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Características Estruturais e Atractividade

2. CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO 1 I NTRODUÇÃO

2.5 A NÁLISE DO S ECTOR DAS T ECNOLOGIAS DE I NFORMAÇÃO A N ÍVEL N ACIONAL

2.5.1 Características Estruturais e Atractividade

Com o objectivo de identificar as características estruturais e o contexto competitivo da indústria com vista a avaliar o seu potencial de rendibilidade, utilizar-se-á o modelo de Porter (1980). Deste modo, a análise vai centrar-se nas cinco forças competitivas: rivalidade entre empresas existentes, poder negocial dos fornecedores, poder negocial dos clientes, ameaça de entrada de novas empresas e ameaça dos produtos ou serviços substitutos.

− Rivalidade entre as empresas existentes na indústria

O sector das tecnologias de informação é constituído por um elevado número de empresas. De acordo com a base de dados do Sistema de Análise de Balanços Ibéricos – SABI, em 2006 existiam 6.166 empresas das quais 5.373 com a actividade aberta abrangidas pela CAE 72

referente a actividades informáticas e conexas, e 793 incluídas na subclasse 51.840 referente ao comércio por grosso de computadores, periféricos e programas informáticos.

Com um volume de negócios de 9.617,050 milhões de euros, estas empresas eram responsáveis por um VAB de 3.011,478 milhões de euros e pelo emprego de 50.527 pessoas, o que representava cerca de 1% do PIB e 0,6% do emprego nacional.

Quadro 6: A importância do sector das tecnologias de informação 2006

Nº empresas 6.166

Volume de Negócios (mil euros) 9.617.050

Nº pessoas 50.527

VAB (mil euros) 3.011.478

Fonte: Adaptado de SABI, 2006

Também de acordo com a base de dados do SABI (2006), as empresas do sector encontram-se localizadas nos principais centros urbanos nacionais, destacando-se as regiões de Lisboa, Porto, Setúbal e Braga que, no seu conjunto, representam cerca de 80% da amostra, podendo-se considerar várias razões para o efeito:

- Ficam mais próximas dos grandes clientes, tornando-se mais fácil monitorizar potenciais oportunidades e acompanhar os projectos em execução;

- Os recursos humanos qualificados representam a principal fonte de criação de valor deste sector e por isso, torna-se fundamental que exista uma aproximação às instituições de ensino superior que também se encontram localizadas nas grandes cidades.

- Existência de parques tecnológicos que criam sinergias.

A estrutura empresarial caracteriza-se por forte predominância de micro empresas, representando as pequenas e médias empresas menos de 6% e as grandes empresas menos de 1% (quadro 7).

Quadro 7: Estrutura empresarial do sector das tecnologias de informação (Tipologia de empresa, segundo a Recomendação da Comissão 2003/361/CE, de 6 de Maio de 2003)

2006 %

Micro empresas (nº pessoas < 10 e vn<= 2.000.000 eur) 5.782 93,77% Pequenas empresas (nº pessoas < 50 e vn<= 10.000.000 eur) 262 4,25% Médias empresas (nº pessoas < 250 e vn<= 50.000.000 eur) 98 1,59% Grandes empresas (nº pessoas >= 250 e vn> 50.000.000 eur) 24 0,39%

Total de empresas 6.166 100,00%

Fonte: SABI, 2006

Contudo, esta estrutura empresarial comporta empresas com poder de mercado muito diverso. Se considerarmos as 100 maiores empresas, que representam apenas 1,62% do total, verificamos que elas eram responsáveis em 2006 por cerca de 44% do volume de negócios e cerca de 1/3 do emprego do sector (quadro 8).

Quadro 8: Importância relativa das 100 maiores empresas no sector das tecnologias de informação

Rubricas 2006

Volume de Negócios (mil euros) 44,06%

Nº pessoas 32,97%

VAB (mil euros) 66,84%

Fonte: SABI (2006)

Segundo o IQF (2005) tem-se registado gradualmente uma concentração de parte do sector devido fundamentalmente ao facto das filiais das multinacionais estrangeiras e das grandes empresas portuguesas, apresentarem como uma das suas opções estratégicas principais, a aquisição de outros players de menor dimensão com competências específicas, podendo-se já referir a existência de grupos económicos nacionais, como são os casos da Novabase e da Pararede que, através da aquisição de empresas, pretendem garantir o controlo da cadeia de valor do negócio (aumento do nível de integração vertical) e, em simultâneo, aceder aos diversos segmentos de mercado e interligar os vários domínios tecnológicos (integração horizontal). Para ilustrar a situação acima descrita, Sousa (2006) apresenta distribuição das quotas de mercados para as 100 maiores empresas nacionais, no exercício de 2005:

- As 10 maiores empresas (HP, IBM, CPCDI, Siemens IC, Novabase, Edinfor, DLI, Ericsson, Alcatel e Microsoft) representavam cerca de 52% do volume de negócios;

- As 34 maiores empresas representavam cerca de 80% do volume de negócios;

- As 47 empresas de menor dimensão que constam na listagem das 100 maiores, representam 10% do volume de negócios.

