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CARACTERIZAÇÃO DE IDOSOS USUÁRIOS DA CLÍNICA DE FONOAUDIOLOGIA DA UTP

Amanda dos Santos1; Giselle Massi2

RESUMO: O processo de envelhecimento é influenciado por diversos fatores como a economia, as políticas públicas, a educação, a cultura, a saúde, os quais são interdependentes e condicionam a qualidade de vida e o bem estar ao longo de toda a vida. De um ponto de vista fisiológico, a velhice pode ser marcada por mudanças relacionadas a aspectos fonoaudiológicos, como é o caso da perda auditiva por idade, de modificações vocais, na motricidade oral, na deglutição, entre outras. Essas modificações, geralmente, fazem com que a pessoa idosa busque atendimentopara entender o que se passa com ela. Nesse contexto, a cidadania e a participação social, como pilares organizativosdo Sistema de Saúde brasileiro, têm fundamentado pesquisas que pretendem qualificar os serviços públicos, enfatizando percepções e caraterísticas dos próprios sujeitos que fazem uso dos serviços de saúde. Assim, para garantir a qualificação de serviços fonoaudiológicos oferecidos à comunidade, o presente estudo objetiva identificar o perfil de usuários idosos que buscam atendimento na Clínica de Fonoadiologiada Universidade Tuiuti do Paraná (UTP). Trata- se de um estudo de campo, aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa, de caráter transversal, de abordagem quantitativa, realizado por meio de um questionário, o qual continha perguntas envolvendo idade, sexo, estado civil, grau de instrução, com quem reside, fonte e valorde renda. Esse questionário foi aplicado na própria Clínica de Fonoaudiologia, entre os meses de agosto de 2018 a maio de 2019. Cabe esclarecer que tal instituição está vinculada ao Sistema Único de Saúde (SUS) e vem apresentando um crescimento contínuo no número de atendimentos prestados à

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comunidade, nas áreas de audiologia, voz, motricidade oral, linguagem oral e escrita. Em 2018, realizou doze miltrezentos e dezesseis (12.316) atendimentos, sendo sete mil, oitocentos e noventa e cinco (7.895), especificamente, voltada à população idosa. Em 2019, esse número, entre janeiro e junho, totalizou quatro mil, cento e oitenta e cinco (4.185) atendimentos voltados à pessoa idosa. Portanto, desde o início de 2019 até meados de 2019, a Clínica de Fonoaudiologia da UTP prestou mais dedoze mil atendimentos voltadosa pessoas com mais de 60 anos de idade, sendo que 99% delas busca atendimento com queixa de perda auditiva.

Tendo em vista o extenso número de idosos que buscam atendimento na Clínica em questão, a pesquisa foi organizada por meio de amostragem aleatória simples. Dessa forma, integraram a amostra, 105 pessoas idosas que apresentaram disponibilidade para responder ao instrumento do estudo, nas terças-feiras à tarde e nas sextas-feiras pela manhã, entre os meses de agosto de 2018 a maio de 2019. Foram incluídos, na pesquisa, usuários com idade mínima de 60 anos e que buscaram atendimento fonoaudiológico, por meio de encaminhamento do SUS.

Os resultados nos levam a refletir, inicialmente, sobre a prevalência de 48,6% de idosos com mais de 70 anos. Essefato pode relacionar-se a queixa de diminuição da acuidade auditiva. Estudos relatam que, no Brasil, as perdas auditivas são mais observadas em sujeitos acima de 50 anos de idade, com

predominância em idosos com mais de 70 anos (Crispim & Ferreira, 2015; Costa-Guarisco, et al,

2017). Com relação ao sexo, o presente estudo mostra uma leve predominância de 3% de homens em relação às mulheres, indicandosimilaridade com pesquisa realizada em uma capital, do Sul do país, a qual afirma que homens apresentam mais queixas relacionadas a audição, devido a maior exposição

ao ruído ao longo da vida, por questões ocupacionais (Camargo, et al, 2018).

No que se refere ao estado civil, o maior índice registrado no presente estudo é de idosos casados ou em união estável, totalizando 57,1% e aqueles que convivem com demais familiares somam 51,4%. Dessa forma, cabe considerar o fato de osidosos com perda auditiva que fazem uso

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do AASI adequadamente apresentarem melhor comunicação familiar. Miranda et al (2008) cita que,

muitas vezes, amigos e familiares são mais conscientes da perda auditiva do que o próprio idoso e essa situação pode ter relação com os dados desta pesquisa, que indicam que idosos que residem sozinhos buscam menos atendimento clínico fonoaudiológico. Quanto ao grau de instrução dos participantes do presente estudo, é possível verificar uma variação importante, que abrange idosos analfabetos até aqueles que concluíram o ensino superior, com prevalência de pessoas que frequentaram o ensino fundamental, indicando similaridade com outra investigação realizada na

cidade de Curitiba (Camargo, et al, 2018). Nesse mesma direção, outrainvestigação registraque

a maioria de idosos concluiu o ensino fundamental, justificando que níveis mais restritos de escolarização dessa população se dá em virtude de grande parte residir em área rural, com difícil acesso a escola (Golinelli, et al, 2019).

Com relação às fontes de renda, 91,5% são provenientes de aposentadorias e pensões. Além disso, 96,2% dos participantes recebem entre menos um, até quatro salários mínimos, sendo que 46,7% não chega a receber um salário mínimo integral. Estudo realizado em Minas Gerais, por Ribeiro, Souza & Lemos (2019) apresentou dados relacionados a renda de pessoas idosas, indicando que eles recebem entre dois e três salários mínimos. E essa baixa renda se justifica pelos níveis restritos de escolaridade apresentados pelos idosos e, também, devido ao trabalho não especializado que iniciaram precocemente (Souza-Filho, Massi & Ribas, 2014).

Para concluir, convém ressaltar que os dados do presente estudo podemdirecionar ações capazes de favorecer o atendimento desses usuários idosos, constituindo um desafio empreender esforços para que os mesmos tenham acesso universal e integral à saúde, incluindo melhores condições de educação, trabalho e renda, ao longo da vida. Por fim, cabe evidenciar a necessidade de fortalecer a pessoa idosa, não apenas em seus aspectos biológicos, mas, sobretudo como cidadã capaz de eleger

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