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IMPLEMENTAÇÃO DA PESQUISA

3.2. Pressupostos da Andragogia

3.2.3. Características dos aprendizes adultos

Houle (1961 apud KNOWLES, 1978) apresenta três tipos de aprendizes adultos:

o orientado para um objetivo (Goal-oriented): procura a realização de uma necessidade ou interesse; o orientado para uma atividade (acvitity-oriented): procura contato social; o orientado para a aprendizagem (learning-oriented): procura o conhecimento pelo prazer de obtê-lo.

No entanto, ele salienta:

43 “Unlike children and teenagers, adults have many responsibilities that they must balance against the demands of

learning. Because of these responsibilities, adults have barriers against participating in learning. Some of these barriers include lack of time, money, confidence, or interest, lack of information about opportunities to learn, scheduling problems, "red tape," and problems with child care and transportation. Motivation factors can also be a barrier. What motivates adult learners? Typical motivations include a requirement for competence or licensing, an expected (or realized) promotion, job enrichment, a need to maintain old skills or learn new ones, a need to adapt to job changes, or the need to learn in order to comply with company directives. The best way to motivate adult learners is simply to enhance their reasons for enrolling and decrease the barriers. Instructors must learn why their students are enrolled (the motivators); they have to discover what is keeping them from learning. Then the instructors must plan their motivating strategies. A successful strategy includes showing adult learners the relationship between training and an expected promotion.”

Estes não são tipos puros; a melhor maneira de representá-los graficamente seria por três círculos que extrapola seus limites. Mas a ênfase central de cada subgrupo é claramente discernível. (HOULE, 1961, p. 16 apud KNOWLES, 1978, tradução nossa)44

A análise desses três tipos nos ajuda perceber melhor cada aprendiz e a entender seus objetivos num programa educacional, tendo em vista que os aprendizes adultos possuem suas idiossincrasias mais do que qualquer outro grupo:

Se as diferenças individuais são importantes ao lidarmos com crianças, elas são mais importantes ainda ao lidarmos com adultos, porque elas se ampliam com a experiência. (KNOWLES, 1978, p.57, tradução nossa)45

Com base nas premissas andragógicas abordadas em parágrafos anteriores, podemos traçar algumas características de aprendizes adultos. O quadro 2.1 faz um paralelo entre as características apresentadas por crianças aprendizes e aprendizes adultos.

Quadro 4.1: Características do aprendiz adulto (CAVE,1995, tradução nossa46)

INFÂNCIA FASE ADULTA

As crianças dependem dos adultos para apoio material, psicológico e para lidar com a vida. Eles

são dirigidos por outros.

Os adultos dependem deles próprios para apoio material e para lidar com a vida. Embora eles possam ainda encontrar muitas necessidades psicológicas através de outros, eles são muito auto-dirigidos.

O principal papel na vida das crianças é de aprendiz. Os adultos utilizam a aprendizagem prévia para atingir o sucesso como profissionais, pais, etc.

As crianças, em grande parte, aprendem o que outros dizem que é para aprender.

Os adultos aprendem melhor quando eles percebem os resultados do processo de aprendizagem como valioso, que

contribuem para seu próprio desenvolvimento, sucesso no trabalho, etc.

As crianças vêem o conteúdo estabelecido como Os adultos freqüentemente possuem diferentes idéias sobre o

44 “ These are not pure types; the best way to represent them pictorially would be by three circles which overlaps at

their edges. But the central emphasis of each subgroup is clearly discernible.”

45 “ If individual differences are important in dealing with children, they are more important in dealing with adults,

because they widen with experience.”

importante porque os adultos dizem que são importantes.

que é importante aprender.

As crianças, como um grupo inserido em um contexto educacional, são muito parecidas. Elas estão aproximadamente na mesma idade, vem de

uma situação socioeconômica parecida, etc.

Os adultos são muito diferentes uns dos outros. Os grupos de adultos aprendizes tendem a ser compostos de pessoas de

várias idades, formações, níveis educacionais, etc.

As crianças, de fato, possuem uma percepção de tempo diferente das de pessoas mais velhas. Nossa percepção de tempo muda conforme envelhecemos. O tempo parece passar mais rápido quando ficamos

mais velhos.

Os adultos, além de perceberem o tempo de forma diferente das crianças, também estão mais preocupado com o uso

efetivo deste.

As crianças possuem uma base de experiência muito limitada.

Os adultos possuem uma base de experiência ampla e rica sobre a qual pode relacionar novos aprendizados.

