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PARTE II FLUXOS COMERCIAIS E DE INVESTIMENTO DIRECTO ESTRANGEIRO EM PORTUGAL E ESPANHA

Capítulo 4. Relacionamento Comercial de Portugal e de Espanha 4.1 Introdução

4.4 Comércio regional intra-ibérico

4.4.2 Composição das trocas comerciais das regiões ibéricas

4.4.2.1 Estrutura sectorial do comércio das regiões portuguesas com Espanha

Das cinco regiões portuguesas consideradas nesta análise, tal como já se referiu anteriormente, três delas são responsáveis por mais de 89% do comércio externo estabelecido com Espanha.

Lisboa e Vale do Tejo, uma das regiões que mais contribui para o comércio externo português com Espanha, constitui 24% das exportações e 44% das importações, em 2004, valores que sofreram um decréscimo, no que respeita ao peso na estrutura total, em relação a 1995 (quadro 14).

Em ambos os períodos, esta é a região portuguesa que mais contribui para o saldo negativo no comércio com Espanha, sendo a que mais importa de Espanha, ainda que seja a segunda região com valores de exportação mais elevados, apresentado por conseguinte um baixa taxa de cobertura.

Considerando não só a baixa taxa de cobertura, mas também o peso do país vizinho no comércio externo da região, Lisboa e Vale do Tejo assume-se como uma das regiões portuguesas que se mostra mais dependente de Espanha e do mercado ibérico.

A estrutura do comércio externo de Lisboa e Vale do Tejo com Espanha (quadro 15) mostra que, em 2004, as exportações são compostas, essencialmente, por: ferro e aço; máquinas e aparelhos eléctricos; alumínio e suas obras; máquinas e aparelhos mecânicos; e veículos e suas componentes. Parte destes produtos mais exportados podem estar associados à Auto Europa, unidade com expressão muito significativa no tecido económico da região, ainda que como principal receptor da sua produção se destaque a Alemanha.

Ao analisar a estrutura das exportações em ambos os períodos considerados, verifica-se uma alteração no perfil exportador da região31, com perda significativa de expressão de alguns tipos de produtos, como o papel, cartão e produção de papel e as pastas de madeira, papel ou cartão para reciclar, que representavam os ramos com maior expressão na estrutura do comércio externo desta região com o país vizinho.

Os principais ramos de produtos importados de Espanha por esta região, tanto em 1995 como em 2004, foram os veículos e suas componentes, as máquinas e aparelhos eléctricos e mecânicos.

Os fluxos de exportação e de importação de Lisboa e Vale do Tejo com Espanha, ainda que as exportações sejam mais diversificadas, são em grande parte coincidentes nos mesmos ramos de produtos, assumindo-se portanto que

dados, que no caso dos dados referentes às regiões portuguesas não vão além do capítulo/ramo (2 dígitos)32, não permite aferir, com rigor se se está em presença de um comércio intra-ramo de integração vertical ou de integração horizontal, embora alguns autores sustentem que este comércio é diferenciado verticalmente pela menor qualidade relativa das exportações portuguesas (Machado, 2007, p. 22).

Quadro 15 - Estrutura do comércio externo de Lisboa e Vale do Tejo com Espanha, 1995 e 2004

Exportações Importações

1995 2004 1995 2004

03 Peixes e crustáceos 5,1 1,1 15 Gord. e óleos anim. ou veg.; prod. da sua dissoc.; gord. aliment.

elabor.; ceras de orig. anim. ou veg. 4,0 0,9 04 Leite e lact., ovos de aves, mel

nat., Prod. Comestíveis de orig.

animal 3,1 0,7

27 Combust. min., óleos min. e prod. da sua destil.; mat. Betumin.;

ceras min. 3,3 2,3

34 Sabões e seus deriv., ceras artif. e prep., prod. cons. e limp., velas, massas ou pastas para modelar

5,2 1,0 48 Papel, cartão e prod. Papel 0,0 4,5

39 Plásticos e suas obras 9,5 2,0 62 Vestuário e seus acessórios, excpt. de malha 0,0 3,6 44 Madeira, carvão vegetal e obras

de madeira 8,3 0,2 72 Ferro e aço 4,4 4,0 45 Cortiça e suas obras 3,3 0,1 84 Máquinas e aparelhos mecânicos 11,7 10,3 47 Pastas de mad. ou de outras

mat. fibr. celul.; papel ou cartão

para reciclar 11,9 2,0 85 Máquinas e aparelhos eléctricos 11,3 12,8 48 Papel, cartão e prod. papel 35,8 3,1 87 Veículos e componentes 29,7 14,8 62 Vestuário e seus acessórios,

excpt. de malha 5,0 0,5

70 Vidros e suas obras 0,0 3,2

72 Ferro e aço 0,0 19,2

76 Alumínio e suas obras 0,0 9,9

84 Máquinas e aparelhos

mecânicos 0,0 8,6

85 Máquinas e aparelhos eléctricos 0,0 11,7

87 Veículos e componentes 0,0 6,5

Total 87,2 69,7 64,4 53,1

Fonte: INE (Portugal) - Estatísticas do Comércio Internacional

A região Norte representa 43% e 27% das exportações e das importações de Portugal com Espanha, em 2004, pesos percentuais que sofreram um aumento, no caso das exportações, e um decréscimo, no caso das importações, em relação a 1995 (quadro 14).

