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Caracterização do Desporto Escolar

No documento Relatório Final_Diogo_Faria (páginas 101-104)

3. Desporto Escolar

3.1. Caracterização do Desporto Escolar

Considerando agora a terceira área do meu estágio pedagógico, Desporto Escolar (DE), é essencial focar-me em dois aspetos, a caracterização desta área de acordo com a escola em que estive inserido e também justificar o porquê de ter optado pelo núcleo de Voleibol. Sendo assim foi necessário analisar o projeto do desporto escolar, o plano de desenvolvimento da modalidade, anual e/ou plurianual, os horários e gestão dos espaços, os índices de participação dos alunos, os resultados obtidos anteriormente e também as atividades pontuais desenvolvidas pelo GEF.

“…a questão fundamental que se coloca ao desporto escolar, para além do desenvolvimento das capacidades motoras, é a da construção na vida da criança e do jovem dos valores essenciais que a prática desportiva potencialmente encerra…” (Melo de Carvalho, 2010, p. 18)

Dando início a este capítulo é essencial não só definir DE, mas também referir quais os seus objetivos. De acordo com o referido no Artigo 5º do DL 95/91 de 26 de fevereiro, é possível definir DE.

“Entende-se por desporto escolar o conjunto das práticas lúdico-desportivas e de formação com objecto desportivo desenvolvidas como complemento curricular e ocupação dos tempos livres, num regime de liberdade de participação e de escolha, integradas no plano de actividade da escola e coordenadas no âmbito do sistema educativo.” (DL 95/91, Ponto 1, Artigo 5º).

Por sua vez, de acordo com o que está previsto pelo Projeto Educativo do Agrupamento de Escolas de Carcavelos de janeiro de 2017, são objetivos do DE.

“Reforçar as parcerias entre a escola e os outros agentes desportivos; Promover a diversidade de oferta desportiva aos alunos da escola; Dar continuidade aos núcleos já existentes; Oferecer aos alunos a possibilidade de adquirirem competências como fator de recuperação, desenvolvimento ou complemento em relação ao seu currículo em Educação Física; Apostar nas atividades náuticas com o objetivo de proporcionar ao maior número possível de alunos a prática de modalidades da Associação Desportiva Escolar de Atividades Náuticas de Cascais” (Projeto Educativo do Agrupamento de Escolas de Carcavelos, p. 28).

Dentro dos objetivos referidos anteriormente, considero que, no que diz respeito ao reforçar as parcerias entre escolas e ao dar continuidade aos núcleos já existentes, estes não são muito bem conseguidos.

Quanto ao reforçar as parcerias entre escolas é observado que as escolas organizam e formulam os núcleos de forma independente. Esta forma de operar resulta na existência de núcleos distintos entre escolas e consequentemente em quadros competitivos muito reduzidos. Assim, considero que seria uma boa hipótese as escolas que estão inseridas na mesma zona competitiva

definirem previamente quais as modalidades em que iriam apostar idealizando também um plano plurianual. Desta forma seria garantido um quadro competitivo mais amplo.

Quanto à existência de um plano plurianual de trabalho no DE este não é realizado, visto que, todos os anos a abertura dos núcleos é definida pelo número de alunos que se inscrevem no mesmo. Sendo assim, existe sempre a possibilidade de em anos seguintes determinado núcleo não terem alunos suficientes para operar. Tudo isto representa uma grande falha a nível escolar, pois dever-se-ia então garantir o funcionamento dos núcleos, permitindo assim haver uma continuidade nas aprendizagens dos alunos que pretendem integrar os mesmos.

Indo de encontro ao que está referido no Artigo 51º da Lei 49/2005 de 30 de agosto. “O desporto escolar visa especificamente a promoção da saúde e condição física, a aquisição de hábitos e condutas motoras e o entendimento do desporto como factor de cultura, estimulando sentimentos de solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade, devendo ser fomentada a sua gestão pelos estudantes praticantes, salvaguardando-se a orientação por profissionais qualificados.” (Lei 49/2005, Ponto 5, Artigo 51º).

No que diz respeito à promoção da saúde e da condição física, é complicado alcançar estas melhorias quando o DE acontece somente duas vezes por semana (90 minutos mais 45 minutos) e nem sempre nos horários mais aconselhados.