Gráfico 12: Nível de concentração da actividade nas 100 maiores empresas

Fonte: Elaboração própria com base em Sousa (2006)

Verifica-se, deste modo, que mesmo dentro das 100 maiores, a distribuição de quotas de mercado não é equitativa, destacando-se as 10 maiores com mais de metade do peso do grupo considerado. Tal aumento dos níveis de concentração, tem contribuído para uma melhor resposta à inovação constante - com consequente redução do ciclo de vida - e à convergência tecnológica entre diferentes produtos e serviços, o que proporciona a oportunidade para abrangerem mais mercados e deterem uma oferta mais completa. Nesta sequência de ideias, conseguem uma maior diversificação do risco do negócio e obtêm uma margem superior através da integração dos serviços na oferta apresentada, garantindo igualmente, uma maior probabilidade de conquista e retenção de clientes. Assim, pode-se considerar que ao nível dos grandes players do sector, a rivalidade tenderá a ser mais intensa na luta pelos clientes de maior dimensão e com projectos de maior complexidade, de forma a optimizarem a capacidade de utilização dos seus recursos. Contudo, apesar de se ter constatado um aumento dos níveis de concentração, face ao número de empresas existentes, o sector das tecnologias de informação não deixa de ser caracterizado como uma indústria fragmentada, onde actuam uma grande diversidade de empresas com

0,00% 10,00% 20,00% 30,00% 40,00% 50,00% 60,00% 70,00% 80,00% 90,00% 100,00% 10 maiores empresas 34 maiores empresas 47 menores empresas Quota de mercado

multiplicidade de fontes de vantagens competitivas, não sendo por isso a concentração, um factor gerador de rivalidade nos players de menor dimensão.

A intensidade da rivalidade no sector não provém apenas da quantidade e dimensão das empresas presentes. Num sector com elevada diversidade interna, a forma como elas se enquadram nos

vários tipos de oferta também influencia o jogo concorrencial. Conforme anteriormente referido na análise do sector a nível mundial, também em Portugal a

oferta não é homogénea, mas composta por um conjunto de segmentos distintos: hardware,

software e serviços. Segundo Cruz (2006), em 2005 o segmento de hardware representava a maior fatia do mercado nacional com 55,1% do volume de negócios total (gráfico 13), reflectindo o atraso do parque informático português e a necessidade das diversas organizações actualizarem os seus equipamentos, bem como uma maior dinâmica introduzida pela diminuição acentuada dos preços dos hardwares, provocada em grande medida pelos fabricantes chineses.

Gráfico 13: Estrutura da oferta no sector de tecnologias de informação

55% 14% 31% Hardware Software Serviços Fonte: Cruz (2006)

Para além disso, os serviços apareciam em 2º lugar com 31% do total, muito à conta dos serviços de consultoria, implementação e integração de sistemas e de gestão de operações. Obviamente que o desenvolvimento dos sistemas integrados de gestão com base nas potencialidades das redes (internet e intranet) potenciou as taxas de crescimento deste negócio e veio abrir boas oportunidades no estabelecimento de relações de parceria duradouras entre fornecedores – clientes.

O peso relativamente pequeno do software, era atribuível à estagnação da economia nacional que fez com que as empresas adiassem os investimentos a realizar nesta área.

Pelas razões apontadas, a manutenção da composição de negócios anteriormente referida parecia não estar esgotada com as necessidades de equipamentos ainda acentuadas, prevendo-se na altura uma introdução progressiva de CRM’s e ERP’s nas organizações e o desenvolvimento de serviços de implementação e de suporte à integração de sistemas (IDC, 2005). Aliás, se se observar a estrutura do mercado europeu em 2005, conforme antes referido (hardware: 35,8%;

software: 19,7%; serviços: 44,5%), poder-se-ia considerar uma tendência para o sector das tecnologias de informação nacional evoluir para uma mesma estrutura, o que poderá conferir perspectivas diferentes entre segmentos.