As crianças geralmente aprendem rapidamente. Os adultos, em sua maior parte, aprendem mais lentamente que as crianças, mas aprendem da mesma forma. As crianças são abertas a novas informações e

prontas a se ajustar a novos pontos de vista.

Os adultos tendem a rejeitar ou descartar informações novas que venham a contradizer suas crenças.

A prontidão das crianças para aprender está ligada tanto ao desenvolvimento acadêmico, quanto ao

biológico.

A prontidão do adulto para aprender está mais diretamente relacionado às necessidades, muitas vezes relacionadas à satisfação de seus papéis como trabalhadores, cônjuges, pais,

etc, e para lidar com mudanças na vida ( divorcio, morte de um ente querido, aposentadoria, etc)

As crianças aprendem, pelo menos em parte, porque a aprendizagem será útil no futuro.

Os adultos estão mais interessados na aplicabilidade imediata da aprendizagem.

As crianças são freqüentemente mais motivadas externamente (pela promessa de boas notas, elogio

dos professores e pais, etc)

Os adultos são freqüentemente mais motivados internamente (pelo potencial dos sentimentos de valor, auto-estima,

realização, etc.) As crianças possuem padrões de expectativas menos

bem formados em termos de experiências de aprendizagem formal. O “filtro” de experiências

passadas delas é menor que a dos adultos.

Os adultos possuem expectativas bem formadas, que infelizmente, às vezes, são negativas, porque são baseadas em

Lieb (Op. cit) enfatiza que um bom educador de adultos deve entender como os adultos aprendem melhor, suas necessidades e exigências enquanto aprendizes. Ele também ressalta a natureza autônoma, autodirigida e pragmática dos adultos. Eles são orientados pela relevância do assunto e, normalmente, perseguem um objetivo específico. O professor de adultos deve envolver seus alunos ativamente no processo de aprendizagem e servir como um facilitador. Deve levar em conta a perspectiva dos participantes sobre que tópicos considerar e trabalhar com projetos que reflitam os interesses dos mesmos. Devem permitir que os participantes assumam a responsabilidade nas apresentações e liderança de grupos. Eles devem assegurar-se de agir como facilitadores, guiando os participantes segundo seus próprios conhecimentos, ao invés de simplesmente supri-los com fatos e, sobretudo, mostrar como a aula o ajudará a atingir seus objetivos.

Os adultos têm uma vasta experiência de vida e conhecimento acumulados, os quais incluem atividades relacionadas a trabalho, a responsabilidades familiares e experiências educacionais anteriores. Eles sentem a necessidade de estabelecer relações da nova aprendizagem com essa base de conhecimento e experiência. Cabe ao facilitador destacar as experiências e conhecimentos dos aprendizes que são relevantes para o tópico em estudo. As teorias e conceitos devem estar de acordo com os participantes e o valor destas experiências na aprendizagem deve ser reconhecida. Mais do que qualquer outro grupo, o respeito deve ser evidente ao se lidar com adultos, o que inclui permitir que estes expressem suas opiniões. (LIEB, Op. cit).

Lindeman, cujos pressupostos também embasam a Andragogia, destaca que Os aprendizes adultos freqüentam as aulas voluntariamente e desistem delas assim que o ensino deixa de corresponder ao seu padrão de interesse. O que eles aprendem se relaciona com a vida, não na origem ou no diploma. (LINDEMAN 1926a: 4-7 apud SMITH, Op. cit, tradução nossa)47

Imaginário enfatiza a importância, portanto, de um ambiente estimulante, de atmosfera agradável, que motive a aprendizagem:

A criação de um clima de formação saudável e propiciador do investimento dos aprendentes nas aprendizagens é, na perspectiva da andragogia, absolutamente crucial, dele dependendo a efectivação de todas as restantes práticas antes enumeradas.( IMAGINÁRIO, Op. cit, p.7, sic)

47 “Adult learners attend classes voluntarily and they leave whenever the teaching falls below the standard of interest.

A formação compreende uma “dimensão física” (organização de espaço) e uma “dimensão psicológica” (“mais importante, que exige práticas de respeito mútuo, de cooperação, de confiança recíproca, de apoio e ajuda, de abertura, e autenticidade e mesmo de prazer, implicando sempre todos os participantes, aprendentes e formador (ou formadores)). (IMAGINÁRIO, Op. cit, p.7, sic)

O apoio personalizado e a cooperação entre os próprios aprendentes são intrínsecos às sucessivas fases de desenvolvimento do processo de elaboração e gestão, até a sua concretização. (IMAGINÁRIO, Op. cit, p.8, sic)