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Caracterização da aliança logística

SUMÁRIO

2 Aliança logística entre hospitais

2.3 Caracterização da aliança logística

Bowersox (1990) apresenta que a aliança logística visa uma forma inovadora dos membros misturarem suas operações para obter benefícios mútuos, tendo como características específicas: traçar objetivos comuns para desenvolver fluxos de materiais e informações mais ágeis e flexíveis; há necessidade de confiança, cooperação, partilha de benefícios e riscos; a relação tende a durar de cinco anos a mais, e muitas funcionam de maneira informal, sendo mais comum de ocorrer com a atividade de transporte e compras.

O autor aborda que nas alianças logísticas os membros geralmente assumem maior risco através de um acordo que pedem uma punição, como a redução automática da receita, quando o desempenho é inferior ao especificado. Por outro lado, tendem a incluir recompensas para um desempenho superior, como um percentual maior de ganho, quando o compromisso é realizado como o combinado.

Bagchi e Virum (1996) caracterizam as alianças logísticas como relações estreitas de ganha-ganha, que permanecem independentes organizacionalmente, podem ser formal ou informal; de longo prazo, onde os membros cooperam entre si para desenvolverem soluções logísticas e obterem melhores resultados competitivos.

Gentry (1996) determina como requisitos para as alianças logísticas o compromisso de longo prazo, compartilhamento de informações (operacionais, táticas e estratégicas), com comunicação transparente, relação de cooperação visando à melhoria contínua, partilha de riscos e benefícios.

Stank e Daugherty (1997) argumentam que relações de aliança logística se caracterizam sob cinco dimensões chave: primeira assistência, os aliados se relacionam de forma a ajudar uns aos outros além de um nível mínimo de conduta e operações básica de mercado; segunda continuidade, os aliados se relacionam durante longos períodos sem data para finalizar a aliança logística; terceira flexibilidade, os aliados são flexíveis perante solicitações imprevistas de ajustes na relação; quarta intercâmbio de informações, a troca de informações são elevadas, inclui previsão e planejamento de longo prazo; e quinta

monitoramento, os aliados se fiscalizam e comprometem a assegurar desempenho ganha- ganha durante a execução da aliança logística. Os autores acrescentam que esse tipo de relacionamento se constrói em longo prazo, sendo fundamental entre os membros a confiança e o planejamento integrado colaborativo para obtenção de bons resultados e sucesso futuro.

Segundo Kopczak (1997), as alianças logísticas se caracterizam por reestruturarem sua cadeia de suprimento, que são mudanças significativas na sua estrutura, tais como: mudança na estrutura do armazém (número de camadas, depósitos, eliminação de pontos de estocagem etc.); transferência de atividades entre os níveis; redistribuição de estoque entre as camadas; mudanças significativas na rede de transporte, pontos de consolidação, de papéis e responsabilidades entre os membros envolvidos na aliança logística.

Moore (1998) salienta que as alianças logísticas são caracterizadas pelo grande compartilhamento de informações, e são diferenciadas porque muitos membros envolvidos são de diferentes extremidades da cadeia de valor. Os elementos importantes para que dêem certo é a confiança e o relacionamento de compromisso ganha-ganha. O compromisso e a eficácia do relacionamento são influenciados mais por resultados negativos associados aos conflitos do que por resultados positivos associados à confiança. Destaca que o intercâmbio de informação e comunicação estratégicas e operacionais é fundamental para o bom desempenho e união das alianças logísticas, o que deve contribuir para um menor nível de conflito, e quanto maior a troca de informação, maior dever ser a confiança e o compromisso.

O autor aborda alguns aspectos-chave de uma aliança logística, tais como: ter um relacionamento de longo prazo em vez de curto com orientação transacional, o que exige compromisso entre os membros; exibir comportamentos de cooperação entre as partes, o que envolve partilha mútua de informações, benefícios e riscos; conhecer os requisitos da área de logística dos parceiros, pois os detalhes de uma aliança logística podem variar muito dependendo deles.

De acordo Bhatnagar e Viswanathan (2000), as alianças logísticas podem ser caracterizadas por possuir uma visão de longo prazo, ser realizadas por meio de um contrato comercial em que as partes buscam contribuir para os fatores críticos de sucesso um do outro, beneficiar da sinergia e competências do trabalho em conjunto, resultando em melhor custo, qualidade e prestação de serviço ao cliente. Outra característica é a concentração em um relacionamento contínuo ao invés de uma série de transações individuais, o que gera um alto grau de dependência e estimula ainda mais a cooperação. Para ser considerada como uma aliança logística, o relacionamento deve produzir custos-benefícios para os membros

envolvidos, e utilizar a competência de cada um para melhorar a posição competitiva ou seu desempenho perante o mercado.

No Quadro 2, Ying e Yan-Ping (2007) apresentam as características de alianças logísticas e parceria tradicional de logística, para auxiliar na diferenciação e compreensão de expectativas e objetivos dos futuros aliados.

Pontos de comparação Aliança logística Parceria tradicional de logística

Serviços logísticos Adaptado ao parceiro Não adaptado ao parceiro Relacionamento Cooperação ganha-ganha Zero a zero ou ganha-perde Seleção do parceiro Avaliação com base no desempenho em longo

prazo, performance e habilidade.

Princípio competitivo com base no preço.