Particularmente importante para a intensidade concorrencial é também a forma como o sector tem evoluído e como se prevê evoluir.

Nos últimos anos de 1990 e primeiros anos da década de 2000, o sector das tecnologias de informação apresentava-se particularmente dinâmico com taxas anuais de crescimento significativas, em média superior a 10% (IDC, 2005). Apenas entre 2002 e 2004, o crescimento não foi positivo, como resultado da crise generalizada que se sentiu a nível mundial.

Tendo como referência a evolução do PIB nacional (INE, 2006) entre 2000 e 2005, com excepção dos anos mais críticos 2002-2004, essa evolução positiva contrastou com a situação pouco dinâmica da economia no seu conjunto em que a taxa de crescimento passou de 3,9% para 0,3%,

Este dinamismo, numa altura em que se reconhecia a importância das tecnologias de informação para o desenvolvimento empresarial, era alimentado também pela iniciativa governamental do plano tecnológico e do programa de simplificação e desburocratização dos procedimentos administrativos – Simplex (Sargento, 2006), que auguravam fortes investimentos públicos e privados, nomeadamente no que se referia às PME e sector financeiro (IDC, 2005).

Por exemplo, as PME’s em 2005 investiram em tecnologias de informação, valores superiores em mais de 3 vezes aos da administração pública. Este fenómeno, esteve directamente ligado ao facto do tecido empresarial português apresentar um menor desenvolvimento tecnológico das suas actividades (Cruz, 2006).

Um estudo mais recente do IDC (2009) referia que o sector nacional das tecnologias de Informação deveria criar em Portugal 7.500 novos empregos e 400 novas empresas até 2013, continuando a crescer em média a 2,8% ao ano, apresentando uma evolução inversa à economia portuguesa. Contudo, dado o clima de recessão previsível para os próximos anos, uma moderação nestas expectativas futuras é não só admissível como provável.

Em função do anteriormente considerado, pode-se concluir que o sector português das tecnologias de informação se encontrava em meados da década (entre 2000 e 2010) ainda numa fase de crescimento. Mesmo que nos anos seguintes a tendência apresentasse uma dinâmica positiva (que a falta de dados não permite confirmar), dificilmente se poderá, num futuro próximo, antever o mesmo clima de optimismo, num contexto em que a economia vai decrescer. Todavia, será de esperar que mesmo vindo a existir taxas de crescimento desfavoráveis, estas não serão significativas pelo que, a intensidade concorrencial se deverá manter aos mesmos níveis. Um outro factor que poderá contribuir para o grau de rivalidade no sector será o nível de custos fixos de exploração, pois quanto maiores são os custos fixos, maior o risco operacional, obrigando as empresas a garantirem um volume de trabalho superior para, no mínimo, atingirem o ponto crítico da actividade.

Em conformidade com o Anexo E onde é apresentada a caracterização económica e financeira do sector nacional, os custos fixos de exploração mais significativos correspondem às rubricas do pessoal e amortizações e depreciações do exercício que, também, têm um peso considerável no valor acrescentado bruto (VAB). Se se verificar o VAB das 100 maiores empresas nacionais (SABI, 2006), constata-se que entre 2002 e 2006 existiu uma variação superior a 143%, que se pode entender como correspondente a um aumento na criação de valor e a uma alteração progressiva do tipo de oferta aos clientes. Em termos de custos com pessoal, verificou-se um aumento superior a 50% no mesmo período de análise.

O aumento verificado, tanto no VAB como nos custos com pessoal, deve-se provavelmente ao desenvolvimento cada vez maior de marcas e produtos próprios por parte das empresas nacionais, bem como à incorporação dos serviços de consultoria, de integração, de assistência e de manutenção nas cadeias de valor dos negócios dos players mais competitivos. Segundo Meneses (2003), a oferta nacional caracteriza-se cada vez mais por apresentar soluções desenvolvidas à

medida dos clientes servidos do que pela simples comercialização de hardware e de software, o que exige, naturalmente, uma maior utilização de recursos humanos qualificados.

Em particular, nas empresas com maior componente de desenvolvimento ou de prestação de serviços (CAE 72), os custos com pessoal correspondem a cerca de 40% do volume de negócios, o que representa um recurso importante na actividade destes competidores. Por isso, estas empresas apresentam um grau económico de alavanca superior e as oscilações da actividade têm forte impacto nos resultados. De referir que, conforme o estudo do IQF (2005), o crescimento da indústria provocou uma maior concorrência na aquisição de recursos humanos qualificados e com experiência profissional, em virtude do sistema científico e tecnológico nacional não conseguir então produzir profissionais em número suficiente face às necessidades das empresas.

