Definir a propensão para o empreendedorismo torna-se tarefa difícil uma vez que na literatura não encontramos completamente uma definição, pois os diversos autores apresentam posturas diferenciadas de acordo com a sua orientação académica. No entanto, há características que se destacam mais no indivíduo induzindo-nos a conseguir criar um único perfil do empreendedor.

Com base em literatura actual, nesta secção tentou-se seleccionar, de uma forma sintética, as características sócio-demográfica, sócio-profissionais e sócio-económicas, psicológicas e cognitivas, bem como, os factores motivacionais que mais poderão contribuir para definir a propensão do empreendedorismo no contexto individual, independentemente de se ter criado ou não uma empresa. Também achamos pertinente abordar os obstáculos ao empreendedorismo.

2.2.1 Tipos de empreendedores

O conceito de empreendedorismo, embora seja um conceito abrangente como se analisou na secção anterior, está intrinsecamente associado às características do comportamento pessoal e, por sua vez, às actividades do indivíduo. Assim, podemos deduzir que o empreendedorismo não é uma mera ocupação e que, por esse motivo, os empreendedores não são um grupo profissional bem preciso de indivíduos. Até mesmo os empreendedores inquestionáveis manifestam somente a sua capacidade empreendedora durante uma etapa da sua carreira e/ou apenas numa parte das suas acções (Gartner, 1989).

Perante esta problemática, interessa distinguir do termo empreendedor os conceitos de gestor e inventor. Para Ferreira et al. (2008) as tarefas do empreendedor são muito diferentes das de um gestor, ainda que muitos empreendedores acabem por se converter nos gestores das empresas que criaram. As principais desigualdades residem nas características: motivação; orientação para a acção; postura face ao risco; tomada de decisões; história familiar e pessoal, entre muitas outras. Da mesma forma, estes autores destacam a diferença entre o empreendedor e o inventor, na medida em que este último apenas cria algo novo,

(37)

invenção se torne viável.

Assim, e segundo Wennekers e Thurik (1999) podem ser discriminados três tipos de empreendedores: os empreendedores “Schumpeterianos”, os gestores proprietários do negócio e os intra-empreendedores. Os empreendedores “Shumpeterianos” possuem e gerem fundamentalmente pequenas empresas, onde a inovação ocupa um lugar de destaque, conseguindo criar, assim, um impacto destrutivo no mercado. Os gestores proprietários de negócios (empreendedores num quadro formal) também são encontrados, na sua maioria, nas pequenas empresas. Estes possuem estabelecimentos muitas vezes franchisados e/ou são pessoas com profissões que pertencem ao “cerne” económico (Kirchhoff, 1994). Os intra-empreendedores não tendo criado uma empresa destacam-se nas empresas de grande dimensão (Lumpkin & Dess, 1996). Para Wennekers e Thurik (1999), neste tipo de ambiente, há uma propensão para “reproduzir” as pequenas empresas, utilizando unidades empresariais, subsidiárias ou joint ventures.

Este tipo de empreendedor arrisca o seu tempo e reputação em nome da empresa onde trabalha, tornando-se assim num líder (Wennekers e Thurik, 1999). Muitas vezes, estes intra-empreendedores, quer em equipa, quer individualmente (spin off), decidem criar uma empresa tornando-se empreendedores “Schumpeterianos” (Kirchhoff, 1994).

Assim, o intra-empreendedorismo deverá cada vez mais ser conotado de extrema importância para as empresas, pois irão beneficiar juntos dos mercados de flexibilidade, capacidade de adaptação e inovação. Desta forma, este tipo de empreendedorismo poderá induzir não apenas a novos produtos e serviços, mas também a novos modelos de comercialização (Ferreira et al., 2008). Também Drucker (1985) considera que é necessário que algumas fontes de oportunidades, que até estão dentro da própria empresa, sejam monitorizadas para que se consiga promover inovação.

A seguir passamos a descrever as várias teorias que apoiam a construção de um perfil para o empreendedor.

2.2.2 O perfil do empreendedor/espírito empreendedor

Para Ferreira et al. (2008), podem ser identificadas algumas características que parecem mais notáveis nos empreendedores, no entanto, não existe um só perfil

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empreendedor que as consiga incluir a todas. Para estes autores ser-se empreendedor não é inato nem hereditário e embora existam distintas combinações de características pessoais, de motivação, de liderança e comportamentais que podem induzir à capacidade empreendedora, existem alguns traços de personalidade e algumas características que os empreendedores de sucesso tipicamente comungam. Assim, o empreendedorismo pode ser ensinado e qualquer um pode aprender e desenvolver as competências que o empreendedorismo exige.

No que diz respeito às características dos empreendedores de sucesso, Sarkar (2007) destaca a matriz de Timmons, que em 1989, sugere quatro tipos de pessoas: o inventor, o empreendedor, o promotor e o gestor. Assim, para ele o empreendedor de sucesso é inovador, criativo e com competências para a gestão. Também se evidencia nesta matriz o facto de estas capacidades não terem que necessariamente ser intrínsecas à pessoa. Assim, o indivíduo não tem que nascer com todas estas características, podendo adquirir com a experiência alguns aspectos, como por exemplo a forma como lida com o risco.

