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4 MODELO DE CENTRO DE REAPROVEITAMENTO PARA

4.6 CARACTERIZAÇÃO DA INFRAESTRUTURA NECESSÁRIA

A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE) utilizada pelos centros de reaproveitamento registrados pelo DETRAN-SP é a de número 4530-7/04: comércio a varejo de peças e acessórios usados para veículos automotores. O modelo proposto considera que as empresas do Distrito Federal, quando registradas, também terão essa CNAE.

A partir dela e das definições contidas no Projeto de Lei Complementar 79/ 2013 – Lei Complementar de Uso e Ocupação do Solo (LUOS) do DF –, que está em estágio de revisão na câmara legislativa, é possível identificar as onze opções de Unidades de Uso e Ocupação de Solo (UOS) nas quais o tipo de atividade dessa CNAE pode ser exercida. O Anexo A descreve cada uma delas.

Dessas onze possibilidades, devem ser priorizadas as CSII 1, 2 e 3, bem como as CSIInd 1 e 2, em virtude de permitirem comércio, prestação de serviço, institucional e industrial, sendo as três primeiras com proibição de residência e as duas últimas com previsão de áreas de oficinas e separação das áreas habitacionais.

Apesar de aparentar uma restrição, observa-se que existem unidades CSII 1, 2, 3 e/ou CSIInd 1 e 2, em todas as regiões administrativas abrangidas pela LUOS, com exceção do

96 Parkway e do Varjão. Sendo assim, o centro de reaproveitamento poderia se localizar em espaços específicos de: Águas Claras, Brazlândia, Ceilândia, Gama, Guará, Lago Norte, Lago Sul, Núcleo Bandeirante, Paranoá, Planaltina, Recanto das Emas, Riacho Fundo, Riacho Fundo II, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, SCIA, SIA, Sobradinho, Sobradinho II e Taguatinga.

4.6.2 Delimitação de Áreas da Infraestrutura

O tamanho do centro de reaproveitamento não é especificado, desde que ele atenda às exigências impostas. De acordo com a Lei 12.977/ 2014, para que o centro de reaproveitamento seja registrado ele precisa possuir infraestrutura de desmontagem de veículos isolada fisicamente de qualquer outra atividade. A Resolução CONTRAN 611/ 2016 obriga apenas uma área de recuperação de peças.

Na mesma direção, Cruz-Rivera (2008) diz que independentemente do tamanho ou do arranjo físico proposto para o centro de reaproveitamento, o essencial é que ele atenda às áreas de operação definidas para realização das atividades. Sendo assim, o modelo propõe algumas áreas, próximas às de Cruz-Rivera (2008) e bastante alinhadas às tarefas desempenhadas e aos estoques formados ao longo do processo de reaproveitamento.  Administrativo e Atendimento: área para desenvolvimento das funções administrativas

e comerciais, principalmente aquisição, registro, emissão de nota fiscal, atendimento ao consumidor, e-commerce, atualização do sistema de informação. Nela deve haver uma ou duas estações de trabalho com computadores e materiais de escritório. É importante que haja espaço para arquivo de documentos dos veículos e do centro de reaproveitamento.

 Estoque de veículos: área para a qual o veículo recebido é encaminhado para análise e registro até que seja liberado. A Resolução CONTRAN 611/ 2016 e também Cruz- Rivera (2008) reforçam que essa área precisa possuir piso impermeável e canaletas de contenção de fluidos. Essa área também pode ser utilizada por veículos já despoluídos em caso de haver fila para a desmontagem.

Despoluição: área na qual são realizadas as tarefas de despoluição. A Resolução CONTRAN 611/ 2016 e também Cruz-Rivera (2008) reforçam que essa área precisa possuir piso impermeável e canaletas de contenção de fluidos. Além disso, a mesma

97 resolução exige que haja caixa separadora de água e óleo, bem como recipientes adequados ao armazenamento dos fluidos coletados.

