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Anualmente são coletadas cerca de 374,6 mil toneladas de resíduos sólidos domiciliares em Curitiba, segundo a média dos últimos 5 anos. Isso equivale a uma geração diária de pouco mais de 1027 toneladas. A geração per capita é de aproximadamente 0,59kg.hab-1.dia-1, no mesmo período (PAES, 2007, IBGE, 2007).

De acordo com Walsh (2002), no processo de planejamento da gestão de resíduos sólidos, é fundamental compreender o processo histórico da geração desses resíduos. Para

analisar a evolução histórica da geração de resíduos domiciliares e de outras características relevantes da cidade de Curitiba, a tabela 15 foi organizada.

Tabela 15 – Dados históricos relevantes ao processo de geração de resíduos sólidos domiciliares em Curitiba.

ANO 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001

Geração total de RSD (ton) 272.846 316.466 347.154 360.297 362.083 365.183 378.981 Geração per capita (Kg/hab.dia) 0,518 0,587 0,633 0,633 0,648 0,630 0,641 Coleta Seletiva (ton) 11.109 14.874 18.540 21.580 21.862 17.828 17.983 População (hab) 1.442.501 1.476.253 1.503.268 1.558.790 1.530.777 1.587.315 1.620.219 PIB total Curitiba (preços 2005) R$ 17.337 R$ 19.411 R$ 22.688 R$ 22.663 R$ 24.630 R$ 25.051

Inflação (IPCA) 9,5 8,77 5,87 0,77 10,59 7,57 7,9

ANO 2002 2003 2004 2005 2006 2007

Geração total de RSD (ton) 378.620 352.302 358.546 369.452 390.429 402.257 Geração per capita (Kg/hab.dia) 0,631 0,578 0,569 0,576 0,598 0,613 Coleta Seletiva (ton) 18.233 12.370 10.944 9.686 13.324 15.354 População (hab) 1.644.600 1.671.194 1.727.010 1.757.904 1.788.556 1.797.408 PIB total Curitiba (preços 2005) R$ 27.138 R$ 25.960 R$ 29.884 R$ 29.821

Inflação (IPCA) 12,66 7,33 9,44 4,79 2,5 2,98

Fontes: IBGE, 2007; IPARDES, 2008; IPPUC, 2007; PAES, 2007

Em grandes cidades brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, os dados referentes a produção de resíduos sólidos domiciliares mostram que a geração de resíduos tem crescido continuamente ao longo dos últimos anos, em muitos casos em níveis alarmantes (AZEVEDO, 2001). Em Curitiba, a produção total de resíduos sólidos domiciliares tem atingido valores cada vez mais altos ao longo dos anos de 1990 a 2007. A geração anual mais que dobrou: em 1990 a produção total foi de 188.629 toneladas, e em 2007 foi a maior da história, ultrapassando 400.000 toneladas. Nesse mesmo período, a taxa de geração per capita dos resíduos sólidos domiciliares também aumentou passando de 0,402 kg.hab-¹.dia-¹ em 1990 para 0,613 kg.hab-¹.dia-¹ (Figura 5).

Figura 5 – Evolução histórica da geração total e per capita de RSD em Curitiba. Fonte: Paes, 2007; IBGE/IPARDES, 2008.

A geração per capita de RSD em Curitiba é consideravelmente baixa em relação à média brasileira (0,95 kg.hab-¹.dia-¹), e tem quase metade do valor que se esperaria para uma cidade desse porte populacional (1,16 kg.hab-¹.dia-¹), segundo IBGE (2002). O crescimento anual da geração per capita dos resíduos sólidos domiciliares foi de 2,66% em média entre 1990 e 2007, mas foi bastante variável durante o período. A partir de 1997 a geração per capita adquiriu certa estabilidade, mantendo-se próximo aos 0,6 kg.hab-¹.dia-¹ até os dias atuais.

Em relação à geração total de resíduos sólidos domiciliares, crescimento da geração anual entre 1990 e 2007 foi bastante variável, sendo que a média do período foi de 4,71% ao ano. De 1990 a 2001 a geração total cresceu continuamente, em 2002 e 2003 houve declínio na quantidade de RSD gerada, mas a partir de 2004 a geração tornou a crescer. O crescimento mais acentuado ocorreu no período de 1993 a 1998, sendo quando a média foi de 10,3% ao ano.

