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LEITURA DO TERRITÓRIO : JARDIM LAPENNA

1.1 Caracterização do território

O Jardim Lapenna é um bairro localizado na grande várzea do rio Tietê, situado ao norte de um dos principais distritos da subprefeitura de São Miguel Paulista, região leste da cidade de São Paulo. (Ver Mapa 01)

10 Dados disponíveis no portal da Prefeitura de São Paulo em:

http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br.

11 A Fundação Tide Setubal está inserida no bairro há 10 anos e promove

projetos de desenvolvimento humano através de programas culturais e educativos, além de realizar pesquisas sobre o território vulnerável em suas diferentes dimensões.

Possui limites bem definidos por suas fronteiras territoriais conforme Mapa 02: Av. Jacu Pêssego /Rodovia Nova trabalhadores , a ETE São Miguel - Estação de Tratamento de Esgotos de São Miguel , a Companhia Nitroquímica Brasileira e a Estação de trem de São Miguel Paulista , em que passa a linha 12- Safira da CPTM.

Apesar de próximo ao centro de São Miguel Paulista, suas divisas territoriais limitam o acesso aos demais bairros da região.

Em visita ao bairro foi possível acessá-lo por via motorizada pela única via que dá acesso ao Jardim Lapenna, a alça da Av. Jacu Pêssego, que sai da Rodovia Nova Trabalhadores e se conecta a Rua Rafael Zimbardi.

Para trajeto a pé, é possível acessar por uma passarela sobre a linha férrea que conecta o bairro ao centro de São Miguel, através da Rua Angelina Lapena Aparente. E, por último, pela

41 Estação São Miguel Paulista, por trem ou por trajeto a pé que se dá pela Praça do Forró.

Todas as alternativas de acesso desembocam na Rua Rafael Zimbardi que, apesar de ser a principal via de acesso ao bairro, possui largura de uma via local, dificultando a passagem de veículos maiores que os de passeio.

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Mapa 01 : Localização Macro do território – Cidade de São Paulo, São Miguel Paulista e Jardim Lapenna.

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Mapa 02 : Localização do bairro Jardim Lapenna, São Miguel Paulista – São Paulo, 2017.

44 O Bairro é uma composição de três loteamentos: Vila Gabi, Vila Nair e Jardim Lapenna, sendo o último nome o escolhido para a intervenção no bairro12. Durante a pesquisa foram

encontrados outros registros de grafia para o nome do bairro: Jardim Lapenna, Jardim Lapena e Vila Lapena. Manteve-se Jardim Lapenna por ser a utilizada pela Subprefeitura de São Miguel Paulista.

Conforme diagnóstico apontado pela PMSP (2016), no Caderno de Propostas dos Planos Regionais da Subprefeitura de São Miguel Paulista, a área foi caracterizada pela infraestrutura inadequada às necessidades da população, devido à situação de alta vulnerabilidade social em que se acha boa parte dela, e cujas moradias encontram-se instaladas nos assentamentos irregulares sobre o afluente do Rio Tietê. (PMSP, 2016, p.44)

12Proposta pelo Plano de Bairro Participativo, o primeiro desse gênero na

região de várzea do Rio Tietê, da cidade de São Paulo. Além do Plano de Bairro Participativo em desenvolvimento, existem outras propostas de intervenções para a região contidas nos Planos Regionais da Subprefeitura de São Miguel Paulista e da Região Leste. Disponíveis em:

http://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br.

O primeiro déficit identificado na área está na infraestrutura viária.

A participação em uma das reuniões com o colegiado do Plano de Bairro para discutir intervenções na Rua Rafael Zimbardi, principal rua de fluxo de pedestres, comercial e de acesso ao bairro, permitiu conhecer alguns dos problemas viários, como a entrada equivocada de caminhões que saem da Rodovia Nova Trabalhadores e entram na rua através da Av. Jacu Pêssego, chegando à Estação São Miguel Paulista sem encontrar retorno para sair do bairro, sendo necessária uma grande mobilização para retirada do transporte da via.

