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4 MODELO DE CENTRO DE REAPROVEITAMENTO PARA

4.4 CARACTERIZAÇÃO DOS RECURSOS HUMANOS

No que diz respeito aos recursos humanos, o modelo explicita a importância de adequação do centro às regulações relacionadas, tendo em vista que a formalização dos trabalhadores é um dos impactos sociais positivos almejados da estruturação do sistema de gerenciamento de veículos em fim de vida útil. Sendo assim, as exigências da Lei 5.452/ 1943 – Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) –, bem como as das normas de segurança e medicina do trabalho devem ser atendidas.

Nesse contexto, Slack, Chambers e Johnston (2009) consideram alguns elementos importantes para o projeto adequado do trabalho dos recursos humanos: condições ambientais, tecnologia disponível, tempo de duração das tarefas, quantidade de pessoas envolvidas, divisão do trabalho, método adequado e comprometimento da equipe.

Os dois primeiros elementos serão comentados em seções seguintes – infraestrutura e equipamentos, respectivamente. Sobre a mensuração do tempo para execução das tarefas, tendo em vista que no Distrito Federal não houve levantamento nesse sentido, o modelo faz considerações sobre a coleta de dados e o controle de informações em seção posterior.

91 Sendo assim, considerando o estágio inicial do modelo proposto, ele faz considerações gerais sobre a quantidade e a capacitação de pessoas e sobre a divisão das tarefas, com base nas regulações específicas do tipo de processo e no diagnóstico realizado com as empresas locais. As futuras pesquisas que vierem a propor estágios posteriores poderão aprofundá-lo, complementá-lo e alterá-lo no que for considerado necessário.

4.4.1 Quantidade e Capacitação dos Recursos Humanos

No modelo, a capacidade de reaproveitamento dos centros foi mantida próxima da realidade existente, de 15 veículos mensais. A partir das mesmas considerações colocadas no início do capítulo, ele orienta que a quantidade de pessoas envolvidas também seja mantida em quatro colaboradores com o proprietário.

De acordo com a Resolução CONTRAN 611/ 2016, o centro de reaproveitamento precisa possuir um responsável técnico junto ao Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) para exercício das funções colocadas na Resolução CONFEA 458/ 2001. Para os que não possuem uma graduação em engenharia, existem cursos técnicos em mecânica especializados na desmontagem de veículos.

Tendo em vista que os proprietários das empresas do Disitrito Federal já trabalham pessoalmente nos centros e que o curso técnico exige um investimento financeiro que não pode ser perdido em virtude da rotatividade dos colaboradores, o modelo propõe que o proprietário o faça.

Para os demais colaboradores, a Resolução CONTRAN 611/ 2016 apenas comenta sobre a capacitação técnica, mas não a restringe diretamente. O diagnóstico realizado no Distrito Federal deixou claro que conhecimento técnico tácito os colaboradores possuem, mas que dificilmente possuem uma formação acadêmica.

A Renova Ecopeças, por exemplo, tem um projeto de desenvolvimento técnico das pessoas que vivem próximo à sua unidade produtiva para que elas já iniciem a carreira profissional com capacitação. Uma iniciativa desse tipo, apesar de gerar impacto social interessante, exige alto investimento financeiro e pode não ser viável aos centros de reaproveitamento menores. Sendo assim, o modelo a valoriza, mas não a coloca como orientação para o estágio inicial proposto. Uma possibilidade é a transmissão do conhecimento adquirido no curso técnico pelo proprietário a pessoas selecionadas.

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4.4.2 Divisão das Tarefas dos Recursos Humanos

O modelo propõe a divisão das tarefas em quatro funções, cada qual com responsabilidades determinadas: administrativa, comercial, técnica e operacional. A Tabela 4.10 apresenta as principais tarefas de cada uma delas e, complementarmente, encontra-se no Apêndice B a lista completa das tarefas propostas com a alocação da função adequada.

Tabela 4.10 Descrição das principais tarefas da divisão de funções proposta Função Descrição das Principais Tarefas

Administrativa registro do centro de reaproveitamento; análise prévia da documentação do veículo; verificação da documentação do veículo no recebimento; e registros de entrada e saída do veículo no centro de reaproveitamento.

Comercial prospecção de veículos para compra; aquisição propriamente dita e seu acompanhamento; precificação das peças reutilizáveis; atendimento e negociação junto ao consumidor; contratação de empresas de coleta; e entregas dos produtos.

Técnica

análise técnica prévia das condições do veículo; verificação das condições do veículo no recebimento; conferência da Lista de Peças Possivelmente Reutilizáveis; elaboração do Plano de Despoluição e Desmontagem; definição dos procedimentos de análise da qualidade; classificação das peças; definição da estratégia de gerenciamento a ser tomada; elaboração dos laudos técnicos.

Operacional

movimentações do veículo no centro de reaproveitamento; despoluição e desmontagem integral do veículo; realização de testes de verificação; etiquetagem das peças; preenchimento da Ficha de Análise Técnica do Veículo; aplicação de técnicas de renovação, reparação e recondicionamento; atualizações do registro do veículo no sistema de informação; embalagem de peças vendidas.

A possibilidade de combinação de duas funções por um mesmo colaborador é sugerida, tendo em vista a pequena quantidade de pessoas envolvidas. Sendo assim, orienta-se que o proprietário tenha a função técnica, um colaborador tenha as funções operacional e comercial, outro tenha as funções operacional e administrativa e o terceiro apenas a função operacional.

Tendo em vista a realidade observada no Distrito Federal, na qual os proprietários são os maiores responsáveis pelas atividades do centro, o modelo orienta que ele continue envolvido, mas que passe a ter uma posição de supervisão ou de apoio nas funções administrativo, comercial e operacional. Para isso, a sugestão é que sejam realizados treinamentos práticos com os colaboradores.

Por fim, com intuito de manter o interesse da equipe nas tarefas realizadas e, principalmente, de dar maior robustez ao centro de reaproveitamento em caso de desligamento ou ausência de algum dos colaboradores, propõe-se que seja implementada a prática de revezamento controlado do trabalho periodicamente, com exceção da função técnica.

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