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Variáveis e técnicas estatísticas utilizadas

3. O DESEMPENHO FINANCEIRO NO SECTOR DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO

3.2 M ETODOLOGIA DE I NVESTIGAÇÃO

3.2.3 Variáveis e técnicas estatísticas utilizadas

Para a análise e validação das hipóteses de investigação anteriormente consideradas, proceder-se- á à utilização de diversas variáveis e técnicas estatísticas, que a seguir se descrevem.

- A importância dos contextos competitivos

Dimensões utilizadas para a identificação dos grupos estratégicos

Conforme anteriormente referido relativamente a esta hipótese, proceder-se-á à constituição de grupos estratégicos tendo como base duas dimensões: grau de diversificação - quais os negócios em que as empresas actuam – e de integração vertical - que actividades as empresas realizam internamente.

Para o efeito, as variáveis e as estatísticas a utilizar são as seguintes:

Quadro 22: Variáveis e estatísticas a utilizar na construção dos grupos estratégicos

Variáveis Técnicas Estatísticas

Integração vertical:

- Peso do VAB no VN: VAB / VN

Diversificação de negócios:

- Peso do hardware no VN: VN hardware / VN

- Peso do software no VN: VN software / VN - Peso dos serviços no VN: VN serviços / VN

Análise de Clusters

(Utilização de vários métodos: average linkage, complet linkage, ward, single

linkage e centróide)

Deste modo, pretende-se através da variável explicativa da estratégia de integração vertical, verificar o posicionamento na cadeia de valor e se o foco da actividade de cada empresa é a comercialização ou a produção.

Seleccionou-se o VAB, uma vez que maiores margens face aos fornecimentos de terceiros (custo das mercadorias vendidas e matérias consumidas e fornecimentos e serviços externos), implicam normalmente maior dedicação à actividade de produção, em prejuízo da simples comercialização e maior criação de valor em função da singularidade da oferta. Para se corrigir o efeito de diferentes dimensões das empresas, ponderar-se-á o indicador pelo montante do volume de negócios, dando-nos uma perspectiva de valor acrescentado em percentagem.

A opção pela dimensão da integração vertical, segue outros trabalhos como, por exemplo, Hunt (1972), Newman (1973 e 1978), Galbraith e Schendel (1983), McGuee e Thomas (1986) e Curto (1993).

Por outro lado, Harrigan (1984), chama a atenção de que a integração vertical deveria ser avaliada considerando as operações da cadeia de valor realizadas internamente e o peso do seu

volume de negócios no total da actividade das empresas. Tal procedimento, foi seguido por diversos autores ao longo dos anos. Contudo, o objectivo não é medir o grau de internalização das actividades da cadeia de valor por parte de cada empresa, mas sim observar em que nível da cadeia as empresas se posicionam tendencialmente, identificando a sua capacidade para desenvolver as actividades mais relacionadas com a produção (e por isso com maior valor acrescentado), em prol da simples comercialização e suporte ao cliente.

Por isso, as eventuais fragilidades apontadas por Harrigan (1986) a este indicador, nomeadamente a possibilidade de as actividades com maior margem comercial poderem gerar valores superiores de VAB, enviesando o grau de integração vertical, não se colocam no nosso estudo. Isto porque, maiores margens significarão um maior grau de diferenciação associado a posicionamentos nas actividades com maiores exigências de produção e consequentemente, de maior valor acrescentado. Para além disso, esta medida foi também utilizada em diferentes estudos empíricos sobre a relação entre a integração vertical e o desempenho financeiro, como são os casos dos trabalhos realizados por Adelman (1955), Buzzel (1983), Maddigan e Zaima (1985), Curto (1993) e Bamiro et al (2009).

Figura 11: Tendência do VAB nas diferentes actividades da cadeia de valor

Assim, se os produtos forem o resultado quase exclusivo da produção própria, o indicador VAB irá ter um valor mais elevado; se a actividade se centrar apenas na comercialização de produtos de terceiros terá, em contrapartida, um valor mais reduzido.

No que diz respeito, às variáveis explicativas da estratégia de diversificação de negócios, estas seguem a forma de identificação usual destas empresas por parte das diferentes entidades

Assemblers de HW Revendedores de HW e SW Produtores de SW Corporate Dealers (Vendem com assistência) Integradores (Vendem com serviços de integração) Consultores (desenvolvem soluções à medida)

Foco no produto Foco nos serviços

Formadores de HW e

SW

especializadas do sector das tecnologias de informação, relativamente à orientação da actividade para os três negócios que constituem o sector.

