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Caracterização do investimento directo estrangeiro espanhol 1 Volume e evolução

PARTE II FLUXOS COMERCIAIS E DE INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO EM PORTUGAL E ESPANHA

Capítulo 5. Investimento Directo Estrangeiro em Portugal e Espanha 5.1 Introdução

5.2 Fluxos de investimento directo estrangeiro em Portugal e Espanha

5.2.2 Caracterização do investimento directo estrangeiro espanhol 1 Volume e evolução

À semelhança da análise desenvolvida na caracterização dos fluxos de investimento directo estrangeiro português, os primeiros aspectos a salientar a respeito dos fluxos espanhóis dizem respeito ao seu volume monetário e à sua evolução nas últimas décadas, ainda que os dados estatísticos apresentados compreendam apenas a última década (por motivos de disponibilidade de informação estatística).

Também para o caso de Espanha, a entrada na UE impulsionou a ocorrência de significativas movimentações de capitais, como os fluxos de investimento directo estrangeiro, associadas à abertura da economia espanhola.

E porque Portugal e Espanha passaram a integrar a UE no mesmo ano (1986), existem algumas semelhanças na evolução do comportamento dos fluxos de investimento directo estrangeiro nestes dois países.

Em Espanha, tal como em Portugal, os níveis de investimento directo estrangeiro mantiveram-se muito reduzidos até meados da década de 80 do século XX, mais concretamente até à adesão na então CEE, momento a partir do qual estes fluxos de capitais registaram um dinamismo significativo, podendo a sua evolução ser explicada, a partir deste momento, segundo dois períodos distintos, aspecto comum à caracterização do investimento directo

estrangeiro em Portugal (Pires e Martins - 2006): o primeiro período, até meados dos anos 90 do século XX, em que Espanha teve um posicionamento, essencialmente, de receptor dos fluxos estrangeiros de investimento directo; e no segundo período, que se estende desde a segunda metade da década de 90 do século XX até à actualidade, este país ibérico vê o seu perfil alterado para investidor no exterior (Pires e Nunes - 2006).

É neste período mais recente de evolução dos fluxos de investimento directo estrangeiro espanhol, que o comportamento deste país se distancia do comportamento de Portugal (figura 15). A partir do ano de 1997, os fluxos de investimento directo de Espanha no estrangeiro registam um crescimento significativo, ainda que com variações inter-anuais, e superam os de investimento directo estrangeiro em Espanha.

Os motivos subjacentes ao comportamento, verificado nos últimos anos, dos fluxos de investimento directo estrangeiro espanhol dizem respeito, por um lado ao eficiente e bem sucedido processo de internacionalização levado a cabo por grupos económicos espanhóis, com repercussões no investimento directo de Espanha no estrangeiro. E, por outro lado, por uma quebra na capacidade atracção de investimento directo estrangeiro por parte de Espanha, associada à adopção do euro e à sua valorização face às restantes moedas, assim como ao aparecimento de novos países com capacidade de atracção dos investimentos, com base em custos de mão-de-obra mais baixos (Abellán - 2005, citado por Pires e Nunes - 2006, p. 130).

Figura 15 - Fluxos de entrada e saída do investimento directo estrangeiro em Espanha - 1996-2006

-10000 0 10000 20000 30000 40000 50000 60000 70000 80000 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 IDEsp.E IDEEsp. Saldo M ilh õ es d e eu ro s

O posicionamento de Espanha, da última década, como “exportador líquido de capitais” (Caetano - 1998, p.94) é confirmado pela taxa de cobertura dos fluxos de investimento directo, significativamente favorável ao investimento directo de Espanha no estrangeiro, apresentado, na última década, um valor médio de 260% (quadro 24).

Quadro 24 - Taxa de cobertura do investimento directo estrangeiro em Espanha

IDEsp.E IDEEsp. cobertura Taxa de

Ano

Milhões de euros Milhões de euros %

1996 4776 5479 87,2 1997 9492 5799 163,7 1998 13753 8841 155,6 1999 43084 10702 402,6 2000 49661 25990 191,1 2001 27017 15549 173,8 2002 26612 11602 229,4 2003 19653 9717 202,3 2004 37668 8870 424,7 2005 30396 13688 222,1 2006 59418 9751 609,3

Fonte: Ministério de Industria, Turismo e Comercio - Secretaria de Estado de Turismo Y Comercio

(http://www.comercio.es/comercio/bienvenido/pagestadisticasComexInvex/)

5.2.2.2 Parceiros de investimento directo estrangeiro

Com o objectivo de identificar os principais parceiros com quem Espanha estabelece trocas de fluxos de investimento directo estrangeiro, a análise deste ponto consiste em identificar o peso que tanto as principais zonas económicas como os principais países tiveram neste fluxos de capitais espanhóis, na década entre 1996 e 2006, bem como as respectivas taxas de cobertura. À semelhança do que se verifica com Portugal, o aspecto mais relevante que sobressai da análise (quadro 25 e figura 16) é a expressão que a UE15 e os países que fazem parte deste esquema de integração económica assume nos fluxos de investimento directo estrangeiro espanhóis, embora menos evidente que no caso dos fluxos de investimento directo estrangeiro portugueses.

A UE15 é responsável por 31% do investimento directo estrangeiro que é feito em Espanha e absorve 48% do investimento directo de Espanha no estrangeiro. A taxa de cobertura dos fluxos de investimento que circulam entre

Espanha e a UE15 é, inequivocamente, favorável aos fluxos de investimento directo de Espanha naquele espaço de integração económica.