Pode-se, portanto, concluir que os custos fixos de exploração no sector são relativamente elevados e tendem a crescer, o que contribui fortemente para o grau de rivalidade do sector. A evolução deste sector está também relacionada com os índices de crescimento económico dos países e, por isso, a sobrecapacidade poderá afectar a rivalidade. Assim, períodos de menor crescimento ou de recessão, poderão ter um impacto elevado no desempenho das empresas de tecnologias de informação, pois os investimentos nestas áreas não representam, normalmente, despesas da actividade corrente dos outros sectores de actividade. Apesar de se esperar que os próximos anos não sejam de grande prosperidade, no entanto, admite-se que exista algum crescimento, tal como anteriormente referido, inclusivamente, por via da internacionalização. Neste sentido, é de referir o aumento assinalável de exportações, tanto em quantidade como em qualidade (as exportações de alta intensidade tecnológica triplicaram desde 1989, representando em 2007, 12,5% do total de vendas de produtos transformados ao exterior) e a existência de casos de sucesso muito interessantes de empresas nacionais, que actualmente são uma referência mundial nos seus segmentos (Caçador, 2007). Por exemplo, a Altitude Software é líder no segmento de call centers e a Critical Software teve a capacidade de entrar na NASA e na ENA como fornecedor de sistemas críticos (Sousa, 2005).

Para além disso, há a salientar que os mercados preferenciais de internacionalização dos players nacionais têm sido os PALOP’S (Brasil, Angola e Moçambique), colocando em prática o know-

Tendo em conta as perspectivas de algum crescimento, mesmo que pouco significativo e que, na generalidade do sector, os investimentos são graduais (conforme se pode verificar no Anexo E - o valor dos imobilizados mantém uma estrutura idêntica ao longo dos anos), pode-se concluir que o efeito da sobrecapacidade terá pouco impacto na rivalidade entre as empresas.

Uma forma de aliviar a pressão concorrencial é através da diferenciação dos produtos. Neste sector, as empresas podem ser caracterizadas, de uma forma geral, segundo a seguinte tipificação (Meneses, 2003):

- Empresas que comercializam produtos e prestam serviços standardizados, onde se incluem as empresas posicionadas nos mercados com maior vertente comercial, correspondentes à pura comercialização de hardware e software, bem como aos serviços de formação, assistência técnica e de manutenção, que apenas visam dar suporte ao cliente;

- Empresas que produzem software e soluções integradas2, onde se incluem as empresas com maior capacidade de concepção de software e de soluções integradas à medida das necessidades de cada cliente, que englobam equipamentos, softwares, redes e serviços das mais diversas naturezas.

Em relação às primeiras a diferenciação somente poderá ser efectivada através dos serviços de assistência técnica, tempos de resposta e capacidade de resolução de problemas (Meneses, 2003). No entanto, relativamente às segundas, constata-se a existência de uma grande diversidade de soluções para utilização numa grande multiplicidade de actividades, processos e funções, muito ampliadas, também, pelo desenvolvimento das tecnologias de comunicação, em especial a

internet, que tem provocado uma convergência cada vez maior entre as tecnologias de comunicação e de informação, criando inúmeras oportunidades de desenvolvimento empresarial aos players do sector (Almeida, 2005).

No actual contexto empresarial português do sector das tecnologias de informação, podemos resumir o impacto da internet fundamentalmente a 4 níveis (IQF, 2005):

- E-commerce: acesso das empresas nacionais a novos mercados antes inacessíveis;

2 Em Portugal, não existem empresas produtoras de hardware para além de assemblers (integradores de componentes electrónicos produzidos por outras empresas)

- E-business: integração dos processos de trabalho internos, bem como dos diversos intervenientes da actividade a montante e a jusante, racionalizando os custos operacionais e, em simultâneo, facilitando o conhecimento do mercado e a optimização da oferta através da participação directa de clientes e fornecedores durante todo o processo de desenvolvimento e entrega dos produtos;

- E-learning: facilita a partilha do conhecimento, sendo hoje possível levar a informação a lugares e pessoas que antes estavam inevitavelmente separados pela distância;

- E-government: a necessidade de desburocratização do estado e dos serviços públicos, através da criação de procedimentos mais simples e rápidos na relação com os cidadãos, tornou-se uma prioridade estratégica dos governos actuais, sendo a administração pública portuguesa considerada um dos segmentos de mercado mais atractivos e com maior margem de crescimento (Marçalo, 2007).

