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Parte III Relatório Final de Prática de Ensino Supervisionada

7. Prática de Ensino Supervisionada

7.3. Caracterização da Classe

7.3.1. Professor cooperante

Mónica Sousa Reis iniciou os estudos musicais na Academia de Música de Paços de Brandão. É licenciada em música pela Universidade de Aveiro no ano de 2015. Em 2016, concluiu uma pós-graduação em órgão pelo Conservatório Superior de Música de Castilla Y León e no ano seguinte tornou-se mestre em Ensino de Música pela Universidade de Aveiro.

Tendo obtido formação em canto, integrou diversos grupos corais e frequentou cursos de aperfeiçoamento no âmbito da música antiga, em órgão e direção coral.

137 Participou no Coro Génesis de Gaia como membro suplente e no Coro CiRAC em Paços de Brandão, onde integrou a participação anual do “Festival de Música de Verão”; participou no concurso “Citta” di Rimini 2018 em Itália, alcançando o 4º lugar da categoria associada; participou no “Concurso Internacional dos Coros de Freamunde”, no “Encontro de Coros Ibéricos”, em “Faro-Participación”, no “CiRAC Fashion” e no “Musical José e o Deslumbrante Manto de Mil Cores” apresentado no Coliseu do Porto.

Exerceu a sua atividade profissional na área da docência de órgão em AMAR, Rio Meão, Santa Maria da Feira e na Tuna Musical da Anta em Espinho no ano de 2014. Em 2016, exerceu a função de professora de órgão no Conservatório de Música de Guimarães. No âmbito do seu projeto “Viagem à Fragilândia” concretizado em 2017 com uma parceria com o professor Paulo Maria Rodrigues, fez uma apresentação no simpósio Encludança no Funchal, na Universidade de Motricidade Humana em Lisboa e na conferência Includlt em Leiria. Em março de 2018, embarcou numa viagem de cinco meses pela América Latina numa missão de voluntariado, usando a música como um efeito especial na vida das pessoas envolvidas.

Neste momento, leciona a disciplina de órgão no Conservatório de Música da Jobra, no Orfeão de Leiria e na Academia de Música de Vale de Cambra.

7.3.2. Caracterização dos alunos e grupo de orquestra de cordas

No Plano Anual de Formação, foram atribuídos dois alunos de níveis diferentes para a prática assistida – um do 3º grau e outro do 5º – e dois para a prática coadjuvada – um do 1º grau e outro do 3º – assim como um grupo de música de conjunto – Orquestra de Cordas.

Dentro da componente da prática coadjuvada, um dos alunos foi escolhido para desenvolver o projeto educativo a implementar. O projeto foi formalmente apresentado à direção pedagógica e ao encarregado de educação a partir de uma carta redigida, a fim de obter autorização e permissão para prosseguir com o trabalho. As informações pessoais requeridas por parte dos alunos foram extraídas de um questionário feito aos mesmos

138 intitulado Ficha Individual do Aluno (Anexo XIII no final da dissertação e respostas em anexos V-VIII em formato digital).

De seguida, apresenta-se a caracterização dos alunos mencionados, que visa a informação pessoal e o perfil organístico do aluno.

Alunos de coadjuvação letiva

Aluno A

O aluno A tem 10 anos de idade e frequenta o 1º grau do Curso Básico de Órgão, em regime articulado no CMJ. Iniciou os estudos musicais com 10 anos no CMJ, não tendo frequentado outras escolas anteriormente. É natural de Albergaria-a-Velha, onde atualmente frequenta os estudos do ensino regular, encontrando-se no 5º ano de escolaridade. As aulas são ministradas na sala de órgão no horário das 17h10, com tempo estimado de 45 minutos. Teve o primeiro contacto com a música na instituição referida sob a orientação da professora Mónica Reis. Quando realizou a inscrição, a primeira opção na área do instrumento era percussão, mas, efetivamente, as vagas excederam o limite, pelo que optou por escolher o órgão como instrumento principal.

É um aluno com capacidades e muito interessado pelo instrumento. Inicialmente, foi complicado estabelecer hábitos de estudo regulares com uma duração definida, mas estes foram posteriormente melhorados ao longo do ano.

Tem facilidade na leitura e memorização das peças, mas a fraca postura e tensão das mãos, dos dedos e dos pulsos influenciaram a evolução e a aprendizagem no instrumento. Estes fatores são verificados sobretudo a nível técnico, respetivamente, na execução das escalas e arpejos, onde os dedos permanecem “quebrados” e não redondos, assim como faz descair o pulso ao nível das teclas. Como consequência disto, é notória a tensão dos músculos face à execução dos elementos técnicos.