Convém referir, que a estratégia de diversificação de negócios tem sido também utilizada com frequência em trabalhos sobre grupos estratégicos (por exemplo, Hunt, 1972; Rumelt, 1974 e 1977; Barata, 1996).

Para determinar o grau de diversificação das empresas, para além das categorias definidas por Rumelt (1974) já referidas anteriormente e que é um dos métodos mais utilizados nesta área de investigação (Montgomery, 1994), existem outras medidas compostas por índices, traduzidos num único indicador, designadamente, o Herfindal Índex e o índice de entropia (Sambharya, 2000). Porém, o objectivo era identificar claramente a opção estratégica de cada empresa relativamente aos negócios onde exerce preferencialmente a sua actividade (hardware, software e serviços), ficando com a possibilidade de verificar eventuais diferenças de desempenho financeiro decorrentes da atractividade dos seus diferentes contextos competitivos.

Assim, ao cruzar-se a informação relativa à estratégia de diversificação de negócios com a estratégia de integração vertical, está-se em condições de identificar as empresas que mais se assemelham em termos de posicionamento na cadeia de valor da indústria. Por exemplo, duas empresas podem dedicar-se à venda de softwares. No entanto, uma é revendedora e outra é produtora. Deste modo, embora estando presentes no mesmo negócio, situam-se em níveis diferentes na cadeia de valor, implicando estratégias e recursos bastante distintos.

As fontes de informação utilizadas, foram o ranking anual publicado pela revista Semana Informática, relativo ao exercício de 2006 e a base de dados SABI, observando-se igualmente os valores de 2004 e 2005 de modo a confirmar eventuais valores anormais. A análise de diferentes fontes e de vários períodos económicos, permitiu-nos validar a coerência dos dados económicos recolhidos.

Finalmente, no que respeita à estatística a utilizar, optou-se pela análise de clusters e pela realização de vários testes, por forma a compararem-se os diferentes resultados e verificar-se a sua respectiva robustez, tal como aconselhado por Reis (2000).

O desempenho financeiro entre grupos estratégicos

Para a análise das diferenças de desempenho financeiro entre grupos estratégicos, foi essencial definir a respectiva variável de avaliação. Como tal, optou-se pela adaptação do conceito de rendibilidade supranormal referido por Neves (2000b), já anteriormente referido.

Os indicadores mais utilizados actualmente para a medição do desempenho financeiro são o

return on investment (ROI), o economic value added (EVA®) e o resultado residual (Nilsson e Olve, 2001). Assim, o conceito de rendibilidade supranormal utilizado no trabalho, teve como referência as bases destes indicadores.

De acordo com a demonstração realizada no que se refere à lógica de criação de valor integrada no ponto 1.7.2 sobre a avaliação do desempenho financeiro, foi possível verificar que os valores dos indicadores EVA® e resultado residual, estavam interligados com a relação entre a rendibilidade gerada pela actividade (ROI) e o custo do capital (WACC). Na figura seguinte, pretende-se apresentar a relação entre o resultado residual (RR) e o ROI.

Figura 12: Relação entre o resultado residual e o ROI

Assim, conclui-se que o valor do resultado residual está directamente relacionado com a rendibilidade gerada, sendo positivo ou negativo consoante a rendibilidade da actividade seja superior ou inferior ao custo de financiamento dos investimentos necessários.

Nesta sequência de ideias, o conceito utilizado de Rendibilidade Supranormal baseou-se na capacidade de cada empresa criar valor face aos restantes competidores. Deste modo, considera- se que uma empresa cria valor se for capaz de gerar uma rendibilidade superior à rendibilidade média da amostra.

RR = ( ROI – WACC ) x Activo Líquido

Rendibilidade gerada na actividade Investimento na actividade Custo do capital investido na actividade Valor criado na

actividade

Embora os indicadores EVA® e resultado residual apresentem vantagens na avaliação do desempenho financeiro face ao cálculo tradicional do ROI, optou-se pelo conceito de rendibilidade supranormal (que continua a medir a capacidade de criação de valor, mas através de resultados percentuais) em virtude da complexidade de cálculo do custo médio ponderado do capital para todas as empresas. O seu valor é função dos custos financeiros exigidos pelos passivos remunerados e da rendibilidade esperada pelos proprietários.

Se, no caso do custo do passivo remunerado, é relativamente fácil de calcular (uma das formas é dividir os custos financeiros pelos valores dos passivos remunerados), já no que respeita ao custo do capital próprio (rendibilidade esperada pelos proprietários) de empresas não cotadas, a subjectividade é muito grande.

