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2. CARACTERIZAÇÃO DO SECTOR DAS TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO 1 I NTRODUÇÃO

2.4 O S ECTOR DAS T ECNOLOGIAS DE I NFORMAÇÃO A N ÍVEL M UNDIAL

2.4.2 A Oferta Mundial

De acordo com o Eurostat (2006), e com base nos dados do final de exercício de 2005, as maiores empresas mundiais do sector, ordenadas segundo o volume de negócios na área de tecnologias de informação, eram as seguintes (quadro 4).

Quadro 4: Maiores empresas de tecnologias de informação em 2005

Fonte: Eurostat, 2006

Constata-se, assim, que as sete primeiras empresas são americanas. Ainda segundo o EITO (2007), as empresas com origem na Europa Ocidental e no Japão apenas são responsáveis por um terço da oferta mundial.

Tal situação, segundo este observatório, deve-se em grande medida, ao facto de ser nos EUA que se dão as maiores inovações nas doutrinas de gestão e nas tecnologias, sendo por isso um mercado muito atractivo e agressivo. Assim, as empresas locais adquirem um know-how único que lhes permite internacionalizarem-se com grande facilidade.

Todavia, segundo o EITO (2007), era previsto que a oferta se expandiria para os mercados emergentes da América do Sul e da Ásia / Pacífico em virtude de que os grandes players do sector poderiam por em prática o conhecimento adquirido em projectos anteriores nas organizações desses países, beneficiando do crescimento económico e da liberalização de sectores até agora excessivamente protegidos.

Na Europa, o sector das tecnologias de informação, já possuía em 2005 um VAB de 150 biliões de euros e empregava 2,5 milhões de pessoas. Estes valores, significam 3,1% e 2,1%

respectivamente, dos totais da economia europeia sem considerarmos, as actividades financeiras (Eurostat, 2006).

Tendo como referência o peso do valor acrescentado bruto e o volume de emprego criado pelo sector das tecnologias de informação, relativamente aos totais nacionais, verificava-se que o Reino Unido, a Suécia, a Irlanda e a Finlândia apresentavam valores de VAB superiores a 3%, enquanto os países Bálticos, Chipre, Polónia, Bulgária e Portugal apresentavam os índices mais baixos de VAB e número de pessoas empregadas, provavelmente pela sua actividade ter um maior peso na comercialização.

Gráfico 8: Peso do sector das tecnologias de informação nas economias europeias em 2005

Fonte: Alajaasko, 2006b

No entanto, se se analisar os competidores pela sua quota no mercado europeu, verifica-se que para além do Reino Unido e da Suécia, há outros países que se destacam pela dimensão dos seus sectores nacionais das tecnologias de informação, designadamente, a Alemanha, França e Itália, observando-se que os 7 principais países representavam 86% do volume total de negócios.

Gráfico 9: Peso de cada país no volume de negócios europeu do sector de tecnologias de informação em 2005

Fonte: Alajaasko, 2006b

Considerando a estrutura nacional do sector, um estudo da Universidade Católica (2001) mostra que em 17 países europeus, existe uma correlação negativa muito forte (-0,79) entre a quota de mercado de hardware e a de serviços. Ou seja, quanto maior for o peso do hardware nos diferentes sectores nacionais, menor é a intensidade com que as empresas procuram a aquisição de serviços na área das tecnologias de informação. Assim, com base na informação sobre o peso dos três negócios que constituem o sector, identificaram-se clusters de países, conforme quadro seguinte.

Quadro 5: Clusters de países de acordo com a estrutura dos sectores nacionais de TI

Clusters Países

Cluster A: Hardware: quota média

Software: quota reduzida Serviços: quota elevada

Áustria, Dinamarca, Finlândia, Noruega, Espanha e Suécia

Cluster B:

Hardware: quota média

Software: quota elevada Serviços: quota média

Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Holanda, Suiça e Grã-Bretanha

Cluster C:

Hardware: quota reduzida

Software: quota média Serviços: quota elevada

França e Itália

Cluster D

Hardware: quota elevada

Software: quota reduzida Serviços: quota reduzida

Segundo Alajaasko (2006b), relativamente à dimensão das empresas, verifica-se que as PME’s (empresas com menos de 250 colaboradores) têm uma importância vital no sector europeu. A título de exemplo, apresenta-se a oferta de tecnologias de informação considerando a dimensão das empresas de 9 países europeus em 2005, constatando-se que em 6 desses países o seu peso variava entre os 77% e os 100%. Já em economias de maior dimensão, como o Reino Unido e a Espanha, o peso das PME’s não era tão acentuado.

