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Sistematização das características, motivos, facilitadores, benefícios e dificuldades da aliança logística entre hospitais

D I D D 4) Acesso e partilha de tecnologias modernas

3) Comunicação de forma clara e eficiente

5.5 Análise para identificação de contribuições aos quadros teóricos sistematizados

5.5.1 Sistematização das características, motivos, facilitadores, benefícios e dificuldades da aliança logística entre hospitais

As características identificadas nas Alianças logísticas A1, A2, B1, B2, C1, C2, D1, D2, E1, F1 e G1 e G2 preenchem quase todas as características sistematizadas no quadro referencial teórico (Quadro 26). Um dos fatores pelas quais as relações não listaram todas as características de alianças logísticas entre hospitais, talvez seja pelo fato de não possuírem uma visão estratégica, de inovação e diferenciação para agregação de valor aos serviços prestados perante o mercado, como no ambiente empresarial que predomina concorrência acirrada.

Neste contexto, e pelas características sistematizadas de alianças logísticas entre hospitais vistas como não obrigatórias, por não terem sido encontradas na literatura pesquisada de aliança hospitalar, mas mantidas para ampliar o leque de análise diante dos estudos de caso, podem ser excluídas, sendo: obtenção de resultados competitivos; planejamento e operação integrada da aliança logística; monitoramento e controle integrado da aliança logística; e conhecimento das necessidades e requisitos da área de logística do aliado. Mantendo assim, as características que se destacaram na realidade das alianças logísticas estudadas, que são:

 relação de cooperação ganha-ganha;

 relação de longo prazo (acima de dois anos);

 definição de objetivos comuns (formal ou informal);  partilha de recursos tangíveis e intangíveis;

 compartilhamento de informações que influencie o desempenho do sistema logístico;

 relação de confiança;

 grau de dependência baixo à médio;

 atividades logísticas comuns de partilha que influencie o fluxo de materiais e informações; e

 seleção do aliado por meio da análise de desempenho, competências e recursos. O fato das alianças logísticas entre hospitais não possuírem uma visão estratégica competitiva como no ambiente empresarial, também pode afetar os motivos para desenvolver uma aliança logística e os benefícios obtidos com a relação. Ao comparar os quadros referenciais teóricos sistematizados de motivação (Quadro 27) e de benefícios (Quadro 29) com as respostas dos hospitais, verifica-se que a literatura aborda um número maior de motivos para o desenvolvimento da aliança logística e de benefícios, do que os ‘Declarados’ ou ‘Identificados’ nos estudos de caso.

Os motivos listados de forma ‘Declarado’ ou ‘Identificado’por todas as alianças logísticas, independente do foco de atendimento e atividade logística de partilha, foram: agregar valor e maior qualidade aos serviços prestados; reduzir custos; e obter agilidade e flexibilidade nas atividades logísticas. Os hospitais acrescentaram dois motivos que não foram encontrados na literatura pesquisada, que são: contribuir com a saúde e bem estar do paciente (Alianças logísticas A1, E1, F1, G1 e G2); e evitar perda de materiais médicos e medicamentos (Alianças logísticas B1, C1, E1, F1, G1 e G2). Analisando-se pelo foco do atendimento, todas as alianças logísticas dos hospitais que visam o atendimento público salientam dois motivos a mais que as dos hospitais privados: obter recursos complementares ou específicos; e superar barreiras econômicas, legais e políticas governamentais. Isso pode se explicar pelo fato de possuírem carências de investimentos financeiros e por serem regidos por diversas leis de normatização e gestão, tais como a Lei No 8080/1990 e a Lei No 8.666/1993.

Com base nessas análises e argumentações, sugerem-se a princípio manter os motivos sistematizados de alianças logísticas entre hospitais que impulsionem questões operacionais, estruturais, financeiras e legais, por retratar mais a realidade e necessidade dessas instituições, tais como:

 obter recursos complementares e específicos;

 agregar valor e maior qualidade aos serviços prestados;  reduzir custos;

 obter agilidade e flexibilidade nas atividades logísticas;

 superar barreiras econômicas e políticas governamentais/legais;  contribuir com a saúde e bem estar do paciente; e

 evitar perdas de materiais médicos e medicamentos.

Quanto aos benefícios sistematizados de aliança logística entre hospitais (Quadro 29), identifica-se como visível e contribuição ao panorama dessas relações, a permanecer como proposta de análises, os ganhos: benefícios financeiros – redução de custos, ganhos em negociações, investimentos etc.; agregação de valor e melhoria no nível de desempenho do serviço prestado; obtenção da eficiência e eficácia das variáveis da missão da logística (quantidade, lugar, tempo, qualidade e custo); partilha de recursos tangíveis e intangíveis; e redução das barreiras comerciais e legais.