A Rua Rafael Zimbardi, além de ser estreita e permitir a passagem de apenas um automóvel por vez, possui calçamento só em um lado da via, oposto ao muro da linha do trem, o que gera disputas de espaço entre o fluxo de pedestres que utilizam a Estação de trem, os feirantes que instalam barracas nas calçadas e os moradores que utilizam a via como estacionamento e acesso para seus automóveis. A capacidade reduzida das vias do bairro dificulta o acesso de veículos de grande porte, como ônibus e caminhões, muitas

45 não possuem pavimentação, outras possuem larguras limitadas para circulação de apenas um automóvel por vez e ainda há vielas e travessas nas quais só transitam pedestres. (Mapa 03)

Essa limitação dificulta os serviços de manutenção da Prefeitura, os quais necessitam do trânsito de caminhões de lixo, entre outros, no perímetro do bairro. Dificulta também a inserção de linhas de ônibus operantes dentro do bairro, já que a inadequação da largura da via e a angulação das curvas das quadras, em sua maioria, são inviáveis para a manobra de grandes veículos.

Ao percorrer o bairro ou ao chegar ao território, nota-se a deficiência de meios de transporte público, principalmente linhas de ônibus e pontos de ônibus dentro do bairro. (Mapa 04)

Em entrevista, uma das professoras do CEI, relatando seu percurso para chegar à instituição, comentou sobre a dificuldade, não pela distância, mas pela falta de alternativas de acesso ao bairro no percurso por transporte público e a pé.

“Da CPTM pra lá tem condução, da CPTM pra cá não tem. Você tem que atravessar ou a passarela, que é meio, meio... não é assustador que eu digo, meio vazio, né? Deserto. Ou você vai pela CPTM, que você anda um pouquinho mais. (Professora Infantil II - CEI Jardim Lapenna I, 04/04/2018)

As dificuldades encontradas na inadequação da infraestrutura se justificam pelo processo de formação do bairro.

A parte mais antiga e urbanizada está ao norte da linha férrea (Mapa 05) ocupada na década de 1950 (cinquenta) pela expansão da cidade de São Paulo e a inserção de indústrias na região de São Miguel Paulista, como a Nitroquímica, uma das mais relevantes e significativas de São Paulo nesse período. (FONTES, 1996)

Nesse mesmo período São Miguel Paulista, assim como outras periferias da cidade, recebeu migrantes de todo país, principalmente do nordeste, devido às ofertas de emprego e às facilidades de moradia nessas áreas. (FONTES, 1996)

46 Próximo à indústria e a Sabesp posteriormente foram se constituindo outros bairros, como o Parque Paulistano, Jardim Helena, Vila Mara e, do outro lado da Rodovia Nova Trabalhadores, a Vila Nova União. Há ainda algumas formações por assentamentos irregulares.

47 Mapa 03 : Sistema Viário.

48 Mapa 04 : Transporte Público.

49 Mapa 05 : Jardim Lapenna, 1958.

50 A formação de São Miguel Paulista se assemelha à de muitos bairros da periferia de São Paulo que, conforme a cidade foi se expandindo, foram esgarçando seus limites territoriais, ocupando as grandes áreas de várzeas do Rio Tietê. (BOMTEMPI, 1970)

Conforme Patto (1999), a origem desses bairros faz parte de um “espraiamento da área urbana através da ocupação de espaços cada vez mais distantes da “cidade””, que continua sendo feita de forma clandestina, em loteamentos aglutinados “às margens de grandes rodovias, rios e ferrovias em seus trechos urbanos.” (PATTO, 1999, p.195)

Por estarem inseridos em uma região com características físicas semelhantes, essas áreas residenciais sofrem os resultados da ocupação e assoreamento nas áreas de várzea.

Segundo Peixoto (2017) o Rio Tietê se organiza por meandros, ou seja, possui uma configuração complexa na repartição da

terra e água, formando uma “margem espessa e movente”, cujas curvas preenchem todo um plano. Nessa configuração, o rio cria um mecanismo pelo qual ocorre seu transbordamento, de acordo com a intensidade do fluxo em que as curvas que variam constantemente. (PEIXOTO,2017,p.158)

A ocupação e urbanização nessas margens, as áreas de várzea, trouxeram consigo o descarte de resíduos sólidos produzidos pelas indústrias, o lixo descartado pela população, aterros utilizando entulhos e restos de materiais de demolição, provocando o assoreamento do curso d’água. (PEIXOTO, 2017, p.163-164).

A falta de drenagem para o escoamento das águas e o aumento o fluxo do rio em época de chuvas, causam um estado crítico nessas áreas, resultando em inundações e enchentes nos locais de ocupação.

