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3 HIPÓTESES CIENTÍFICAS

4. ESTADO DA ARTE

4.2 REVISÃO SISTEMÁTICA DOS EFEITOS DAS INTERVENÇÕES EDUCATIVAS POR TELEFONE SOBRE O ALEITAMENTO MATERNO

4.2.3 Caracterização dos artigos de acordo com o Método

Para iniciar a análise dos estudos incluídos nessa revisão sistemática é necessário inicialmente apresentar alguns aspectos metodológicos importantes para a compreensão dos ensaios clínicos realizados, como a população e amostra de cada estudo, perdas amostrais, critérios de inclusão e as técnicas de randomização utilizadas conforme descrito no Quadro 3.

Quadro 3 - Caracterização dos estudos de acordo com os aspectos metodológicos. Fortaleza-CE, 2016.

Autor População Amostra

Inicial

Amostra Final

Perdas Critérios de Inclusão Técnica de Randomização

Bunik et

al. 2010 Puérperas latinas de baixa renda

341 249 27,0% Puérperas com 18 anos ou mais; que tiveram bebê a termo saudável; e que queriam amamentar; cujo idioma principal fosse o inglês ou espanhol.

Randomização em blocos com uso de envelopes lacrados.

Pugh et al. 2010

Puérperas 467 328 30,0% Lactente de gestação a termo, com intenção de amamentar, idioma ingês, com acesso a telefone e com residência dentro de 25 milhas do hospital de nascimento.

Uso de algoritmo no SPSS sendo utilizado a técnica dos envelope selado.

Rasmuss en et al. 2011

Puérperas

obesas 50 40 20,0% Mulheres com 35 semanas ou menos de gestação, com a intenção de amamentar, sem história de cirurgia de mama, residente próximo ao local do estudo, maiores de 19 anos e com (IMC) > 29 kg / m2

Houve a randomização em dois grupos: Grupo controle (cuidado de rotina) e Grupo intervenção. Não informa a técnica utilizada.

Tahir e Al-Sadat., 2013

Puérperas 357 318 10,9% Puérperas com 18 anos ou mais; nacionalidade da Malásia; Gestação única a termo; ter intenção de amamentar; compreender e se comunicar pelo idioma malaio ou inglês; ter participado ao menos de um programa de educação no pré-natal; ter telefone para contato.

Randomização em blocos, utilizando um software de distribuição aleatória.

Carlsen et

al. 2013 Puérperas Obesas

226 227 8,5% Mulheres que pretendiam amamentar e que não tinham história de cirurgia de mama. Todas as mulheres que tinham participado do Estudo Tratamento da Obesidade na gravidez/ IMC pré-gravidez: 30 kg / m2.

Randomização um por um, utilizando um software de distribuição aleatória

Fu et al. 2014

Puérperas Chinesas

724 722 0,3% Primíparas chinesas, pelo menos 18 anos de idade; intenção de amamentar; sem complicações obstétricas ou doenças psiquiátricas, e sem contra indicação para amamentação.

Randomização em grupo (o hospital era a unidade de randomização, pois se tratou de um estudo multicêntrico) com uso da tabela de números aleatórios

Ganga et

al., 2015 Gestantes 120 103 14,2% Mulheres com ≥ 28 semanas de gestação, maiores de 18 anos, idioma inglês e com indicação para amamentação.

Randomização em blocos e estratificada de acordo com a atitude da mãe em relação à amamentação.

Efrat et al.; 2015

Gestantes 289 117 59,5% Mulheres hispânicas com 26 a 34 semanas de gestação; telefone para contato; nascimento de bebê saudável a termo.

Randomização em blocos utilizando algoritmo computacional

Flax et al.

2016 Gestantes 484 461 4,8% Mulheres programas de microcréditos gestantes que integravam Randomização utilizando a variável Bernoulli em blocos criada pelos pesquisadores

Reeder et

al. 2016 Gestantes 1948 1885 3,2% Mulheres que falassem o idioma inglês ou espanhol, participantes do Supplemental Nutrition Program for Women, Infants, and Children (WIC), com intenção de amamentar ou que estavam indecisas quanto à amamentação.

Randomização estratificada por idioma (inglês e espanhol) para o grupo controle, aconselhamento de baixa frequência e de alta frequência. Não informa a técnica utilizada.

Em relação à população eleita para a realização dos estudos percebe-se que tanto gestantes como puérperas foram escolhidas, pois alguns autores defendem ser necessário iniciar o suporte e apoio ao aleitamento materno ainda durante a gestação por meio do acompanhamento pré-natal (EFRAT et al., 2015; GANGA et al., 2015; REEDER et al. 2016).

Nos estudos em que a população foi composta por mulheres gestantes, a intervenção teve início a partir do terceiro trimestre gestacional, por acreditar que é nesse período que a mulher deve ser preparada para as questões que envolvem a vivência do parto e nascimento, puerpério e alimentação da criança (EFRAT et al., 2015; GANGA et al., 2015; REEDER et al. 2016). Já nos estudos em que a população foi constituída por puérperas, a intervenção teve início no puerpério imediato, como forma de ajudar e apoiar as mulheres a iniciar essa prática, fornecer informações e apoio para superar as dificuldades presentes no início da amamentação e torná-la confiante para manter a exclusividade da amamentação (BUNIK et al., 2010; TAHIR; AL-SADAT, 2013; FU et al., 2014; CARSELN et al. 2013; PUGH et al., 2010).

De forma geral, a amostra dos estudos foi composta por mulheres que tiveram bebês saudáveis a termo, sem complicações ou intercorrências obstétricas ou no período puerperal, sem contraindicações para amamentar e que tivessem telefone para contato. Somente os estudos de Rasmussen et al.(2011) e Carlsen et al. (2013) envolveram um grupo específico de puérperas (mulheres obesas) uma vez que a obesidade materna está associada a piores taxas de AM e AME, sendo necessário intervenções de suporte e apoio para esse público específico.

Em relação à perda amostral, os estudos tiveram taxas significativas de perda, variando de 0,3% até 59,55% da amostra. Nos ECR é importante considerar a perda de amostra que pode ocorrer ao longo dos estudos, uma vez que a maioria envolve períodos longos de acompanhamento dos sujeitos.

Nas intervenções por telefone para a promoção do aleitamento materno diversas causas podem elevar o número de perda dos participantes, como mudança de número de telefone, telefone desligado, não atender as ligações, desistência de participar da pesquisa, interrupção da amamentação, dentre outros (JAVORSKI,

2014; RODRIGUES, 2015; CHAVES, 2016). Na tentativa de superar as possíveis limitações ocasionadas pela diminuição do número de participantes ao longo do estudo é necessário acrescentar um percentual de possíveis perdas no cálculo amostral.

Todos os estudos analisados referiram ter realizado a randomização dos participantes no grupo controle e intervenção, utilizando técnicas como a randomização em blocos, em grupos e estratificada, com a utilização de algoritmos computacionais, uso de envelopes lacrados e tabelas de números aleatórios. Apenas os estudos de Rasmussen et al. (2011) e Reeder et al. (2016) não referiram a técnica de randomização utilizada. A randomização consiste em uma das características bases de um ensaio clínico, devendo alocar de forma aleatória os tratamentos testados e que essas alocações sejam invioláveis, devendo a técnica escolhida e o procedimento de alocação ser adequados para cada tipo de estudo (HULLEY et al., 2008).