Perante este contexto, Sarkar (2007) sugere mesmo que uma parte das pessoas que não possuem as características de empreendedores poderão ser capazes de o serem se os estímulos proporcionados pela sociedade onde estão inseridos forem positivos, nomeadamente a cultura, a educação (nas universidades, por exemplo) e as políticas públicas. No que diz respeito à cultura, este autor enfatiza a importância de uma cultura empreendedora como forma de potenciar o empreendedorismo.

Assim, para Ferreira (2003) vários factores são determinantes para o empreendedor de sucesso, podendo ser agrupados em três categorias: factores individuais, ambientais e organizacionais (Figura 2.3).

DESEMPENHO DO EMPREENDEDOR

Fonte: Ferreira, 2003, pág. 45.

Figura 2.3 - Dimensões de actuação do empreendedor. Dimensão individual Dimensão ambiental Dimensão organizacional

(39)

Na dimensão individual incluem-se as características da personalidade do indivíduo, que segundo Schenatto e Lezana (2001) são: necessidades, conhecimentos, habilidades e valores. Já na dimensão ambiental, incluem-se os factores sócio-económicos, sócio-culturais, físico-geográficos, psico-fisiológicos, políticos, incentivos governamentais, marketing, etc. Na dimensão organizacional, os factores relacionados com as relações interpessoais, os de objectivos de grupo e da organização.

Também Rodrigues, Raposo, Ferreira e Paço (2008) propõem um modelo conceptual onde estão representadas as relações entre um grupo de variáveis que podem influenciar a propensão para o empreendedorismo, nomeadamente: (i) os atributos pessoais; (ii) a existência de familiares empreendedores; (iii) o perfil demográfico; (iv) a experiência profissional; (v) o ensino, bem como, (vi) os obstáculos que poderão intervir negativamente.

Da mesma forma, Gerry et al. (2008) para delinearem as várias determinantes do empreendedorismo fazem referência à tipologia tripartida que distingue as teorias fundamentalmente comportamentalistas das teorias estratégica e ecológica considerando-as como as três explicações do sucesso e insucesso empresarial.

No entanto, segundo a visão de Filion (2002, p. 38), “o empreendedorismo é um campo de pesquisa emergente, onde não existe ainda uma teoria estabelecida”.

Podemos concluir que existe uma grande quantidade e diversidade de pesquisas, umas adoptando as características ambientais, demográficas, psicológicas e mais recentemente cognitivas, como preditoras ou não do comportamento empreendedor, assim resolvemos desenvolver cada uma delas nos próximos pontos.

2.2.2.1 As características sócio-demográficas, sócio-profissionais e sócio-económicas Vários estudos sobre o comportamento empreendedor destacam a importância dos factores sócio-demográficos sobre este (Fernández, Barreiro & Otero, 2006), sendo assim, parece-nos pertinente abordar algumas destas variáveis (o sexo, a idade, a profissão, a localização geográfica, as habilitações académicas/educação, a formação em gestão, a experiência profissional, e os antecedentes familiares) de uma forma sucinta tendo em conta a bibliografia consultada.

(40)

Sexo

São numerosos os estudos que demonstram que o sexo pode influenciar a atitude empreendedora, uma vez que se verifica existir diferenças nos traços da personalidade entre eles (Rubio, Córdon & Agote, 1990; Bird & Brush, 2002).

Várias investigações indicam que os homens são mais dominantes (Brenner, 1982; Wagner & Sternberg, 2004; Fernandez et al., 2006). No entanto, em termos gerais, tanto os homens como as mulheres empreendedoras são muito similares. E neste sentido, Cardieux, Lorrain e Hugron (2002), enumeram os principais traços característicos das empresas geridas por mulheres, tais como: tendem a apresentar boas habilidades na comunicação, nas relações interpessoais e no trabalho em equipa; consideram a empresa como uma rede corporativa de relações pessoais em detrimento de uma fonte de rendimentos e conseguem incluir como valores de medição do êxito a contribuição social, a qualidade do ambiente de trabalho, a satisfação dos clientes e o crescimento pessoal dos intervenientes.

No âmbito do GEM (2004), Portugal, tal como os restantes países em análise, apresenta um acrescido número de empreendedores do sexo masculino. No entanto, é mais elevada a proporção de empreendedores do sexo feminino em Portugal do que a verificada nos outros países.

Também segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE) (2009) a maioria dos empresários fundadores das novas empresas em Portugal são homens (85,8%).

