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ETAPA III: Avaliação do Desfecho com 60, 120 e 180 dias

9 LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES DO ESTUDO

Apesar do rigor metodológico no desenvolvimento dessa pesquisa, alguns fatores podem ser considerados como limitações para a generalização dos seus resultados. A restrição do estudo a uma única maternidade do município de Fortaleza-CE impacta na abrangência do estudo, uma vez que os dados não são representativos de todo o estado do Ceará, já que em outros municípios a população de lactantes, bem como a prática do aleitamento materno pode ter um perfil diferente, conforme já mostrou a última pesquisa de Prevalência Nacional do Aleitamento Materno (VENÂNCIO et al., 2010).

Além disso, participaram da pesquisa apenas mulheres atendidas no serviço público de saúde desse município, não contemplando as mulheres que são atendidas nos serviços privados que, muitas vezes, vivenciam realidades diferentes e talvez bem piores.

Embora o uso do telefone tenha permitido inúmeras contribuições para essa pesquisa, como o acompanhamento de um número considerável de mulheres ao longo do tempo sem a necessidade de se deslocar ao serviço de saúde, também se evidenciaram algumas limitações, como a perda de participantes pela falta de contato telefônico. A mudança de números, perda de aparelhos celulares, telefone fora de área e contatos telefônicos de parentes são fatores que causaram a descontinuidade de muitas mulheres no estudo.

Somado a isso, o uso da intervenção educativa somente por telefone não propiciou o contato presencial entre pesquisadora e participantes, o que dificulta a formulação do vínculo entre profissional e paciente, a observação dos aspectos físicos e psicológicos pelos quais a mulher está passando, bem como o apoio prático à amamentação. Dessa forma, é importante que o uso de intervenções educativas por telefone esteja associado ao acompanhamento presencial dos sujeitos.

Outro aspecto que foi observado foi a saturação de algumas participantes do estudo quanto as ligações para avaliação do desfecho, principalmente do grupo controle, por se tratarem das mulheres que só recebiam esse tipo de ligação. Para a aplicação da escala de autoeficácia e do formulário

de acompanhamento na avaliação do desfecho era necessário um tempo mais prolongado de contato telefônico, devido a isso, e a repetição dessas ligações ao longo dos seis meses, algumas mulheres se mostravam pouco receptivas e/ou bastante objetivas nas suas respostas, o que dificultava a aplicação dos instrumentos.

Por se tratar de uma intervenção educativa a dificuldade de cegamento do pesquisador principal e dos participantes também são fatores que podem afetar o estudo. Como alternativa percebe-se a necessidade de realizar ligações “placebo” para o grupo controle, de forma que ambos os participantes não saibam a qual grupo pertencem.

Dessa forma, espera-se que as limitações desse estudo possam contribuir para o desenvolvimento de pesquisas futuras, contribuindo para o seu delineamento. A análise da relação custo-efetividade desse tipo de intervenção, a aplicação em mais de uma cidade do Ceará e outras regiões do Brasil, a inclusão de usuárias do sistema público e privado de saúde, a associação do suporte por telefone com intervenções presenciais, bem como a realização de intervenções “placebo” para o grupo controle são aspectos que podem ser investigados por outros pesquisadores.

10 CONCLUSÃO

Por meio desse estudo percebe-se a importância de utilizar estratégias educativas para reforçar a confiança materna em amamentar e trabalhar os fatores e dificuldades que possam interferir na autoeficácia materna e no aleitamento materno.

Os resultados desse estudo comprovaram as hipóteses apresentadas, uma vez que a intervenção educativa mediada por telefone foi capaz de elevar a autoeficácia das mulheres do grupo intervenção e impactar na duração e exclusividade do aleitamento materno. As puérperas que participaram do grupo intervenção apresentaram maiores escores de autoeficácia tanto aos dois, como aos quatro e seis meses quando comparado com o controle. Além disso, 100% das mulheres que receberam a intervenção e permaneceram no estudo até o final do acompanhamento apresentaram autoeficácia elevada nesses três momentos de avaliação.

Identificaram-se maiores índices de aleitamento materno no grupo intervenção até os seis meses de vida da criança, mantendo-se sempre acima de 90% em todos os momentos de avaliação. Somado a isso, esse grupo apresentou maiores chances de estar amamentando no segundo, quarto e sexto mês pós-parto do que o grupo controle.

Os efeitos da intervenção também repercutiram em maiores índices de aleitamento materno exclusivo no sexto mês, sendo que as mulheres do grupo intervenção tiveram 3,4 vezes mais chances de estarem amamentando exclusivamente do que o grupo controle nesse período. Já no segundo e quarto mês pós-parto a intervenção não repercutiu nas taxas de AME.

Além disso, a mediana de duração final do aleitamento materno e exclusivo foi maior entre as mulheres que receberam a intervenção educativa (GI:180 dias GC:150 dias). Em relação a isso, o grupo controle amamentou cerca de um mês a menos que o grupo intervenção, e praticou a exclusividade do aleitamento somente por 61,5 dias, enquanto o grupo intervenção o fez por 110 dias.

Os maiores índices de aleitamento materno geral e exclusivo, bem como a sua maior duração entre as mulheres que receberam a intervenção por telefone demonstra que o uso de intervenções educativas de longa duração por telefone são benéficas e eficazes para a promoção do aleitamento materno.

Por fim, com esse estudo foi possível comprovar a tese proposta de que uma intervenção educativa de longa duração mediada por telefone e centrada nos princípios da autoeficácia é eficaz para a promoção da autoeficácia em amamentar e para a maior duração e exclusividade do aleitamento materno.