Esta região regista um saldo negativo no comércio com Espanha, nos dois anos considerados, e ainda que se constitua como a região portuguesa que

32 Optando-se, por esta razão, por analisar a estrutura do comércio externo das várias regiões ibéricas com o mesmo nível de desagregação.

mais exporta e a segunda no ranking das importações, regista uma taxa de cobertura favorável a Espanha, que, em 2004, sofre uma recuperação, contudo insuficiente para atenuar o saldo negativo.

Considerando o peso do país vizinho no comércio externo da região, o Norte é uma das regiões que menor dependência assume face ao país vizinho, mas Espanha representa ainda, em 2004, mais de um quarto do comércio externo da região, valor que quase duplica face a 1995.

A estrutura do comércio externo da região Norte com Espanha (quadro 16) mostra que, em 2004, os principais ramos de produtos que compõem as exportações são: vestuário e seus acessórios, no seu conjunto (61+62); veículos e suas componentes; máquinas e aparelhos eléctricos; ferro e aço; e mobiliário e iluminação.

A forte representatividade da fileira do vestuário e seus acessórios no Norte deve-se, não só à forte tradição desta região na produção de textêis, vestuário e calçado, mas também ao facto de esta região se constituir como a escolha para a realização do outsourcing de partes das produções de outros países, como é o caso de Espanha, com o grupo Inditex.

Tal como se verificou com Lisboa e Vale do Tejo, a região Norte também viu alterado e mais diversificado o seu perfil exportador, face a 1995, em que os ramos com maior expressão no comércio externo da região com Espanha eram: as máquinas e aparelhos mecânicos e os veículos e suas componentes, à semelhança de 2004, mas tendo perdido expressão neste último ano; os combustíveis, óleos e ceras minerais, produção da sua destilação; plásticos e suas obras; e produtos químicos orgânicos.

As importações desta região concentram-se, essencialmente, nos plásticos e suas obras, máquinas e aparelhos mecânicos e eléctricos, em 2004, que, em relação a 1995, apenas mantém, ainda que registando uma quebra significativa, os plásticos e suas obras. Neste primeiro ano considerado eram também expressivos outros ramos de produtos, como o papel, cartão e produção de papel, os veículos e suas componentes e a madeira, carvão vegetal e obras de madeira.

ramos de produtos que tenham, simultaneamente, pesos significativos de exportações e de importações.

Quadro 16 - Estrutura do comércio externo do Norte com Espanha, 1995 e 2004

Exportações Importações

1995 2004 1995 2004

03 Peixes e crustáceos 4,5 2,3 02 Carnes e miudezas comestíveis 0,0 3,6 04 Leite e lact., ovos de aves, mel

nat., Prod. Comestíveis de orig.

animal 5,1 2,3 03 Peixes e crustáceos 0,0 4,5 27 Combust. min., óleos min. e

prod. da sua destil.; mat. Betumin.;

ceras min. 12,3 1,1

27 Combust. min., óleos min. e prod. da sua destil.; mat. Betumin.;

ceras min. 3,5 3,6

29 Prod. químicos orgânicos 9,9 1,9 32 Extract. tanantes e tintoriais 3,9 1,3 39 Plásticos e suas obras 10,6 3,8 34 Sabões e seus deriv., ceras artif. e prep., prod. cons. e limp., velas,

massas ou pastas para modelar 5,3 0,5 40 Borracha e suas obras 4,0 2,2 39 Plásticos e suas obras 18,5 7,3 44 Madeira, carvão vegetal e obras

de madeira 0,0 3,3 41 Peles, excpt. peles c pêlo, e couros 6,3 1,3 45 Cortiça e suas obras 0,0 3,2 44 Madeira, carvão vegetal e obras de madeira 7,1 1,9 61 Vestuário e seus acessórios, de

malha 0,0 14,8 45 Cortiça e suas obras 5,3 2,1 62 Vestuário e seus acessórios,

excpt. de malha 0,0 6,5 48 Papel, cartão e prod. papel 11,8 3,3 72 Ferro e aço 0,0 5,8 72 Ferro e aço 0,0 4,6 73 Obras de ferro fundido, ferro ou

aço 0,0 4,8 73 Obras de ferro fundido, ferro ou aço 0,0 3,0 84 Máquinas e aparelhos

mecânicos 6,0 3,6 84 Máquinas e aparelhos mecânicos 0,0 7,1 85 Máquinas e aparelhos eléctricos 16,7 6,0 85 Máquinas e aparelhos eléctricos 0,0 6,5 87 Veículos e componentes 11,1 9,0 87 Veículos e componentes 7,3 4,3 94 Mobiliário e iluminação 5,8 5,2 94 Mobiliário e iluminação 4,1 2,5