A quantidade de facilitadores para o desenvolvimento das alianças logísticas citados pelos estudos de caso, também foi menor se comparada aos sistematizados da literatura (Quadro 28). Sendo somente assinalado por todas as alianças logísticas pesquisadas, o facilitador de definição e declaração de objetivos comuns. Analisando-se pelo foco de atendimento, todas as alianças logísticas com foco privado acrescentaram compartilhamento de informações operacionais a estratégicas. Já as alianças logísticas com foco público mencionaram: confiança; história de trabalho em conjunto e boa reputação; e conhecer a região e contexto que cada membro está inserido.

As Alianças logísticas A1, B1, C1, D1, E1, F1e G2, que promovem a atividade logística comum de empréstimos, trocas e consignações de materiais médicos e medicamentos, salientaram que um dos principais facilitadores (não encontrado na literatura pesquisada) é a proximidade geográfica entre os membros. Por facilitar em termos de agilidade e flexibilidade de quantidade, movimentação e obtenção do item.

Apesar dos facilitadores sistematizados no Quadro 19 não terem sido mencionados por todas as alianças logísticas dos estudos de caso (Quadro 28), estes devem ser considerados de maneira reflexiva durante o desenvolvimento de uma aliança logística, independentemente do foco ser operacional, tático ou estratégico. Porque os facilitadores do quadro referencial teórico sistematizado podem proporcionar uma visão holística, integrada e harmoniosa ao relacionamento, logo melhor desempenho e resultados aos parceiros.

Quanto às dificuldades para desenvolvimento das alianças logísticas entre hospitais, dos catorze listados na sistematização da literatura (Quadro 21) nenhum foi identificado pelos

hospitais pesquisados de forma ‘Declarada’, por acreditarem que as alianças logísticas estão funcionando bem. Mas foram ‘Identificadas’ três dificuldades, que são (Quadro 30): falta de apoio governamental efetivo para todas as alianças logísticas (foco de atendimento público e privado); e para as alianças logísticas que os hospitais possuem foco de atendimento público, as Leis No 8.666/1993 e No 8.080/1990.

Sabe-se que a Lei No 8.666/1993, burocratiza, engessa e impossibilita o desenvolvimento de qualquer tipo de relacionamento dos hospitais públicos com fornecedores, que ultrapassem há um ano, e a formalização de alianças com outros hospitais, por exemplo, para partilha de investimentos e processos de licitações para compra conjunta. Com ressalva aos prestadores de serviço (por exemplo: segurança, limpeza e higiene, sistemas/softwares de informação e gestão), que são licitados por um ano e renováveis anualmente por até quatro anos, com atualizações do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). Os Hospitais F e G salientam a necessidade da Lei ser revista pelo governo, para possibilitar o desenvolvimento e utilização de novos métodos e estratégias, para adaptar e obter melhorias contínuas em seus processos organizacionais e de gestão.

Perante essas argumentações e a falta de visualização de dificuldades, pode-se deduzir que isso ocorre porque hospitais pesquisados e o governo, não tratam as alianças logísticas sob um viés estratégico competitivo e de inovações como no ambiente empresarial, que busca a todo o momento melhoria contínua e agregação de valor aos produtos e serviços. As alianças logísticas são consideradas de forma operacional tendendo a táticas, por ser operações de apoio dentro do ambiente hospitalar. Se esta forma de visualizar passar à estratégica, há a possibilidade de obter mais benefícios (organizacionais, infraestrutura, tecnologia, investimentos etc.) e gerar dificuldades ou desafios a serem estudados, por envolver maior investimento, frequência de participação e interação entre os membros da aliança logística.

Neste sentido, sugere-se que sejam considerados durante a formação e desenvolvimento da aliança logística entre hospitais as dificuldades que afetam a integração e a transparência da relação, que são: confiança; comunicação de forma clara e eficiente; cultura organizacional diferente; compromisso com os aliados; Lei No 8.666/1993; Lei No 8.080/1990; e falta de apoio governamental efetivo. Acredita-se que estas dificuldades se não planejadas de forma a serem minimizadas ou eliminadas, podem levar ao fracasso ou ao baixo desempenho da aliança logística entre hospitais.

Os quadros referenciais teóricos sistematizados de caracteríticas, motivos, facilitadores, benefícios e dificuldades de aliança logística entre hospitais comparados com as respostas dos estudos de caso, permitem concentrar nos fatores que mais influenciam no bom desempenho desse tipo de relacionamento, consequentemente, auxilia os gestores nas tomadas de decisões e gestão da aliança logística entre hospitais de forma mais eficiente.