51 Segundo Batista e Carvalho – Silva (2013), a ocupação do Jardim Lapenna se divide em três momentos e características diferentes. O primeiro momento, conforme abordado anteriormente, refere-se à constituição da parte mais antiga, localizada na região mais alta do território (ver Mapa 05), que teve seu início de ocupação por volta da década de cinquenta e, embora esteja na região mais alta que o centro do bairro, não é menos afetada pelos alagamentos, conforme mostram os Mapas 13 e 16.

Essa área possui vias asfaltadas, iluminação pública, casas concluídas com acabamento na fachada, serviços, comércios, escola e igrejas. Também nota-se um padrão socioeconômico mais elevado que as demais regiões através da observação dos bens e tipos de acabamentos das casas. (BATISTA E CARVALHO –SILVA, 2013,p.39).

No segundo momento, a ocupação se deu na região central e leste do bairro, em um loteamento desordenado; segundo as observações da configuração urbana do mapa de 1988 e fotos

por satélite do ano de 2001, percebe-se que esse momento deve ter ocorrido na década de 1990, na qual ocorreram também os movimentos habitacionais de interesse social e as ações comunitárias dos mutirões.

No terceiro momento ocorreram as ocupações mais recentes, entre 2012 a 2016, no limite ao norte do bairro, sobre o afluente do Rio Tietê. São assentamentos precários, sem saneamento básico, água potável, com casebres fechados em tapumes e restos de materiais de construção.

Segundo Batista e Carvalho – Silva (2013) esta área, além de vivenciar a precariedade em infraestrutura e serviços, ainda possui um alto índice de criminalidade pelo tráfico de drogas.

“É a mais precária em relação aos serviços sociais e sofre mais com as enchentes, pois, além de estar na parte menos elevada do terreno, é o lugar onde o esgoto desemboca. [...] O tráfico de

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drogas é mais intenso nessa porção do bairro, sendo realizado num terreno baldio conhecido pelos moradores como “campinho”” (BATISTA E CARVALHO – SILVA, 2013, p.39)

O diagnóstico13 levantado pela Fundação Getúlio Vargas, com

a coordenação do economista e pesquisador Ciro Bidermam (2017), em cooperação com a Fundação Tide Setubal, para elaboração de propostas para o Plano de Bairro do Jardim Lapenna, concluiu que as últimas ocupações ocorridas entre 2012 a 2015 (Mapa 06) foram resultantes da ação do poder público na desocupação de outros assentamentos irregulares em diversas regiões da cidade de São Paulo, o que faz dessa e de outras desocupações um ciclo de realocação de pessoas marginalizadas pelas periferias da cidade, sem oferecer ou

13 Diagnóstico apresentado em palestra pelo Coordenador do Centro de

Política e economia do Setor público- CEPESP/FGV, Ciro Bidermam, Andrelissa Ruiz e Tomas Wissenbach para o Programa de pós- Graduação de Arquitetura e urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, 07/11/2017. O resumo das propostas levantadas através desse diagnóstico está disponível em:

https://planodebairrojardimlapenna.wordpress.com/sobre-nos/.

propor uma solução definitiva para sanar o déficit em habitação de interesse social.

Através da observação das fotos por satélite entre os anos 2001 a 2017, pode-se constatar um rápido avanço dessas ocupações, principalmente nas áreas de proteção ambiental e de riscos geológicos ao noroeste e norte do bairro.

Esse crescimento demográfico desordenado e a ocupação de áreas de risco resultou em três categorias de vulnerabilidade social dentro do perímetro do Jardim Lapenna, conforme os Mapas 07 e 08, demarcando as áreas e classificação do índice Paulista de Vulnerabilidade Social (IPVS) e a média do rendimento mensal distribuídos no bairro.

No Mapa 09 mostra a Densidade Demográfica a partir dos dados levantados pelo Censo (2010). Pelas unidades selecionadas no perímetro do bairro no portal do Geosampa, constatou-se a densidade de 500 hab/km² em toda a sua área. Consta também a quantidade de domicílios ocupados: 2.283 (dois mil duzentos e oitenta e três), e o total de habitantes:

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Dados mais recentes sobre a densidade demográfica serão atualizados no Censo 2020, mas, segundo o levantamento para o diagnóstico do Plano de Bairro realizado pela Fundação Getúlio Vargas (2016), atualmente há um número aproximado de 12 (doze) mil habitantes em todo o perímetro do bairro.

