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CAPÍTULO 2 – OS PRESSUPOSTOS TEÓRICO–METODOLÓGICOS DA PESQUISA

2.1 PARTINDO DE UM ESTUDO DE CASO

2.1.2 Caracterização dos atores da pesquisa

Os atores sociais que fazem parte deste estudo são os agricultores familiares do Arapapuzinho, presidente e o coordenador de projetos da ARQUIA, gestores do SEAD, técnicos e representantes da prestadora de serviço da ATER no Município de Abaetetuba e da COODERSUS, os quais serão apresentados por parte, a seguir.

a) Agricultores familiares: Foram entrevistados 12 (doze) agricultores contemplados com a ATER, a partir das atividades aderidas pelos mesmos. Estão sendo representados os que opinaram pelo cultivo da roça de mandioca e manejo de açaí, ou seja, das atividades que mais foram adotadas na comunidade. A maioria dos entrevistados são as mulheres, já que o programa apresenta uma amostragem maior do sexo feminino.

Os quilombolas participantes da ATER na comunidade apresentam o perfil que está presente na TABELA 1, abaixo, indicando, também, as variáveis sexo, idade, escolaridade e o tempo que mora na comunidade.

Tabela 1: Perfil dos quilombolas participantes da ATER

Variáveis Níveis de variáveis % de respondentes

Sexo Homens Mulheres 10% 90% Idade De 25 a 30 Acima de 30 40% 60% Escolaridade

Ensino Fundamental Incompleto Ensino Médio Completo

Superior incompleto

60% 30% 10%

Tempo que mora na comunidade

De 10 a 20 anos Acima de 20 anos

20% 80% Fonte: Rosenilda Botelho Gomes (dados da pesquisa de campo, 2018).

Analisando os perfis dos quilombolas entrevistados, percebe-se que o maior percentual é de mulheres, pois essa é uma política que busca dar preferência às mulheres, como representantes das atividades, seja na roça, no manejo de açaí, criação, entre outras [...] obrigatoriedade de no mínimo 50% da participação feminina. (MDA/SAF/006,2014). Contudo, vale ressaltar que essa percentagem fica explícita quando se recorre à demanda total das famílias no Arapapuzinho nessa política que, significantemente, as mulheres estão como representantes nas adesões das atividades.

Outro fator de análise é a faixa etária, em que a maioria dos participantes são maiores de 30 anos de idade, observando-se que essas atividades são desenvolvidas por pessoas desde muito jovens, que herdam o conhecimento de seus pais. No entanto, já se verifica uma participação menor, mas não é algo que apresente uma desproporção tão elevada desses jovens na participação da ATER quilombola.

Quanto à variável escolaridade, o maior percentual apresenta-se nas pessoas que não concluíram o ensino fundamental, mesmo não entrando em detalhes com os entrevistados,

foram dados importantes, que, sem dúvida, podem ocorrer por diversos fatores, e, um deles está no fato de que muitos dos quilombolas começam a trabalhar muito cedo junto aos pais.

Enfim, o tempo que eles moram na comunidade foi tão importante como as outras informações, pois, nas comunidades quilombolas é muito comum o processo de migração, ou seja, famílias que são de comunidades quilombolas próximas, formam sua família e mudam de comunidade, mas pertencem ao mesmo território. Entretanto, como representado na TABELA 1, isso ocorre com a minoria. Sendo o percentual elevado de pessoas que nasceram, cresceram e permanecem na comunidade.

Para a subsistência econômica das famílias, são desenvolvidas na comunidade várias atividades que contribuem para a agregação de valor e a manutenção da vida diária. Na FIGURA 7, abaixo, percebe-se que as duas atividades mais desenvolvidas são a roça de mandioca e o cultivo do açaí, atividades que mantêm economicamente os quilombolas de Arapapuzinho, somado a benefícios sociais, entre outros feitos desses agricultores.

FIGURA 7: Atividades desenvolvidas pelos quilombolas no Arapapuzinho. Fonte: Pesquisa de campo, 2018.

De modo geral, cada um tem uma particularidade socioeconômica, e desenvolve mais de uma atividade como forma de sobrevivência. Schneider (2003) chama esse processo de pluriatividade, a qual ocorre no meio rural e refere-se a um fenômeno que pressupõe a combinação de pelo menos duas atividades, sendo uma delas a agricultura. Essas atividades são desenvolvidas por indivíduos que pertencem a um grupo ligado por laços de parentesco, que compartilham entre si um mesmo espaço de moradia e trabalho, e se identificam como uma família. 10% 10% 40% 20% 10% 10% Funcionario público/produtor de açaí/costureira Doméstica/produtor de açaí Trabalha na roça/produtor de açaí trabalha na roça Aposentadoria/produtor de açaí/trabalha na roça Beneficio/roça

b) Representantes da ARQUIA: Foram escolhidas 02 (duas) representações do movimento social quilombola, os quais atuam diretamente no movimento. Os mesmos, por muito tempo, falavam do seguinte projeto nas assembleias, antes mesmo da chamada pública. Portanto, é importante ouvi-los sobre o acompanhamento dessa política, já que a PNATER tem, em eixo de construção, a presença do Movimento social. A atividade individual – Mobilização e seleção das famílias Quilombolas – poderia ser auxiliada em parceria com órgãos e entidades, dentre eles a Associação Quilombola. Dessa forma, analisa-se a representação desses atores sobre os fatores que interferem na ação dessa política, refletindo, assim, o desenvolvimento dessas políticas dentro da comunidade, já que esta é estimuladora de tais políticas públicas para o território Quilombola.

d) Coordenador e Técnicos da chamada 006/2014: 01(um) coordenador da cooperativa, 01 (um) da referida chamada e 02 (dois) técnicos (um com nível superior e formação técnica e um com ensino médio). Nesse grupo, todos estão atrelados a entidade executora da chamada técnico de campo, composta de uma equipe de técnico de nível médio e superior, com formação multidisciplinar. Estes são responsáveis pela orientação técnica e pelo acompanhamento da UPF (Unidades de Produção Familiar). Já o coordenador da equipe técnica tem formação em nível superior, e tem como atribuição o acompanhamento das atividades técnicas em campo, sistematização das demandas de beneficiários, localizados pelos técnicos, e interlocução entre entidades dos órgãos municipais, estaduais e federais. E, por fim, coordena as entidades responsáveis pela execução do serviço de ATER, pois esta trata diretamente com órgãos federais sobre o financeiro e desenvolvimento das atividades nas comunidades tradicionais. Enfim, são diversas atribuições por ele executadas. Portanto, são atores sociais que têm grandes informações sobre a ATER quilombola e estão diretamente ou indiretamente envolvidos nos processos de ação dessa política pública.