No domínio da performance e sentido musical, o aluno demonstra algumas dificuldades, nomeadamente em respeitar determinadas indicações existentes na partitura

139 – dedilhação, articulação e ritmo – aspetos que devem ser aperfeiçoados e estão dependentes do estudo individual. Em algumas aulas, o aluno não se apresenta com o material necessário, nomeadamente as partituras de estudo, causando retrocessos no trabalho contínuo das peças.

O projeto educativo cursado, desenvolvido e implementado com o presente aluno

teve início a 20 de fevereiro de 2019. Uma vez que o projeto recai sobre a introdução à

aprendizagem da técnica de pedaleira, o mesmo foi aplicado ao aluno apresentava os requisitos essenciais. Assim, no ano letivo de 2018/2019 recebeu os primeiros ensinamentos de órgão, pressupondo que não teve contacto com a pedaleira anteriormente. O aluno teve sempre uma atitude cordial comigo e correspondeu às minhas solicitações, no que respeita à implementação e execução dos exercícios integrais do projeto.

Em relação aos hábitos de estudo, o aluno dispõe de um instrumento em casa, é capaz de estudar sozinho, aproximadamente 30 minutos às quartas-feiras. Costuma iniciar o estudo pelas peças, começando sempre do princípio. A técnica por vezes não realiza e quando a pratica costuma ser no final do estudo. Nos tempos livres, gosta de jogar futebol e de jogos de playstation.

Aluno B

O aluno B tem 12 anos de idade e frequenta o 3º grau do Curso Básico de Órgão, em regime articulado no CMJ. Ingressou na classe de órgão com 9 anos de idade, não tendo frequentado outro tipo de escola anteriormente. É residente na freguesia da Branca, Albergaria-a-Velha, onde neste momento frequenta a escola de ensino regular EB 2, 3 da Branca, no 7º ano de escolaridade. Estuda órgão há cerca de 3 anos e teve contacto com dois professores, sendo que a docente atual é a professora Mónica Reis, contando com várias participações em audições de órgão. As aulas são ministradas na sala de órgão no horário das 16h20, com tempo estimado de 45 minutos. O aluno demonstra gosto pelo instrumento, embora a mãe seja um pilar no incentivo para a continuação dos estudos da música e do órgão.

140 É um aluno interessado e empenhado nas tarefas solicitadas, porém no domínio técnico demonstre pouca destreza na mão direita e na mão esquerda, face à velocidade na execução das escalas e arpejos. A coordenação das mãos é uma componente onde apresenta muitas dificuldades, sobretudo no ataque das notas na junção das duas mãos, na técnica e em determinadas passagens das peças. Tem uma ótima leitura e facilidade em executar as frases rítmicas e melódicas, e ao longo do ano evidenciou uma melhoria na expressividade e interpretação musical. Tem boa capacidade de memorização e é capaz de diferenciar o caráter das obras.

O aluno dispõe de um instrumento em casa, revela hábitos de estudo regulares em casa e é inteiramente autónoma no estudo. Como o nível de estudos exige a prática da pedaleira, o aluno dispõe de um horário na sala de órgão para poder usufruir da pedaleira. Estuda duas a três vezes por semana, normalmente às terças, quartas e quintas-feiras, cerca de 50 minutos, com o auxílio do metrónomo. Nos tempos livres, gosta de cantar, dançar e praticar natação.

Alunos da prática pedagógica observada

Aluno T

O aluno T tem 12 anos de idade e frequenta o 3º grau do Curso Básico de Órgão, em regime articulado no CMJ. Reside em Canelas, concelho de Estarreja e frequenta os estudos regulares na escola de ensino regular EB 2, 3 da Branca, no 7º ano de escolaridade. Ingressou na classe de órgão com 9 anos de idade sem ter frequentado outras escolas anteriormente. Escolheu o órgão como instrumento principal, descrevendo-o como um instrumento bonito pela sua estética e pelo timbre. Estuda órgão há cerca de três anos e teve, até então, dois professores, sendo que a docente atual é a professora Mónica Reis. As aulas são ministradas na sala de órgão no horário das 15h20, com tempo estimado de 45 minutos.

Ao nível das capacidades do domínio técnico, o aluno tem algumas limitações na destreza e coordenação das duas mãos na execução de escalas e arpejos, em exercícios

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standard de velocidade do tipo “Hanon”. A postura correta das mãos e dos pulsos não é

constante e, por vezes, aparenta criar tensão muscular. É muito musical não evidenciando dificuldades na compreensão dos aspetos estilísticos, como disso é o exemplo da articulação. Quanto à leitura, é razoável, embora não tenha alcançado o nível pretendido, pois habitualmente espera que a professora exemplifique para memorizar uma determinada passagem. A postura ao instrumento nem sempre é a mais adequada, impossibilitando o aperfeiçoamento dos aspetos de agilidade e independência motora ao nível das mãos e dos pés. Ao nível da interpretação musical, o aluno compreende bem os elementos expressivos, como a dinâmica e a execução do fraseado, e percebe os pontos de tensão e distensão das frases musicais. Contudo, quanto à articulação, o aluno tem alguma dificuldade em executar o non legato.

