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Justificativa e contribuições do trabalho

SUMÁRIO

6 Considerações finais

1.3 Justificativa e contribuições do trabalho

Apesar de uma história relativamente longa de pesquisas sobre alianças logísticas, estas estão repletas de ambiguidades e dilemas, além de ter poucos estudos empíricos que

apresentem sua frequência de relacionamento, motivação e formas de gestão, devido à dificuldade de obtenção de informações. Existem muitas empresas que desenvolvem alianças informalmente, e assim não tem uma maneira sistemática para estudá-las quantitativamente, não há um viés para examinar as mais proeminentes ou as falidas, pois não tem informações facilmente disponíveis e padronizadas (DODOUROVA, 2009).

Kale e Singh (2009) destacam a importância dos estudiosos despertarem para a necessidade de pesquisar como gerenciar as alianças logísticas de forma a desfrutar de um maior e repetido grau de sucesso. A literatura até o momento não tem focado especificamente nas ações combinadas entre os paradigmas motivacionais e a gestão holística da aliança, e muito raramente em uma perspectiva de ciclo de vida completa deste tipo de relacionamento (LOWENSBERG, 2010).

Segundo Das e Kumar (2011), um percentual elevado de alianças fracassam, talvez devido ao uso inadequado de estratégias de gestão, de quão dispostos estão os parceiros para se ajustarem e evoluírem suas estratégias ao longo do tempo de desenvolvimento da aliança. O que são fatores importantes para o bom desempenho de qualquer aliança estratégica, mas recebem atenção fragmentada na literatura.

Daugherty (2011) sugere que o modelo atual de aliança logística pode estar incompleto, impossibilitando monitorar a viabilidade e vitalidade do relacionamento em longo prazo. Jianmim (2010) salienta que há pouco estudo empírico sobre os mecanismos de preparação, formação e desenvolvimento da aliança logística.

De acordo com Brekalo, Albers e Delfmann (2013), a relevância e reconhecimento das alianças logísticas estão a crescer devido à globalização, os avanços em tecnologias da informação, a acirrada concorrência e a redução do tempo de processamento de atendimento dos pedidos. Mas nem todas as alianças logísticas são bem sucedidas, apesar de serem estudadas por mais de duas décadas em uma variedade de aspectos e fatores, há um percentual alto de falhas que não são totalmente explicadas. Existem necessidades de estudos de capacidade de gestão, estratégias e organização da aliança.

Sharma e Choudhury (2014) abordam que apesar da aliança logística gerar inovações e resultados bem sucedidos aos parceiros envolvidos, a maioria dos membros não consegue chegar ao ponto de inovação, pois seus relacionamentos não evoluem para uma aliança estratégica integrada da logística. É necessário compreender esses relacionamentos e como é realizada sua gestão, para isso é necessário desenvolver estudos empíricos e mais específicos.

No setor hospitalar o tema alianças entre hospitais possui carências de investigação e estudos empíricos, especialmente sobre a prática concreta do relacionamento, como se formam, estruturam, gerem seus acordos e avaliam seus desempenhos (McCUE; CLEMENT; LUKE, 1999; SONG, 1995; VAVALA, 1994). Raramente, a prática para mudança e implementação de alianças hospitalares são baseadas em teorias e desenvolvidas com planejamento formal de curto, médio e longo prazo, para adaptação e melhoria contínua dos processos, o que dificulta os feedbacks e análises dos resultados, por não ter dados e informações documentados para comparação (SCOTT; THURSTON, 2004).

Yarbrough e Powers (2006) relatam que faltam estudos empíricos no setor hospitalar, para melhor compreender as motivações e gestão das alianças nessas organizações.

Burns e Lee (2008) salientam que a utilização de alianças pelos hospitais é um tema pouco explorado por essas instituições. Segundo os autores uma das razões pode ser que a gestão de aliança tem sido considerada mais tática do que estratégica, deixada para os gestores de nível hierárquico mais baixo, que não possuem poder de decisão. Ou ainda, pelos hospitais considerarem esse tema da área da pesquisa de operações, logística ou engenharia industrial, não sendo da competência e relevância do seu objetivo central. O que não é válido, porque se a instituição quer atingir seu objetivo central, prestar um serviço com melhor desempenho e agregação de valor aos seus usuários internos e externos, precisa inovar, utilizar métodos, técnicas e formas de gestão que auxilie a reduzir custos, reestruturar o trabalho, aumentar a qualidade, flexibilidade e agilidade nos fluxos de materiais e informações, independente da área ou setor que pertence ou predomina (BURNS; LEE, 2008; CONRAD; SHORTELL, 1996; LANGABEER II, 2008).

Rotter et al. (2012) abordam que muitos dos pressupostos utilizados para o planejamento de alianças hospitalares não são apresentados de forma clara e muitas vezes são baseados em evidências cientificas limitadas ou pobres. As pesquisas existentes não buscam compreender em detalhes como é o relacionamento dessas alianças nesse setor e como são geridas.

Neste contexto, afigura-se útil e valioso considerar pesquisas como essa, que contribuam com o desenvolvimento de novas perspectivas de planejamento e operação na literatura de aliança estratégica, sendo este trabalho com recorte a área de logística, para melhor detalhar e aprofundar sobre este tipo de relacionamento nos fluxos de materiais, medicamentos e informações, e sua rotina na gestão hospitalar.

Vale ressaltar que dado o grau de importância dos hospitais para o bem estar e saúde da população, as várias carências de gestão, escassez de recursos tangíveis e intangíveis que estão ao seu envolto, além dos benefícios que o desenvolvimento de alianças entre hospitais podem proporcionar a este ambiente, justifica-se investir na realização de estudos para discutir e ampliar o conhecimento sobre alianças na logística hospitalar, visando aumentar a eficiência e o desempenho dos fluxos de materiais, medicamentos e informações a favor dos pacientes.

A maioria dos estudos relatados na literatura de aliança logística e aliança entre hospitais são de países desenvolvidos, existem poucos estudos de países em desenvolvimento como o Brasil, o que também justifica a pesquisa e sua contribuição acadêmica e prática.

A literatura da área hospitalar apresentou que não há grandes avanços para compreensão das alianças logísticas entre hospitais, o que alavanca as contribuições da presente tese que sistematizou quadros referenciais teóricos e empíricos para um maior conhecimento e orientação no planejamento e operação de alianças logísticas. Desta forma, visou-se contribuir com o corpo de conhecimento de aliança logística e mais especificamente a aliança logística entre hospitais, buscando-se suprir algumas lacunas acadêmicas do setor, tais como: principais características, motivadores, facilitadores, benefícios, dificuldades, e detalhes de planejamento e operação desses relacionamentos no ambiente hospitalar.

No ambiente empírico o estudo apresenta uma sequência de forma simples e didática, para apoiar os gestores a identificar fatores, processos e procedimentos que influenciem no bom desempenho da aliança logística entre hospitais sob um viés mais estratégico.

O estudo espera servir de referencial para discussão sobre alianças logísticas entre hospitais e potencializar uma ação conjunta entre hospitais, empresas, governo e universidades, em prol de uma melhor gestão das unidades e do sistema de saúde como um todo, e uma melhor prestação de serviço à população.