 Desmontagem: área para realização das tarefas de desmontagem do veículo. A Resolução CONTRAN 611/ 2016 exige que essa área possua piso impermeável, orientação que é reforçada por Neufert (2013) no exemplo de oficinas mecânicas.  Análise da qualidade: área na qual são realizados os testes de verificação da qualidade

das peças desmontadas do veículo, bem como a classificação, a definição da estratégia de gerenciamento a ser adotada, a precificação e a etiquetagem de cada uma delas. Em caso de necessidade, nessa área também são aplicadas as técnicas de renovação, reparação e recondicionamento.

Estoque de peças: se houver possibilidade, o modelo sugere que essa área seja subdividida em área das peças reutilizáveis e das não reutilizáveis. Nela são armazenadas as peças disponíveis para venda e as que aguardam a data de retirada das empresas recicladoras e transportadoras, confome os grupos descritos na seção 4.3.7. A Resolução CONTRAN 611/ 2016 exige que essa área também tenha piso impermeável. Ainda sobre áreas da infraestrutura do centro de reaproveitamento, uma boa prática observada no estado de São Paulo foi a delimitação de um espaço para tratamento de água da chuva para uso na despoluição dos veículos, entretanto, tendo em vista o estágio inicial das empresas do Distrito Federal, essa ação ficará para modelos posteriores.

Complementarmente, coloca-se que normalmente a infraestrutura é de pavimento único e em estrutura metálica, mas que não há obrigatoriedade nesse sentido. Também como orientação, Neufert (2013) sugere que sejam privilegiados galpões sem pilares intermediários para facilicar a alocação das áreas dentro do espaço físico.

4.6.3 Proposição Preliminar de Arranjo Físico

De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2009), o arranjo físico é a manifestação física do processo e por isso está relacionado a ele. Anteriormente o modelo propôs o processo de jobbing (seção 4.2), para o qual dois tipos básicos de arranjo são recomendados pelos autores: posicional ou funcional.

Para o contexto do estágio inicial do Distrito Federal, propõe-se o tipo de arranjo físico funcional porque ele permite que as atividades do centro de reaproveitamento como, por exemplo, despoluição e desmontagem, sejam realizadas em paralelo com diferentes

98 veículos, dado que é organizado conforme as funções desempenhadas pelos recursos transformadores que constituem os processos e que, no estudo, são compartilhados.

Mesmo com a proposta do arranjo físico funcional, tendo em vista que o tamanho para o centro de reaproveitamento não é especificado na regulamentação, o modelo faz apenas uma proposição preliminar de arranjo físico, mostrada na Figura 4.4, para o estágio inicial, com tamanhos considerados satisfatórios para as diferentes áreas propostas na seção 4.6.2. A área total em torno de 200 m² (finalizada em 240 m²) foi uma restrição para que ela se mantivesse próximo à dos menores centros de reaproveitamento observados no Distrito Federal. O espaço de circulação e o tamanho do estoque de veículos, que considera a alocação de quatro vagas de estacionamento, foram colocados de acordo com os tamanhos mínimos estipulados pela Lei 2.108/ 1998 – Código de Edificações do Distrito Federal. Por outro lado, os estoques de peças e de despoluição foram ajustados em relação aos propostos por Cruz-Rivera (2008).

Os tamanhos das áreas de despoluição e desmontagem foram baseados nos estudos realizados por Neufert (2013) para oficinas mecânicas, tendo em vista que os recursos de transformação (pessoas e equipamentos mecânicos) são semelhantes. A mesma consideração foi utilizada para a área de análise da qualidade, mas que sofreu pequena redução, tendo em vista que não trabalha com veículos (grande tamanho), mas com peças (tamanho menor).

99 Ressalta-se, entretanto, que a disposição das áreas dentro do arranjo físico pode precisar ser alterada de acordo com o formato e com as condições da instalação. Nesse momento, o modelo orienta que o empresário atende-se à ventilação e à claridade, para que o centro de reaproveitamento seja um ambiente confortável para os colaboradores.

Uma prática analisada na Renova Ecopeças e que é julgada como interessante inclusive para o estágio inicial é a marcação colorida no piso dos espaços destinados a cada uma das áreas. Ela é bastante observada em empresas que aplicam ferramentas de produção enxuta e acredita-se que promova a organização e a estruturação da unidade produtiva, objetivo que se pretende alcançar no Distrito Federal.