Idade

Vários estudos demonstraram que os empreendedores têm idades compreendidas entre os 25 e os 40 anos (Mayer & Goldstein, 1961; Shapero, 1971; Cooper, 1973). Assim, parece existir alguma evidência que os empreendedores criam a sua empresa na faixa entre os 22 e os 45 anos, e mais presumivelmente por volta dos 30 anos de idade. Para se envolver nos esforços do novo empreendimento, este intervalo de idade pode-se justificar pela necessidade de o empreendedor necessitar de alguma experiência, credibilidade, apoio financeiro e vitalidade física (Ferreira et al, 2008), bem como auto-confiança e conhecimento do mercado (Fernandez et al., 2006).

No estudo apresentado pelo GEM (2004), verifica-se que a maioria das mulheres empreendedoras têm menos de 34 anos de idade, enquanto que os empreendedores do sexo masculino estão distribuídos uniformemente por todas as faixas etárias dos 18 aos 64 anos.

(41)

(55,7%).

Profissão

No que concerne à característica profissão, a maioria dos estudos consideram-na um critério irrelevante (Pessoa, 2006).

Localização Geográfica

Wagner e Sternberg (2004), constataram que o empreendedorismo dependia do ambiente regional, tal como da densidade populacional e do desenvolvimento da população, e Martins (2006) refere que as variações geográficas são explicadas por elementos da estrutura económica local e regional.

Relativamente à localização geográfica, segundo Moreira (2004), as regiões menos desenvolvidas e mais desfavorecidas poderão influenciar mais a fixação dos empreendedores schumpeterianos e menos os proprietários de um negócio.

No que diz respeito às regiões rurais, dependendo do ponto de vista, estas poderão funcionar como facilitador ou obstáculo ao empreendedorismo. Parece existir evidência, no entanto, que os empresários rurais tendem a basear-se na comunidade e são muito influenciados pela rede social, considerando-se mesmo que o empreendedorismo rural tem uma vantagem competitiva devido à sua localização e processo histórico a ele associado (Avramenko & Silver, 2010).

Contudo, Martins (2006) menciona que o meio de cultura mais propício para o empreendedorismo é um local onde as empresas maximizem em seu benefício factores como a aglomeração ou proximidade no aproveitamento das fontes de informação, trabalho qualificado, tecnologia e capital. Ou seja, segundo a autora, nas zonas rurais é mais difícil para as empresas tornarem-se competitivas quer por subdesenvolvimento das redes quer por claro desfasamento cultural em termos de inovação e tecnologia. Salienta ainda que, a actividade empreendedora é distinta em diferentes países, regiões e cidades, é condicionada por distintos factores, e, apesar de assentar no comportamento, motivações e conhecimento do indivíduo, está dependente das oportunidades e recursos disponíveis e das condições do meio envolvente, nomeadamente, infra-estruturas locais e regionais, sociais, económicas, financeiras.

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Habilitações académicas/educação

Esta variável no contexto do empreendedorismo parece merecer um destaque especial por diversos autores (Brockaus, 1982). Assim, segundo vários estudos, não é obrigatório que o empreendedor possua formação superior, no entanto, parece existir uma vantagem naqueles que a têm (Hisrich, 1990; Hisrich & Peters, 2004). Também Robinson e Sexton (1994), citado em Fernández et al. (2006), verificam nos seus estudos que a educação tem uma influência positiva no empreendedor de sucesso.

Estudos como os de Menzies e Paradi (2003), Kennedy e Peterman (2003) e Ferrante (2005), consideram o nível e o tipo de educação, como um contributo importante para o futuro empreendedor, pois permitem tomar decisões mais actualizadas e, assim, contribui para o aumento da sua confiança.

Formação em gestão

Segundo Rodrigues et al. (2008), diversos estudos têm demonstrado que a formação na área do empreendedorismo pode contribuir para o incremento do número de empreendedores, bem como, no desenvolvimento de uma percepção positiva da praticabilidade do empreendedorismo e no desenvolvimento das competências que o facilitam.

Experiência profissional

A experiência profissional induz de forma significativa na criação de empresas (Naffzinger, 1995). Segundo o estudo de Robinson e Sexton (1994), verifica-se a existência de uma relação positiva e significativa entre a experiência prévia e o êxito empresarial.

Para Bird (1993) a experiência profissional passada é um indicador mais fiável do que a educação. E, segundo o mesmo autor, quando se cria uma empresa é mais devido à elevada insatisfação no emprego ou à actividade que tinham tido anteriormente.

Também achamos pertinente destacar a teoria das incubadoras, como um meio de adquirir ideias e projectos que normalmente precedem a criação de empresas (Veciana, 1999).

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Figura 2.2 - Empreendedorismo e Desempenho Económico
Figura 2.4 - Modelo de InvestigaçãoObstáculosFactores psicológicos Factores  cognitivos Factores  motivacionaisCaracterísticas sócio-demográficas; sócio-profissionais e sócio-económicasESPÍRITO EMPREENDE-DOR
Figura 3.1 - Metodologia da Investigação.
Figura 4.1 - Distribuição dos TDT por sexo.
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Referências

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