Existem várias formas de calcular: assumir um prémio de risco sobre o custo dos credores financeiros, considerar a rendibilidade dos capitais próprios média do sector ou questionar os diferentes proprietários sobre a remuneração a exigir dos capitais investidos (Neves, 2002). Qualquer uma destas possibilidades, não apresenta garantias de identificar um valor correcto e são vistas apenas como alternativas (Damodaran, 2005).

Outro problema associado ao EVA® e ao resultado residual, diz respeito ao facto de os seus resultados serem em valores absolutos e, portanto, poderem ser condicionados pelo efeito da dimensão das empresas. Assim, é possível existirem análises menos correctas aquando da comparação da capacidade de criação de valor de diferentes empresas, conforme se evidencia nos seguintes exemplos. Empresa A Empresa B - Resultado operacional = 100.000€ - Activo líquido = 1.000.000€ - WACC = 5% - Resultado operacional = 50.000€ - Activo líquido = 500.000€ - WACC = 5% Resultado residual = 100.000 – 1.000.000 x 5% = 50.000 Resultado residual = 50.000 – 500.000 x 5% = 25.000 ROI = 100.000 / 1.000.000 = 10% ROI = 50.000 / 500.000 = 10%

Como tal, optou-se pela rendibilidade supranormal, neste caso, baseada na capacidade das empresas para criarem valor face aos restantes competidores presentes na amostra. Assim, uma empresa que apresente um ROI inferior ao resultado médio da amostra, significa que não está a

conseguir gerar uma rendibilidade, através da sua actividade, no mínimo idêntica ao valor médio do conjunto estudado de empresas. Saliente-se, que o ROI foi determinado de acordo com a sua fórmula tradicional que utiliza os valores dos resultados operacionais e do activo líquido, obtidos directamente das demonstrações financeiras das empresas.

Quadro 23: Variáveis e estatísticas a utilizar na hipótese 1

Variáveis Estatísticas

Rendibilidade Supranormal (RS):

- RS = ROI empresa – ROI médio da amostra Com ROI = Resultados Operacionais (RO) / Activo Líquido (AL)

Análise de Variância de K médias

(Utilização dos testes ANOVA, Kruskal Wallis e de comparação

múltipla)

Quanto às estatísticas a utilizar, pretendem verificar se existem diferenças de desempenho financeiro entre os grupos estratégicos definidos, recorrendo aos testes ANOVA ou Kruskal Wallis, caso não se verifiquem os pressupostos do primeiro (normalidade e homogeneidade das variâncias). Finalmente, os testes de comparações múltiplas irão evidenciar quais os grupos onde se constatam essas diferenças de desempenho financeiro.

Em relação às fontes de informação utilizadas para recolher os dados relativos à rendibilidade, também foram os rankings anuais publicados pela revista Semana Informática, relativos aos exercícios de 2004, 2005 e 2006 e a base de dados SABI (Sistema de Análise de Balanços Ibéricos). Porém, utilizou-se apenas os valores de 2006 para a realização das estatísticas, isto porque representavam os dados económicos e financeiros com data mais idêntica ao período de recolha dos dados organizacionais (anos de 2007 e 2008). Face à dinâmica das actividades destas empresas e aos valores atípicos de 2004 e 2005 derivados da grave crise económica internacional, se se utilizasse os valores relativos ao triénio, poder-se-ia estar a deturpar os resultados da análise, visto que facilmente se obteriam valores de rendibilidades menos ajustados às estratégias observadas no decorrer da investigação.

Barreiras de mobilidade e desempenho financeiro

Hipótese 2: Os grupos estratégicos com empresas mais inovadoras e qualificadas apresentam melhor desempenho financeiro.

A formulação da presente hipótese teve por base, conforme referido anteriormente que a capacidade de inovação e de qualidade, assenta fundamentalmente no acesso aos recursos

humanos qualificados, tornando tal facto, como uma importante barreira de mobilidade, admitindo-se, assim, que os grupos estratégicos com empresas mais inovadoras e qualificadas, onde os recursos humanos têm maior importância na actividade, apresentam melhor desempenho financeiro.

Há portante a necessidade de quantificar os índices de inovação e qualidade em cada empresa, bem como a importância dos seus recursos humanos. Neste sentido, serão utilizadas as variáveis e estatísticas a seguir descritas.