Em sala de aula, compreende as estratégias de trabalho, sendo capaz de as conceber e aplicar quer na aula, quer no estudo individual em casa.

Em relação aos hábitos de estudo, o aluno por norma pratica em casa, dispondo de um instrumento, assim como também estuda na sala de órgão do CMJ no horário definido para desenvolver a pedaleira. É completamente autónomo, realizando estudo de órgão individualmente, estudando todos os dias da semana, uma hora por dia. Em termos de organização, o aluno costuma abordar primeiro os exercícios de técnica (escalas e arpejos), seguindo depois pelas peças, quando estuda em casa. Quando estuda no conservatório, inicia pelos exercícios de pedal. Nos tempos livres, gosta de jogar futebol e ouvir música dentro do estilo de jazz e ensemble orquestra.

Aluno D

O aluno D tem 15 anos de idade e frequenta o 5º grau do Curso Básico de Órgão, em regime articulado no CMJ. Iniciou os seus estudos musicais aos 9 anos, tendo estudado com dois professores de órgão, sendo que neste momento exerce a prática instrumental com a professora Mónica Reis. Tem residência em Albergaria-a-Velha e frequenta os estudos regulares na escola de ensino regular EB 2, 3 da Branca, no 9º ano de escolaridade.

142 As aulas são ministradas na sala de órgão no horário das 14h30, com tempo estimado de 45 minutos.

O aluno apresenta-se com um diagnóstico especial caracterizado por autismo. Por este motivo, o aluno recebeu um plano de estudos com acompanhamento particular. Devido às imensas dificuldades, no início do ano letivo, a professora atribuiu-lhe um programa mais acessível e menos complexo do que consta no programa da disciplina, numa tentativa de preparar um programa de exame e, ao mesmo tempo, resolver alguns problemas técnico musicais existentes. Vive com pais separados, de modo que não consegue estabelecer hábitos naturais de estudo, embora consiga estudar duas horas por dia, de forma autónoma, como descreve na ficha individual do aluno. Ainda assim, parte dos objetivos propostos não foram completamente conseguidos, refletindo-se na avaliação final.

Apesar das particularidades que o aluno apresenta, revela capacidades na compreensão de determinados conteúdos a nível técnico, como é exemplo a estruturação das escalas e dos arpejos, embora não tenha total domínio físico. Quanto à leitura, o aluno evidencia muitos obstáculos, pois envolve não só a leitura das notas como a leitura rítmica. Não é capaz de estabelecer objetivos e organizar-se de forma autónoma, o que condiciona a evolução e progresso ao longo das aulas. A postura ao instrumento não é constante, os pulsos permanecem descaídos e os dedos esticados sobre as teclas, fatores que impedem a evolução da independência e agilidade digitais. Para a memorização e junção das mãos com os pés, geralmente o aluno necessita de bastante tempo para assimilar cada uma das partes.

Tem dificuldades em comunicar com o professor e em expressar-se, tanto que ao nível da expressividade musical (articulação, ornamentação e fraseado) o aluno não consegue realizar um trabalho mais detalhado, apesar de se encontrar num grau mais avançado.

Nos tempos livres, gosta de fazer atividades lúdicas e jogos, e gosta bastante de

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Música de conjunto - Orquestra de Cordas

O grupo de classe de conjunto atribuído a prática assistida foi a orquestra de cordas. É composto por alunos matriculados no curso de ensino profissional, que pretendem prosseguir os estudos de música a nível superior, e por alunos do conservatório de música. As idades dos alunos variam, e o elenco musical é composto por violinos naipe 1 e naipe 2, violas d´arco, violoncelos e contrabaixos, que têm desenvolvido a prática musical ministrada sob a orientação do professor e maestro André Granjo. A aula era ministrada no horário das 14h30, com tempo estimado de dois blocos de 45 minutos. Efetivamente a professora estagiária determinou que eu assistiria apenas a 45 minutos do tempo, de forma a poder presenciar a aula do aluno de órgão no horário das 15h20.

Ao nível das capacidades e dos resultados adquiridos ao longo das sessões, a afinação foi uma das componentes onde revelaram alguns problemas no alcance da qualidade sonora nas peças, embora os alunos do profissional tendessem a suportar a orquestra, por serem mais seguros nesse aspeto. Em termos de domínio técnico, geralmente demonstraram lacunas e dificuldades na assimilação e compreensão estilística, na interpretação de determinadas passagens e andamentos. A coordenação entre instrumentos também constituiu um dos elementos mais trabalhados nas aulas, assim como os elementos técnico-estilísticos, como a articulação, os pontos de tensão e distensão das frases e as dinâmicas executados pelas arcadas.

7.4. Critérios de avaliação, Objetivos e Programa Anual dos Alunos de Prática

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