Gestão da capacidade logística Cooperativo Independente Duração da parceria Manter a parceria o maior tempo possível

(longo prazo)

De 1 ano a 2 anos

Gestão da parceria Entre departamentos multifuncionais Apenas um departamento funcional Informação e comunicação Participativo e com clareza. Fechado sem participação

Quadro 2: Comparação das características de aliança logística e parceria tradicional de logística Fonte: Ying; Yan-Ping (2007, p. 948)

Observa-se que na aliança logística o serviço logístico é adaptado ao parceiro, com relacionamento de cooperação ganha-ganha, seleção do parceiro com base em seu desempenho e habilidades, gestão da capacidade logística de forma cooperativa no longo prazo, com auxílio e integração dos departamentos multifuncionais, a informação e comunicação é clara e participativa. Enquanto na parceria ou relacionamento tradicional da logística é o inverso, visa o benefício próprio sem preocupar se o parceiro esta sendo prejudicado.

Huang et al. (2011) destacam como características das alianças logísticas, desenvolver objetivos e metas comuns com relação de longo prazo, mais com independência organizacional, partilha de recursos tangíveis e intangíveis, bem como riscos e benefícios, com foco em um relacionamento ganha-ganha.

Schmoltzi e Wallenburg (2012) abordam dois aspectos importantes que determinam uma aliança logística, que são: compromisso de cooperação - representa o estágio mais elevado de ligação relacional, que visa manter um relacionamento valorizado, devido a benefícios positivos esperados no futuro ou a identificação com objetivos e valores coletivos; e a eficácia da cooperação - refere-se a mensurar o sucesso da parceria em relação aos resultados obtidos e os objetivos definidos.

2.3.1 Caracterização da aliança logística entre hospitais

As alianças hospitalares ocorrerem com mais frequência entre hospitais que possuem objetivos comuns, para obter benefícios, competências e recursos que não conseguiriam sozinhos (CHU; CHIANG, 2013; CLEMENT et al., 1997; ZUCKERMAN; ANNUNO, 1990). Essas alianças podem ser horizontais, que são acordos entre hospitais do mesmo nível de complexidade, e verticais que são acordos entre hospitais de diferentes níveis de complexidade (BURNS et al., 2000).

Cardwell e Bolon (1996) apresentam como características da aliança hospitalar a adesão seletiva, que visa adicionar valor para cada hospital, ou seja, cada membro contribuirá com algum serviço ou recurso especial para tornar o relacionamento mais forte. Se essa seleção for eficaz, pode posicionar o hospital no centro de uma rede integrada de saúde em que a aliança ou a rede menor, é maior do que a soma das partes, o que vem proporcionar oportunidades de sinergia e partilha de riscos em um ambiente tão turbulento como o da saúde.

Segundo Leatt e Barnsley (1994), há seis características que marcam a estrutura das alianças hospitalares, destacando-a como um arranjo flexível: (1) coordenação: os serviços e programas de saúde podem variar de intensidade dependendo da situação, por exemplo, um sistema de encaminhamento entre os hospitais para pacientes que necessitam de procedimentos específicos, depois de realizado pode necessitar de pouco contato ou coordenação; (2) formalização: pode exigir contratos legais ou pelo menos um acordo por escrito, ou mecanismos informais que podem ser realizado com um aperto de mão ou um acordo verbal entre pessoas envolvidas; (3) risco: como em qualquer organização há riscos, tendo variação para o sucesso ou o fracasso da articulação dos processos, serviços e programas de saúde, que estão à mercê do mercado e políticas públicas de regulamentação da saúde. Os membros ponderam e partilham esses riscos e benefícios; (4) obrigações: pode variar dependendo dos diferentes recursos que as organizações podem oferecer e compartilhar (exemplo, recursos financeiros, humano, espaço, tempo e tecnologia). Alianças entre instituições com diferentes ou complementares recursos, podem ser melhor e mais atraente; (5) assimetria: pode haver mais envolvimento e contribuições de alguns parceiros do que de outros, os motivos são os mais variados (tamanhos das organizações, recursos disponibilizados, comprometimento com os objetivos comuns, valores etc.). Tal assimetria pode gerar consequencias desiguais, como resultar na dominância de uma ou mais organizações, uma distribuição desigual de poder e controle sobre as operações da aliança

hospitalar; (6) centralidade: os acordos variam conforme a importância que a organização de a sua missão. Quanto mais centralizado no empreendimento for à organização, mais se fazem necessários acordos formalizados e maiores os riscos.

Novotny, Donahue e Bhalla (2004) salientam que as alianças hospitalares são arranjos mais flexíveis, com governança bilateral, variação de grau de formalização em que as partes tomam sobre si compromissos recíprocos. Morrissey (2014) reforça que este tipo de relação permite o hospital unir forças sem perder sua governança e a administração de suas próprias operações permanentes.

Apesar de não encontrar uma ampla gama de autores que apresentem características que determinem as alianças hospitalares, é possível verificar que existe certo grau de estruturação, coordenação e governança que a diferencie de outros tipos de arranjos organizacionais, sendo um relacionamento mais flexível. A literatura pesquisada não tratou ou utilizou o termo especificamente das características de uma aliança logística entre hospitais, mas como o relacionamento foca na união ou partilha de recursos, capacidades, competências, benefícios e riscos, consequentemente de forma indireta vai influenciar no sistema logístico do hospital.