Quadro 24: Variáveis e estatísticas a utilizar na hipótese 2

Variáveis Estatísticas

- Grau de inovação (GIN) escala: 1. Não desenvolve produtos

2. Inovação adaptativa 3. Inovação incremental

4. Inovação de ruptura por via da casa mãe internacional 5. Inovação de ruptura

6. Prémios de inovação nacionais 7. Prémios de inovação internacionais - Grau de qualidade (GQ) escala: - Qualidade da oferta:

1. Certificações de nível inferior 2. Certificações de nível intermédio 3. Certificações de nível superior 4. Certificações integrais

- Qualidade dos processos desenvolvidos: 5. Melhores práticas operacionais via casa mãe internacional

6. Certificação de qualidade ISO 9001

7. Certificações de processos de desenvolvimento - Reconhecimento da qualidade:

8. Prémios dos parceiros tecnológicos

9. Prémios aos produtos desenvolvidos pela casa mãe 10. Prémios nacionais a processos e produtos

11. Prémios internacionais a processos e produtos 12. Prémios nacionais de qualidade atribuídos à empresa 13. Prémios internacionais de qualidade atribuídos à empresa

Análise de Variância de K médias

(Utilização dos testes ANOVA, Kruskal Wallis e de comparação múltipla)

Importância dos recursos humanos (IRH):

- IRH = Custos com pessoal / Volume de negócios

Valor unitário dos recursos humanos (VURH):

- VURH = Custos com pessoal / nº colaboradores

Análise de Variância de K médias

(Utilização dos testes ANOVA, Kruskal Wallis e de comparação múltipla)

No que diz respeito às variáveis representativas das estratégias de criação de vantagens competitivas, há que referir:

- Grau de inovação: a escala elaborada teve por base os conceitos de inovação referidos por Freire (2000) e a nomenclatura utilizada na grelha de pontuação das candidaturas aos incentivos comunitários no âmbito do Sistema de Incentivos à Inovação constante no Quadro de Referência Estratégico (QREN). Assim, o conceito de inovação adaptativa inclui a cópia de produtos já existentes; a inovação incremental incorpora pequenas melhorias nas funcionalidades dos produtos existentes; a inovação de ruptura implica a mudança do conceito dos produtos disponíveis no mercado (QREN, 2009). É de frisar, que a escala final foi aferida junto de 2 investigadores e dos 4 decisores entrevistados;

- Grau de qualidade: a escala elaborada teve igualmente por base, a opinião de 4 decisores entrevistados, bem como a validação de 3 especialistas na área da qualidade (2 investigadores académicos e 1 responsável pelo serviço de qualidade de uma empresa do sector das tecnologias de informação). Assim, a escala definida, tem em primeiro lugar consideração pelo nível de complexidade dos requisitos de cada tipo de certificação. Por exemplo, a certificação da qualidade da oferta está dependente em grande medida das capacidades individuais dos colaboradores que vão realizando testes nos principais parceiros tecnológicos, de forma a aumentarem o nível de responsabilidade nos produtos que a empresa oferece (venda – assistência – implementação – desenvolvimento).

Quanto às certificações dos processos internos desenvolvidos, como é o caso da certificação dos sistemas de gestão ISO 9001 envolvendo todos os processos desde a concepção até à assistência pós-venda, já exige um empenhamento de toda a organização, sendo fundamental a participação de todos os níveis hierárquicos e áreas funcionais; em simultâneo, existem ainda outras certificações diferenciadoras como é o caso do IQNET, que certifica a empresa como uma entidade que realiza a avaliação do desempenho organizacional em todas as áreas, e da CMMI (Capability Maturity Model Integration), exigida por diversas entidades internacionais como a NASA e o Ministério da Defesa Americano, aos seus fornecedores de tecnologias de informação, que distinguem claramente os players que pretendem estar nos segmentos de mercado mais sofisticados e exigentes ao nível das competências técnicas e científicas.

Finalmente, o nível mais elevado de qualidade, destina-se às empresas que viram os seus produtos, processos ou a sua actividade global, ser reconhecida por entidades externas, subindo a escala à medida da importância do prémio (produtos versus empresa e prémios nacionais versus internacionais de referência mundial).

Para evidenciar a importância dos recursos humanos pretende-se utilizar duas variáveis (IRH e VURH) que visam, a primeira, medir o peso dos recursos humanos na actividade e, a segunda, identificar o seu valor para a empresa, pois a um maior valor unitário médio corresponderá, certamente, a uma maior qualificação.