54 Mapa 06 : Progressão Urbana do Jardim Lapenna (2001- 2017).

55 Mapa 07 : Índice Paulista de Vulnerabilidade Social(IPVS).

56 Mapa 08 : Renda Mensal (média) do Jardim lapenna,2010.

57 Mapa 09 : Densidade Demográfica,2010.

58 O uso e a ocupação do solo são predominantemente residenciais e horizontais, com pequenos pontos de comércio, serviços e uma grande área ocupada pela indústria (Nitroquímica) e a ETE São Miguel Paulista.

A tipologia das residências varia entre casas térreas, assobradadas, conjugadas em volta de um pátio central, casas tipo apartamento, são as mais variadas configurações, assim como as dimensões dos lotes, fazendo de algumas quadras grandes áreas construídas.

Batista e Carvalho – Silva (2013) relatam que as casas da região mais antiga do bairro são majoritariamente térreas ou assobradadas, unifamiliares; já as casas na região central se configuram em habitações multifamiliares de até quatro pavimentos, nas quais cada laje representa uma nova casa, a maioria inacabada. Também há a configuração de casas tipo colmeia, que são aglutinadas no entorno de um pátio central, um quintal, conforme ilustrado a seguir pela arquiteta Vania Tramontino. (BATISTA E CARVALHO – SILVA, 2013, p.39-40)

Ao conhecer a configuração dessas residências, Batista e Carvalho- Silva (2013) relataram a precariedade na qualidade do ar, a insuficiência de luz e ventilação resultantes de poucas aberturas, que favorecem um ambiente insalubre e úmido.

Figura 03 : Plantas das tipologias das residências no Jardim Lapenna, elaboradas por Vania Tramontino. Fonte: BATISTA E CARVALHO – SILVA, 2013, p.198)

59 Figura 04 : Planta- Casa tipo colmeia no Jardim Lapenna elaborada por

Vania Tramontino. Fonte: BATISTA e CARVALHO – SILVA, 2013, p.200.

As casas são construídas de forma autogerida; muitas famílias compartilham terrenos com tamanhos limitados para a ocupação por metro quadrado, resultando em acessos confinados, circulações mínimas entre cômodos e as construções. (BATISTA e CARVALHO-SILVA, 2013, p.197-199)

“A falta de planejamento se revela nas baixas luminosidades e ventilação. São poucas as janelas que muitas

vezes abrem para uma parede em razão do adensamento da ocupação do bairro. Os ambientes se tornam um tanto insalubres, com odor de mofo, o que é agravado pela constância das enchentes. Contribui também o mau cheiro vindo da precariedade do esgoto. Essa insalubridade deve marcar o cotidiano da maior parte das mulheres e crianças que passam muito tempo em casa. (BATISTA e CARVALHO-SILVA, 2013, p.198)

Esse tipo de configuração pode representar um risco à segurança em situações de incêndio ou emergências, em que se necessita de uma rota de fuga adequada para a ocupação do ambiente. Por outro lado, o compartilhamento de áreas comuns, como o quintal, configura um ambiente de convívio social e cumplicidade no cuidado com seus integrantes.

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“Os quintais são todos cimentados, sem lugar para terra e plantas. São, apesar disso, fundamentalmente um local de convívio, quase uma praça, mesmo que na maior parte das vezes suas dimensões

sejam pequenas: permitem a

sociabilidade infantil e o estabelecimento de relações de solidariedade entre as mulheres, que se alternam na vigilância das crianças e se protegem do território externo.” (BATISTA e CARVALHO-SILVA, 2013, p.199)

A tipologia e os desenhos do lote vão criando uma malha urbana em que é possível verificar a alta taxa de ocupação em determinadas áreas do bairro e os poucos vazios urbanos que ainda restam no território tão limitado e tão carente de áreas públicas voltadas para o lazer e para infraestrutura.

A recorrência de enchentes nos períodos de chuvas também transforma a configuração das casas e a disposição dos móveis na tentativa de diminuir os prejuízos das inundações.

“As constantes enchentes de verão, que

aumentaram com o adensamento

populacional, imprimem um modo de vida repleto de preocupações e desafios aos moradores. As portas das casas têm comportas e os móveis e equipamentos mais importantes são colocados sobre

tablados improvisados. [...] tarefas

comumente mais simples, como “comprar pão” ou “ir à escola”, transformam-se em

verdadeiros desafios”. (BATISTA E

CARVALHO-SILVA, 2013, p.38)

Existem ainda entre a região mais antiga e a região central conjuntos habitacionais financiados pela Prefeitura, conforme mostra o Mapa 11.