Total 86,0 75,8 73,1 57,4

Fonte: INE (Portugal) - Estatísticas do Comércio Internacional

No ano de 2004, 24% e 18% das exportações e das importações nacionais com Espanha são da responsabilidade da região Centro, registando, em termos de expressão na estrutura total, uma diminuição das exportações e um aumento das importações, relativamente a 1995 (quadro 14). Este comportamento é responsável por um acentuar do saldo negativo do comércio com Espanha, que reforça a taxa de cobertura desfavorável a esta região. Para esta região, Espanha assume um peso significativo no comércio externo da região, uma vez que o Centro se apresenta, tanto em 1995 como em 2004, como a segunda região portuguesa em que o peso do país vizinho no seu comércio externo é mais elevado.

À semelhança do que se constatou nas outras regiões já analisadas, o perfil da estrutura sectorial regional regista alterações significativas, nos dois anos

considerados, em particular em alguns ramos específicos, o que poderá estar associado, tal como já foi referido, a falhas estatísticas, mas também a “investimentos espanhóis e de multinacionais a operar a partir de Espanha na aquisição, e por vezes encerramento, de unidades industriais” (Pires e Martins - 2007, no prelo).

Os principais produtos exportados da região Centro para Espanha (quadro 17), em 2004, são: os veículos e suas componentes; os plásticos e suas obras; as máquinas e aparelhos mecânicos; e a madeira, carvão vegetal e obras de madeira.

Comparativamente a 1995 apenas as máquinas e aparelhos mecânicos e a madeira, carvão e obras de madeira mantiveram uma expressão significativa em termos de estrutura, embora registando uma diminuição em 2004. No ano de 1995, o papel, cartão e produção de papel e os vidros e suas obras também se encontravam entre os ramos de produtos que mais se destacavam na estrutura das exportações da região para Espanha.

A estrutura importadora da região Centro em relação a Espanha, em 2004, compõe-se, essencialmente, pelos veículos e suas componentes e plásticos e suas obras. O primeiro ramo de produtos manteve-se como o mais relevante na estrutura das importações, desde 1995, e as máquinas e aparelhos mecânicos e eléctricos apresentavam, neste ano, valores percentuais significativos.

Nesta região verifica-se a existência de comércio intra-ramo, ainda que envolvendo um grupo restrito de ramos de produtos.

Quadro 17 - Estrutura do comércio externo do Centro com Espanha, 1995 e 2004

Exportações Importações

1995 2004 1995 2004

39 Plásticos e suas obras 5,7 9,2 02 Carnes e miudezas comestíveis 4,3 3,6 44 Madeira, carvão vegetal e obras

de madeira 10,3 8,6 03 Peixes e crustáceos 3,5 4,2 47 Pastas de mad. ou de outras

mat. fibr. celul.; papel ou cartão

para reciclar 4,9 2,0

15 Gord. e óleos anim. ou veg.; prod. da sua dissoc.; gord. aliment.

elabor.; ceras de orig. anim. ou veg. 5,4 4,5 48 Papel, cartão e prod. papel 9,4 5,7 22 Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres 3,2 1,7 62 Vestuário e seus acessórios,

excpt. de malha 5,1 3,9 39 Plásticos e suas obras 0,0 8,1 69 Produtos cerâmicos 4,7 4,3 69 Produtos cerâmicos 4,3 1,5 70 Vidros e suas obras 9,3 5,6 72 Ferro e aço 6,4 4,5 73 Obras de ferro fundido, ferro ou

aço 1,7 3,9 73 Obras de ferro fundido, ferro ou aço 2,9 4,1 83 Obras diversas de metais

comuns 4,1 2,0 84 Máquinas e aparelhos mecânicos 11,6 6,3 84 Máquinas e aparelhos

mecânicos 20,7 9,2 85 Máquinas e aparelhos eléctricos 9,3 4,7 85 Máquinas e aparelhos eléctricos 5,9 5,1 87 Veículos e componentes 22,0 19,8 87 Veículos e componentes 5,9 15,2 94 Mobiliário e iluminação 3,9 4,1

Total 91,6 78,7 73,0 63,1

Fonte: INE (Portugal) - Estatísticas do Comércio Internacional

4.4.2.2 Estrutura sectorial do comércio das regiões espanholas com