A título de exemplo, os perfis mais procurados pelas empresas de tecnologias de informação nos cargos de chefia são: account manager, business development manager, sales manager e channel

manager, exigindo-se conhecimentos profundos sobre determinados tipos de clientes, como por exemplo, a banca e outras instituições financeiras, indústria e a administração pública; nas áreas mais técnicas procuram-se sobretudo technical account managers e engenheiros de desenvolvimento e integração de software, de business intelligence e de tecnologias de comunicações como ADSL, optical e IP (eWeek, 2007).

Deste modo, pode-se constatar que todos os perfis estão muito interligados ao conhecimento, tanto ao nível do saber científico, como do saber fazer, reflectido na experiência prática de uso de diferentes tecnologias e de interacção com as equipas de trabalho e com o mercado, o que evidencia uma vez mais a importância, nesta área de negócios, do acesso aos recursos humanos com as competências necessárias.

Relativamente às estatísticas a utilizar, a análise de variância de k médias e os testes de comparações múltiplas, pretendem evidenciar as diferenças existentes entre os grupos, no que respeita à importância dos recursos humanos na actividade e à forma de diferenciação da oferta. Assim, pretende-se mostrar que os grupos com maior capacidade de diferenciação (níveis de qualidade e de inovação) são os que deverão ter maiores investimentos nos seus recursos humanos.

Quanto às fontes de informação relativas às variáveis representativas da qualidade e da inovação, temos a destacar as seguintes:

- Listagens de prémios anuais, constantes nas revistas da especialidade, como são os casos da Semana Informática e da VDI, e prémios anuais concedidos pelo IAPMEI e pela COTEC que se encontram descritos nos respectivos sites;

- Inquéritos realizados por e-mail ou via telefónica às empresas, cuja informação não era satisfatória. As questões colocadas incidiam sobre certificações obtidas, tipo de inovações realizadas e prémios recebidos.

A rivalidade inter e intra grupos estratégicos e o desempenho financeiro

Hipótese 3: Nos grupos estratégicos o desempenho financeiro é mais condicionado pela rivalidade intra-grupos do que pela rivalidade inter-grupos.

Nesta hipótese de investigação, pretende-se verificar, essencialmente, se a variação do desempenho financeiro é mais explicada pelas diferenças entre grupos ou intra grupos. Se, de facto, a explicação das diferenças de desempenho financeiro for maior entre grupos, significa que haverá um menor nível de rivalidade dentro de cada grupo e maior entre grupos. Por outro lado, se a variabilidade do desempenho financeiro residir fundamentalmente dentro dos grupos, então significa que é a rivalidade entre as empresas mais semelhantes que condiciona verdadeiramente o desempenho financeiro.

Para validar esta hipótese, ir-se-á utilizar o indicador de desempenho financeiro anteriormente referido (rendibilidade supranormal).

Quanto às estatísticas, ir-se-á recorrer ao método Hierarquical Linear Model (Hofmann, 1997). Esta técnica estatística, pretende evidenciar o grau de explicação de uma determinada variável através dos efeitos entre grupos e dentro dos grupos (Bryk e Raudenbush, 1992), sendo muito utilizada em estudos sobre educação, de modo a perceber-se se o desempenho escolar dos alunos varia em função das escolas que frequentam - variação entre grupos - ou das turmas onde assistem às aulas - variação dentro dos grupos (Burstein, 1980).

Quadro 25: Variáveis e estatísticas a utilizar na hipótese 3

Variáveis Estatísticas

Rendibilidade Supranormal (RS) definida

na hipótese 1 (modelo estatístico de 2 níveis) Hierarchical Linear Model

A identidade dos grupos estratégicos e o desempenho financeiro

H4: A heterogeneidade dentro dos grupos estratégicos, incrementa a rivalidade e reduz o desempenho financeiro.

Para averiguar o impacto da heterogeneidade entre empresas de um mesmo grupo estratégico, na intensidade da rivalidade e, consequentemente, no desempenho financeiro, ir-se-á realizar a comparação das médias das distâncias euclidianas ao quadrado (medida que evidencia a distância de cada membro, face aos restantes membros do grupo nas variáveis estratégicas analisadas) de cada grupo estratégico, de modo a comprovar-se que os grupos com pior desempenho são aqueles em que há maior variação de posicionamentos ao nível das estratégias de diversificação de negócios e de integração vertical, o que significa uma menor identidade e maiores possibilidades de confrontos com recursos diferentes, gerando guerras de preços e quebras nos índices de rendibilidade potenciais (Lawless e Anderson, 1996). Deste modo, é esperado que os grupos com pior desempenho financeiro sejam aqueles onde há maior rivalidade interna e maiores ameaças de