As zonas económicas do Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA) e da Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA) assumem-se, também, como importantes parceiras em ambos os sentidos dos fluxos de investimento directo estrangeiro de Espanha, no entanto as taxas de cobertura evidenciam uma maior importância destas áreas para o investimento directo de Espanha no exterior.

Já o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), com uma expressão significativa mas unilateral, destaca-se nos fluxos de investimento directo de Espanha no estrangeiro.

Ao nível dos países principais parceiros de Espanha nos fluxos de investimento directo estrangeiro, o Reino Unido (9%), a França (6%) e a Holanda (5%) destacam-se como os principais investidores em Espanha, enquanto, como principais países receptores do investimento directo de Espanha no estrangeiro, estão o Reino Unido (18%), o Brasil (11%), a Holanda (8%), os EUA (8%), a França (5%) e Portugal (5%). As taxas de cobertura destes fluxos de capitais que circulam entre estes países e Espanha são, em todos os casos, favoráveis ao investimento directo de Espanha no estrangeiro.

Quadro 25 - Principais parceiros espanhóis de investimento directo estrangeiro Peso % IDEsp.E IDEEsp. Taxa de cobertura 2001 - 2006 2001 - 2006 2001 - 2006 Zonas económicas UE1541 48,1 30,6 156,0 MERCOSUL42 21,1 0,0 48653,5 NAFTA43 13,0 4,9 263,0 EFTA44 2,5 1,2 207,5 Países (intracomunitários) Reino Unido 17,6 9,4 186,2 Países Baixos 8,4 4,8 174,8 França 6,1 5,8 104,4 Portugal 5,1 1,9 267,2 Alemanha 4,7 2,6 176,7 Países (extracomunitários) Brasil 11,1 0,1 16966,9 EUA 7,7 3,6 212,3 México 5,0 1,0 478,8 Suíça 2,2 1,1 203,8

Fonte: Ministério de Industria, Turismo e Comercio - Secretaria de Estado de Turismo Y Comercio

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41 União Europeia (UE15) - Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Países Baixos, Reino Unido e Suécia.

42 Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) - Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai.

43 Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA) - Canadá, Estados Unidos da América e México. 44 Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA) - Islândia, Liechtenstein, Noruega e Suíça.

Figura 16 - Expressão da UE e de Portugal no investimento directo estrangeiro espanhol – 2006

Fonte: Ministério de Industria, Turismo e Comercio - Secretaria de Estado de Turismo Y Comercio

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5.2.2.3 Estrutura sectorial

A análise da estrutura sectorial dos fluxos espanhóis de investimento directo estrangeiro baseia-se na identificação dos principais sectores que compõem estes fluxos, na década 1996 - 2006, tendo sido utilizada a classificação de sectores de actividade disponibilizada pelo Banco de Portugal, para assegurar a comparabilidade dos dados entre os dois países, ainda que a fonte estatística espanhola (Ministerio de Industria, Turismo e Comercio - Secretaria de Estado de Turismo Y Comercio) permita a obtenção de dados sectoriais mais desagregados.

Os transportes, armazenamento e comunicações e as indústrias transformadoras representam, no seu conjunto, 51% do investimento estrangeiro em Espanha (figura 17). Com uma expressão também relevante

69% 31% Resto do mundo UE 15 IDEEsp. 95% 5%

Resto do mundo Portugal

69% 31% Resto do mundo UE 15 IDEEsp. 98% 2%

das actividades financeiras (11%) e do comércio por grosso e a retalho, reparações, alojamento e restauração (11%).

Na estrutura do investimento directo de Espanha no estrangeiro (figura 18), destacam-se, como sector de maior peso na estrutura total, as actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas, responsáveis por mais de 1/3 destes fluxos de capitais, seguido pelas actividade financeiras (20%), pelos transportes, armazenagem e comunicações (19%) e pelas indústrias transformadoras (11%).

À semelhança da estrutura sectorial dos fluxos portugueses de investimento directo estrangeiro, os sectores da agricultura e das indústrias extractivas têm uma expressão muito reduzida, não ultrapassando a representatividade de 1% do total das estruturas de ambos os sentidos dos fluxos de investimento directo estrangeiro em Espanha.

Figura 17 - Estrutura sectorial do investimento directo estrangeiro em Espanha, 1996 - 2006

27% 16% 11% 11% 2% 4% 4% 24% 0% 1%

Agricultura, caça, silvicultura e pesca Indústrias extractivas

Indústrias tranformadoras

Produção e distribuição de electricidade, gás e água

Construção

Comércio por grosso e a retalho, reparações, alojamento e restauração

Transportes, armazenagem e comunicações Actividades financeiras

Actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas

Outras actividades

Fonte: Ministério de Industria, Turismo e Comercio - Secretaria de Estado de Turismo Y Comercio

Figura 18 - Estrutura sectorial do investimento directo de Espanha no exterior, 1996 - 2006 1% 2% 4% 11% 0% 0% 4% 39% 20% 19%

Agricultura, caça, silvicultura e pesca Indústrias extractivas

Indústrias tranformadoras

Produção e distribuição de electricidade, gás e água

Construção

Comércio por grosso e a retalho, reparações, alojamento e restauração

Transportes, armazenagem e comunicações Actividades financeiras

Actividades imobiliárias, alugueres e serviços prestados às empresas

Outras actividades

Fonte: Ministério de Industria, Turismo e Comercio - Secretaria de Estado de Turismo Y Comercio

(http://www.comercio.es/comercio/bienvenido/pagestadisticasComexInvex/)