Gráfico 10: Volume de negócios por dimensão das empresas

EE – Estónia EL – Grécia ES – Espanha LV – Letónia PL – Polónia SI – Eslovénia SE – Suécia UK – Reino Unido RO – Roménia EE – Estónia EL – Grécia ES – Espanha LV – Letónia PL – Polónia SI – Eslovénia SE – Suécia UK – Reino Unido RO – Roménia Fonte: Alajaasko, 2006b

De referir, ainda, o papel preponderante que as tecnologias irão ter nos processos de trabalho do sector e na diferenciação junto do mercado e que conduzirão, certamente, a um ajustamento da oferta, conforme a seguir descrito.

Cada vez mais, o cliente irá pretender soluções à medida das suas necessidades, o que obviamente, altera o modo das empresas actuarem. A internet representa uma porta para mercados antes inacessíveis, bem como um veículo para estreitar cada vez mais as relações cliente - fornecedor. Através da denominada rede, o contacto é muito intenso facilitando a comunicação e a velocidade nas trocas comerciais.

Por outro lado, o cliente torna-se participante em todo o processo operacional, desde a fase da concepção à entrega do serviço final, podendo inserir novos inputs em qualquer momento (Eiglier, Langeard, 1999). Assim, há uma verdadeira relação de parceria e uma maior partilha do

risco. Este, irá ser, sem dúvida, o caminho a seguir pelas empresas que aspirem ao sucesso no futuro próximo. A este propósito, a Comissão Europeia no seu relatório de 2006 denominado “Information Society Benchmarking Report” vem chamar a atenção para as inúmeras oportunidades associadas ao desenvolvimento da internet no mercado europeu:

− E-commerce: o comércio electrónico já representava em 2004, cerca de 9,2% do total de vendas realizadas pelas empresas da Europa dos 15. Em 2003, essa percentagem rondava os 5,9%. Para além disso, 89% das grandes empresas e 57% das PME’s já possuíam site institucional nesse momento;

− E-business: a automatização dos processos de negócio (utilização de ERP, SCM e CRM) tem sofrido também uma evolução positiva ao longo dos anos. A utlização destes sistemas de informação está resumida no gráfico seguinte:

Gráfico 11: Utilização de ERP/SCM/CRM nas empresas europeias (2005)

Fonte: Comissão Europeia, 2006

Os sectores de actividade com maiores investimentos nesta área das tecnologias de informação são: a aeronáutica, a construção automóvel, os serviços de tecnologias de informação e a industria farmacêutica. Em sentido contrário, os sectores de actividade com menores índices de crescimento são, os têxteis, a construção civil e a indústria alimentar;

− E-government: o esforço de desburocratização das entidades públicas nos diversos países da União Europeia tem sido enorme, reflectindo-se numa taxa de serviços públicos on-line a rondar os 43% já em 2004. Cerca de 90% dos utilizadores destes serviços, declararam uma maior rapidez de resposta e uma maior flexibilidade por parte dos serviços públicos. De acordo com estes valores, há ainda muito a fazer para automatizar e optimizar a resposta dos serviços públicos às necessidades dos cidadãos.

A importância da internet no desenvolvimento do sector das tecnologias de informação, pode ser comprovada pelo crescimento das exportações desta área de negócios, representando já cerca de 20% do total das vendas das empresas europeias. Esta realidade, está relacionada com o maior acesso à informação pelos diferentes mercados e com as melhores condições de acompanhamento à distância dos projectos pelos fornecedores. Para além disso, a legislação comunitária tem melhorado a protecção da propriedade intelectual e das patentes de software, favorecendo a disseminação das marcas pelos vários países (Eurostat, 2006).

A par da internet, a verdadeira revolução que se está a dar nas tecnologias de mobilidade e de comunicações de voz, dados e imagem, irá também criar inúmeras oportunidades ao sector. De facto, estas novas tecnologias, permitem-nos comunicar em qualquer momento e de qualquer lado, a custos cada vez mais baixos, eliminando as restrições de tempo e de distância. Por isso, a convergência entre as tecnologias de informação e de comunicação está a gerar uma inovação permanente, com um enorme impacto no meio empresarial, seja através de uma maior capacidade de gestão dos recursos, de monitorização dos actores do negócio e consequentemente, de uma maior capacidade de decisão, seja através do redimensionamento das empresas a uma escala global (Comissão Europeia, 2006).