61 O bairro possui uma alta taxa de ocupação do solo (Mapa 12) gerando grandes quadras densas, sem ventilação e iluminação, ainda que com gabaritos baixos. Outro fator alarmante é a falta de áreas com permeabilidade no solo, situação agravante para alagamentos (Mapa 13).

A área de menor taxa de ocupação e maior coeficiente de aproveitamento é a área destinada a ZEIS-1 (Zona Especial de Interesse Social), na qual estão os conjuntos habitacionais da SEHAB (Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo), financiados pelo programa FUNAPS (Fundo de Atendimento à População Moradora em Habitação Subnormal), nas ruas Rafael Zimbardi , Praça Guiraguaçu, Rua Miguel Lazzari e Dr. Almiro do Reis. Os conjuntos habitacionais são compostos de 48 (quarenta e oito) unidades habitacionais em uma área de 19.397,39m² (dezenove mil trezentos e trinta e nove) em 8 (oito) blocos verticais com 5 (cinco) andares cada e 4 (quatro) apartamentos por andar, totalizando 160 (cento e sessenta) unidades habitacionais (Ver Mapa 10 e Mapa 11).

A habitação caracteriza um dos principais problemas do bairro, visto que as áreas de risco de inundação estão ocupadas irregularmente conforme retratado anteriormente. A verticalização habitacional em áreas que estão fora de risco de alagamentos , em solos mais firmes, seria um dos caminhos para solucionar a questão de moradia no bairro.

62 Mapa 10 : Uso e Ocupação do solo.

63 Mapa 11 : Tipos de Habitação.

64 Mapas 12 : Vazios Urbanos e Taxa de Ocupação.

65 Mapa 13 : Condicionantes Naturais.

Fonte: Adaptado de Geosampa, Google Maps e Mapa digital da cidade – PMSP 14

14 Caderno de Propostas dos Planos Regionais das Subprefeituras - Perímetros de Ação: São Miguel Paulista, SMDU, PMSP, p. 45,2016. Disponível em:

66 Grande parte do abastecimento de água e esgoto na região é realizada pela rede pública. Mas ainda há uma parte que não contempla o abastecimento de água, nem tratamento de esgoto. A população carente desses recursos é justamente a que reside nos assentamentos precários sobre o afluente do rio, próximo a ETE de São Miguel Paulista. Além do forte cheiro de esgoto nessas áreas, há também fortes odores causados pelos resíduos químicos produzidos pela indústria. A mesma população não tem acesso à iluminação pública, conforme mostra o Mapa 14, nem coleta de lixo, dificultando a questão da segurança e limpeza dessas áreas.

Nos dias da visita ao Jardim Lapenna , foi possível conversar com um Gari que estava fazendo a limpeza do terreno adjacente ao CEI Jardim Lapenna I. Este informou que a coleta de lixo não chega a todo o território do bairro, pois há locais nos quais o caminhão não passa. Outra dificuldade encontrada para o acesso do caminhão de coleta de lixo são os constantes alagamentos das vias nos períodos de chuvas.

“Cresce... aqui nois faz de seis em seis meses, aqui, também [...] É, só que os caras vem as vezes. Eles é difícil vir e quando vem... tem muito serviço pra eles. Liga, liga pra eles direto (Gari, 04/04/2018)

O serviço de manutenção da grama nos terrenos é realizado pela Prefeitura de seis em seis meses; algumas vezes prejudicado pela indisponibilidade das máquinas e a dificuldade do acesso ao bairro. Quando a Prefeitura não consegue enviar as máquinas, os garis são enviados para fazer a manutenção.

“Isso. Porque naquela vez a máquina tava quebrada a outra máquina. Pros caras retornar demora. A outra tá quebrada também... já tem uns 15 dia... que é pra chegar a máquina, mas não chegou.[...] Rapaz eles liga pra vir. Esse tempo eles não vieram limpar aqui, ai a gente tá

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limpando. Pediu pra nóis limpa, nós

limpa.” (Gari,04/04/2018)

São poucos os equipamentos públicos: Dois CEIs (CEI Jardim Lapenna I e CEI Jardim Lapenna), uma Unidade Básica de Saúde (UBS Jardim Lapenna), um Centro Cultural e Biblioteca ( Galpão de Cultura e Cidadania), um Centro de Esporte para crianças e adolescentes (Sede da Associação dos Amigos do Jardim Lapenna), uma Escola de Ensino Fundamental e Médio ,