De acordo com o Programa de Desporto Escolar 2017 – 2021, Alínea c), Ponto 6, Parte I, é responsabilidade da organização escolar, “Assegurar horários adequados à prática desportiva escolar;”. Ao observar o documento Horários do Desporto Escolar 2017/2018 (anexo 13) alguns núcleos operavam em horário de almoço, tal como o badminton à sexta feira das 13:45 às 14:30 e o voleibol infantis B à sexta feira das 13:45 às 15:15. Por um lado estes horários não permitiam que alguns alunos de forma a participarem nos treinos conseguissem almoçar, ou quando o conseguiam, era imediatamente antes da prática desportiva o que não é aconselhável. Por outro lado, a hora de conclusão do treino no caso do badminton coincidia com a hora de recomeço das aulas no período da tarde, o que, por sua vez, não permitia aos alunos tomarem os cuidados de higiene desejados.

O referido anteriormente é devido não só a uma má organização dos horários, mas também, a uma má gestão dos espaços. O DE era organizado com o intuito de ser realizado nos «furos» letivos, ou seja, sempre que algum espaço estava disponível não estando a ser utilizado para aulas de EF, esse mesmo espaço era utilizado para os treinos do DE. Assim, é essencial

perguntar, visto que não são realizadas aulas de EF no período de almoço pois não é um horário adequado para as mesmas, será esse horário adequado para a realização dos treinos do DE?

E por sua vez ao estabelecido pelo Artigo 20º do DL 139/2012 de 5 de julho. “Em complemento das atividades curriculares dos ensinos básico e secundário, devem os agrupamentos de escolas e as escolas não agrupadas organizar e realizar, valorizando a participação dos alunos, ações de formação cultural e de educação artística, de educação física e de desporto escolar, de educação para a cidadania, de inserção e de participação na vida comunitária, visando especialmente a utilização criativa e formativa dos tempos livres, orientadas, em geral, para a formação integral e para a realização pessoal dos alunos.” (DL 139/2012, Ponto 6, Artigo 20º).

É também defendida a ideia de que o desporto, desde que realizado de uma forma organizada, pode constituir um via de formação de caráter, na medida em que permite incutir competências como, responsabilidade, bem como formular comportamentos de conquista, visto que, aumenta os níveis de persistência, gratificação e de tomada de risco (Kleiber & Roberts, 1981). De acordo com Melo de Carvalho (2010), para que o desporto seja considerado educação é necessário reunir um conjunto de condições, que, por sua vez, permitirão afirmar que da prática desportiva advém uma contribuição única não podendo assim haver educação sem desporto corretamente orientado.

“Os sentimentos de respeito, de cooperação, de solidariedade, de auto‐disciplina, de espírito de sacrifício, de trabalho tenaz, etc., não surgem espontaneamente durante a prática desportiva: precisam de ser “construídos” enquanto se prepara, realiza e avalia a acção e se exprimem os sentimentos e as possibilidades do indivíduo se traduz em acto. É esta a tarefa do educador…” (Melo de Carvalho, 2010, p. 11)

Considerando ainda o Projeto Educativo do Agrupamento de Escolas de Carcavelos de janeiro de 2017, a aplicação dos objetivos revistos anteriormente estariam dependentes da elaboração anual de um projeto do DE. Ao contactar a coordenadora do DE, esta afirmou que não houve elaboração de qualquer projeto. Somente foi realizado, no início do ano letivo, um levantamento dos núcleos que iriam operar e os respetivos responsáveis e, no fim, um relatório das atividades realizadas. Em suma, o DE pode-se considerar como uma área bastante desorganizada dentro da EBSC.

Por último, no que se refere às atividades pontuais desenvolvidas pelo GEF, tal como referido na introdução deste relatório de estágio, o mesmo apresenta algum estatuto dentro da EBSC e, como tal, tem direito a obter algum protagonismo através da organização de diversas atividades. A organização das mesmas é feita em conjunto por todo o GEF, ou somente por

Quanto à minha escolha optei por me inserir no núcleo de Voleibol no escalão Infantis A (alunos nascidos em 2007). Em primeiro lugar já tinha estabelecido contacto com o professor responsável por este grupo/equipa e foi um professor que me agradou bastante não só como pessoa, visto que era bastante acessível, mas também como professor, pois lecionava turmas do 2º ciclo e conseguia ter uma relação com os alunos e criar um clima de aula excecionais. Em segundo lugar porque tinha um horário possível de compatibilizar com o meu. Em terceiro lugar porque já tinha sido atleta da modalidade e quando surgiu a oportunidade tive alguma curiosidade em aprender quais as metodologias e estratégias utilizadas no processo de treino da mesma, embora com crianças que estavam no 5º ano de escolaridade e que na generalidade pouco ou nada sabiam sobre a mesma.

No documento Relatório Final_Diogo_Faria (páginas 101-104)