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Intervenção educativa centrada nos princípios da autoeficácia e com abordagem da entrevista motivacional

A intervenção proposta nesse estudo foi uma intervenção educativa centrada nos princípios da autoeficácia e utilizando a abordagem da entrevista motivacional por telefone, com início na primeira semana pós-parto até o 5º mês pós-parto. Dessa forma, a intervenção desse estudo consistiu em quatro contatos: o primeiro com sete dias pós-parto, o segundo com 30 dias, o terceiro com 90 dias (3º mês), e o último com 150 dias (5º mês).

A intervenção foi realizada somente pela pesquisadora principal, em razão da sua experiência anterior com pesquisas sobre a autoeficácia na amamentação e como forma de garantir que fosse utilizada a mesma abordagem com todas as participantes, evitando possíveis vieses.

A revisão sistemática realizada nesse estudo demonstrou que as intervenções educativas de longa duração por telefone foram mais eficazes para aumentar a duração e exclusividade da amamentação (EFRAT et al., 2015; TAHIR; AL-SADAT, 2013; CARLSEN et al., 2013; FLAX et al., 2016). Dessa forma, optou-se por desenvolver uma intervenção educativa contínua, que tivesse prosseguimento ao longo do período puerperal, para que a pesquisadora conseguisse acompanhar a mulher durante os seis meses em que é preconizada a amamentação exclusiva, com o intuito de melhorar a autoeficácia, duração e exclusividade do AM.

Durante o primeiro mês, as mulheres receberam dois contatos, posto que as primeiras seis semanas após o parto são consideradas como um período crítico para o estabelecimento da amamentação, em que a mãe precisa de mais apoio e educação, devido às inúmeras adaptações e dificuldades vivenciadas. Por isso, os contatos precisam ser implementados com maior frequência durante esse período. Diante disso, o primeiro contato foi realizado com 7 dias pós-parto e o segundo com 30 dias pós-parto (GROSS et al., 2011; PEREIRA et al., 2011).

O terceiro contato foi realizado no 3º mês pós-parto, uma vez que é o período que antecede o retorno de muitas mulheres às suas atividades fora do lar, como o trabalho e os estudos, já que, na maioria dos casos, a licença maternidade encerra-se com quatro meses. O retorno à rotina de trabalho contribui para o desmame precoce quando as mães sentem a necessidade de retornar às suas atividades profissionais, ou precisam fazer isso em virtude das dificuldades financeiras (SOUTO; JAGER; DIAS, 2014). Esse é considerado um período crítico para a amamentação, em que muitas mulheres preocupadas com o retorno ao trabalho ou aos estudos passam a planejar como irão conciliar as atividades fora de casa com a alimentação do seu bebê. Com isso, muitas mães começam a modificar a dieta da criança, optando pelo desmame precoce ou introduzindo outros tipos de leite e alimentos na dieta da criança (SIPSMA et al., 2013; SOUTO; JAGER; DIAS, 2014).

Devido a isso, o último contato foi realizado no 5º mês pós-parto, com o intuito de fazer as mulheres continuarem amamentando até o sexto mês ou mais. Ademais, essa última intervenção permitiu avaliar se mesmo após o retorno às suas atividades de trabalho formal a mulher continuou confiante em amamentar ou se ainda apresenta alguma dificuldade, permitindo que a pesquisadora abordasse, na intervenção, os fatores que podem contribuir para o desmame precoce e fortalecesse mecanismos que promovessem a autoeficácia da mulher para amamentar.

Para cada sessão da intervenção foi preenchido um formulário criado pelo pesquisador com dados referentes ao contato, número de tentativas, dias pós-parto, duração do contato, se estava amamentando ou não, principal motivo para desmamar, tipo de amamentação, duração do AM e do AME, bem como os itens da autoeficácia e as dificuldades abordadas em cada sessão da intervenção (APÊNDICE D).

Após isso, foi utilizada a abordagem da entrevista motivacional para guiar a intervenção educativa por telefone às puérperas, acreditando que esta pode ser eficaz para reforçar ou melhorar a confiança da mulher para amamentar, bem como influenciar positivamente os seus comportamentos e escolhas em relação à dieta da criança.

Como forma de garantir a homogeneidade na aplicação da EM às participantes do estudo foi criado um instrumento para nortear a aplicação dessa entrevista adaptado de Nicolau (2015) (APÊNDICE E) e foi formulado um Procedimento Operacional Padrão (POP) (APÊNDICE I) contendo as orientações para a aplicação desta abordagem.

Para realizar a EM optou-se pela estratégia de “evocar-fornecer-evocar”, na qual o profissional inicia com uma pergunta aberta, depois fornece as informações necessárias, e finaliza com uma evocação, realizada sob a forma de uma pergunta aberta, para incentivar a resposta da pessoa à informação prestada. Essa estratégia foi escolhida, pois ela propicia uma postura mais colaborativa entre profissional e puérpera, buscando despertar as suas motivações e ajudando a mulher a refletir acerca das informações, bem como assumir comportamentos favoráveis à sua saúde.

Durante a intervenção, quando foi necessário utilizar a técnica informar utilizou-se um instrumento para orientar as informações fornecidas pelo pesquisador, os assuntos foram abordados de acordo com as necessidades das puérperas, priorizando informações que fossem importantes para os anseios ou dificuldades expressas, bem como para melhorar a confiança da mulher em amamentar.

O instrumento criado é composto por duas partes: 1. Orientações acerca dos itens da escala de autoeficácia e 2. Dúvidas e dificuldades na amamentação. A primeira parte do instrumento foi adaptado de Chaves (2016) e a segunda foi construída pela pesquisadora. É importante enfatizar que tanto para a adaptação da primeira parte do instrumento, como para a construção da segunda, a pesquisadora se baseou na Teoria da Autoeficácia (BANDURA, 1977) e no conceito de autoeficácia em amamentar (DENNIS, 1999), bem como em literaturas importantes sobre o aleitamento materno (BRASIL 2015; DODT, 2008; SOUZA et al., 2012) (APÊNDICE F).

Deve-se enfatizar que o instrumento criado para ser utilizado durante a técnica informar na intervenção educativa foi submetido para dois experts independentes da área de estudo para que pudessem realizar uma avaliação do conteúdo do instrumento(APÊNDICES E e F). A partir disso, em cada intervenção a pesquisadora abordou até dois itens da escala de autoeficácia na qual as mulheres apresentaram dificuldades. Quando as mulheres expressaram alguma dúvida, anseio ou dificuldade relacionada à amamentação que pudesse interferir nessa prática, a pesquisadora podia deixar de abordar o item previamente estabelecido para intervir e informar acerca das dificuldades apresentadas.

Ressalta-se que quando a mulher não apresentou dificuldades ou itens com baixa autoeficácia, a intervenção foi centrada naqueles itens que ainda não foram abordados nos contatos anteriores com vistas a fortalecer a confiança da mulher para amamentar. O tempo de contato durante as ligações variou de três a doze minutos a depender das necessidades apresentadas pelas mulheres.

Também é importante mencionar que as intervenções tiveram uma continuidade, assim ao iniciar um novo contato a pesquisadora realizava um

feedback sobre o que foi abordado no contato anterior, a fim de averiguar se as

dificuldades estavam sendo superadas e se a puérpera permanecia confiante em relação aos itens que foram trabalhados anteriormente. Isso permitiu o melhor

direcionamento da intervenção, promoção do vínculo e uma atenção continuada à puérpera.