Segundo Daskalopoulos et al. (1998), a quantidade de resíduos domiciliares gerados em uma cidade é afetada diretamente pelo crescimento populacional, visto que quanto mais pessoas, mais resíduos são produzidos. Mas esse não é o único fator que influencia a geração de resíduos. No Brasil, entre 1989 e 2000 a geração de resíduos sólidos urbanos cresceu muito mais do que a população no mesmo período (IBGE, 2002).

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Figura 6 – Comparativo da Evolução da Geração total de RSD com o crescimento Populacional.

O crescimento mais acelerado ocorreu logo após 1994, ano em que foi criado o plano real e houve declínio considerável dos índices inflacionários. Com exceção dos anos 2002 e 2003, o crescimento da geração total de resíduos foi continuamente positivo entre 1990 e 2007 (Figura 6). No ano de 2002, a quantidade de RSD gerada manteve-se praticamente estável em relação ao ano anterior, e no ano de 2003 houve um notável declínio da produção de resíduos domiciliares. Em comparação com a evolução do PIB da cidade, é possível notar que o ano de 2003 não foi um bom ano para a economia da cidade, e houve um decréscimo considerável do PIB total em relação ao ano anterior, o que não ocorreu em nenhum dos outros anos verificados (Figura 7). Analisando a evolução do índice de preços IPCAe (IBGE, 2007) ao longo da última década, constata-se que a inflação em Curitiba atingiu seu pico no ano de 2002, o que pode significar que no início de 2003 os produtos e serviços na cidade estavam bem mais caros em relação ao ano anterior. Essas evidências podem sugerir que o decréscimo do poder de compra da população naquele ano pode ter causado um impacto de redução na produção total de resíduos sólidos domiciliares em Curitiba. Segundo Sokka et al. (2007) e Medina et al. (1997), muito do crescimento na produção de resíduos sólidos domiciliares pode ser atribuído ao crescimento do PIB.

Figura 7 – Comparativo da Evolução da Geração total de RSD com a evolução do PIB total de Curitiba.

Segundo Parizeau et al. (2006), no gerenciamento de resíduos sólidos urbanos, é necessário conhecer as características do lixo gerado pela população. O conhecimento do perfil dos resíduos gerados é um fator primordial no planejamento da gestão dos resíduos sólidos urbanos, na consideração de investimentos em coleta, tratamento, disposição final e no desenvolvimento de programas de gestão. A composição dos resíduos sólidos urbanos de Curitiba tem sido pouco estudada, e apenas recentemente um estudo de caracterização gravimétrica com bases científicas foi realizado (TAVARES, 2006).

Não foram encontrados dados com validade científica anteriores ao trabalho de Tavares (2006), relacionados à composição gravimétrica dos resíduos domiciliares em Curitiba. Segundo Daskalopoulos et al. (1998), a análise da evolução da composição dos resíduos ao longo dos anos pode ser útil à compreensão do processo de geração e ao gerenciamento. Para esse tipo de análise, é preciso haver mecanismos eficazes para coleta de dados da composição dos resíduos ao longo dos anos. Em cidades com dados históricos bem estruturados, é possível realizar análises detalhadas da evolução do perfil dos resíduos e compará-las com fatores tais como as mudanças nos hábitos de consumo e nos materiais utilizados nas embalagens. Alguns autores analisaram a variação da composição dos resíduos sólidos urbanos em cidades e regiões (WALSH, 2002; KOUFODIMOS e SAMARA, 2002), outros buscaram inclusive estimar a composição em anos futuros (DASKALOPOULOS et al., 1998).

A composição dos resíduos sólidos domiciliares de Curitiba (Figura 8) mostra que a porcentagem de resíduos recicláveis em relação ao total (potencial de reciclagem) é de 40,5% (PAES, 2007), sendo superior aos 30,8% de São Paulo e 38,4% do Rio de Janeiro (SANTOS,

2004). Em relação aos resíduos orgânicos, a porcentagem nos resíduos domiciliares de Curitiba (47,9%) é inferior aos dessas cidades (64,4% e 51,6% respectivamente).