De facto, a digitalização, o aumento da capacidade de transporte de informação, bem como a redução dos custos de hardware, permitiram o aparecimento de novos produtos e de serviços associados, que estão na base da actividade económica e da própria organização social, designadamente, Business Performance Management & Business Intelligence, Contact Centers,

System and Network Management, Customer Relationship Manangement, Enterprise Resources Planning, Wireless & Mobile, etc (IDC, 2007).

Face à multiplicidade de necessidades ao nível dos sistemas de informação, de integração com as tecnologias de comunicação e às oportunidades decorrentes da mobilidade e da transmissão de voz, de dados e de imagem, a rivalidade entre empresas com maior foco no desenvolvimento de soluções é bastante atenuada.

Por outro lado, a deslocalização das indústrias de componentes electrónicos para hardware e de desenvolvimento de software para a Ásia diminuiu drasticamente os preços destes produtos. Assim, ao nível da simples comercialização de software e de hardware, os players portugueses têm que ser capazes de incorporarem progressivamente outras áreas de negócio na sua actividade, como forma de compensarem o esmagamento das suas margens comerciais (Meneses, 2003). Assim, enquanto nas empresas com maior capacidade de produção a competição é atenuada pelas múltiplas fontes de diferenciação, na comercialização de hardware e de software e na prestação

de serviços mais padronizados, a rivalidade tende a ser superior, porque a concorrência é feita sobretudo através da eficiência e das guerras de preços.

Outros dois factores que podem afectar a atractividade de um sector de actividade são a eventual exigência de investimentos avultados irreversíveis que obrigam a maiores retornos ao longo do tempo e as barreiras à saída derivadas da especificidade dos activos, o que dificulta o abandono do negócio, mesmo que a rendibilidade seja negativa, tendendo, assim, as empresas a manterem a sua actividade e, consequentemente, a incrementarem a rivalidade.

No caso do sector das tecnologias de informação, não se pode falar em investimentos irreversíveis em equipamentos e instalações nem em elevadas barreiras à saída, uma vez que o maior investimento diz respeito a activos ao nível dos intangíveis nas áreas da gestão dos recursos humanos, organizacionais e sistemas de informação, que são efectuados de uma forma gradual, tendo em vista a aquisição de competências que permitam um raio de acção mais vasto tanto ao nível tecnológico da oferta, como ao nível dos mercados abrangidos. Na maioria das vezes, as empresas organizam-se através de unidades de negócio que gerem a qualificação dos seus recursos humanos de acordo com as prioridades em termos de oferta e de clientes alvo (IQF, 2005).

Para além dos aspectos emocionais (lealdade aos colaboradores) e de eventuais indemnizações de despedimentos, não serão os tipos de investimentos referidos que dificultam a saída do negócio. Aliás, é frequente a integração de PME’s na estrutura de outras empresas maiores, complementando a oferta destas (IQF, 2005), pelo que os factores correspondentes a investimentos irreversíveis e a barreiras à saída pouco impacto têm na rivalidade.

Finalmente, quando existem menores necessidades financeiras de exploração, as empresas poderão mais facilmente aumentar o volume de negócios através de preços mais atractivos e de promoções, aumentando também o nível de rivalidade.

No sector das tecnologias de informação, as necessidades de fundo maneio têm um peso razoável face ao total dos activos, conforme se pode verificar no Anexo E. Nas empresas com maior foco comercial, representam em média cerca de 30% dos investimentos realizados na actividade, enquanto nas empresas com maior foco na prestação de serviços perfazem 15% respectivamente. Se se integrar esta análise com os resultados anuais gerados, verifica-se que os excedentes criados anualmente com o negócio não são suficientes para cobrir as necessidades de fundo de maneio.

Nas empresas comerciais, tendo por exemplo o ano de 2005 como referência, verifica-se que os resultados operacionais representam cerca de 25% das necessidades de fundo de maneio, enquanto que nas empresas prestadoras de serviços tal rácio é de cerca de 43%. Assim, considera- se que esta situação é uma condicionante para o desenvolvimento dos negócios, sobretudo nas empresas de maior cariz comercial e, simultaneamente, que dificulta a existência de guerras de