• Nenhum resultado encontrado

Caracterização do estado sanitário e avaliação do risco de rutura

CONSEQUÊNCIAS DA RUTURA

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.2. Caracterização do estado sanitário e avaliação do risco de rutura

Para a caracterização das árvores em estudo, elaborou-se uma ficha de campo (Anexo 2) onde se agregaram os dados relativos aos parâmetros dendrométricos a levantar, bem como o conjunto de defeitos a observar, segundo o método de análise visual de risco de Mattheck & Breloer (1994a) (VTA, capítulo 1.4.). Neste quadro constam ainda os parâmetros de probabilidade de rutura, tamanho da peça e risco de rutura e a probabilidade de atingir o alvo, para cálculo do grau de risco, adaptando os métodos Matheny & Clark (1994) e Pokorny (2003).

2.2.1. Localização e identificação das árvores

Para localização das árvores recorreu-se à planta fornecida pela Câmara Municipal de Lisboa (Fig. 5). Para cada exemplar confirmou-se a posição na rua e ainda a identificação botânica. Foram avaliados 374 exemplares de C. australis.

2.2.2. Parâmetros dendrométricos

Para cada exemplar procedeu-se ao levantamento dos seguintes parâmetros dendrométricos: diâmetro à altura de 1,30 m (DAP), altura total (distância desde o solo até ao ponto mais alto da árvore), altura da base da massa verde (distância do solo à base da copa) e a altura da bifurcação (correspondendo à altura do fuste). Para realizar estas medições utilizaram-se uma fita diamétrica florestal e um hipsómetro Forestor Vertex versão 4.1 (Fig. 7).

Figura 7 - Fita diamétrica florestal “Richter Messzeuge” e Hipsómetro Forestor Vertex 4.1, utilizados

para medição dos diâmetros e das alturas, respetivamente.

Segundo Barreiro & Tomé (2005) o hipsómetro Forestor Vertex versão 4.1 é composto por dois elementos: o hipsómetro em si e a mira ou transponder, o qual vem acompanhado por um suporte de altura regulável. Este instrumento é fácil e rápido de manejar, permitindo realizar diversas medições: três alturas consecutivas a partir do mesmo ponto, alturas acima da horizontal, distâncias horizontais, distâncias ao longo do terreno, o declive e a temperatura. Para além disso, não envolve escalas e o operador obtém imediatamente o valor da altura da árvore que pretende medir, em comparação com os hipsómetros tradicionais. Este aparelho tem ainda a vantagem de na medição de alturas de árvores corrigir automaticamente o declive.

2.2.3. Caracterização do estado sanitário do arvoredo

Partindo do trabalho de Ramos et al. (2008) onde se realizou a avaliação do estado sanitário do arvoredo da zona estudada, registou-se a presença de sintomas associados ao fungo basidiomiceta I. rickii: ramos mortos, folhas de tamanho reduzido, transparência da copa e exsudações. Anotou-se ainda a existência de podridão branca incipiente ao nível dos ramos recém- podados e a presença de estruturas de frutificação de I. rickii (natureza e posição). Sempre que necessário procedeu-se à colheita de material vegetal doente (ramos com podridão) ou de estruturas de fungos para confirmar laboratorialmente a presença de I. rickii. A confirmação laboratorial consistiu na observação macro e microscópica das estruturas de frutificação e comparação com as descrições de Melo et al. (2002).

2.2.4. Análise de risco segundo o método VTA. Caracterização dos defeitos

A análise visual de risco de rutura das árvores foi conduzida seguindo o método descrito por Mattheck & Breloer (1994a, b) (capítulo 2.2.4.).

Os defeitos foram assinalados na Ficha de Campo (Anexo 2) e, no local, avaliou-se a probabilidade de risco associada a cada defeito, segundo os critérios de Matheny & Clark (1994) e Pokorny (2003). Sempre que necessário recorreu-se a um martelo de borracha ou martelo de silvicultor para detetar a presença eventual de podridões internas e cavidades, a partir do som que se repercute aquando da pancada.

2.2.5. Análise dos defeitos internos com recurso ao Resistógrafo IML

Dentro do conjunto de árvores avaliadas na zona de Alcântara selecionaram-se 21 árvores (correspondendo a cerca de 5% da população em estudo) para avaliação do estado interno do lenho com recurso a resistógrafo. Como critérios de escolha foram tidos em conta a presença, ao nível do tronco, de defeitos classificados como de risco elevado, tamanho da peça, DAP da árvore e utilização do espaço envolvente (alvo).

O aparelho utilizado neste estudo, da marca IML (Instrumenta Mechanik Labor), modelo F- 400S (Fig. 8), apresenta como principais características (i) uma broca ou agulha de 40 cm de comprimento, corpo com 1,5 mm de diâmetro e extremidade com 3 mm de diâmetro, (ii) um regulador de posição que depende do tipo de madeira a usar [resinosas ou softwood (P1) e folhosas ou hardwood (P2)] e (iii) um botão para escolha da velocidade [mínima (V1) ou máxima (V2)]. Estas velocidades variam até 400 rpm (rotações por minuto) para a velocidade mínima e de 500 a 700 rpm na velocidade máxima, segundo o manual de instruções do resistógrafo.

Figura 8 – Resistógrafo IML (Instrumenta Mechanik Labor), modelo F-400S utilizado no estudo.

Segundo resultados obtidos por Martinho (2006) com o resistógrafo mencionado e a partir de leituras em provete de C. australis sem podridão aparente, nesta espécie as leituras deverão ser realizados de preferência com as combinações de Posição [P] e Velocidade [V] P1V2 e P2V2. De acordo com este autor, as leituras obtidas com a combinação P1V2 foram as que permitiram descrever melhor o estado da madeira por “apresentarem níveis de variação de resistência muito marcados e precisos”.

Assim, com o intuito de testar o resistógrafo em árvores em pé da espécie C. australis afetadas por I. rickii, e esclarecer qual ou quais as melhores combinações de P e V para realizar as leituras, complementando os resultados de Martinho (2006), escolheu-se um exemplar sito na Rua Artilharia 1 (38°43'41.60"N - 9° 9'35.24"O). Este lódão foi objeto de avaliação visual de risco, tendo-se procedido

a várias leituras com resistógrafo, com as possíveis combinações de P e V, a vários níveis do tronco (51 cm, 130 cm e 200 cm, acima do colo, em várias direções), tendo-se marcado com tinta as porções do tronco a seccionar após o abate, para comparação com os resistogramas. Posteriormente a árvore foi abatida e o tronco seccionado e transportado para o laboratório. Nesse local, compararam-se os resultados das leituras com o estado do lenho. Dez meses após o abate da árvore, voltaram a fazer-se leituras com o mesmo resistógrafo nas rodelas mantidas em laboratório, envoltas em saco de polietileno, à temperatura ambiente.