Composição Relativ a dos Resíduos Sólidos Domiciliare s de Curitiba 5,7% 4,7% Plástico filme; 12,1% Outros; 11,6% Matéria Orgânica; 47,9% Papel/Papelão; 16,0% Metais 2%

Figura 8 – Composição Relativa dos Resíduos Domiciliares de Curitiba. Fonte: Tavares (2006)

Em Curitiba não é feita a compostagem dos resíduos orgânicos, como parte do processo de gerenciamento dos resíduos sólidos domiciliares (PAES, 2007). Por outro lado a cidade conta com programa de Coleta seletiva e Reciclagem desde 1990, tendo sido a cidade pioneira no Brasil a implantar programas desse tipo (PAES, 2007). Segundo CEMPRE (2000), a cidade de Curitiba reciclava, em 1999, em torno de 15% de seus resíduos, considerando a Coleta Seletiva Municipal e o trabalho dos catadores, um índice alto, mesmo comparado com países desenvolvidos. A figura 9 mostra a evolução da coleta seletiva em Curitiba a partir de 1990.

Figura 9 – Coleta Seletiva em Curitiba. Fonte: PAES, 2007

A evolução da quantidade de material reciclável coletada pelo programa de coleta seletiva em Curitiba mostra que desde a criação do programa até 1999, a quantidade de materiais coletados foi crescente ao longo dos anos. De 1999 a 2005 houve um considerável declínio da quantidade de materiais coletados (PAES, 2007).

De acordo com Tavares (2006) e Paes (2007), alguns dos motivos para o declínio na coleta seletiva em Curitiba podem ter sido: (1) o aumento do número de carrinheiros; (2) os contingentes populacionais migratórios provenientes de outras cidades e estados para Curitiba, atraídos pela industrialização do município, desacostumados com a separação dos resíduos recicláveis; (3) baixos investimentos no programa da coleta seletiva e consequëntemente na educação ambiental da população em relação à separação dos recicláveis. A partir de 2006, com o lançamento da nova campanha de educação para a separação do “lixo que não é lixo” pela prefeitura, a quantidade de materiais coletados tornou a aumentar.

Em relação a destinação dos resíduos sólidos domiciliares, até atualmente é utilizado o Aterro da Caximba (Figura 10). O aterro da Caximba é um aterro sanitário que recebe o lixo de Curitiba e Região Metropolitana há 17 anos e, há 5 anos foi detectado o seu esgotamento. Para o projeto do Aterro da Caximba foi adotado uma produção per capita média de lixo de 0.55 Kg.hab-1.dia-1, e uma abrangência variável do sistema de coleta de 75 a 90%, nos anos de

1988 a 2010 (PAES, 2007). De acordo com dados do Departamento de Limpeza Urbana de Curitiba, a capacidade aproximada de projeto do Aterro da Caximba inicialmente era de 3.239.500 toneladas (Fase I), e foi estimada uma vida útil aproximada de 11 anos e 5 meses para a população de Curitiba. Porém com a crescente geração em Curitiba e com o início da deposição de resíduos por municípios vizinhos, em 2002, a quantidade de resíduos atingiu 6.167.190,88 toneladas, e foi necessária uma ampliação (Fase II). Em 2004, novamente próximo ao esgotamento da capacidade, uma nova ampliação foi feita (Fase III).O esgotamento está previsto para 2008 (PAES, 2007).

Figura 10 – Aterro Sanitário da Caximba – Fases I e II. Fonte: Paes( 2007)

Em 2001, Curitiba e 14 municípios da região formaram um consórcio intermunicipal para escolher, por meio de licitação, uma empresa que seria responsável por licenciar, construir e operar o novo aterro. Devido a dificuldade na definição da área para construção do novo aterro, a licitação foi suspensa devido a uma série de entraves judiciais que questionavam os impactos ambientais do aterro. Atualmente o Consórcio Intermunicipal para Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos reúne 15 municípios da RMC. O consórcio ainda não decidiu o local para implantação do novo aterro. O edital de licitação para a contratação da empresa que vai tratar o lixo foi aprovado no final de 2007, e previa que a empresa contratada comece a operar em janeiro de 2009, fixando o valor máximo de R$ 73,00 por tonelada de lixo tratado, teto que não poderia ser ultrapassado pelas empresas interessadas. Porém, novos entraves judiciais em relação ao edital da licitação ocorreram, e o processo de licitação foi

novamente suspenso no início de março de 2008. O destino da construção do novo aterro passou então a ser definido por uma série de mandados judiciais e liminares. A vida útil do Aterro da Caximba está prevista para se esgotar até o final de 2008. Esse problema mostra as conseqüências da falta de planejamento a longo prazo no gerenciamento de resíduos sólidos urbanos (SILVA, 2008)14.

4.2 PROJEÇÃO DA PRODUÇÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS DOMICILIARES EM

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